POV Jeremy

            Eu estava feliz com Lucy, sorri abertamente com este pensamento. Eu confesso que sempre havia gostado dela, sempre estive meio afim, mas ela era tão tímida, e tão reservada que eu simplesmente não sabia como chegar nela, e eu tenho plena certeza que se não fosse a Renesmee nós não estaríamos juntos.

            E bom, eu e Lucy estávamos ficando, mas ainda não havia pedido oficialmente ela em namoro, e eu queria planejar um lugar mágico, e de quebra barato, por que quase toda a minha mesada havia sido gasta nas nossas alianças.

            Então por sugestão do Nathan eu faria um piquenique com ela, e sabia que em algum lugar daqui havia uma clareira, não muito longe, apenas uma hora, ou algo assim, então resolvi explorar o lugar antes de levá-la, eu queria que tudo saísse perfeito, e se nós fossemos no parque da cidade, não teríamos privacidade alguma... Seria completamente perfeito se eu conseguisse achar a bendita clareira.

            Lucy não se importaria de andar, na verdade ela é o tipo de garota que todo cara sonha, tudo bem que ela não era gostosona como a Angelina, mas era tanta futilidade em uma pessoa só, eu não sabia como Nathan conseguia agüentar, sinceramente o sexo devia ser bom, por que não tem outra explicação.

            E perdido nos meus devaneios eu segui na trilha sozinho, e eu estava com uma sensação um pouco ruim, me xinguei mentalmente por ter recusado a ajuda de Luke, mas não iria voltar a essa altura do campeonato.

            Ao passar algumas árvores eu senti um arrepio intenso em minha nuca, e eu podia jurar que estava sendo observado, eu olhei para os lados, e tudo o que eu podia ver era a mata, e o silencio enlouquecedor.

            Ouvi algo se mexer em meio aos arbustos, e fui um pouco para frente, afim de saber o que era, cheguei mais perto e sentia a tensão e o medo emanar de meus poros.

            E eu quase cai para trás de susto ao notar o esquilo que saia correndo dali.

            Coloquei a mão em meu coração que estava acelerado demais, e suspirei.

            - Porra esquilinho, que susto – resmunguei.

            E lentamente eu me virei para frente afim de tomar novamente o percurso para a clareira.

            Mas foi então que eu  a vi.

            Uma mulher loira pulou como um gato de uma arvore gigantesca, e ela não parecia ser.. humana.

            Primeiro que uma mulher humana nunca pularia daquele jeito e sairia ilesa, no mínimo aterrissaria no chão e quebraria a perna.

            E o que mais me assustou foi o sangue que havia em sua roupa, e em seu queixo... e...

            ESPERE AI! Aquela... Aquela... era... a.. a.. Nessie.

            Ela me olhava como se fosse um pedaço gigante de carne a sua disposição, seus olhos estavam compenetrados, e tudo nela gritava e emanava perigo.

            Deus amado.

            Nessie estava assustadora, e ficou mais ainda quando ela inspirou profundamente como se estivesse sentindo o cheiro de algo muito apetitoso e deu um pequeno e curto sorriso.

            Droga, será que ela era como a Megan Fox naquele filme, onde ela comia garotos por sua beleza?

            Sim por que mesmo com todo aquele sangue, eu podia até mesmo sentir algo estranho que emanava dela, e isso me fez estremecer ainda mais.

            Não podia ter outra explicação, por que ela não possuía presas, e não queimava na luz do sol, então... Ela era um demônio comedor de garotos.

            Eu dei um passo para trás, seguindo meu extinto de sobrevivência, que me mandava correr o mais rápido possível.

            E antes que eu pudesse dar mais um passo, duas coisas aconteceram simultaneamente.

            Resnesmee partiu para cima de mim.

            E um monstro peludo apareceu bem na hora vindo também na minha direção.

            Com horror eu os encarei e Renesmee parou bem na minha frente com sua boca aberta, e antes que ela pudesse me morder, o bicho peludo me jogou longe, e tudo que eu pude sentir foi uma dor muito forte na cabeça.

            E então tudo ficou escuro.

POV Jacob

            Eu me xingava mentalmente de todas as maneiras que eu conhecia, e graças a Deus, pude ver que ninguém do bando estava em sua forma agora.

            Por eu sabia o que Nessie faria, o leitor e mentes já havia me explicado outras vezes, e eu me amaldiçoei por não ter prestado tanto a atenção.

            Por que eu me recordo que Bella havia me dito quando Nessie era menor, que o instinto de vampiro sobressaia a todos na hora da caça, e qualquer humano que estivesse por perto, conhecido ou não, correria perigo.

            Pois uma vez que se é liberto só para quando a sede fosse saciada, e para a minha maldita sorte um humano estava nesse momento fazendo uma maldita trilha.

            E não era um humano qualquer, ele conhecia Nessie, era namorado de Lucy, e se eu não agisse rápido, Renesmee o mataria, e a conhecendo do jeito que só eu conhecia, eu sabia que ela iria remoer isto para sempre em seu frágil coração.

            Mas ao mesmo tempo, como eu poderia pará-la? Eu jamais conseguiria ferir Nessie, mas ela neste estado, com toda certeza poderia me ferir.

            Avistei ela na estrada e inspirando profundamente o aroma de Jeremy, e tudo aconteceu muito rápido.

            Quando eu a vi indo para cima do cara, eu avancei também, o jogando longe e torcendo para que ele ainda estivesse vivo, e parti para cima de Nessie sem conseguir evitar um rosnado.

            Por Deus, eu não a machucaria, mesmo meus instintos reagindo aos dela, eu preferia que me matasse, ao ver minha doce menina ferida.

            Então eu fiz a única coisa que eu pude, a empurrei e fiquei por cima dela, prendendo suas mãos e pernas com minhas patas, enquanto ela se contorcia e rosnava e tentava me atacar, e eu só rezava para que ela voltasse logo ao normal, por que eu fazia uma força enorme para conseguir contê-la, e senti que não agüentaria muito tempo.

            Mas foi só pensar nisto que minha pata escorregou de seu aperto, deixando sua mão direita livre, e com um aperto esmagador ela me se livrou do meu aperto em sua outra mão.

            Eu podia facilmente contê-la, eu sabia, mas o medo de machucá-la falava maior, só o fato de imaginá-la sentindo dor, já me fazia recuar.

            E principalmente o fato de que eu tinha uma pata quebrada agora, eu gani alto sentindo a dor me assolar, e ela me empurrou para o lado, levantando-se, e eu pensei que ela me atacaria.

            Fechei fortemente meus olhos esperando por mais dor.

            Mas Nessie só permaneceu a ali parada, me olhando horrorizada, e eu pude ver uma lágrima cintilar por sua bochecha, e então eu voltei a minha forma humana, ignorando a dor lacerante em meu braço eu coloquei minha bermuda rasgada, e ela apenas me fitava, com lágrimas nos olhos, e eu sabia que ela havia caído em si.

            - Nessie – sussurrei enquanto me aproximava dela com o braço curvado.

            Ela deu dois passos para trás.

            - Nessie, por favor.

            As lágrimas corriam livremente por sua face, e eu senti uma dor estranha em meu coração.

            Ela olhou para cima de meu ombro e eu virei, afim de ver o que ela estava observando e eu vi que Jeremy repousava em baixo de uma arvore desacordado, e seu rosto estava coberto de sangue.

            Voltei a observar Nessie, e a vi de olhos fechados, e uma careta estranha e eu entendi que precisava tirá-la dali agora.

            Rapidamente eu fui até Jeremy e tateei seu bolso com minha mão boa, atrás de seu celular, ou algo como isso, eu encontrei o aparelho e liguei para a casa dos Cullen, já que eu sabia que a vidente não poderia ver isto acontecendo, já que eu estava no meio.

            Mas antes que apertasse a tecla send uma figura entrou em meu campo de visão.

            POV desconhecido

            Precisava bolar algo.

            Urgentemente, eu precisava de algo que os comprometesse. Mas eram tão malditamente certos, e mesmo os observando de longe eu não conseguia encontrar nada, nenhuma maldita lei descumprida.

            E agora tudo dependia disso, a vida dele dependia da minha persistência, da minha inteligência, da minha capacidade de bola um plano rápido.

            Me infiltrando na guarda eu pude ganhar tempo, mas mesmo assim, ele estava lá, correndo risco, nas mãos daqueles malditos.

            Suspirei deixando meu dom tomar conta de mim, e logo eu era invisível aos olhos de todos, sendo vampiros ou não, ninguém poderia me ver.

            Invisibilidade.

            Parecia uma coisa boa, e na verdade era. Facilitava muito minha vida.

            E saber que agora eu poderia ficar invisível o tempo que quisesse, sem precisar me esforçar ao extremo, me deixava alegre.

            Mas eu sabia que não duraria muito tempo se eu não fosse rápida.

            Eu segui os dois imbecis que corriam em silencio, os assisti como sempre, eu estava quase desistindo, pois os dois pareciam estar em uma caça normal.

            E então eu me enganei. A garota levantou seu rosto inspirando profundamente, e o transmorfo nojento a seguiu, sem opções eu fui atrás deles.

            E me deparei com uma situação um tanto engraçada, o imundo pairava em cima da garota que esperneava tentando se livrar de seu aperto, e a poucos metros um humano estava desacordado e sangrando.

            Eu não ousei respirar agora.

            Talvez isso me fosse útil.

            Erros do passado retornando? Eu não sabia, mas como eles eram vegetarianos eu tinha quase certeza que a vida do humano seria poupada.

            Observei toda a cena com um sorriso estampado em meu rosto.

            Vi quando metade do clã chegou ali, o médico socorreu primeiro o cachorrinho de estimação, depois ajudaram o humano, o levando para seu covil.

            Touché.

            Quando eles partiram peguei meu celular e apertei um dos dois únicos números que havia ali.

            - Sim? – a voz aveludada atendeu.

            - Temos um motivo – falei simplesmente e desliguei.

            Sorri com malicia e um tanto aliviada enquanto corria pela mata com um único destino.

            Renesmee POV

            - Eu já falei que não foi sua culpa Nessie! – Jacob estava ajoelhado em minha frente.

            Eu estava apenas sentada apoiando a cabeça em minhas mãos e deixando as lágrimas caírem.

            Estava ciente dos outros olhares em mim, e eu sabia o risco que faria minha família correr, um humano sabendo a verdade sobre nós.

            Sobre Jake.

            - Quem é a maldita vampira aqui? – falei bruscamente e vi Bella me olhar assustada – Quem que quase matou o namorado da amiga? Quem que mais uma vez vai por a nossa família em risco?

            Minha voz era dolorosa, eu fitei a cama no centro do quarto onde Jeremy repousava tranquilamente.

            - Meio vampira, meio humana – Jacob falou e tocou minha bochecha – Isto que você é Renesmee, e ninguém a culpa por nada, você seguiu o seu instinto, e qualquer outro poderia ter feito pior, agora, você precisa parar de querer carregar o peso do mundo sob suas costas meu amor, as coisas acontecem e Deus estou pronto para lidar com elas ao seu lado Ness, mas não se culpe, Jeremy está vivo, eu estou vivo e tudo isso é o que importa – ele segurou meu rosto e eu pude fitar suas orbes negras.

            - Você entendeu Ness? – sua voz era delicada.

            Assenti e o abracei fortemente, inspirando profundamente seu aroma e tentando ao máximo acreditar em suas palavras.

            Carlisle entrou no quarto junto com meu pai, que fitava Bella e Rose interrogativo.

            - Nós temos que decidir o que fazer – Carlisle falou sério.

            Emmett, Esme, Alice e Jasper entraram no quarto.

            - Ele pode acordar a qualquer momento – Carlisle prosseguiu – E não posso dizer se ele sofreu alguma perda de memória, ou algo do tipo, mas precisamos estar preparados pra quando ele acordar.

            - Vocês sabem o que significa mantê-lo vivo, não sabem? – Tia Rose olhou pra mim com pena.

            Eu congelei em meu lugar.

            - Mas e se ele não lembrar? Podemos então apenas dizer que o encontramos desacordado na trilha – Esme falou me fitando compreensiva.

            - E se ele lembrar? – Emmett falou – Nós não iríamos transformá-lo em...

            - Não – eu sussurrei – Não, mas... Ele não falaria...

            Edward suspirou.

            - É mais complicado que isso Nessie.

            - Os volturi podem ficar sabendo a qualquer hora – Bella falou tocando o ombro de meu pai – Alice mantém seus olhos abertos, checando as decisões, mas algo está bloqueando ela... O que não impediu ela de saber, que Nahuel está lá com seu pai, e eles sabem de tudo que se passa aqui, de algum modo, como se estivessem nos espionando.

            Eu senti o choque me invadir, e meu coração pulou uma batida.

            Eu poderia ser um pouco mais imbecil?

            Edward olhou para mim em negativa.

            - Isso tudo é culpa minha – eu fechei meus olhos fortemente e senti o calor de Jacob ao meu lado.

            - Não adianta se culpar amor – ele sussurrou ainda compreensivo – Vamos lidar com isto juntos, eu estou aqui e nada ruim vai acontecer com você.

            Eu olhei a imensidão negra de seu olhar e desejei mais que tudo que nós dois estivéssemos em paz.

            E de repente um coração começou acelerar ali, Jeremy se contorceu em cima da cama e eu pude perceber que todos estavam imóveis, Edward parecia estar concentrado captando cada pensamento dele, e pelo seu olhar não parecia ser nada bom.

            - Acho melhor só estar Carlisle, Nessie e eu aqui quando ele acordar – meu pai sussurrou – Ele está relembrando tudo.

            Deixei uma lágrima escapar por meus olhos.

            - Mas ele não deduziu ainda o que somos – ele me olhou e suspirou.

            - Eu fico – Jacob permaneceu atrás de mim.

            Edward deu de ombros e o resto de minha família saiu rapidamente dali.

            - Jacob é melhor você ir também – eu toquei sua bochecha – É melhor assim, confie em mim.

            Ele me fitou por um segundo e assentiu saindo do quarto, meu coração pareceu se apertar com sua expressão.

            Suspirei pesadamente e olhei para Jeremy, eu não conseguia ver uma saída para aquilo, e o circulo parecia se fechar cada vez mais, na verdade eu sabia que parcialmente isto era minha culpa, nós estávamos até sendo vigiados, por Deus, até quando teremos que agüentar isso?

            As criaturas no geral são tão ridiculamente egoístas, invejosos, e eu sentia na pele cada vez mais o que estes sentimentos podiam levar um ser a fazer, a ignorar seus escrúpulos, todas as morais e bons costumes, apenas para ter o que se quer, ou apenas para destruir a felicidade de outro alguém.

            Era tudo sobre poder neste mundo, tudo sobre a soberania ridícula e infundada que nos cerca, eu sabia plenamente que minha família não queria nenhum tipo de poder, ou substituir alguém como os Volturi, mas eles nos viam como uma ameaça, esperando um primeiro deslize para nos condenar.

            E eu havia dado de bandeja a eles este pequeno deslize.

            Um humano sabendo de nossos segredos.

            Morremos nós, ele, ou todos de uma vez.

            Edward sabia que eu estava certa, e abaixou a cabeça passando suas mãos por seus cabelos indomáveis.

            Enquanto eu via apavorada Jeremy tremular suas pálpebras, eu sabia que não poderia deixá-lo na mão daqueles vampiros cruéis.

            Não podia condená-lo a sua morte por estar no lugar errado e na hora errada, mas ao ver seus olhos se arregalarem, eu sabia que essa decisão não cabia a mim.

            Mas sim ao destino, que parecia cada vez mais brincar com a fragilidade de nossa situação.

            E todas as minhas esperanças foram abaixo quando eu vir o pavor invadir sua expressão, o medo, o coração bombeando violentamente o sangue por seu corpo, as mãos abrindo e fechando, e o grito mudo preso na garganta.

            Era tarde demais.

            Ele sabia de tudo.