Hurricane escrita por Moriah


Capítulo 23
19. Esquecimento II


Notas iniciais do capítulo

Well, perdoem os erros e não desistam de mim c:



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— Maxon e Ahren discutiram noite passada, na casa dos nossos pais.

Era estranho lembrar que Gerard era meio irmão de Maxon e não filho, o garoto parecia sempre estar nas sombras. America pediu para Gerard continuar e depois de respirar fundo e organizar seus pensamentos o menino completou:

— Depois Ahren saiu com um dos carros e nem me pergunte de quem era porque não sei, mas não temos noticia dele até agora. Maxon falou que provavelmente o filho ligaria de algum lugar, talvez tenha ido viajar, mas mamãe está preocupada, acha que não foi isso que aconteceu. Acha que Ahren fugiu para sempre e não está apenas em um bar dormindo no balcão ou em um hotel acordando as pressas para voltar para casa.

— Você está querendo me dizer que Ahren sumiu?

— Não, ele desapareceu. Não está em lugar nenhum, eu liguei para todos os hotéis em que ele já mencionou ter estado, para os amigos e até para dois bares que já nos ligaram dizendo que o mesmo estava dormindo sobre o balcão ou no banheiro. Não foi visto em nenhum desses lugares.

America parou para pensar um pouco enquanto Gerard ainda a encarava, esperando alguma coisa.

— Ele deve ter falado para alguém aonde ia, ou mencionado mesmo sem ter intenção... Ninguém simplesmente some.

— Não foi simplesmente, ele discutiu com Maxon. Não está me ouvindo? — Gerard parecia irritado e chateado ao mesmo tempo.

— Eu ouvi você, foi um modo de falar — America comentou, deixando de lado Ahren e se concentrado no menino a sua frente. — Obrigada por me avisar, Gerard. Obrigada mesmo.

O garoto se limitou a balançar os cachos pronto para ir embora. America queria pensar em algo para dizer, algo para deixar o garoto melhor, mas o quê? Repassou tudo que tinha na sua memória pensando em alguma coisa que pudesse perguntar, mas nada ocorreu e o menino já andava rumo à porta.

— Aonde vai? — perguntou. — Quem vai levar você para casa?

— O motorista da minha mãe, é só eu ligar para ele — respondeu sem se virar.

— Pode dormir aqui hoje — America disse, concertando a frase logo em seguida: — seria bom se dormisse aqui hoje. As crianças vão ficar sem chão quando souberem do ocorrido, vai ser bom terem alguém mais próximo delas do que eu tentando confortá-las.

A frase saiu meio confusa, mas o garoto se solidarizou com a tentativa da ruiva e dando de ombros foi em direção a escada murmurando uma despedida enquanto subia.

America não se demorou muito e subiu também, depois de alguns corredores e muitas portas chegou ao corredor das crianças, a primeira porta era a de Ahren, “Não autorizo a entrada de pessoas que não tiverem peitos grandes” ainda estava ali, escrito em letras pretas na porta branca e limpa. A ruiva não pensou duas vezes em tentar abri-la, e se houvesse um bilhete? Um site? Roupas faltando no armário? Qualquer coisa que pudesse contar ou dar uma ideia de para onde havia ido... Mas a parto estava trancada e a mulher nem sequer ficou surpresa.  

Suspirou pesadamente deixando as costas se apoiarem na porta e fitou a outra na sua frente, Osten já devia estar acordado jogando alguma coisa no seu computador, era viciado e provavelmente muito bom em videogames. Pensou em ver como Kaden estava, mas antes que conseguisse se recompor escutou um barulho na porta ao lado, vinha do quarto de Eadlyn.

— O que você quer que eu diga? — America conseguiu ouvir assim que se aproximou.

Era sim uma péssima ideia, principalmente porque já havia sido pega ouvindo a garota falando no telefone, mas uma parte dela dizia que talvez, só talvez, Ahren estivesse se comunicando com a irmã.

— Osten vai pirar e você sabe que Kaden vai desconfiar — Eadlyn falou mais baixo. — Gostaria de poder matar você agora por me meter nisso.

Ouve uma longa pausa.

— Devia pedir para um dos seus amigos babacas te esconder — a voz da menina saiu amargurada. — Afinal por que está ? Basta alguém te reconhecer e chamar o Todo Poderoso que vai chegar acompanhado de trovões e flashes de câmeras em forma de raios... Se ele descobrir, eu juro que...

Provavelmente foi interrompida, pois o silêncio reinou por alguns poucos segundos.

— A culpa é sua, sua e você irá assumir toda a responsabilidade...  O quê? — a voz dela dessa vez não saiu baixa, mas sim afetada e surpresa — e-ele te ligou? Ah, não foi nada demais... — Eadlyn coçou a garganta e se recompôs rapidamente, fazendo a voz soar seca e sem emoção. — Sim, estou bem... Não é da sua conta, nunca se importou, certo? Não faça agora.

America respirou fundo antes de bater na porta.

— Preciso ir, me liga mais tarde.

Logo a porta foi aberta por uma garota completamente diferente da Eadlyn que America normalmente via, cachos meio danificados caiam como uma cascata castanha sobre o rosto da menina e America parou para pensar um pouco, tentando lembrar se pela manhã a garota estava daquele jeito, mas a maior surpresa foi ver os óculos de armação quadrada que usava.

— Você usa óculos? — America perguntou confusa.

— Dã — Eadlyn revirou os olhos, jogando o celular sobre a cama.  — Precisa de alguma coisa?

— Posso entrar?

Eadlyn encarou America com total descrença, logo depois suspirando cansada deu espaço para a ruiva passar.

— Acho que nunca havia entrado aqui antes — comentou Ames, fazendo a garota apenas dar de ombros.

As paredes eram brancas e boa parte dos enfeites e móveis eram avermelhados para dar um contraste, havia um livro jogado sobre a cama da garota, aperto na página onde parou de ler e um prato sujo sobre o criado-mudo junto com uma xícara de café.

 — O que devo esperar dessa ilustre visita?

— Eu não sou boba de pensar que você e seu irmão são melhores amigos — America começou se sentando em um puff vermelho que havia ali, ainda analisando o quarto continuou: — mas também não sou ingênua de pensar que não sabia que ele ia fugir.

— Você veio aqui para me fazer cúmplice de Ahren? Pensei que teria a decência de se desculpar por alguns minutos atrás, mas vejo que estou errada, então você pode fazer o favor de sair do meu quarto pelo mesmo lugar que entrou.

— Eu quero me desculpar, de verdade. Eu devia ter saído de trás da escada, mas simplesmente travei. Não estou procurando desculpas, só quero seu perdão. Sei que o que fiz foi errado e a qualquer dia estou disposta a te recompensar, entretanto agora há algo mais sério do que o erro que cometi invadindo sua privacidade.

Duas vezes, pensou, mas a garota não precisava saber.

— Pense em Osten e Kaden, mas principalmente em Alexia. Ninguém merece isso e eu até posso tentar acalmá-la só que preciso saber onde ele está.

— Supondo que eu saiba, ele não iria querer voltar — Eadlyn respondeu.

— Eu poderia tentar... — America rebateu.

— Não nos conhece tanto assim.

— Certo, então seu pai...

— Eles se odeiam.

— Seu pai não odeia Ahren — a ruiva não tinha tanta certeza daquilo, mas falou o mais firme que conseguia. Eadlyn riu sem humor algum. — Certo, então a gente podia ir até ele, seja lá onde estiver e só ficar um tempo com o mesmo, talvez ele escolha voltar sozinho, entende?

— Não.

Por favor, Eadlyn, onde seu irmão está?

— Na fazenda — uma voz veio da porta, seguida do corpo esguio e fraco de um garoto pequeno.

Kaden vinha logo atrás.

— Fazenda, Pequeno Schreave?

— É da família, não costumamos ir muito para lá, passa de geração em geração. Agora é de Ahren — Kaden explicou, se apoiando na porta.

— E minha. Mais minha do que dele. — Eadlyn acrescentou.

— Você não perdeu no ultimo racha? — Kaden perguntou confuso.

— Ah, merda. Tinha me esquecido.

— Bem, agora que sabemos onde ele está vou ligar para o pai de vocês.

— Ele já está vindo pra cá, não perca seu tempo — Osten murmurou antes de sair do quarto esbarrando no irmão.

— O que houve entre vocês dois? — Eadlyn perguntou.

— Hoje é fim de mês — Kaden murmurou cansado e Eadlyn apenas concordou como se entendesse, mas America tentava manter a boca fechada para não se intrometer e perguntar o que havia em ser fim de mês. — Vou falar com ele.

— Boa sorte — a irmã desejou e Kaden sorriu. — Venha aqui antes de ir.

Kaden pareceu um pouco confuso com a súbita onda de sentimentalismo da meia irmã, então se limitou a concordar com a cabeça antes de sair do quarto.

— Bem... Se conseguir convencer Maxon venha aqui me avisar, sinto falta de ir à fazenda.

Aquilo era claramente um pedido para que America se retirasse, a ruiva sorriu em concordância e saiu do quarto fechando a porta.

America ainda estava no topo das escadas quando Maxon chegou acompanhado de uma mulher que tinha total certeza de já ter visto antes. A voz era elegante e o porte também, seu pescoço era longo e os cabelos pretos e lisos estavam bem repartidos. Usava uma blusa fina e bastante aberta sem sutiã algum e uma calça de cintura alta com um cinto sem fivela. Não era Kriss, mas intima o suficiente de Maxon para o mesmo a tratar bem e ficar completamente aéreo com sua presença.

— E essa é Singer, a nova babá — Maxon estava tão envolvido na presença da mulher que nem sequer olhou duas vezes ou errou o nome de America.

— É um prazer conhecê-la — a mulher sorriu largo e intimamente. — Pelos meus cálculos está batendo um bom recorde por aqui.

America demorou um pouco para entender, mas assim que conseguiu sorriu para a morena.

— Sou Celeste.

— America — a ruiva se apresentou, um pouco confusa.

— O Kaden está pronto? — a voz de Maxon soou dura em direção a America.

— Pronto para o quê?

— Maxon, você não explicou como as coisas funcionam para ela?

— Celeste veio buscar o Kaden para passar uma semana com ela, ele devia estar pronto a meia hora. — Schreave respondeu seco e com pressa.

— Não me avisou disso antes.

— Bem, agora sabe — Maxon comentou sério para mulher ruiva na sua frente.

— Você só pode estar brincando — America riu debochada.

— Ou você está encarando seu serviço como uma piada.

Singer estava sem dúvida muito confusa, o que havia acontecido para ser tratado daquele jeito? E por que parecia que seu chefe havia feito aquilo por querer? Ao menos agora sabia de onde conhecia a mulher na sua frente, que encarava a cena constrangida, é Celeste Newsome, a atriz que recentemente tinha feito um filme de bastante sucesso, conhecido por muitas pessoas, também mãe de Kaden e uma das antigas esposas de Maxon.

— Vou esperar na cozinha — Celeste diz depois de um longo momento de pura tensão.

— Irei ver se Kaden está pronto.

— Nada mais do que seu trabalho — Schreave comentou antes de passar reto pelas escadas e ir direto para o escritório.

— Você fez alguma coisa pra irritar ele — Kaden ponderou, o garoto de cabelos pretos saiu de trás da escada assustando America. — Não se preocupe, estou pronto.

Singer pensou em xingar o menino, mas havia feito o mesmo há pouco menos de uma hora.

— Me assustou Newton. Está aí há muito tempo?

— Na verdade sim, estava tentando abrir o escritório do meu pai, não encontro minha identidade, achei que poderia estar lá.

— Por que não me contou? Quero dizer, sobre ir com sua mãe...

— Disse pra mim mesmo que sabia, acho que estava com preguiça de explicar que sou esquecido pela minha querida mãe por bastante tempo para ficar com ela dois dias a cada mês, como se o tempo que ela passa viajando não fosse nada perto do que passa comigo.

 — Ah, sim...

SINGLER!

Kaden encolheu os ombros e disse que ia ver a mãe na cozinha, America respirou fundo antes de ir em direção ao escritório do chefe. Assim que entrou fez menção de fechar a porta, mas Schreave mandou a mesma deixá-la aberta.

— Por que a lista de compras ainda está aqui? — Maxon perguntou, de costas para ela, olhando pela janela.

— Tive um pequeno problema...

— Eu não pago você para ter problemas.

— Não, me paga para cuidar dos seus filhos e o problema envolve eles.

— Bem, o que houve?

— Ahren sumiu, Gerard veio me avisar e Eadlyn sabe onde o irmão está.

— Certo, caso encerrado Sherlock, agora pegue essa lista de compras.

— O que há com você?

Como? — Schreave se virou para a mulher e olhou em seus olhos pela primeira vez

— Por que está me tratando assim?

— Estou tratando você como trato qualquer um dos meus funcionários senhorita Singler.

— Ah, certo. Tudo bem — America se virou pronta para ir embora, mas de punhos cerrados voltou atrás. — Não irá atrás dele?

— Suponho que esteja falando do meu herdeiro, ele é maior de idade como você bem sabe.

— Não quer nem saber onde ele está? — perguntou.

— Você vai me dizer mesmo que não pergunte.

— Na Fazenda.

— Escolha inusitada.  

— Então, quando partimos?

— Para onde?

— Para a fazenda, Schreave!

— Não vou perder tempo com birra de um adulto imaturo. Ele foi para lá sozinho e vai voltar de lá sozinho.

— Ele foi para lá por sua causa.

— Não o obriguei a nada.

America bufou batendo as mãos em si mesma.

— Tanto faz, eu vou sozinha se precisar. Você é um pai patético. É um ser humano péssimo.

— Não sabe como chegar lá, não seja ingênua — Schreave se sentou na mesa e mexeu em alguns papeis deixando de lado os insultos.

— Eu a levo — o cabelo rosa veio acompanhado da voz melódica.

— O que está fazendo aqui? — Maxon perguntou mal-humorado para a irmã.

America se perguntou o que estava acontecendo aquela amanhã que todas as pessoas decidiram aparecer de repente em momentos propícios.

— Vim me despedir de Kaden e encontrei Eadlyn, ela me explicou o que está acontecendo e pensei em vir aqui ajudar. Pelo visto America sabe onde o meu sobrinho está e eu vou junta com ela e as crianças atrás dele.

— Espera, e Kaden? — America perguntou. — Ele sabe que o irmão sumiu?

— Gerard contou pra ele, mas é o único momento dele com Celeste então nós o convencemos a ir com ela — Kenna explicou se aproximando.

— Nenhum dos meus filhos vai embarcar nessa loucura.

— Que bom que nossa família não é composta apenas por seus filhos — Kenna respondeu ácida se aproximando da mesa do irmão, o forçando a encará-la. — May já se ofereceu, Kota não vai pensar duas vezes e Eadlyn é maior de idade. Nós vamos, se quiser fique e prenda o resto dos filhos que ainda tem, mas reflita quanto tempo eles vão aceitar ficarem aqui sem receberem atenção, como em um cativeiro.

— Kenna, acho qu- — America pensou que a rosada havia sido um pouco dura demais.

— Você faz o que quiser, é adulta e todos os outros também, mas me surpreende você arrastar May para essa loucura. É só uma criança. — Maxon respondeu a irmã, cortando America como se a mesma nem estivesse mais naquela sala.

— Uma criança com mais razão que você, Maxon. Ela não é sua responsabilidade e mamãe deixou ela ir, acha que é um tipo de férias adiantada.

Kenna suspirou dando as costas para o irmão.

— Espero que fique bem, triste essa ser nossa despedida. Torço para que a sua com os outros seja melhor — então seus olhos azuis encontram os de America, da mesma cor. — Vou por a conversa em dia com Celeste enquanto você arruma suas malas. Eadlyn já está fazendo o mesmo.

 

No canto dessa sala emperra

You shut on a corner of this room

eu ligo, acerto, eu erro

I turn on, I succeed, I fail

e eu tento

and I try

Enquanto você fala “espera”

While you talk  "wait"

Aflito eu fico

I get afflicted 

e digo “Eu não entendo”

and I say “I dont understand”

Pois como molha a água a pedra

Just like the water wets the rock

Meu canto encerra o seu esquecimento

My song ends your forgetfulness

— Skank, Esquecimento.


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Notas finais do capítulo

Espero que realmente tenham gostado ♥

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