Quando eu te vi

Foi como um espaço
No meu coração que foi preenchido
Foi como se eu soubesse
Desde o começo
Que você era tudo que faltava em mim
É como se eu te amasse desde
O momento em que
Desde que o tempo começou
Você preenche o meu coração
Por que demorou tanto para eu encontrar
O seu toque
A esperança nunca se foi
Mesmo que tenha demorado tanto
Para te encontrar
É como se eu te amasse desde
O momento em que
Desde que o tempo começou
Você preenche o meu coração
(You fill my heart – Jason Walker)

Xxxx

Acordei sentindo meu coração acelerado, quase roubando de mim o meu fôlego. Já fazia um tempo em que eu não tinha pesadelos com aqueles dias... Os piores da minha vida.
Olhei para Lydia adormecida ao meu lado e sorri, notando como algumas mechas avermelhadas de seu cabelo caiam ligeiramente por seu rosto, cobrindo-o parcialmente.
—Hey, Lyds. - chamei baixinho, afastando o cabelo de seu rosto. -acorde.
—Stiles, essa é a primeira vez em tanto tempo em que não acordamos com choros e pulos em cima de nós... Porque está me chamando tão cedo? -murmurou sem abrir os olhos.
—Hey, ja é de manhã. Desculpe, tive um pesadelo, mas sobre acordar com choros e pulos, acho que não vai demorar muito pra algum deles acontecer.
Ela abriu os olhos verdes para mim, com uma ruga de preocupação na testa.
—Pesadelo? Com o que?
—Ah você sabe, o de sempre.
—Bem, passamos por muitas coisas durante tantos anos, você sendo possuído, você sendo sequestrado por dois malucos, você sendo sequestrado outra vez e fazendo todos nós nos esquecermos da sua existência, por outro lado tem a mim sendo mordida, ficando desaparecida, sendo mantida presa num hospital psiquiátrico onde fizeram furos na minha cabeça, nós dois quase morremos varias e varias vezes e nossos amigos também.
—Okay, não sobre tudo isso... apenas sobre o sequestro número um.
—Oh. -me ofereceu um sorriso e se aproximou me dando um leve selinho nos lábios. -Não se preocupe, aqueles dois ainda estão apodrecendo no lugar onde merecem estar, você está bem e seguro... Todos nós estamos.
Segurei sua mão, brincando com as pontas de seus dedos.
—Eu te amo. - digo. -cada vez mais, todos os dias.
Ela sorri para mim, mas antes que diga qualquer coisa ouvimos a porta abrir e passos apressados entrar no quarto. Abrimos largos sorrisos, esperando.
A beira do edredom é puxada e logo a cabeleira ruiva de nossa filha aparece, enquanto ela se esforça para subir na cama com o lobo de pelúcia na mão.
—Mamá, mamãe, estou com fome! - reclama a pequena, abrindo espaço entre Lydia e eu.
—Hey, você está sempre com fome Alli. - digo para implicar, enrolando uma mecha de seu cabelo em meu dedo.
—Eu não sou a única, Cláudia está com fome também.
—Ah, você foi acordar os bebês? -Lydia a repreende. -Allison Stilinski!
Alli se encolhe fingindo arrependimento, mas dá um sorriso safado.
—Ela ja estava acordando quando eu entrei.
—Ela vai acordar Sam. -Lydia diz pra mim.
—Eles precisam acordar logo! Eu sempre acordo mais cedo no meu aniversário.
—Eles ainda são muito pequenos para entender que estão fazendo aniversário. - explico enquanto me levanto, calçando os chinelos e circulando seu pequeno corpo com um braço, pegando-a no colo. -Você já é uma menina grande de quase quatro anos. Vamos alimentar o grande monstro que habita essa pequena barriga.
—Fique mais um pouco. - digo a Lydia, você ainda tem algum tempo, eu arrumo eles hoje.
—Certo, se precisar de ajuda me chama.
—Sem problemas.
Fui com Allison até o quarto dos bebês ao lado, colocando-a no chão e rindo quando vi que Cláudia estava em pé no berço, segurando nas beiradas e abrindo um sorriso para mim, com os dentinhos de baixo aparecendo, estendendo os bracinhos para que eu a pegasse.
—Oi minha princesa - sussurro, supondo que Samuel esteja dormindo, mas na verdade ele já estava acordado também, ainda deitado, mas com os olhos claros já bem abertos e fez o mesmo que Cláudia, sorrindo e estendo os braços para que o pegasse.
Pego os dois do berço e ambos deitam a cabeça no meu ombro, um de cada lado e dou uma leve embalada com o corpo.
—Feliz aniversário pequenos, um ano foi como uma piscada para o papai, o que acham de crescerem mais devagar? Hm? - os dois me olham com atenção apesar de não entenderem nada.
—Vamos ter uma festa papai? - pergunta Allison enquanto saímos do quarto. -Com bolo e presentes?
—Sim baby, mas só mais tarde. Quando eu e a mamãe chegarmos do trabalho.

Desci com todos eles para a cozinha e preparei a mamadeira de Allison.

—Deite com a mamãe, mas não a acorde se ela estiver dormindo, tudo bem?

—Sim. - concordou enquanto pegou a mamadeira e correu escada acima até o quarto.
—E vocês dois, vamos comer e tomar um banho que vocês estão precisando. -fiz mais duas mamadeiras apenas de leite e subi com os dois bebês.

—E então ele fica para cuidar de Koda. - escuto a voz infantil de Allison no quarto e quando entro ela está com as duas pernas uma de cada lado da cintura de Lydia enquanto tagarela com a mamadeira pela metade na mão. Assim que me vê chegar ela rapidamente deita ao lado da mãe e volta a beber o leite.

—Filha, eu disse para não acordá-la.

—Eu estava acordada. Hey amores! -cumprimenta os gêmeos enquanto pega Sam para deitá-lo ao seu lado junto a Allison, faço o mesmo com Cláudia.
Nada nunca me faria me sentir mais completo do que olhar minha família completa, como ali naquele momento onde estávamos todos juntos deitados na cama.

Eu provavelmente chegaria um tanto quanto atrasado naquele dia, já que nem ao menos estava pronto ainda, mas era aniversário dos meus filhos e eu apenas queria ficar ali e pensar o quão sortudo era por todos nós da alcatéia termos conseguido sobreviver a tanto e ainda construir uma família.

Meu celular começa a tocar e atendo quando vejo que è Scott.

—Hey! E aí?

—Hey cara, eu só queria saber se tem alguma ideia para me dar sobre o que dar aos gêmeos, você já foi a uma loja de brinquedos? Eu olho os brinquedos e todos parecem perigosos para a idade deles pra mim.

Dou risada imaginando sua cara olhando para tantos brinquedos sem saber o que levar.

—Com certeza eu já fui a uma, você vai achar que eles multiplicam depois que Louis nascer e querer absolutamente tudo o que ele ver pela frente. Você tem que ir na parte de brinquedos para bebês.

—Bom, ainda tem dois meses até que ele nasça e com sorte alguns anos até que comece a escolher os próprios brinquedos. Oh, sessão para bebês, achei! Você tem certeza que eles não podem engolir essas coisas? Lembra-se da caixa com utensílios de casinha que dei para Allison quando ela era pequena? Eu não sabia que tinha faixa etária.

Rio, me lembrando da cara de todo mundo na festa de aniversário de Allison quando abrimos o presente de Scott e eram várias peças pequenininhas para aquelas bonecas Barbies e suas casinhas, algo que ela podia facilmente engolir.

—Sim, eu me lembro. Não se preocupe, se está na sessão de bebês, então está seguro.

—Ok, obrigado. Até mais tarde.

—Até. - desligo, arrumando mais confortável Sam para perto de mim.

Scott e Malia iriam ter o primeiro bebê Louis. Eles haviam adotado um menino de quatro anos havia quase um ano, a história era triste, a família foi assassinada por caçadores, mas todos nós chegamos a tempo de salvar a criança que se agarrou a Malia por todo o tempo e foi quase impossível separá-lo dela, pois ela foi quem ele viu primeiro resgatando-o. Malia ficou mexida com isso e algumas semanas depois ela e Scott estavam movendo um processo de adoção para Timoty.

Lydia e eu nos levantamos e nos revezamos para terminar de arrumar as crianças e suas coisas.

—Que horas você sai do trabalho hoje? - ela me perguntou enquanto terminava de pentear o cabelo de Allison.

—As cinco e você?

—Cinco e meia, você recebe os brinquedos?

—Sim, nós precisamos de mais balões, consegue comprar quando estiver voltando?

—Consigo, è só o que falta?

—Provavelmente não, mas fazemos um lista durante o dia quando formos lembrando.

—Certo. Alli, vai com o papai e não se esqueça de levar o Sr.Urso.

Sr.Urso era um pequeno porquinho da índia marrom e gordinho do qual Allison ficará responsável nos últimos dias.

—Podemos ter um porquinho da Índia?

—Sim, quando você for um pouco maior e puder olhar ele.

—Mas cuidei direitinho.

—Com certeza, levando em conta que eu coloquei a comida e limpei a gaiola e a senhorita o perdeu entre o tempo que chegou em casa até eu chegar.

Alli fez um bico adorável, mas se virou para mim e sorriu arteira.

—Papai posso ter um porquinho da Índia?

Lydia olhou de mim para ela indignada que ela nem ao menos esperou estarmos sozinhos para pedir novamente a mim.

—Hey, a mamãe já disse que não e eu concordo. Quando você estiver maior, então podemos ter um. Tudo bem?

Ela deixou claro em sua expressão que não estava nada bem, porém não discutiu mais.

—Vamos, não podemos nos atrasar. - peguei sua mochila e a gaiola do Sr.Urso.

—Tchau baby. - dei um selinho um tanto quanto demorado em Lydia. - Te amo.

—Eu também!

Beijei o topo da cabeça dos gêmeos que iriam para a creche dali a pouco com Lydia.

Prendi Allison na cadeirinha e dei o Sr.Urso para que segurasse. A creche não era longe do meu trabalho, então todas as manhãs eu deixava Allison e Lydia deixava os gêmeos na outra creche para bebês até dois anos e meio, que ficava mais próxima do seu trabalho do que do meu.

Parei o carro em frente a creche e desci, olhei em volta procurando qualquer tipo de movimento estranho, e ao ver que tudo estava normal, abri a porta para tirar Alli da cadeira. Apesar de não morarmos mais em Beacon Hills ainda tínhamos esse sentimento de hipervigilância. Em todos os lugares eu procurava ficar atento aos movimentos, como se algo fosse sair de BH para vir atrás de nós aqui. Liam está fazendo um ótimo trabalho protegendo a cidade, às vezes nós vamos ajudar è claro, mas não era mais possível permanecermos lá depois de tudo o que aconteceu, e definitivamente não nos arrependemos, principalmente depois de termos filhos e Malia estar grávida de Scott também. Lydia me dizia que eu já ficava em perigo suficiente trabalhando no FBI.

—Prontinho. - coloquei Allison no chão e me certifiquei de que ela segurasse firme Sr.Urso. -Vai ser boazinha não è? - perguntei, tocando a ponta de seu nariz.

—Eu sempre sou papai. -Sorriu angelicalmente para mim.

—Aham, sei. Até mais tarde, minha garotinha valente. Tenha um bom dia tá? - A abracei e beijei o topo de sua cabeça. Eu a chamava de garotinha valente por ela ter sido uma guerreira ao nascer, Lydia teve uma gravidez complicada e Alli nasceu prematura e lutou pela vida por muito tempo até ser seguro tirá-la da incubadora.

—Até. - se vira e corre até a porta onde a professora esperava.

—Sem correr, Allison. - mas ela já não me escuta mais.

Um pequeno flashback da primeira vez em que deixamos ela na creche vem aos meus pensamentos, agora ela simplesmente vai, sem reclamar, quando da primeira vez foi um escândalo. Os Gêmeos estão fazendo um ano e tenho certeza que irei piscar e os dois já estarão brigando por quartos separados.

Xxxx

LYDIA - Horas depois

Peguei os dois bebês conforto do carro com os bebês adormecidos neles e abri a porta, correndo para dentro já procurando por Stiles e Allison. Estávamos atrasados, logo os convidados começariam a chegar e não estávamos prontos.

—Stiles? - fui até os fundos e ele estava com o pessoal do pula pula, enchendo o brinquedo.

—Hey, Lyds. - Deixou um beijo estalado em minha bochecha. - O pula pula e a piscina de bolinhas estão aqui e a cama elástica tambèm. Você comprou o que faltava?

—Sim, temos que terminar de encher os balões, dar banho nas crianças e arrumar a decoração da mesa.

—Certo. Dou banho em Cláudia e Allison e você da banho em Sam, termina a mesa e depois terminamos os balões, tudo bem?

Entreguei a ele o bebê conforto onde Cláudia estava. -Tudo bem então, sr.paizão. - brinquei.

—Eu sou o melhor pai que essas crianças poderiam pedir. - Riu enquanto pegava Cláudia e ia pra cima. Stiles sempre ficava animado demais com os aniversários de Allison, e com o primeiro dos gêmeos parece que sua hiperatividade aumentava em 20 por cento.

Acompanhei os dois homens do pula pula até a saída é corri para pegar Samuel para dar seu banho.

—Vamos príncipe da mamãe, ficar bem cheiroso pra ganhar bastante presentes.

Ele me olhava atentamente e sorriu como se entendesse.

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Vestimos Cláudia de minnie e Sam de Mickey, porém Alli cismou que queria ser uma princesa, então a vestimos de Mérida. Fugindo do tema, mas tudo bem.

Alguns amigos do trabalho vieram, então logo a casa ficou cheia de barulhos de crianças correndo e brincando. Allison apareceu na minha frente com um algodão doce em uma mão e um sorvete em outra, mastigando o que devia ser uma bala cumprida. Aquela menina não dormiria hoje de tanto açúcar.

As reuniões de família eram sempre muito animadas e as crianças chegaram apenas para alegrar mais ainda todo aquele ambiente. È como se todas as vezes que nos reunimos nós nos sentíssemos agraciados por estarmos vivos e bem, termos a oportunidade de nos reunirmos.

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Stiles

Juntamos todas as crianças nos colchões grossos em meio a sala. Scott e Malia iriam dormir em casa com Timothy.

Todas elas ressonavam profundamente no colchão, Timothy, Allison, e então os gêmeos que colocamos ali apenas momentaneamente, já que as crianças poderiam rolar e acabar machucando-os. Sem falar que os bebês poderiam acordar e acabar acordando os dois também. Allison levantou a mão e levou até a cabeça de Timmy, correndo até seus cabelos e agarrando-os, parecendo procurar algo e quase o acordando. Scott e eu nos apressamos sobre os dois, segurando o riso. Scott separou a mão de Alli dos cabelos de seu filho e eu coloquei o lobo de pelúcia em meio aos braços dela que o abraçou feliz voltando a dormir.

—Não sei como você consegue com dois bebês, mais Allison. - comentou Scott baixinho. - dois meses para Louis nascer e já estou preocupado como cuidar de duas crianças.

—Você está se saindo bem com Timmy, não tem com o que se preocupar.

—Mas ele já estava maior quando o abrigamos, nunca cuidei de um bebê antes.

—Então vai aprender uè, è algo normal, vai pegar o jeito.

—Pelo menos você pode treinar apenas com Allison antes de ter os gêmeos.

—Bem, mas è diferente, cada bebê è um bebê e eu preciso de Lydia pra me ajudar a maioria das vezes. Mês passado ela me deixou sozinha com os três e quando chegou Sam estava todo lambuzado com papinha, Cláudia estava aos berros por querer mais leite além do normal, criança come pra caramba. E Alli estava subindo na estante tentando alcançar o cereal que eu já tinha falado mil vezes que não era hora de comer. Ou eu socorria um ou outro, foi uma loucura. Ainda bem que ela chegou antes que Alli se machucasse ou Sam enfiasse papinha até nos olhos ou Cláudia ficasse roxa de tanto chorar.

—Ah eu queria ter visto essa cena. - disse se divertindo com a situação.

—Ria agora que não è com você. Quero ver o que vai fazer quando Timothy quiser brincar de coisas com o bebê sem entender que o bebê ainda não sabe brincar e então você vai chegar na sala e ele vai estar prestes a acordá-o depois de você ter levado a tarde toda para fazê-lo dormir.

—Parecia um pesadelo.

—Oh diga adeus ao seu sono.

—Já estou dizendo adeus ao meu sono. Malia me acorda de madrugada me pedindo coisas absurdas para comer e experimente dizer não a ela.

Eu ri imaginando a cena e nós entramos na cozinha onde Lydia e Malia riam de algo com as mãos na barriga grande de Malia. Passamos boa parte da noite conversando e colocando o assunto em dia.

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Entro no quarto após Lydia e eu termos movido os bebês para nosso quarto, mas deixando Alli dormindo com Timmy, e entrando sem fazer barulho eu imagino que veria apenas os gêmeos dormindo ao lado de Lydia ainda acordada, mas não, estavam dormindo Lydia e ao seu lado havia Cláudia que agarrava com a pequena mãozinha uma mecha do cabelo da mãe. Ao lado dela Sam, que era o único com os olhinhos abertos, esperando por mim. Após observar, deito ao lado de Sam e passo meu braço sobre ele, dando meu dedo para que segurasse ao mesmo tempo em que ele fecha os olhos para adormecer, passo o outro braço por cima de Claudia, tocando meus dedos nos de Lydia que também tinha a mão ali no meio. Fecho os olhos para adormecer, e dessa vez não existem pesadelos. Não sobre os dias em que passei fome e dor em cativeiro, ou do dia em que Lydia quase me encontrou, mas eu não tinha forças para chegar a ela, ou cada vez em que eu podia quase ter minha liberdade, porém sempre acabava por dar errado. Nessa noite tive apenas paz e felicidade pela família que havia construído com a mulher que amo e sempre amei. Por isso eu amava sempre os aniversários de meus filhos, era mais que celebrar a idade deles, era como se a cada ano celebramos nossa felicidade que transbordava de nós. E não há nada melhor na vida do que celebrar a felicidade.