Summer

Verão

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“As long as skies are blue

Enquanto o céu for azul.”

— Calvin Harris, Summer.

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Kaden havia convencido os avós a convenceram Maxon a levar America e as crianças ao parque, mas antes eles tem que passar na casa de Maxon para trocarem de roupas. Kenna meio que se convidou para ir e isso irritou profundamente Maxon, que tentou convencer a irmã a ficar, mas não funcionou muito.

— Se despeçam dos seus avós, estou no carro. Cinco minutos. — Maxon fala pegando o celular que tocava, saindo da porta para fora sem se despedir dos pais e falando com alguém enquanto ia em direção a garagem.

As despedidas foram rápidas e frias da parte dos gêmeos, mas os mais novos foram tão calorosos como os avós.

— Cuide bem deles. — Amberly pede, e America se arrepende de olhar para os olhos dela, olhos de mãe, carinhosos e seguros, e aqueles olhos transmitiram tantas coisas.

America gostaria de não ter entendido metade do que aquele olhar transmitia. Mas entendeu tudo e tudo o que conseguiu fazer foi sorrir para a velha mulher. Um sorriso bem inseguro.

— Vamos. — Kenna se materializa ao seu lado e a puxa, se despendido da mãe com beijinhos no ar e um abanar de mãos.

America ri ao perceber que a despedida distante de Kenna foi mais calorosa e transmitiu mais amor do que a dos gêmeos que abraçaram a avó mesmo sem vontade.

— Obrigada. — America fala, sabendo que de algum modo a mulher de cabelo rosa bebê entenderia.

— Disponha, sei quando uma mulher precisa de ajuda. — Kenna pisca, mas não tira a mão do braço de America, continua a puxando em direção ao carro de Maxon.

Chegam ao carro, Kenna abre a porta e senta ao lado de Maxon na frente. America dá a volta no carro e para na frente da porta de Maxon, batendo com o nó do dedo três vezes, demora um pouco, mas o vidro enfim baixa e o loiro desvia os olhos azuis do celular para a ruiva.

America olha dentro dos olhos azuis de Maxon, e ele apenas concorda, pegando uma chave.

— É o carro azul escuro. Você leva Osten, Kaden e Eadlyn, Kenna e Ahren me ajudam com Alexia.

— E os carros dos gêmeos?

— Já mandei vim buscarem. — Maxon responde.

— Ok todo poderoso. — America se afasta da porta de Maxon e anda em direção a enorme garagem bege e grande, cheia de carros.

— Singler...!

— É Singer! — America grita de volta, parando e se virando.

— Você me segue. — ele fala.

— Eu te sigo. — America confirma, e dando de ombros se vira e continua o caminho.

— Ui, você me segue. — Kenna ri batendo no ombro do irmão.

Em resposta só recebeu um olhar fuzilante.

— Você é muito mal humorado, tem que aprender a brincar. — o cabelo rosa balança enquanto Kenna mostra a língua para o irmão.

— Relacionamentos e trabalho não são coisas engraçadas para mim. São coisas que nós levamos a sério, sabe o que é isso Kenna? Levar algo a sério?

Kenna apenas olha para o irmão.

— Acho eu vou com a America. — Kenna comenta, descendo do carro.

— Preciso da sua ajuda com Alexia.

— Não. Alexia não precisa da minha ajuda, você precisa, mas é orgulho demais para admitir.

Kenna respira fundo e seus olhos azuis mostram tudo o que sentia, um legitimo livro aberto.

— Parabéns, eu estou largando você. Assim como Kota, Elise, May e papai, eu estou largando você. Mas vamos deixar claro que mais uma vez foi você quem repeliu.

— Kenna, olha só...

— Por que eu ainda tento me aproximar? Você está afastando as únicas pessoas que não se importam com esse seu jeito, está afastando as pessoas que ainda não se afastaram por conta própria, mas por quê?

Maxon soca o volante e bufa.

— Acha que vai ser mais fácil lidar com si mesmo sozinho? Você age como um belo idiota sozinho, a merda do seu ex-noivado foi à prova disso.

— Desculpe, tá legal? Estou irritado. Me perdoe, eu amo você.

Kenna nega com a cabeça e dá um sorriso morto para o irmão, fazendo menção de bater a porta que ainda segurava.

— Você se esqueceu? Eu vejo você.

Eu vejo você.

Nossa, há quanto tempo ele não dizia essa frase para ela?

Era como um eu te amo, mas do jeito deles.

Porque Kenna conseguia ver Maxon mesmo quando ele se fechava atrás de grandes muros que ele mesmo construía e Maxon conseguia ver a insegurança de Kenna por trás de todas as risadas e sorrisos. Conseguiam ver a tristeza por trás das piadas.

Não era algo só entre Kenna e Maxon, todos os cinco irmãos têm essa coisa.

Eles se vêem. Ou deveriam se ver.

— E eu vejo você também. Você parece se esquecer disso toda vez que tenta me afastar.

— Kenn... — Maxon começa.

— Tia! Onde Osten ‘tá? Onde tá? — a voz de Alexia corta Maxon.

— Oi flor da titia! — Kenna se vira e pega Alexia no colo. — Osten vai ir com America, no outro carro.

— Quero ir com America. — Alexia fala. — No outro carro.

— Você vai ir conosco e vai encontrar America lá em casa, agora não faça birra Alexia. — Maxon corta qualquer resposta gentil que Kenna iria dar para a sobrinha.

— O papai está bravo, florzinha, mas vai passar. Agora vem com a tia. — Kenna explica para a garotinha e então a ajeita no banco de trás.

— Vai vir comigo?

— Apesar de tudo eu ainda vejo você. Isso não apaga o fato de que você é um idiota.

— Eu sei. — Maxon concorda, ligando o carro.

Ele respira fundo pensando como Kenna irá ficar puta de raiva quando ver quem está na casa deles, esperando a chegada da família.

America liga o carro assim que a ultima pessoa, Eadlyn, entra no carro. Maxon acelera e sai em disparada pelo caminho em direção da rua, e America não perde tempo, vai atrás.

— Uh, ela é boa! — Kenna comenta, ao ver America fazer a curva fechada do portão e sair para a rua.

— Será que já fez racha? — Maxon pergunta, com o cenho franzido.

— Ela é uma caixinha de surpresas — Ahren murmura, olhando pelo vidro de trás o carro azul escuro que America estava.

— Não gosto de surpresas. — Maxon comenta, acelerando mais o carro.

— Você não vai fazer isso — Kenna comenta. — Não com a minha vida aqui dentro!

— Já fiz. — Maxon comenta, dobrando em uma curva e entrando em ruas desertas, onde podia fazer uma competição amigável com a babá.

***

— Kaden? Onde ele está indo? — America pergunta para o garoto ao seu lado.

— Eu não sei, essas ruas são vazias, não dão a lugar nenhum. — Kaden comenta, olhando no GPS.

O celular de Eadlyn começa a tocar.

— E Ahren, conecta. — a garota mais velha alcança o telefone para Kaden que conecta o celular dela na tela no painel do carro.

— Ooi. — Ahren aparece sorrindo, entre os bancos, em um aparece metade do braço de Maxon e no outro o braço de Kenna, que puxa o banco para atrás para aparecer na tela.

— Oie Meri! — Kenna exclama irritada.

— Para onde estamos indo? — America pergunta séria, ignorando as saudações.

— Parece você concentrado. — Kenna fala para Maxon.

— Ele quer brincar. — Ahren explica, olhando para a irmã que concorda.

— Já participou de um racha? — Eadlyn pergunta para America.

— Isso é ilegal. — ela responde.

— Sou Maxon Schreave. — a voz de rouca surge e America vê pela tela ele trocar de marcha e fazer uma curva fechada.

— Vai brincar? — Kenna pergunta.

America sorri para Kenna.

— Já estou brincando. — pisca e encerra a chamada de vídeo, fazendo a curva fechada atrás de Maxon. — Vocês estão de cinto?

— Aham.

— Legal, vai ser que nem nos vídeo games! — Osten fala empolgado.

— Maninho, maninho, vai ser pior. — Eadlyn responde.

— Nós vamos morrer! — Kaden responde se segurando forte no carro.

— Seu pai faz muito isso? — America pergunta, prestando atenção em como Maxon dirigia o carro.

— Não, eu e Ahren fazemos mais. — Eadlyn responde.

Ela estava no banco de trás com Osten. Eadlyn atrás de Kaden e Osten atrás de America.

— Seu pai perde o ritmo depois das curvas. — America fala.

— Você tem que diminuir para fazer as curvas. — Kaden responde.

— Você deve diminuir para fazer as curvas, mas não pode perder o ritmo, é como cantar, você tem que ficar com o seu tom na cabeça, mesmo que todos estejam em outros, para continuar nele quando voltar a cantar.

— Como sabe de tudo isso? — Eadlyn pergunta.

— Eu não nasci sendo babá. — America dá de ombros.

— Não, mas você é arquiteta e jornalista, só. Não é? — Kaden pergunta.

— Eu já fui jovem Kaden, jovens aprontam. — America responde o garoto, bagunçando o cabelo dele com uma das mãos.

— Eu me sentiria mais seguro se você dirigisse com as duas mãos. — o garoto comenta, com a voz falhando.

America ri com o nariz, e trocando a marcha acelera.

— Você é louca? — Kaden grita.

— Eu estou brincando. Quero ganhar do seu pai. — America da de ombros, trocando de pista e ficando no lado esquerdo de Maxon.

***

— Acho que ela sabe o que está fazendo. — Kenna comenta.

— Fique quieta. — Maxon pede.

— Ela vai tentar ultrapassar você. — Ahren fala.

Maxon acelera ficando ainda mais distante de America, mas ao contrário do que ele esperava America continuou no mesmo ritmo.

***

— Ultrapassa ele! Acelera e ultrapassa ele! — Osten grita batendo no banco de America, empolgado.

— Ainda não. — ela responde.

— Quando nos estivermos em casa não vai dar mais. — Kaden responde.

— Caramba, você é incrível. — Eadlyn responde maravilhada.

— Obrigada, quer explicar aos seus irmãos?

— Ela está avaliando o pai, já percebeu que ele diminui demais nas curvas e então perde o ritmo e precisando arrancar outra vez para voltar à rapidez de antes da curva. Então ela vai esperar a próxima curva.

— Tenho uma má noticia para vocês: não há outra curva.

— Então a gente inventa algumas. — America dá de ombros e dobra de supetão para voltar a ficar atrás de Maxon.

Ela freia e para, vendo Maxon se afastar aos poucos.

— Que merda você está fazendo?! — Osten pergunta com raiva.

— Veja e aprenda.

Osten olha para frente a tempo de ver seu pai frear o carro confuso e dar meia volta.

***

—... Pode ser algo sério! — Kenna continua seu discurso tentando convencer Maxon a voltar.

— Você é muito chata. — o Maxon comenta.

Mas quando a olha sorri, um sorriso raro, de tirar o fôlego, um sorriso sincero.

— Pode ser um truque. — Ahren comenta, já havia perdido muitas corridas por acreditar na sua irmã.

— Quer tentar convencer sua tia disso? Eu já abri mão. — Maxon comenta dando meia volta.

Se aproxima de America e para na direção contrária, abre seu vidro assim que chega ao lado dela.

— O que houve? — pergunta assim que America abre o vidro dela, ela segurava um rabicó na mão.

— Preciso amarrar o cabelo. — ela responde sorrindo. — E não é justo você continuar quando eu preciso parar por uma necessidade física.

— Amarrar o cabelo não é uma necessidade física, mijar é uma necessidade física. — Kaden observa.

— Amarrar o cabelo é a minha necessidade física, agora fique quieto pequeno Newton.

America abre o quebra sol e amarra o cabelo se olhando no espelho, então se vira para Maxon.

Ela fica bonita de cabelo amarrado, deslumbrante, faz suas maçãs ficarem mais aparentes e seu olhos grandes mais expressivos. Ela sorri para Maxon que ainda a encara, e então ergue uma sobrancelha.

— Ainda quer continuar com isso? — pergunta.

— Isso o quê?

— O racha, dã. — Kenna responde batendo na testa do irmão, que mostra a língua para ela, fazendo America rir baixinho.

— Maxon Schreave mostrando a língua, quem diria.

— Gente como a gente. — Maxon concorda fazendo a ruiva gargalhar. — Quero continuar. — responde quando a ruiva para de rir, ela fica vermelha quando ri.

Por que ele repara nisso mesmo?

— Então tem que ser justo. Alinhe seu carro ao meu e damos partida juntos. — America diz.

— Tudo bem. — Maxon concorda e America fecha o vidro escuro virando para Kaden e piscando para ele.

— Tadinho do meu pai. — ele fala para ela.

— Tadinho nada. Isso ai America, vencer é o que importa! — Eadlyn começa.

Maxon começa a manobrar o carro para dar meia volta e se alinhar a America, e a ruiva sai em disparada com o carro, gargalhando e buzinando.

— Filha da mãe. — Maxon grita, terminando de ajeitar o carro e pisando no acelerador.

Vê uma chamada de Eadlyn na tela e atende, vendo America e Kaden rindo como dois idiotas e Eadlyn e Osten mostrando a língua para o pai.

— Isso não é justo. — Maxon comenta, mas também ri.

— Você foi muito idiota, pai. — Osten comenta, estava um pimentão de tanto rir.

— Haha, garotão. — Maxon responde o filho, fingindo estar irritado.

Kenna é só sorrisos, a babá havia conseguido — sem perceber — fazer o pai e os filhos interagirem, rirem e brincarem juntos. Aquilo não acontecia há quanto tempo? Nossa!

— Eu sigo você, né patrão? — America pergunta, tirando sarro do loiro.

— Acho que vou atrasar seu salário. — Maxon diz.

— Acho que vou bater o seu carro. — America rebate.

Kenna gargalhada, fazendo todos começarem a rir.

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“You act so innocent now

Você se faz de inocente agora

But you lied so soon

Mas você mentiu tão cedo.”

— Calvin Harris, Summer.