Thorns escrita por Kamereon


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura, chuchus *-*



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Sasuke's P.O.V

Gelei assim que ela terminou a frase. "É o carro do Sasori". Então era isso? Ele sumiu esse tempo todo porque estava tentando encontrar o endereço de onde ela estava? Babaca maldito. Falaria o que fosse preciso na cara dele, defenderia Sakura como pudesse. Mas tinha medo de como seguiria a situação. Eu não queria que a Sakura sofresse, mas se ele estava ali eu sabia que o que viria pela frente não seria nada fácil.

– E agora? - Perguntei a ela. - Quer sair daqui? Dar uma volta pra ver se ele vai embora?

– Tarde demais... Ele já nos viu. - Ela disse, e eu vi a porta do carro dele se abrindo. Jurei que se ele desse algum motivo, mesmo que bem pequeno, eu ia bater nele. Um soco ao menos! Eu já estava morrendo de vontade de fazer isso há algum tempo, e vendo o estado de nervos que Sakura se encontrava por causa dele, eu fiquei com mais vontade ainda. Acho que seria o primeiro soco de verdade que eu daria na minha vida, nunca fui muito disso. Na época de colégio era muito mais fácil eu apanhar do que bater em alguém. Mas com a raiva que já estava brotando em mim eu saberia socá-lo direitinho se ele desse motivo. Existem coisas que se aprendem na necessidade, sabem como é.

– É, acho que não tem como escapar... Essa conversa vai ter que acontecer agora mesmo. - Eu disse, e segurei bem firme a mão dela, como se assim eu pudesse mostrar que estaria ao lado dela o tempo inteiro.

Ela balançou a cabeça em sinal de afirmação, e então saímos do carro. O tal sujeito já estava vindo ao nosso encontro, mas antes mesmo de chegar a uma distancia razoável ele começou a falar (ou melhor, gritar).

– Então foi por isso que você deu aquele showzinho todo no telefone? Eu procurando seu endereço feito um louco e você com esse cara aí! - Ele disse. Usava uma calça jeans, uma camisa social branca, um óculos escuro e um relógio dourado no pulso esquerdo. Era evidente que tudo o que ele vestia devia ter o preço de um ou dois meses de aluguel de qualquer boa casa da cidade, ou até mais. Tudo nesse cara me dava ódio, até o jeito ridículo de se vestir. O que a Sakura tinha visto nele, afinal? Ele não me parecia o tipo dela.

– Nada disso! Eu terminei porque você me traiu, eu ouvi muito bem você conversando com a sua vadiazinha no telefone. Eu não tive nada com Sasuke antes de terminar com você, quero que isso fique bem claro. - Ela respondeu. Sakura ainda segurava minha mão, e eu pude sentir a que sua pequena mão estava gelada e suada. Eu sabia que ela estava nervosa, mas ela falava com autoridade, com firmeza. Talvez ela estivesse nervosa pela situação, mas falando com firmeza porque sabia que não estava errada, e porque não se arrependia de nada do que havia feito. Ah, que orgulho...

– Ah, não teve?! E você acha que eu consigo acreditar? - Ele rebateu com um sorriso bem aberto e bem irônico.

– Você acredita se você quiser! Eu, ao contrário de você, nunca te dei motivos pra desconfiar de mim, sendo assim você deveria acreditar em mim. Mas é você quem sabe... Não temos mais nada juntos mesmo, minha consciência está limpa. - Ela respondeu.

– Olha aqui Sakura, primeiramente, não tem vadiazinha nenhuma. Você deve ter ficado louca! Segundo, se você não teve mesmo nada com esse caipira antes de terminar comigo, você foi bem rápida em me esquecer e cair nos braços dele né? Talvez a vadiazinha aqui seja você.

1,2 e 3

Foram apenas três segundos antes de acertar um soco bem em cheio no lado esquerdo do rosto "perfeito" daquele desgraçado. Não vi mais nada em minha frente e era como se meu corpo tivesse se movido sozinho. Me chamar de caipira? Ok, eu podia lidar com isso. Mas chamar a Sakura, a pessoa de quem ele foi noivo e esteve junto tanto tempo, a pessoa que ele dizia amar, de vadiazinha? Não, esse cara não tinha a mínima noção do perigo, nem a mínima noção de respeito. Isso aí foi só a gota d'agua, ele merecia apanhar desde a hora em que chegou.

Aliás, acho que o problema dele foi ter nascido.

– Quem você pensa que é pra falar dela desse jeito? Você vem na minha cidade, na porta da minha casa, e xinga a minha namorada!? Aqui não é lugar pra gente do seu tipo, otário! - Eu gritei. Depois do soco ainda peguei ele pela gola da camisa e o chacoalhei forte, tamanha era minha raiva. Mas Sakura conseguiu me tirar de perto dele rapidamente.

– Sua namorada? - Ele riu. Ele riu, e eu quase o soquei outra vez, se não fosse a Sakura me impedir. Ela, ao mesmo tempo, estava tentando achar algo no celular... Eu não sabia o que era. - Que lindo, a grande Haruno Sakura, que construiu uma carreira promissora em uma grande multinacional, namorando um caipira. Aposto que você deve ser aquele tal "amigo" que ela disse que perdeu contato.

– Cala a boca, Sasori! Você é quem vai escutar agora! "Não tem vadia nenhuma" então? Você não perde por esperar... Está tentando se fazer de coitadinho, mas não perde por esperar!

– É, não tem! Você por algum acaso tem alguma prova pra dizer essas coisas sobre mim? Sabe que eu posso te processar por difamação e tirar toda a sua grana, né? - Ele a desafiou, e eu sou testemunha, quando a Sakura é desafiada quase sempre ela ganha. Eu não sabia se ela tinha alguma prova ou não, mas sabia que ela se sairia bem.

Ela mexeu no celular mais uma vez, e pudemos todos ouvir em alto e bom som a ligação que Sakura fez ao Sasori aquela noite, inclusive a parte em que ele conversa com a outra mulher. Conversando com ela mais tarde, ela disse que tinha algum tipo de aplicativo que gravava as conversas; usava-o porque muitas vezes não conseguia anotar detalhes de ligações referentes ao trabalho. Realmente, não havia como ser um mal entendido. Ele não teria nenhuma desculpa que coubesse naquela situação. Foi incrível como ele começou aquela discussão se colocando no papel de vítima, mas agora Sasori suspirou pesado e finalmente deixou cair a máscara completamente. Apesar de que sabíamos que não havia máscara nenhuma. Se ele realmente fosse uma vítima na história, ele não teria chamado Sakura de “vadiazinha”. Se é que havia uma máscara, ela caiu no dia da ligação. Se ele realmente estivesse empenhado em manter a imagem de “cara rico e bonzinho” como os de novelas, ele não teria sido irônico e desrespeitoso.

– Ta bom, eu assumo. Já está tudo acabado mesmo, eu sei que não tem como convencer você do contrário. Eu estava disposto a ter um relacionamento um pouco mais liberal com você, apenas esqueci de te comunicar isso. Feliz agora?

– Na verdade sim. Agora eu me sinto oficialmente livre de você. - Ela disse, ainda nervosa porem inabalável.

– Ô caipira... Deixa só eu te falar uma coisinha... Você acha que ela é a mesma menina idiota de seis anos atrás? Você se engana viu! Agora ela tem um cargo elevado em uma grande empresa, tá pra ser promovida, vai ganhar mais ainda. Ela tem uma poupança recheada pra poder comprar um apartamento no bairro mais caro da capital e um carro zero, ela te contou esse detalhe? Acha que ela é mão de vaca á toa? Ah, e você acha mesmo que ela vai ficar aqui com você por muito tempo? Daqui a pouco essa "sua namorada" vai embora, ela tem coisas mais importantes pra fazer, ela tem status e dinheiro pra conquistar. E acho que ela não vai querer levar um caipira feito você pra cidade grande né, senão ela ia ter que te sustentar a vida toda.

Dessa vez foi Sakura quem lhe deu um forte tapa no rosto. Bem merecido afinal. Eu ia bater nele mais uma vez, já que uma vez só parece não ter sido suficiente. Porém deixei que ela também descontasse sua raiva, ela tinha direito, ainda mais depois dele dizer essas coisas sobre ela. Imagino toda a raiva e frustração que ela deve ter sentido. Conhecendo Sakura como conheço, com certeza ela se sentiu usada e se perguntou como pôde ter sido tão ingênua. Senti que agora ela parecia um pouco mais abalada, ela já não estava mais tão firme como antes.

– O seu tapa não dói. - Ele riu mais uma vez. – Já que estamos sendo sinceros um com o outro, deixa eu te contar uma coisinha. No fim das contas, em me aproximar de você eu tinha como objetivo ganhar a confiança dos investidores da empresa em que você trabalha. Acha que eu ia aos jantares de negócios com você por que não tinha nada pra fazer?

– Seu... - Ela reuniu todas as forças que ainda restavam e se preparou para xingá-lo, mas ele ainda não tinha acabado de falar.

– Não, espera! Você não achou que eu me aproximei porque gostava do seu sotaque enjoado, né? Ah, e caipira?! Desculpa te desapontar cara, mas ela é um horror na cama.

Ela ficou completamente sem ação. Ele ter falado sobre a vida íntima dos dois ali, no meio da rua, foi a coisa mais ridícula e nojenta que eu já vi. Se os desaforos dele não tinham limites, a minha paciência tinha. Eu o peguei pela gola da camisa novamente e o arrastei "delicadamente" até o belo carro dele, e prensando-o conta a lataria, soquei a cara dele algumas vezes e com mais vontade ainda, e percebi o filete de sangue escorrendo pela boca. Finalizei com um soco na barriga. Enfiei-o dentro do carro e cuspi um "vai embora daqui, seu merda.". Sasori tentou me bater, mas eu vi alguma vantagem em ser mecânico. Eu era mais forte que ele, meu dia a dia exigia isso. Por esse motivo ele não conseguiu me fazer nenhum arranhão. Ele não podia sair dali achando que tinha o direito de ferrar com a vida da Sakura, e ainda de me bater, não mesmo. Depois que ele finalmente foi embora, eu olhei pro rosto da Sakura e achei por um momento que eu havia batido pouco em Sasori. Sakura me parecia completamente desconcertada, eu não tinha ideia do que estava passando em sua mente agora. Só sabia que ela não estava bem.

–--x---

Depois da confusão, nós entramos em casa e pra nossa infelicidade, minha mãe tinha ouvido tudo. Ela não ficou exatamente chocada ou brava conosco. Ela disse que já suspeitava que tínhamos algo, mas o fato de Sasori ter ido lá para fazer um escândalo, isso sim a surpreendeu. Ela ficou muito triste devido o estado em que Sakura se encontrava. Ela estava quieta, com um olhar distante e nada feliz, obviamente. Ela poderia chorar a qualquer momento. Subitamente ela foi em direção às escadas e começou a subi-las rapidamente.

– Sakura! - Fui atrás dela.

– Me deixa Sasuke, por favor. - Ela disse, já com lágrimas nos olhos.

– Você não pode ficar assim, e não vai ficar sozinha. - Me prontifiquei. Não queria deixá-la nesse momento, a cabeça dela deveria estar a mil por hora.

– Mas eu quero ficar sozinha um pouco, tá? Por favor. - Ela pediu, sem gritar, sem grosserias. A contra gosto, deixei que ela ficasse só. Ela tinha esse direito, afinal.

– Tudo bem, mas me chame se precisar.

–--x---

Sakura's P.O.V

Meu dia foi tão lindo! Foi incrivelmente perfeito, Sasuke sabe exatamente como me fazer sentir especial e amada... Foi tudo tão mágico! Eu nunca vou esquecer esse nosso passeio até a cachoeira. Estava tudo muito lindo, até Sasori vir e estragar tudo. Eu não queria um ponto final? Acho que consegui, e nem precisei ir até a capital. Mas foi bem mais doloroso do que eu imaginava. Foi um circo, um show de horrores. Eu não podia imaginar que nosso relacionamento era pra ele só um instrumento para conseguir um cargo melhor na empresa. Ele tinha o cargo abaixo do meu, mas nunca achei que isso fosse algo realmente importante. Ainda não consegui assimilar que ele veio aqui disposto a me colocar no papel de culpada pelo nosso término. Acho que eu estava certa, ele decididamente sabia atuar bem. E toda aquela besteira de "relacionamento liberal"? Nunca ouvi um absurdo tão grande! Não se pode confiar em qualquer um, afinal... Passei seis anos da minha vida ao lado dele, primeiro como amiga, depois como namorada e noiva. Achava que conhecia, mas me enganei completamente. O ser humano é realmente uma criatura perversa, interesseira e oportunista, salvo poucas exceções. Além de sentir nojo dele, por ter me traído de uma forma tão idiota, ainda me senti usada como se fosse um chiclete barato. E aquela última frase... Aquilo me destruiu. Foi algo tão baixo de se dizer, ainda mais na frente de Sasuke. Quando eu soube que ele havia me traído, imaginei que ele havia sido infantil, mulherengo, infiel. Mas ao vir e dizer tudo aquilo, ele havia me parecido muito pior que isso.

Eu estava com vergonha de sair daquele quarto. Aquelas coisas que ele disse sobre eu não ser mais a mesma de seis anos atrás faziam algum sentido. Eu realmente havia mudado, mas ele me pintou como um monstro consumista e mesquinho que eu não definitivamente não era. Meu medo era que isso, de alguma forma influenciasse Sasuke. Acho que ele confia em mim o suficiente para não se deixar levar pelas palavras de Sasori, mas Sasuke também costumava ter uma baixa auto estima. Se ele de repente começar a pensar em si mesmo como um peso em minha vida eu sinto que terei problemas. Não quero que ele pense que o meu dinheiro ou a minha carreira são mais importantes do que os meus sentimentos. Talvez eu tenha pensado em algo parecido quando fui embora da cidade, mas com certeza mudei de ideia com o tempo. Não quero que Sasori mais uma vez alcance a meta de ferrar a minha vida.

Ouvi que alguém batia à porta. Havia dito que queria ficar sozinha, mas eu não queria ser mal educada e mandar, seja lá quem fosse, embora. Por isso ensaiei uma expressão não tão derrubada em meu rosto, e falei um "entre" bem desanimado. Era Ino.

– Oi, minha flor. - Ela disse, com um sorriso de consolo. Pela cara dela, já sabia de tudo.

– Oi. - Foi só o que eu consegui dizer, antes de desabar em lágrimas e abraçá-la. Talvez eu não fosse tão boa atuando como Sasori. Ah, e me esqueci completamente de perguntar a ela se havia dito alguma coisa sobre mim e Sasuke para Sai, isso não era importante no momento.

– Calma Sakura, calma... Agora ele foi embora, agora sim vai dar tudo certo. - Ela disse, e me abraçou de volta. Ficamos assim durante alguns minutos, ela me acalmou um pouco. Era minha irmã mais nova, mas às vezes eu sentia como se fosse uma extensão da minha mãe.

Conversamos um pouco, por pouco tempo. Ela tinha que voltar pra casa porque tinha deixado o Inojin dormindo. Depois que ela se foi eu fiquei mais uma vez deitada na cama, olhando para o nada, e tentando tirar aquilo tudo da cabeça. Quanto mais eu tentava, menos eu conseguia. Mais uma vez ouvi alguém batendo na porta, e dessa vez era Sasuke. Estava com uma expressão de muito preocupado no rosto. Talvez ele tenha ficado assim durante todo o tempo que eu estive no quarto. Não pensei que ele fosse ficar tão preocupado comigo o tempo inteiro, na verdade isso nem passou pela minha cabeça, e eu me senti egoísta quando percebi que não pensei em como ele poderia estar. Isso só me fez sentir mais vergonha ainda.

– Não Sasuke, me deixa. - Eu disse, escondendo o rosto entre os travesseiros. Eu queria que ele me visse bem, pra que não ficasse mais tão preocupado. Ainda não me sentia preparada.

– Não, dessa vez não. Por que você não quer me ver? - Ele disse, se aproximando e sentando na cama onde eu estava deitada. - Me deixa olhar pra você.

– Sasuke, não! - E mais uma vez comecei a chorar entre os travesseiros. Tudo o que chorei naquele quarto não era só pelo que havia acontecido. Era também por isso, mas na verdade era por tudo, exatamente tudo. Por eu ter saído da cidade, por ter me envolvido com Sasori, por ter sido idiota a ponto de ser enganada, por que eu tinha saudade, uma saudade imensa e inexplicável de como as coisas eram antes. Eu não queria ter crescido. Eu achava que crescer havia sido a melhor coisa da minha vida, mas descobri que estava iludida, maravilhada com os holofotes que iluminavam minhas conquistas.

– Sakura, é sério. Você tem que conversar comigo!

– Eu to com vergonha, tá?! Ele disse várias coisas horríveis sobre mim, o que você espera que eu sinta? - Falei um pouco mais alto, não cheguei a gritar.

– Eu não acredito nele, para com isso. Para de ter vergonha, sou eu! Há quanto tempo nós nos conhecemos? Eu te conheço melhor que aquele babaca, para de ser boba. Vem cá. - Ele delicadamente "me ajeitou" na cama. Fiquei de lado, de costas pra ele, que já estava deitado de lado também, apoiando a cabeça com uma das mãos. Com a outra mão ele começou a acariciar lentamente o meu cabelo.

– Você está nervosa, eu sei disso... Tente descansar. Não gosto de ver você assim. - Ele disse baixinho, me dando um beijo no topo da cabeça. - Tente tirar isso tudo da cabeça.

– Eu estou tentando. - Suspirei demoradamente, como se pudesse tirar toda angustia de dentro de mim junto com o ar que saía pela minha boca.

– Então você vai conseguir. Agora descanse. - Ele me acalmou e ainda me fez dormir. Fez carinho no meu cabelo até que eu pegasse no sono e quando finalmente eu dormi, ele saiu, fechou as janelas e apagou a luz, para que eu pudesse descansar melhor.

–--x---

Acordei umas 2 horas depois, com o mocinho beijando o meu rosto. Realmente havia me acalmado bastante, ele estava certo, eu tinha que descansar. Que adiantava eu ficar remoendo tudo na minha cabeça? Já estava tudo feito, e graças a Deus eu tinha as pessoas que eu amava ao meu lado. Precisava esquecer aquilo tudo tentando agir naturalmente, tentando me lembrar a todo o tempo que eu tinha o que precisava bem perto de mim. Não estava sendo fácil, mas Sasuke acreditava em mim. Todos acreditavam em mim, então eu tinha que continuar seguindo em frente.

– Acorda, preguiçosa. - Ele disse baixinho. Se aconchegou do meu lado, e me diz, como eu poderia levantar agora? O que eu faço com essa vontade enorme de ficar ali, quietinha ao lado dele? Resmunguei um pouco, e ele riu de mim, como se tivesse observando uma criança pequena fazendo gracinha. – Ino ligou. Quando vi que era ela eu atendi seu celular, espero que não se importe.

Num instante despertei. Se a Ino havia ligado isso só poderia significar uma coisa.

– Meus pais já sabem de tudo? - Voltei ao mundo real.

– De tudo não, mas eles sabem que alguma coisa aconteceu. Ino disse que não quis contar porque achou que seria melhor você falar.

Bufei um pouco. Tinha acordado com um sentimento de leveza que passou assim que Sasuke me deu essa noticia. Bom, são meus pais e eu os amo, eles mereciam uma explicação sobre a minha vida. Era justo que eu fosse contar a eles. Porém eu não queria ficar revivendo na memoria todos aqueles momentos.

– Vamos jantar lá hoje e eu vou com você. - Ele me disse.

– É?

– Sim. Já combinei tudo com a Ino.

– É só eu dormir que vocês dois planejam tudo pelas minhas costas. - Fiz bico, fingindo estar chateada. - Só por causa disso acho que eu vou dormir mais.

– Mas já tá na hora de levantar, senão você não dorme mais tarde. - Ele me repreendeu.

Fingi que não ouvi, e que já estava dormindo novamente. Então, senti ele me abraçando, deitado comigo. Começou a apalpar minha barriga, achei um pouco estranho.

– Sakura, você engordou, não é? - Ele disse naturalmente, como se tivesse perguntando as horas.

Rapidamente saltei da cama e fui em direção ao espelho do guarda roupa, para analisar cada centímetro do meu corpo. Fiquei perturbada, que mulher não ficaria? Em contrapartida, olhei pra Sasuke na cama e ele estava vermelho, tentando prender a risada. Quando olhei bem nos olhos dele, com a minha cara de assassina, ele não conseguiu mais prender e gargalhou bem alto.

– Você tem que ver sua cara, você acreditou mesmo em mim! - Ele disse, quase chorando de rir.

– Seu idiota, eu estou ótima! Não estou gorda coisa nenhuma. Estou? - Falei, tentando me convencer disso e dando mais uma olhadinha no espelho.

– Você não está gorda, eu só disse isso pra ver se você levantava de uma vez. Deu certo! - Ele confessou, tentando parar de rir.

– Ai, eu odeio você. - Não se diz isso pra uma mulher no estado de nervos em que eu me encontrei aquele dia, não mesmo! Ele me paga.

– Não odeia não. Eu sei que não. - Ele disse sorrateiro, com um sorriso de canto, vindo em minha direção pronto pra me abraçar. Eu sabia que não conseguiria resistir, mas tentei um pouco.

– Sai daqui, você é feio. Não gosto de pessoas feias.

– Parece uma criança falando assim. Eu estava brincando, sua irritante, e você sabe disso. - Ele disse, ainda rindo da minha birra.

Permiti que ele me abraçasse, e ficamos nos observando, frente a frente. Ele não era feio, não mesmo. Nunca foi, e depois que a puberdade se foi e levou embora as espinhas, ficou mais lindo ainda. De súbito, me lembrei de algo que não poderia deixar pra lá.

– Você disse pra Sasori que era meu namorado.

– É... Eu disse. - Agora ele tinha ficado vermelho novamente, porém por vergonha. - É que sabe, eu precisava dizer alguma coisa... Bem, eu não quero te forçar a decidir logo sobre o nosso relacionamento e...

– Acho que podemos considerar isso. É o que nós somos agora, não é? - Eu disse, e percebi que ele fez uma cara de desapontado. - O que foi?

– É que eu queria ter feito um pedido decente. - Tão bonitinho. Será que ele já estava pensando em me fazer algum pedido antes? Como seria? Fiquei curiosa imaginando como e quando isso aconteceria, mas precisei manter os pés no chão naquele momento.

– Provavelmente não vamos conseguir esconder isso dos meus pais essa noite. E vai ser meio complicado explicar pra eles que nós estamos "juntos". Se eles perguntarem algo e dissermos que estamos namorando vai ser mais fácil. Podemos dizer que é recente, que estamos nos adaptando. Não estaremos mentindo e vai ser melhor deles entenderem.

– E o nosso relacionamento deixou de ser só amizade há algum tempo, né? - Ele completou sorrindo. Fofo! Como não amá-lo?

– Isso mesmo.

– Tudo bem... Então agora é praticamente oficial.

– "Praticamente oficial"?

– Só vai ser oficial de verdade depois que eu fizer um pedido decente, ok? - Ele disse, e me roubou um selinho. - Sakura...

– O que? - Perguntei atenciosamente.

– Eu sou feio mesmo?

Revirei os olhos, isso era mesmo necessário? Que tipo de pergunta idiota era essa afinal? Ele sabia muito bem que eu não o achava feio, isso era obviamente óbvio. Sim, obviamente óbvio mesmo.

– Não, Sasuke. - Eu disse, fazendo uma careta.

– Você tem que falar direito! Eu sou seu namorado agora, você tem que dizer que eu sou lindo.

– Você disse que o nosso namoro era "praticamente oficial", acho que eu não sou obrigada a dizer o quanto você é lindo ainda. - Respondi divertida.

– O que? Eu vou ter que fazer um contrato então?

E ficamos implicando um contra o outro, até que cansamos disso e fomos nos arrumar para jantar na casa dos meus pais. Antes de dar o horário, ficamos no sofá da sala namorando um pouquinho. Combinamos que eu contaria tudo como aconteceu, e Sasuke me apoiaria, estaria ao meu lado, e continuaria a historia se eu ficasse triste ou não quisesse mais falar. Ele me disse ainda, que na noite seguinte, nós poderíamos sair e fazer algumas compras. Sasuke disse que reparou que eu tenho poucas roupas pra usar aqui, então ele se propôs a me levar até o centro da cidade, onde existiam algumas lojas. Ele vinha cuidando de mim como ninguém, como Sasori jamais fez ou faria. Sasuke era completamente o oposto de Sasori, ele era o tipo de pessoa que nunca me desapontaria.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Sim? Não? ME FAAALEEEM, por favorzinho T_T
Tento postar de novo entre domingo e terça, tá bom? Até mais :)



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