Loving can hurt sometimes escrita por Luna Lovegood


Capítulo 19
I'm going back to the start


Notas iniciais do capítulo

Olá Leitores, serei bem rápida aqui. Só quero mesmo agradecer pelos comentários incríveis de todos vocês. Espero muito que gostem desse capitulo que ficou imenso ;)

Tem certas músicas que parecem que foram escritas para essa história, essa daqui é uma delas! Espero que escutem enquanto leem. Deixa tudo muito melhor!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/617447/chapter/19

Come up to meet you, tell you I'm sorry

You don't know how lovely you are

I had to find you, tell you I need you

Tell you I set you apart

Tell me your secrets and ask me your questions

Oh, let's go back to the start

Running in circles, coming up tails

Heads on a science apart

Nobody said it was easy

It's such a shame for us to part

Nobody said it was easy

No one ever said it would be this hard

Oh, take me back to the start

( The scientist - Coldplay)

 

Felicity Smoak

Era estranho ter acesso à todas essas memórias de uma única vez, antes eu sentia como se eu estivesse tentando encaixar peças aleatórias de um quebra cabeça sem fim, e por vezes eu as encaixava no local errado. Foram muitos desentendimentos, muitas mentiras, muitas pessoas tentando me confundir. Mas agora eu tinha todas as peças colocadas em seus devidos lugares e tudo fazia sentido, o quebra cabeça da minha vida estava montado. A verdade trazia uma sensação incrível de alívio, mas também um medo descomunal. Porque agora eu entendia tudo o que estava acontecendo, eu sabia quem era o verdadeiro inimigo.

***Flashback***

Desde que eu havia deixado Oliver e me mudado para Central City para assumir a posição de vice-presidente que o Ray Palmer me ofereceu, meus dias eram de uma monotonia sem fim. Era quase impossível de distingui-los entre si, segundas-feiras, sextas feiras ou quartas feiras, não se diferenciavam, nada importante acontecia. Por vezes eu me sentia como um robô fazendo mecanicamente sempre as mesmas atividades. Levantava impreterivelmente às sete horas da manhã, realizava minha sequência de vergonhosos cinco abdominais e logo depois tomava um banho. Eu chegava à empresa às oito, cumprimentava Jerry e o agradecia pelo café. Ouvia as conversas chatas e intermináveis de Ray e ignorava todas as suas tentativas de flertar comigo.

Os finais de semanas também não se mostravam muito animadores. Às vezes eu conversava com Sara pelo telefone, mas procurava sempre inventar uma desculpa para quando ela insistia em me visitar, eu amava ter a amizade dela, mas eu preferia ficar sozinha. Eu não tinha nenhum outro amigo, seja no trabalho ou na minha vida social. Aliás, minha vida social se resumia em ficar em casa com um livro, um filme ou qualquer outra atividade que pudesse me distrair. Era solitário e até mesmo um pouco depressivo, mas essa era eu depois de Oliver Queen.

E foi assim por três longos anos. Até o dia do acidente.

Pode parecer bobagem, mas eu pressenti que algo mudaria naquele dia. Eu havia sonhado com Oliver na noite anterior, nada como meus já comuns pesadelos sobre a nossa separação, sobre ele e Laurel estando juntos e construindo uma família. Eu apenas via o rosto dele na minha frente e ele sorria. Não um sorriso qualquer, um sorriso completo, amplo que chegava a tocar seus belos olhos azuis. Eu me lembro bem desse sorriso, ele sorria do mesmo modo no dia do nosso casamento. Era um sorriso de extrema felicidade, um sorriso tão contagiante que me fazia querer sorrir com ele, que levava embora todas as minhas inseguranças, porque eu sabia que esse sorriso era pra mim. Eu nunca o vi sorrir dessa forma para mais ninguém.

Suas duas mãos estavam esticadas em minha direção esperando que eu as aceitasse “Hora de voltar para casa, amor” ele dizia com a voz grave e ao mesmo tempo suave. Aquilo podia ser um sonho, mas o efeito daquela voz ainda era o mesmo em mim, senti meu corpo instantaneamente se arrepiar e o coração bater descompassado no peito. E então eu coloquei as minhas mãos sobre as dele sem hesitar, eu sabia que ele era a resposta para as minhas dúvidas, ele era o caminho da minha felicidade. Eu sabia que ele se sentia da mesma forma que eu, nós éramos o caminho um do outro. Vi ele suspirar aliviado ao perceber que eu havia aceitado, seu sorriso desapareceu por um momento e seu semblante ficou mais sério. Oliver me olhava com evidente emoção “Eu amo você” ele sussurrou antes que seus lábios pudessem tocar os meus, eu o vi se aproximar e instintivamente fechei meus olhos para sentir o gosto do seu beijo, mas segundos depois eu acordava sozinha em meu apartamento em Central City.

Como eu pudera ser tão absurdamente feliz e logo depois cair nesse abismo de escuridão sem fim?

Uma lágrima solitária escapara de meus olhos. Eu não a sequei, apenas apreciei a constatação de seu significado. Não importava o quanto eu tentasse, o quanto eu me esforçasse, eu jamais deixaria de amar Oliver Queen e eu nunca seria plenamente feliz sem ele. Porque isso não era algo possível para mim, esse amor estava gravado em meu coração, em cada célula do meu corpo, cravado em minha alma.

Eu fiquei com esses pensamentos rondando em minha cabeça durante aquela manhã, e acabei chegando atrasada no trabalho pela primeira vez em três anos. Percebi que Jerry ficou surpreso com o meu atraso, mas não comentou apenas deu-me seu usual bom dia e entregou o meu café. Eu fui para a minha sala, eu sequer conseguia me lembrar do que eu tinha para fazer hoje. Oliver estava nublando todos os meus pensamentos, me impedindo de raciocinar com coerência.

Num momento impulsivo eu retirei o telefone do gancho e digitei o número do celular dele. Um toque, dois toques, três toques... Eu estava prestes a recobrar a minha razão e desligar o telefone quando o som da voz dele me impediu, me deixando completamente sem reação.

— Alô? - Eu senti tudo voltar, cada sentimento reprimido, cada memória dos dias que passamos juntos e que eu tentei tão desesperadamente esquecer. Aquela voz tinha um poder anormal sobre mim. Senti meus olhos arderem com as lágrimas que queriam cair e um arrepio bom percorreu todo meu corpo.

Eu ainda o amava tanto.

— Se você não tem nada a dizer, eu vou desligar. - ele disse com impaciência, eu queria gritar “Não desligue”, queria dizer que eu precisava ouvir um pouco mais da voz dele para me sentir bem. Queria dizer que apesar de tudo eu ainda o amava. Mas eu não podia fazer isso, então eu apenas respirei fundo e engoli o choro e rezei silenciosamente para que ele falasse outra vez, para que pudesse ouvir aquela voz que eu tanto amava e tanto sentia saudades de escutar.

— Felicity, é você? - Perguntou suavemente. Meu corpo ficou rígido e eu senti o ar me faltar. Como ele poderia saber? - Se for você amor, você precisa saber que eu ainda te amo, e estou aqui te esperando voltar para mim... - Bati o telefone com uma força exacerbada e desliguei, antes que ele pudesse dizer mais e eu simplesmente não aguentaria, não seria forte o bastante.

Minhas mãos estavam tremendo eu não sabia mais o que eu estava fazendo. Como eu poderia querer voltar para ele depois de tudo o que havia acontecido entre nós? Depois da forma tão leviana que ele havia causado o fim do nosso casamento?

Essa era uma pergunta tola. Para a qual eu já conhecia a resposta, eu só não sabia o que faria em relação à isso. Eu tentaria voltar para ele? Ou pelo menos dar-lhe uma chance de se explicar? Oliver tentou conversar comigo várias vezes, mas eu simplesmente fui teimosa, mas em minha defesa eu estava ferida e me sentindo traída. Eu nos daria essa chance? Será que ele ainda queria essa chance?

Meus questionamentos mentais foram interrompidos pelo som estridente do telefone e eu imediatamente congelei. Será que era Oliver, que de alguma forma havia conseguido o número que eu utilizei para ligar para ele? Respirei fundo e atendi ao telefone cautelosamente, bem lá no fundo eu queria que fosse ele, queria escutar sua voz e sentir meu coração voltar a bater acelerado como a tanto tempo ele não fazia. Mas não era, era apenas Jerry me lembrando da reunião que eu teria dali à uma hora.

Voltei meus pensamentos para o trabalho, pedi a Jerry que buscasse alguns documentos no departamento de Tecnologia da Informação e tentei me concentrar na reunião. Girei a cadeira e fiquei de costas para a porta encarando a ampla janela de vidro com vista para toda a cidade, enquanto tentava me lembrar sobre o que ela seria.

Ouvi um barulho de porta sendo aberta e passos de saltos altos reverberarem por sobre o chão. Quem quer que fosse achou desnecessário se anunciar.

— Felicity, você precisa me ouvir. - Senti meu corpo gelar ao som daquela voz que eu não ouvia há três anos. Ela vinha me ligando nas últimas semanas, e eu simplesmente mandava Jerry ignorar essas ligações, mas ela estava determinada a falar comigo.

Girei a cadeira e a encarei friamente, embora meu corpo fervesse de raiva pelo atrevimento dela. Laurel Lance, ela continuava bonita com seu cabelo castanho com luzes  douradas e seu corpo esguio, pelo menos para quem gostava do estilo modelo anoréxica.

— Algumas pessoas não entendem o significado da palavra não. Quantas vezes eu terei que dizer que eu não quero ouvir nada de você. - Disse já alterada e me levantando da cadeira. - As inúmeras ligações recusadas não foram o suficiente para te fazer entender? - A presença dela ali me tirava do sério, principalmente depois do sonho que eu tive com Oliver aquela noite. Ela era a razão pela qual o meu casamento havia terminado - Esquece. Vou ligar para os seguranças. - Falei impaciente, já tirando o telefone do gancho quando Laurel se aproximou o desligando.

— O que você pensa que está fazendo? - Perguntei irritada, ela vinha até a minha sala sem ser convidada e se achava no direito de me obrigar a ouvi-la?

— Eu não quero mais guardar todo esse peso dentro de mim! Eu preciso desabafar... - Começou a dizer.

— Você precisa desabafar? - Ironizei. - Não, eu preciso desabafar. - Tomei coragem para dizer todas as coisas que estavam presas dentro de mim por anos! - Laurel Lance, você é a pessoa mais desprezível, mesquinha, egoísta e sórdida que eu já tive o desprazer de conhecer. Você arruinou meu casamento e ainda tem a cara de pau de vir aqui e esfregar isso na minha cara! Eu só espero que todo esse veneno que você destilou pelo caminho, todas as pessoas que você magoou intencionalmente sem sequer se importar. Eu espero que tudo isso volte para você! E que no fim, você termine sozinha e perceba a pessoa detestável que é. - Desferi as palavras com ódio, eu nunca tinha sido intencionalmente ofensiva com alguém daquela forma em toda a minha vida. 

Você está certa. - Espera... O quê? Eu não contava com isso. - E eu sinto muito por toda a dor que eu te causei. - Falou vindo em minha direção com um olhar um pouco arrependido.

Você sente muito por dormir com o meu marido? - Perguntei, não entendendo aonde ela queria chegar com esse pedido de desculpa, mas definitivamente eu não acreditaria nela tão fácil. Não depois de tudo o que eu passei por causa dela.

— Não Felicity, você não entendeu. Eu e Oliver nunca tivemos nada enquanto vocês estavam juntos. E olha que eu tentei, mas ele sempre foi muito educado em me repelir. - Aquilo não estava fazendo sentido pra mim, eu havia visto ela nua deitada ao lado do meu marido, na nossa cama.

— Eu estou dizendo que foi uma armação. - contou se aproximando devagar. - Eu fui até ele, lá contei uma história triste, me fiz de frágil e ele ficou com pena. Você sabe como o Oliver é, ele me recebeu um pouco receoso, mas nós conversamos e eu droguei ele. Depois foi fácil, eu só montei o cenário perfeito. - Ela falava como se tivesse nojo de si mesma, e seu semblante estava abatido mostrando-me um fragilidade que eu jamais esperei dela.

Não sabia o que fazer depois dessa revelação. Meu coração deu um salto dentro do peito, meu sangue parecia ferver de ódio sob as minhas veias. Eu queria estapear a cara dela e chamá-la de nomes horríveis. Mas o meu cérebro só conseguia pensar que Oliver estava certo, e eu não acreditei nele. E por causa disso eu nos mantive afastados por três anos.

Eu tinha uma parcela de culpa na nossa separação.

— Você não tinha como saber que eu chegaria naquela hora. - Falei quando me lembrei que eu não deveria chegar em casa naquele dia. Dei a volta na mesa e fiquei de frente para ela a encarando. Ela iria ter que contar a história toda.

— Eu tinha, porque você tinha uma reunião agendada com Ray Palmer, que foi convenientemente cancelada a tempo. - Esclareceu.

Então Ray estava nisso também. Deus, e agora eu estava aqui trabalhando para esse hipócrita! Eu não entendia o que os levara a fazer isso, destruir a vida de duas pessoas era tão... tão... Perverso.

— Porque você fez tudo isso? - Perguntei, não conseguindo e nem mesmo querendo deter as lágrimas que se acumularam em meus olhos prontas para caírem a qualquer momento.

— Eu pensei que o amava e eu era jovem e tola. - A resposta dela não me convenceu por completo, em parte porque ela não manteve o contato visual e em parte porque eu sentia que havia mais do que ela estava me falando. Ela estava escondendo algo.

— Me diga uma coisa. - Agora que ela tinha começado com isso eu queria toda a verdade. - Isso não foi algo planejado por você e o Ray? Tem mais uma terceira pessoa não tem? - Pressionei e vi Laurel abrir e fechar a boca várias vezes sem saber como me responder.

Laurel e Ray podiam até ter um certo interesse na minha separação com o Oliver, mas existia uma pessoa que eu sei que guardava um rancor pela nossa união, uma pessoa que jamais superou o fato de não ter conseguido me comprar, ou tirar a ideia do casamento da cabeça do Oliver.

— Moira. Foi tudo ideia dela. - Constatei.

— Eu não sei do que você está falando. - Tentou desesperadamente mentir.

— Eu não acredito em você. - Falei saindo da minha sala, eu não queria mais falar com Laurel. Ela já tinha me dito o suficiente, agora eu precisava encontrar uma forma de consertar toda a bagunça que eles fizeram na minha vida.

Segui em direção ao elevador com Laurel no meu encalço. Quando senti a mão dela em meu braço tentando me parar. Não sei o que deu em mim, eu simplesmente desabei, todas aquelas emoções bateram de um única vez em mim.

— Não toque em mim. - Me exaltei. - Você pode ter vindo até aqui e despejado toda essa merda dizendo que sente muito. Mas isso não muda o que você fez, não muda o que eu penso de você! Não conserta os três anos da minha vida e da de Oliver que você destruiu! - exclamei contrariada e nesse momento o elevador se abriu, o que foi um alívio já que eu pude entrar e não ter mais que olhar para a cara dela.

Parei o elevador no andar da sala do Ray, disposta a falar umas poucas e boas para aquele filho da mãe. Mas infelizmente (ou felizmente para ele) ele não estava ali. Decidi que uma carta de demissão seria algo mais fácil e simples. E eu poderia ir para a casa e fazer as minhas malas imediatamente.

"Caro Ray Palmer,

Fatos recentes me fizeram perceber o grande idiota, filho da mãe e manipulador desprezível que você é. Por isso, é com um prazer imenso que eu venho anunciar a minha demissão.

Atenciosamente,

Felicity Smoak Queen

Ps.:Faça-me o favor de ir para...."

Deixei a nota sobre a mesa dele, com uma certa satisfação. Eu era capaz de imaginar a cara de desagrado dele quando a lesse, e isso era o suficiente pra mim. Eu percebi que eu não precisava enfrentá-lo ou dizer-lhe coisas horríveis. Isso só me atrasaria e eu tinha algo muito mais importante para resolver: Oliver.

Fui diretamente para o meu apartamento, e comecei a jogar roupas aleatórias em uma mala. Eu estava com uma sensação indescritível, uma mistura de ansiedade com euforia, eu não sei bem ao certo o que era, mas era algo bom. Aquele dia tinha sido uma confusão de sentimentos desde o começo, tristeza, saudade, raiva... Era um alívio finalmente me sentir bem.

Fui até a primeira gaveta do criado mudo e retirei uma foto. Éramos Oliver e eu no dia de nosso casamento, observei a forma como sorríamos um para o outro. Eu queria isso de volta, eu queria sentir essa felicidade outra vez. Peguei a fotografia e a coloquei no bolso do meu jeans, eu iria atrás da minha felicidade.

Puxei a mala em direção a porta, e não sei porque mas me lembrei do sonho daquela noite, aquilo tinha sido um prelúdio do que estava prestes a acontecer? Não sei... Mas o Oliver do meu sonho estava certo, já era hora de voltar para casa. Abri a porta, com um pequeno sorriso nos lábios que logo desapareceu quando vi a pessoa que estava parada ali pronta para tocar a campainha.

***

Oliver Queen

As palavras de Tommy ecoavam em minha mente “não acho que a sua mãe seja uma pessoa confiável”. Seria possível? Não, não a mulher que me criou. Minha mãe jamais faria isso, machucar a Felicity. Ela tendia a ser controladora, e não ficou nem um pouco contente quando eu e Felicity começamos um relacionamento no passado, mas eu pensei que era porque ela era funcionária da Q.C. e ela estava preocupada com a imagem da empresa.

Eu não tirei o pé do acelerador durante todo o percurso, eu precisava chegar a mansão ver que Felicity estava bem e provar para aquela parte da minha mente que teimava em dizer que a minha mãe poderia ser culpada que ela estava errada. Que a minha mãe nunca faria esse tipo de coisa.

Cheguei à mansão em tempo recorde, estranhei o silêncio e a escuridão do local. Subi as escadas em direção ao meu quarto, na expectativa de encontrar Felicity dormindo tranquilamente. Abri a porta com uma certa afobação, meu coração deu uma falhada ao perceber que ela não estava ali, mas a cama estava desfeita e havia uma xícara de chá jogada ao chão.

Procurei minha mãe e também não a encontrei em lugar nenhum, eu acordei os empregados e eles não souberam me dizer onde elas estavam, apenas disseram que ouviram um barulho de carro já tarde da noite.

Entrei em desespero. Onde você está amor? Eu preciso de um sinal, qualquer coisa. Eu estava apavorado, apavorado que aquela parte do meu cérebro que teimava em culpar a minha própria mãe estivesse certa. E que eu acabei colocando-a em um perigo ainda maior quando a deixei aqui.

Meu celular vibrou no meu bolso e eu pensei que Deus estivesse atendido minhas preces e Felicity estaria me ligando para dizer que estava bem e segura. Não pude deixar de ficar decepcionado ao ver a imagem de Sara no visor.

— Alô. - Atendi sendo um pouco ríspido.

— Oliver! - A voz dela parecia desesperada o suficiente para ignorar a minha falta de polidez. - A polícia de Central City já tem o retrato falado da pessoa que sabotou o carro da Felicity... - Senti um aperto no peito e um arrepio frio percorrera espinha por favor não diga que foi... - Oliver, foi a sua mãe.

Sabe a sensação de descobrir que a sua vida é uma grande mentira? Que as pessoas não são quem realmente você imagina? Descobrir que a sua própria mãe tentou matar a sua esposa? E que você na ânsia de protegê-la acabou deixando-a totalmente desprotegida nas mãos do assassino? Eu me sentia enganado, desesperado e principalmente impotente, Agora multiplique isso por mil. Era como eu estava me sentindo nesse exato momento. Eu a havia deixado aqui, junto à pessoa em que eu mais confiava, junto à alguém que eu pensei que era incapaz de fazer qualquer coisa que me magoasse. E agora eu tinha essa sensação que eu estava prestes a perder a mulher que eu amava e o meu filho, pelas mãos da mulher que me criou, uma mulher que eu amava também.

***

***Felicity Flashback***

Eu não esperava ver Moira Queen à porta do meu apartamento. Mas não foi apenas surpresa que eu senti naquele momento, foi uma certa apreensão . Ela sabia ser uma megera quando queria. Minha sogra me lançou aquele olhar avaliador que, embora eu não o recebesse à pelo menos três anos, ainda tinha o mesmo poder de me fazer sentir intimidada. E então os olhos correram até a mala em minhas mãos.

— Eu sugiro que você desfaça a suas malas Senhorita Smoak. - Sua voz veio cortante como uma navalha. Nenhum cumprimento ou saudação. Ótimo, pelo menos dessa vez ela não colocaria a máscara de boa mãe para falar comigo.

Mas dessa vez eu não a deixaria intervir na minha vida.

— Ou o quê? - Revidei desafiadoramente. - Você, Laurel e Ray irão fazer o quê? - Ela não demostrou surpresa pelos nomes que eu citei. Provavelmente ela já estava ciente que Laurel havia contado tudo para mim. Eu já tinha entendido a presença dela aqui.

— Você não gostará das consequências. - Ameaçou com a voz fria. Eu não conseguia entender como ela conseguia enganar tantas pessoas, se fazendo passar por uma mãe amorosa e preocupada, um exemplo de mulher perfeita. Será que ninguém mais percebia o quanto ela era má?

— Você está com medo, de que eu conte ao Oliver o que vocês fizeram para nos separar. Você teme que eu macule a preciosa imagem que ele tem de você. - Retruquei, e vi a expressão confiante no rosto dela vacilar, mas logo ela se recompôs e voltou a destilar seu usual veneno.

— Você realmente acha que ele está ansioso pela sua volta? O que a faz pensar que ele não seguiu em frente? - Estremeci com aquela possibilidade. - Deixe me dizer algo que vai acabar com toda essa sua prepotência: Ele já te esqueceu, querida. - falou com uma satisfação no olhar ao perceber que havia me atingindo.

Seria possível? Ele teria me esquecido... Não, eu não acreditava nisso realmente, ele havia dito que me amava, hoje quando atendeu ao telefone, sem nem mesmo saber se era eu. Além disso, uma história como a nossa, um amor como o nosso não se acabaria assim. E ainda que ele tivesse seguindo em frente, eu iria atrás dele, nem que recebesse uma porta na cara como resposta eu tinha que tentar.

— Eu não me importo, ainda assim eu vou voltar e não há nada que você possa fazer para me impedir. - Rebati decidida.

— Felicity Smoak... - Ela começou a rosnar meu nome, eu sentia uma ameaça vindo por ali, mas não me abalei.

— É Felicity Smoak Queen! - Corrigir com orgulho, e seus olhos faiscaram em puro ódio.

— Como queira, depois não diga que não foi avisada. - Foram as palavras dela antes de virar as costas para mim e sair batendo seus saltos Manolo Blahnik, fazendo o barulho ecoar por todo o corredor.

Eu não me importava com as ameaças de Moira Evil Queen, eu só me importava em chegar o mais rápido possível em Starling City. Desci até a garagem do prédio, guardei as malas e dirigi em direção ao meu futuro. Eu me distrai imaginando o meu reencontro com Oliver, a reação dele ao me ver. Se ele ficaria contente...

Foi quando do nada apareceu um carro ultrapassando na contra mão, fiquei apavorada quando tentei frear e não consegui, quando dei por mim meu carro estava derrapando na pista e eu já não conseguia controlá-lo. Meu único pensamento foi que Oliver nunca saberia o quanto eu o amava, o quanto eu estava arrependida de não ter o ter confiado nele, de não ter confiado em nosso amor. Eu gostaria que houvesse uma forma de apagar esses três miseráveis anos e simplesmente recomeçá-los como se nada tivesse acontecido.

Foi então que veio a escuridão.

***

Eu estava deitada sobre uma superfície dura e fria, tinha um gosto amargo na minha boca me deixava nauseada. Senti me tonta assim que tentei me levantar, abri os olhos pesados com um certa dificuldade e aos se deparem com a claridade eles imediatamente arderam e lacrimejaram. Olhei ao meu redor procurando identificar o local onde eu estava. Era um quarto simples, mas de bom gosto, até mesmo um pouco sofisticado, onde nada me era conhecido ou familiar, exceto pela pessoa sentada encostada na parede próxima a porta.

— Laurel. - Ver o rosto dela fez meu estômago revirar.

— Que bom que você acordou. - Ela disse, se levantando e caminhando em minha direção.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Me digam se gostaram!
Ainda estou viajando, então sem previsão para o próximo mas irei me esforçar ok? Beijos e obrigada por lerem!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Loving can hurt sometimes" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.