Lendas de um passado escrita por Andreza Martins Petamin


Capítulo 3
O amor vive?


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo criado para o desafio da semana musical, dessa vez ele é baseado na música Winter song da Ingrid Michaelson com a Sarah Bareilles.



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Kurama a obedeceu e gentilmente a colocou no chão.

–Assim está melhor. Não sei que bruxaria você andou usando, mas não mais, eu sou noiva e isso não vai mudar por causa de um truque seu- disse Botan, que agora já estava de pé mas olhando bem nos olhos do jovem de cabelos avermelhados-

–Er... Botan, na verdade não é bem assim. Você e Mime terminaram, esqueceu?- lembrou Shunrei séria-

–Como assim terminamos? Estávamos de casamento marcado. Seria em Dezembro, em uma tarde de Inverno, mas.... eu não lembro... o que aconteceu depois daquela nevasca de 1415- retrucou Botan se sentindo confusa-

–Vocês haviam terminado, foi de modo pacífico, pelo menos era o que parecia, mas depois você saiu, começou a nevar muito forte nas montanhas do Leste, então uma equipe de busca saiu atrás de você, só que estranhamente não encontraram seu corpo, você havia sumido, então consultamos os deuses do oráculo e eles disseram que você havia se tornado uma shinigami, mas que seria por pouco tempo, pois você reencarnaria na terra e depois de dezessete luas encontraria a passagem que te traria de volta para resolver o que ficou pendente do passado- contou Shunrei-

–Eu morri? Shinigami? Fui para a terra? Não, isso tudo está muito confuso, não pode ser- retrucou Botan nervosa andando de um lado para outro-

Eu continuo acreditando em dias de verão
As estações sempre mudam
E a vida ira encontrar um jeito

(Kurama cantarolava bem baixinho)

–Isso tudo é fantasia, só pode ser, eu não poderia ter vivenciado tudo isso, é impossível de acreditar, preciso de algo mais que me confirme isso, não que eu duvide de você, Shunrei, mas é a minha vida, minha história, eu ia casar e agora descubro que todo o meu sonho acabou?- retrucou Botan nervosa deixando as lágrimas rolarem pelo rosto-

–Tudo que ela está dizendo é verdade, milady, fizemos até um túmulo simbólico para representar o dia em que tudo aconteceu- contou Hisoka sério-

–Então querem dizer que eu tenho um túmulo? Pois muito bem, eu quero ir até lá- resolveu Botan determinada-

–Você acabou de chegar, precisa descansar, Botan- retrucou Shunrei-

–Nada disso, Shunrei, se é algo que esclarece toda a minha vida, eu quero verificar com meus próprios olhos- rebateu Botan a olhando séria-

–Eu vou com você- resolveu Kurama sério-

–Logo você, Kurama? Não, preferia Hisoka- retrucou Botan séria-

–Eeeeeeeeeu?- perguntou Hisoka apavorado-

Na verdade, todos tinham medo das montanhas do Leste, pois acreditavam que ela era amaldiçoada, a lenda contava que uma mulher chamada Yukina havia sido rejeitada pelo seu grande amor Siegfried, que a havia trocado por Hilda de Polares, a representante de Odin na terra de Asgard, então ela se isolou nas montanhas passando toda a sua vida lá, nos dias de nevasca, acreditavam que Yukina descarregava toda a sua ira porque foi justamente nesse dia, 13 de Dezembro, em que ela foi rejeitada, desde então, todo dia 13, acontecia a grande nevasca, assim, toda a população de Celta evitava as montanhas do Leste nesse dia.

–É você mesmo quem vai comigo, Hisoka, e não discuta- respondeu Botan séria o encarando-

–Eu tenho pavor daquele lugar!- reclamou Hisoka amedrontado-

–E quem não tem? Yukina, a mulher das neves pode muito bem provocar uma grande nevasca fora do dia 13 justamente para punir os invasores- falou Shunrei séria-

–Não me importo, mesmo assim eu quero ir- retrucou Botan séria-

–Sozinha você não vai, eu irei acompanhá-la e pronto- resolveu Kurama sério-

Botan ficou o encarando bem séria e nada disse.

–Aceite a oferta de Kurama, Botan, ele está se prontificando a acompanhá-la e isso já basta- interveio Shunrei séria-

–Está bem, mas tenho uma condição- consentiu Botan séria olhando para os dois-

–A que quiser- consentiu Kurama a reverenciando-

–Nada de usar seus truques de magia comigo- impôs Botan olhando bem para ele e com o dedo em riste-

–Tem a minha palavra- consentiu Kurama a reverenciando-

–Então partiremos agora- resolveu Botan, que se voltou para fora do templo-

–Levem casacos, acho que esses seis estão de bom tamanho- falou Shunrei fazendo aparecer os casacos-

Botan pegou os casacos, ficou com três e deu os outros três para Kurama e saíram. Hisoka respirou aliviado.

Os dois caminharam para a montanha e não demoraram a chegar lá, já que conheciam uma trilha da floresta que terminava justamente no pé da montanha.

Botan caminhava calada pensando em tudo: desde suas visões, a música de Kurama, seu “noivado” com Mime e a história que Shunrei havia lhe contado. Tudo isso se misturava na sua mente formando um turbilhão fazendo ela se sentir bem confusa, Kurama logo percebeu tudo.

–Está sentindo alguma coisa?- perguntou ele preocupado-

–Não sei, é tudo tão confuso,eu pensei que conhecia bem a minha vida, mas agora vejo que não, ai Kurama, eu já não sei nem quem eu sou- respondeu Botan angustiada querendo chorar-

Instintivamente, Kurama a puxou para um caloroso abraço, afagou os cabelos da menina e começou a cantarolar.

Esta é minha canção de inverno para você
A tempestade chega em breve
Ela vem pelo mar

Minha voz; um farol na noite
Minhas palavras serão a sua luz
Para lhe trazer pra mim

–O que... pensa que está.... fazendo?- balbuciou Botan se sentindo perturbada-

Esta é minha canção de inverno
Dezembro nunca pareceu tão errado
Por que você não esta aonde pertence
Entre meus braços.

(cantarolava Kurama enquanto afagava os cabelos da menina, a fazendo se sentir confortável em seus braços)

Botan não disse mais nada, sentiu seu coração palpitar mais forte, se deixou envolver no abraço do jovem de cabelos vermelhos.

O amor vive?
O amor vive?
O amor vive?

(cantarolava Kurama, que parou o abraço, ficou a olhando nos olhos enquanto acariciava o rosto da menina)

Botan, por sua vez, já não relutava, estava ali, entregue à um sentimento que desconhecia, pelo menos era o que ela pensava, suas lembranças da terra passaram em sua mente como se fosse um filme, até que um nome que ela mesma falava, ecoou mais forte: Shuichi.

Não demorou muito para ela querer pronunciar o nome ao mesmo tempo em que olhava bem fundo para os olhos verdes de Kurama.

Porém, o momento tão próximo dos dois foi abruptamente interrompido por Yukina, que os olhava bem séria no pé da montanha.

–O que vieram fazer aqui nas montanhas do Leste?- perguntou a mulher das neves os encarando com seu olhar congelante-

Os dois se soltaram e a olharam.

–Esse é o meu território, se vieram invadir, terei que tomar as minhas providências- resolveu Yukina bem séria, ela estava se preparando para provocar uma nevasca-

–Eu só vim saber da minha história- rebateu Botan bem séria a encarando-

–Que história?- perguntou Yukina também séria-

–13 de Dezembro de 1415- respondeu Botan a encarando-

–Não me falem de 13 de Dezembro!- retrucou Yukina irritada, ela soltou umas estacas de gelo para o outro lado-

–Sentimos muito por isso, mas é que no dia 13 de Dezembro de 1415, Botan esteve nessa montanha e acabou morta pela sua nevasca- contou Kurama de modo calmo-

–Entendi, a pitonisa morta cujo túmulo está do outro lado da montanha- falou Yukina, que respirou fundo e se acalmou-

–É isso mesmo- confirmou Botan séria porém com um tom de voz calmo-

–Conheço sua história, pitonisa, sofrer por amor é sempre um grande suplício, é muito mais doloroso do que estacas de gelo, então voltou para resolver as pendências, não é?- disse Yukina de modo mais brando-

Botan assentiu com a cabeça.

–Venham comigo, os levarei lá- resolveu Yukina, que logo os conduziu pela montanha-

–Agradecemos muito- agradeceu Kurama de modo gentil-

–Não tem que agradecer, bruxo raposa, somente me acompanhem- falou Yukina os conduzindo pela montanha-

Os três caminhavam bem devagar, já que a montanha era repleta de neve e ainda caía pó de diamante, o que ainda provocava temperaturas mais baixas no corpo, Botan tremeu de frio, Kurama pegou um dos seus casacos, o aqueceu e colocou nela, que prontamente agradeceu com um sorriso.

–Não se afastem de mim, vocês podem ficar perdidos em meio ao pó de diamante- advertiu Yukina voltando o olhar para os dois-

Os dois assentiram com a cabeça e rapidamente seguiram atrás dela. A caminhada era exaustiva, pois além de passar por um trilha de neve, ainda tinham curvas, eles atravessaram um caverna com lindas estalactites e estalagmites.

–Me acompanhem por esse outro caminho- guiou Yukina os mostrando uma pequena subida firme-

Yukina subiu logo. Botan foi logo atrás sendo ajudada por Kurama, que foi logo atrás das duas, os três caminhavam pela caverna e o jovem de cabelos avermelhados mentalizava a música que havia cantado antes.

–Nem pense nisso, bruxo raposa- advertiu Yukina espantada-

–O quê?- perguntou Kurama sem entender-

–Cantar, mesmo que em pensamento, é mortal aqui dentro, poderia causar um desastre terrível- advertiu Yukina séria-

–Me desculpe- pediu Kurama sério-

–Está tudo bem, só não faça de novo- falou Yukina séria-

Botan pensou em recriminar Kurama, mas ela achou as feições dele tão engraçadas, parecendo um cachorrinho que tinha acabado de levar uma bronca e que mesmo assim tentava agradar o dono, então ela deu um risinho discreto e nada falou. Os três continuavam caminhando pela caverna.

–Chegamos- falou Yukina mostrando a saída da caverna-

Os dois repararam a saída e seguiram para lá. O outro lado da montanha fazia um frio mais cortante ainda, sem contar que dava para vislumbrar a aurora boreal, o que deixou Botan maravilhada.

–Bruxo raposa, não permita que a pitonisa fique parada assim, uma falta de movimentos e qualquer um congela, até mesmo eu, por isso, pouco venho aqui- falou Yukina encarando Kurama-

Kurama assentiu com a cabeça, colocou as mãos nos ombros de Botan, que logo voltou a si e tratou de aquecê-la em seus braços.

Yukina via toda a cena e sentiu um pouco de tristeza por dentro, já que foi duramente rejeitada por Siegfried, por isso, nunca pôde conhecer bem o amor.

–Por que fez isso?- perguntou Botan sentindo as fortes palpitações no corações-

–Segui o conselho da mulher das neves, eu não poderia deixá-la se congelar novamente aqui- respondeu Kurama gentilmente a envolvendo em seus braços-

–Sinto muito em interrompê-los, mas chegamos- interrompeu Yukina os olhando-

Os dois se soltaram do abraço e caminharam para perto dela.

Logo, eles repararam no túmulo, que tinha cinco pedras circulares, algumas flores cor de rosa e um arranjo de cabelo que Botan rapidamente reconheceu.

–Não! Então realmente era verdade!- exclamou Botan nervosa-

–Botan, acalme-se!- pediu Kurama de modo calmo-

–Me acalmar? Como? Ainda mais depois de descobrir parte da minha vida que nem eu mesma sabia, como posso me acalmar?- retrucou Botan nervosa andando de um lado para outro-

–Eu preciso pedir o seu perdão, naquele dia acabei provocado uma nevasca mais forte ainda porque fazia um ano que eu havia sido rejeitada por Siegfried, ele fez isso comigo antes de partir para Asgard, eu senti tanta raiva e tristeza nesse dia que não pensei em nada, não poderia imaginar que a pitonisa estaria aqui nessa montanha também- explicou Yukina calmamente-

–Eu não lembrava... Não lembrava mesmo.... Agora tudo faz sentido- retrucou Botan agitada-

FLASHBACK

13 de Dezembro de 1415

–Não, eu não posso acreditar que você quer terminar tudo comigo- retrucou Botan encarando o noivo-

–Não dá mais, Botan, não podemos mais ficar juntos- relutou Mime sério-

–Por que se a gente se ama?- perguntou Botan entristecida-

–Não. Isso acabou, eu não te amo mais- respondeu Mime se afastando dela-

–Você não pode estar falando sério- retrucou Botan séria o segurando pelo braço-

–Me solte, é o fim, aceite isso- retrucou Mime tentando se soltar dela-

–É sua palavra final?- perguntou Botan, que o soltou e ficou encarando ele-

–É sim- respondeu Mime friamente-

Botan deu um sonoro tapa no rosto dele, em seguida correu para as montanhas do Leste, quem a via, a chamava, advertindo da nevasca, mas a menina não ligou para ninguém, seguiu seu caminho chorando sem parar, porém mal podia imaginar que ao chegar do outro lado das montanhas do Leste, viesse uma forte nevasca que acabou soterrando ela.

FIM DO FLASHBACK

*

*

*

*

Botan chorava sem parar de tanto nervoso, o frio da montanha petrificou as lágrimas dela transformando-as em pedras de gelo que logo caíram no chão, ela andava de um lado para outro olhando para o túmulo.

–Acalme-se, Botan, ficar assim não vai resolver nada- falou Kurama de modo calmo seguindo ela-

–E você quer que eu fique como, Shuichi? Me diga!- retrucou Botan agitada-

–Como? Você me chamou de Shuichi?- perguntou Kurama espantado-

–Chamei, esse não é seu nome na terra?- respondeu Botan séria-

Kurama sentiu uma forte emoção, então ele rapidamente a segurou pelos cabelos e a beijou intensamente, Botan, por sua vez, acabou retribuindo e eles acabaram se envolvendo em um caloroso beijo apaixonado.


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Notas finais do capítulo

Dessa vez me empolguei, esse saiu um capítulo e tanto heim, agora vamos à alguns esclarecimentos: vamos imaginar as montanhas do Leste semelhante à montanha em que a rainha Elsa, do filme Frozen, constrói seu castelo;
para quem não conhecem, aqui está o pó de diamante que não é o golpe do Hyoga http://www.laifi.com/usuario/10585/laifi/95770317_10585_24411108_1446.jpg

E aqui está a aurora boreal que não é o golpe do Isaak
http://www.skyscanner.com.br/sites/com.br/files/images/news/multicolored_northern_lights_aurora_borealison_canadian_.jpg

Bom, é isso, mais tarde posto o próximo capítulo.



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