Monarquia escrita por Thaís Romes


Capítulo 22
Um Amigo.


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas!!
Então, capítulo novo hoje, e sei que vocês estão cheios de perguntas. Boa noticia: Nesse capítulo estarei respondendo quase todas, e claro, levantando mais uma ou duas para não perder o costume.
Quero agradecer a todos os comentários, a galera que favoritou e recomendou a fic, agora estamos caminhando para o fim, mas estou a cada capítulo mais realizada com ela, obrigada galera, a cada um!
Boa leitura!



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OLIVER


Observo Felicity andando de um lado a outro pelo quarto, com a parte de cima de seu pijama aberta, e escorregando por um de seus braços. Não sei se era sua intenção me distrair com isso, mas estava conseguindo, apesar da tensão clara em sua postura, eu estava hipnotizado por seus movimentos. Ela tenta começar a contar de diversas formas diferentes, mas sempre para no meio da frase, tudo o que sei até o momento é que havia um tablet e Barbara Gordon, aliás, Grayson agora, envolvidos nessa história.

—Vai fazer um buraco no chão. -digo quando começo a ficar zonzo, ela suspira e se apoia na cômoda cruzando os braços sobre o peito.

—Entenda, eu teria contado mais cedo se pudesse, e Bruce deve estar descobrindo nesse momento... Ou não. -volta a pensar alto. -Enfim, não me odeie. -pede com o semblante torturado.

—É impossível. -respondo por reflexo, mas já estava me preocupando com o assunto.

—Sei onde o príncipe Clark está. -faz cara de dor ao dizer.

—VOCÊ O QUE? -quando percebo já estou de pé, tomado pela incredulidade. -COMO SABE? DESDE QUANDO? -paro por um momento a encaro sério. -CONSEGUE ENTENDER COMO ISSO NOS...

—Shiii! -sussurra olhando para os lados. -Claro que sei. Espere aqui. -ela atravessa a porta de acesso e volta segundos depois com o tablet em mãos, vai a minha porta de entrada e verifica se havia alguém no corredor, antes de trancá-la a chave. -Vou te contar tudo, mas preciso que esteja calmo.

—Só fala. -sai mais rude do que esperava, mas não existe nenhuma forma de me acalmar sob essas circunstancias.

—Barbara e Dick foram a Metrópoles, esse era o plano, sabe disso. -concordo a incentivando a voltar a falar. -Em uma noite Dick com a ajuda da esposa, invadiu o escritório de Lex e implantou algumas escutas, e um dispositivo de acesso remoto no computador dele. Assim Barbara passou a ver tudo o que Lutor acessava, e Dick observou todas as conversas, todos a quem recebia.

—Lutor está com Clark? -questiono.

—Calma. -passa a mexer em seu tablet. -Os Grayson descobriram que Lutor planejava culpar o príncipe pelas vendas de armas para Gotham, e isso não é nem mesmo o pior. Depois de incriminá-lo, eles o matariam e colocariam a culpa em Bruce, como se tudo fosse uma grande queima de arquivos. 

Ela me entrega o tablet com todos os documentos, e as falsas provas, era um trabalho detalhado, que deve ter sido estudado por anos. O rei e rainha de Metrópoles são idosos, não viveriam por muito tempo, e com a morte dos herdeiros legítimos, eles não poderiam ter mais filhos. Era tudo impecável, eu mesmo acreditaria se não soubesse do que está acontecendo por trás. Os documentos ligavam os meus problemas com os fundos filantrópicos a compra de armamento intermediada por Gotham, e por fim a morte de Clark. E minha união com Bruce agora, só confirmaria a nossa ação conjunta

—É brilhante, tudo se encaixa, desde os atentados a sete anos, os desvios aqui em Starlling. Levaríamos toda a culpa. -murmuro admirado. -Mas e Clark?

—Dick se infiltrou na guarda real dele. Por dias pareceu ser um trabalho em vão, nunca conseguia chegar perto o suficiente do príncipe, e quando conseguia, não estavam a sós... 

—Felicity, não quero o roteiro do filme, só me diga o que aconteceu com ele. -interrompo impaciente.

—Tudo bem. Vejamos, versão resumida então. -balança a cabeça como se quisesse organizar suas ideias. -Ele conseguiu depois de um tempo, e Clark o reconheceu como guarda pessoal de Bruce, e pode alertá-lo do que aconteceria, ele mostrou as provas reunidas por Barbara, e bolaram um plano.

—Nós estamos com Clark. -concluo e ela assente.

—Ele e Diana estão em Coast City, em uma casa de férias do Sr. Fox...

—Todos sabiam e ficaram assistindo as acusações? -me levanto novamente, agora com muita raiva. -E deixaram Bruce passar por aquele inferno? -Felicity desvia o olhar do meu, com ar culpado. -Ele estava em chamas o dia todo, se culpando por não ter impedido a morte do melhor amigo!

—Era preciso. -sussurra.

—O QUE? O QUE ERA PRECISO FELICITY? -grito e ela se encolhe assustada, o que faz com que modere a minha voz, no momento em volta a olhá-la nos olhos, entendo o restante do plano. -É melhor não falar disso agora. Preciso de um pouco de ar. -declaro. 

—Quer que eu vá? -seus olhos se enchem de lágrimas.

—Não. -respondo rápido demais. -Fique. Por favor. -acrescento, e ela assente. -Só preciso dar uma volta e colocar minha cabeça em ordem. -caminho em direção a porta quando a escuto me chamar, paro esperando que ela diga o que precisa, mas não me viro em sua direção.

—Precisava ser real, era a vida de todos vocês, eles precisavam acreditar que não sabiam de nada. -justifica. -Só estávamos os protegendo.

—Eu sei. -respondo antes de sair.

Nove anos atrás...

 

Estava na academia tendo aulas de combate corpo a corpo, com Alfred. Apesar de ser uma obrigação como príncipe aprender esse tipo de coisa, ele a transformava em um dos meus momentos preferidos do dia. Enquanto corrigia minha postura, acertava meus golpes em um boneco de treino.

—Não se trata de raiva Oliver, se concentre. -diz com sua voz calma. -Separe mais os pés e distribua seu peso. -sigo suas instruções e soco mais uma vez o boneco. -Muito bom, mas precisa entender, que não é um passa tempo. É sua vida Oliver, sua proteção, e a proteção de todos que ama. Agora, pense nisso, respire fundo e tente de novo. -faço o que ele diz. -Excelente garoto. -elogia como um pai orgulhoso. 

Passávamos todas as manhãs dessa forma, desde meus dez anos, quando passei a ter aulas. Eu tinha outros instrutores para esgrima, arco e flecha e espadas, mas Alfred era meu preferido. Fazia questão de me lembrar por quem eu deveria lutar, como deveria manter minha mente no que estava fazendo, e como ele se orgulhava do meu progresso. Por vezes me peguei com certa inveja de Felicity, Alfred era um mentor excelente, mas um pai muito melhor.

 

Dez meses atrás...

—Já teve manhãs melhores alteza! -Diggle murmura desviando de um chute meu. Sentia o sangue correr em minhas veias, meu coração acelerado, e uma vontade insana de acertar o maxilar de alguém.

—Me chame de Oliver. -digo entre socos que ele esquiva.

—Está com raiva. -conclui me atacando, minha impulsividade quase faz com que não consiga desviar. -E está tentando descontar no treino. Não se trata de raiva, alteza.

—É Oliver! -giro meu corpo no ar e consigo derrubá-lo com um chute.
—Por que você luta? -diz me encarando enquanto se levanta. -A quem precisa proteger?

—Eu falhei. -arranco as luvas de minhas mãos. -Thea foi internada. -as jogo de qualquer forma no chão lhe dando as costas pronto para sair do ring.

—Não é força, não se trata disso. -John grita para mim. -É seu coração Oliver. -me viro quando o escuto me chamar pelo nome. -Sei que se sente a pior de todas as pessoas agora. -solta um riso sem humor. -Perdi um irmão, não pense que não entendo. Mas não vou deixar que dê as costas e saia, não depois de Alfred ter gastado tanto tempo com você. -ele pega minhas luvas e as estende em minha direção.

Agora...

 

Vejo uma silhueta em uma das sacadas no fim do corredor, me aproximo com cuidado, e percebo se tratar de Bruce. Ele olhava a cidade, atento, com a expressão indecifrável. Caminho mais relaxado agora e paro ao seu lado.

—Te contaram? -pergunto vagamente olhando para as poucas luzes que permaneciam acesas na cidade.

—É. -confirma monossilábico. -Você tem uma bela província, Oliver. -respira fundo colocando as mão nos bolsos das calças.

—Obrigado. -era mesmo um lugar bonito, e me deixa irado ter pessoas querendo destruí-lo. -Você está bem?

—Não, mas os entendo. Você?

—Não, mas também os entendo. Se importa se ficar aqui por um tempo? -questiono olhando para frente.

—Não.

THEA
Escuto batidas compassadas em minha porta pela manhã, eu já estava arrumada para mais um dia cheio de teatro, e Roy permanecia em silencio, lendo uma revista no canto do quarto, a qual ele deixa de lado para ir atender a porta. Coloco um brinco de perolas e me viro para receber meu visitante. Quando vejo minha mãe passar pela porta, com o rosto estranho, ela parecia estar com medo.

—Majestade. -Roy faz uma pequena reverencia.

—Pode nos deixar a sós por um momento? -ele olha em minha direção, e concordo, sendo assim ele passa pela porta.

—Mãe, aconteceu alguma coisa? -finjo preocupação, mas não dou nenhum passo em sua direção.

—Soube que se encontrou com o conselheiro real ontem. -diz como quem não quer nada. -E que estava fugindo de seu guarda. Sabe que precisa estar com ele a todo tempo, não sabe? -era verdadeira preocupação em sua face, o que me surpreende de verdade.

—Eu sei. -sussurro contida.

—Ótimo. -sorri fraco. -Não repita mais isso. 

—Não vou. -ela balança a cabeça e se vira pronta para sair. -Mãe, por que se importa? -solto. -Digo, que eu ande sozinha? -quando se vira seus olhos estão cheios de lágrimas.

—Por que eu te amo. Posso não ser a melhor mãe do mundo, mas sempre fiz o impossível para proteger você e seu irmão. -suspira. -Tudo em minha vida foi imposto Thea. Escolheram quem eu deveria amar, onde deveria viver, e mesmo as roupas que devo usar. Mas não vocês. -sorri mais uma vez com tristeza. -Vocês são o melhor que tenho.

Ela sai e fico perdida em pensamentos, sentindo um nó enorme se formar em minha garganta. Roy passa pela porta em seguida, e corro para o abraçar, não sei o porquê, mas estava tudo uma zona em minha mente nesse momento, e ele era certo, constante. Não sabia como me sentir com a maioria das pessoas desde que o incidente aconteceu, mas haviam três por quem entendo com clareza meus sentimentos, e Roy é uma deles.

—Não pode ficar com raiva de mim. -digo feito uma criança quando ele me aperta em seus braços, exatamente como precisava. -Ou ficar me tratando como uma estranha, não você!

—Não te trato como estranha. -sussurra acariciando meus cabelos. -E não estou mais com raiva. 

—Estamos bem? -me afasto para o olhar nos olhos, Roy sorri com carinho antes de secar uma lágrima que escorria por meu rosto.

—Estamos. Mas isso não significa que vai poder voltar a se esconder e ficar andando por ai sozinha. -deixa claro.

—Não pode me tratar como seu trabalho. -acrescento, ainda com voz de choro.

—Não entende? -Roy suspira me olhando, e fico estática com sua proximidade. -Não me importo com meu trabalho, deveria, mas não me importo. Quando te vi ontem sendo encurralada pelo cara que fez aquilo com você, eu senti meu sangue ferver. Primeiro tive vontade de dar um fim nele ali mesmo, depois fiquei com ódio por ter deixado com que meus sentimentos por você me colocassem em uma posição que te deixou vulnerável. E por último, você! -falava entre dentes. -Não pode ser tão cuidadosa com os outros e se importar tão pouco com a própria vida!

—Que sentimentos você tem por mim? -murmuro com meus olhos presos em seu rosto, e vejo uma expressão confusa passar por sua face. 

—Prestou atenção na parte em que te disse que deveria ter mais cuidado com a sua vida? -questiona franzindo os olhos e apenas confirmo balançando a cabeça. -Bom. 

Ele acaricia meu rosto e me traz para mais perto, se aproximando lentamente como se quisesse prolongar o momento. Um pequeno sorriso surge em meus lábios e fecho meus olhos antecipando o que aconteceria, e quando finalmente acontece, eu me sinto feliz. No momento em que seus lábios tocam os meus, me sinto completa. Não tínhamos mais volta, o mundo ao meu redor, simplesmente desapareceu.

FELICITY

Passo a manhã trabalhando com Cisco, Barry e Caitlin, por volta das onze horas Barbara se junta a nós. Minha equipe sabia de partes do que estava acontecendo, apesar de suspeitar que Ronnie contou toda a história a Cait, ao menos a parte que ele tem conhecimento, mas não me preocupo com nenhum deles. Sentia que podia confiar.

—Felicity, já viu isso? -Barry aparece com um tablet em minha frente.

—Ah! -exclamo lendo a notícia. -Só o que me faltava mesmo. O cara está noivo! -levanto da minha mesa, com o tablet em mãos e vou em direção a porta, apressada.

—Cara, o que você fez? -Cisco pergunta confuso a Barry.

Ando pelos corredores a passos largos, a caminho da sala onde Oliver, Bruce e mais meia dúzia de pessoas estavam em reunião. Vejo Dick e Diggle parado em frente à porta e um sorriso de lado surge em seu rosto.

—Você sabe! -acuso.

—Estão falando sobre isso agora, acho que ganhei a aposta. -responde com a mão na maçaneta, abrindo a porta para mim.

—Oliver disse que você esperaria entrarmos em contato, eu disse que você estaria aqui em cinco minutos. -pisca para mim abrindo a porta. -Mas tenho a vantagem dos sete anos que ele perdeu!

Assim que a porta se abre seis pares de olhos me encaram. -Acho que agora podemos começar. -Rei Robert diz. -Srta. Smoak, por favor, tome um acento. -aponta para uma cadeira vaga ao lado de Selina.

—Me desculpe. -peço a ela quando me sento, me sentia péssima. -Não imaginei... Nós não...

—Ei! -me interrompe tocando minha mão. -Está tudo bem! -dou um sorriso nervoso e vejo Oliver e Bruce nos observando.

—Quer falar alguma coisa Felicity? -Bruce pergunta. -Parece estar se contendo.

—Como? -respiro fundo me controlando. -Quero dizer, foi apenas um abraço, e você veio a província acompanhado de sua noiva! -aponto para Selina, e todos na sala tinham uma expressão quase divertida. -Como podem afirmar que estamos tendo um caso! -todos me observavam como se eu fosse uma criança que acabou de aprender a dar os primeiros passos. E por que Oliver estava assim tão calmo?

—Isso é normal Felicity. -Oliver explica paciente. -Estamos o tempo todo sobre os holofotes, e às vezes as pessoas preferem ser sensacionalistas para ter mais audiência. Está tudo bem.

—Não está bem! -solto, depois respiro com calma me acalmando. -Não quero que pensem que estou sendo egocêntrica, mas nunca tive meu rosto estampado na capa de um jornal antes, muito menos com essas... Mentiras horríveis!

—Na verdade, isso veio a calhar. -Sr. Fox diz. -Na hora certa. -decido permanecer calada, estava irritada demais para me pronunciar de forma educada. -Bruce está sendo acusado pelo sumiço de Clark e Deus sabe mais o que.

—Desculpe Bruce, mas não vou fingir ter um caso com você para melhorar sua imagem... E acho que isso não melhoraria a imagem de ninguém! -quando percebo já tinha falado e Oliver morde os lábios contendo um sorriso.

—Felicity, eu estou noivo! -replica com um ar divertido e os outros dão risada.

—O que está acontecendo? -perco a paciência e o Rei Robert troca um olhar cheio de significativo com Oliver.

—Não posso fazer isso aqui. -murmura para o pai.

—Não temos tempo Oliver, prefere dar uma volta com ela? -ele assente se levantando. -Só sejam breves!

—Para onde vamos? -questiono confusa o seguindo, e quando passamos por Diggle, Oliver pede que o espere, os dois se afastam e fico ao lado de Dick.

—Barbara gosta muito de você. -diz do nada, como se quisesse me distrair.

—Eu gosto muito dela também. -sorrio para ele. -Você tem muita sorte Grayson.

—Sei disso.

Oliver e John apertam as mãos, e aquilo estava muito estranho, quando vejo os olhos do meu amigo estão brilhando emocionados. Será que Oliver terá que desaparecer também como o Clark e quer se despedir? 

—Vamos? -Oliver diz quando para a meu lado, e sua voz estava um pouco tremula, nunca o tinha visto assim antes. John sorri para mim, algo nele naquele momento me fez pensar em meu pai.


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Notas finais do capítulo

Então galera, eu sei esse capítulo deveria se chamar FINALMENTE. Espero que tenham gostado, nos vemos nos comentários!
Bjnhos