No quintal da casa dos irmãos Glory estava ele, Haru Glory, o grande Rave Master, o herói que derrotou Lucia e venceu a Demon Card, pessoa que desdobrou problemas do tempo e espaço, quem ajudou milhares de pessoas as quais foi conhecendo durante sua jornada... Brincando de pique com sua família.

— Já encontrei o Plue e a Cattleya! Você será a próxima, Elie! E nem pense que me esqueci de você, Levin!— gritou Haru, vasculhando por detrás de arbustos, na tentativa falha de achá-los.

— O Plue não conta, Haru... Você o comprou com um pirulito!— riu a mais velha, sentada num banco ao lado de Nakajima, mal humorado por não ter sido convidado para jogar consigo.

— Onde eles se meteram?!— berrou Haru, um tanto quanto alterado por lembrar que sua esposa era boa com jogos, inclusive aqueles que testavam sua paciência; um hábito que reforçou com o casamento.

Mal imaginava ele que os dois estavam escondidos no galpão de ferramentas, atrás de uma pilha caixas empoeiradas, apenas esperando para serem encontrados.

— Mamãe, vai demorar muito para o papai nos encontrar?— sussurrou Levin, já totalmente impaciente.

— Não duvido, mas... Me diga: qual o motivo desse mau-humor?— questionou um tanto quanto preocupada pela atitude de seu pequeno.

— Não é nada.— respondeu seco, enquanto olhava para frente. Elie, nem um pouco satisfeita com a resposta, segurou o garoto pelos ombros e virou-o, para encará-lo nos olhos, então repetiu sua pergunta.

— O que houve, Levin? Conte para mim.— Seu tom mais firme o fez estremecer, conseguia ver o olhar preocupado que sua mãe lhe lançava, e isso o fez incapaz de continuar encarando-a.

— É que... Vocês nunca param aqui em casa e sempre que isso acontece, estão cansados demais para me verem! Vocês só resolveram brincar comigo hoje porque a tia Cattleya pediu!— respondia olhando um ponto qualquer, com seu cabelo cobrindo os olhos. Detestava quando alguém o via demonstrando fraqueza, mas estava triste demais para lembrar-se disso. Agora, sem nada que o impedisse, olhou nos olhos de sua mãe com os seus, marejados, o que mudou a feição de Elie.— Eu queria que vocês ficassem mais aqui em casa, já que eu não posso ir com vocês... Não estou reclamando da tia Cattleya ou do Nakajima, eles são legais, mas eu sinto falta de vocês!

— Ah, mas por que nunca disse nada para nós?— Elie, secando suas lágrimas e envolvendo-o num abraço.

— Oras, porque vocês não estavam aqui para eu poder falar.— A maneira na qual Levin falou a frase fez-se parecer algo óbvio, fazendo que ambos caíssem na risada. Contudo, pôde-se sentir uma pontada de culpa na mais velha, mas não podia simplesmente levar seu pequeno para o perigo, era um risco que não queria correr.

— Falando desse jeito parece até que você nunca passou uma semana inteira com a gente!— Soltou do abraço, vendo o rosto do filho mais sereno e alegre.

— E passaram?— Nesse momento, tudo estava sendo levado num clima mais descontraído, de pura infantilidade.

— Ué, não passamos o natal? Foram 5 dias!

— Isso não é uma semana!

— É sim! Quer saber mais que a sua mãe?— brincou, fazendo uma careta, sem parar de rir, aliás, ambos estavam submersos em risadas.

— Uma semana são 7 dias, foi a tia Cattleya que disse!

— Você está parecendo seu pai, falando assim... Falando nele, será que nos escondemos bem demais para inteligência dele?

— Papai é muito lerdo!

— Pois é... Levin.— ponderou séria, acabando com o clima que havia se instalado.

— S-sim?— É verdade que o garoto se assustou com o tom que sua mãe tomou de repente, mas sabia que ela não falaria nada muito grave.

— Eu prometo...— disse, segurando suas mãos.— Vou ser uma mãe mais presente! E também... Que tal se da próxima vez que formos para o Continent Song, nós te levarmos?— sugeriu, com um grande sorriso.

— Sério?— Felicidade era pouco para descrever o que o pequeno Glory sentia. Tudo que sempre pediu estava sendo dito naquele momento. De tão atônito e maravilhado que se encontrava, nem percebeu quando soltou uma exclamação de felicidade, tapando sua boca em seguida.

Após isso, não se passou nem um minuto para que seu esconderijo fosse descoberto, revelando-os. E não houve tempo para sentimentalismos: o espírito competitivo de Levin o fez ignorar sua mãe e correr para a árvore aonde houve a contagem, fazendo-o ganhar o jogo e um dia divertido com sua família.

Haru e Elie passaram mais três meses na Garage Island. Ele nem ficou sabendo da promessa que a esposa havia feito, até a hora da despedida, quando embarcaram para uma viajem até o Luka Continent. Apesar do choque, que só se foi quando o apito do navio soou, ele concordou. Não era muito a favor, mas concordou. E lá vão ficar mais uns meses longe de Levin...