Insonia escrita por Armamudi


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Demorei um pouco pra postar um novo capítulo, mas eis que surge um!!!hehehehe. Bom pessoal esse cap. vai servir de divisor entre a findar da noite e o raiar do dia desse nosso pobre amigo. Espero não demorar pra postar novos cap. aqui.
Novamente peço à todos que acompanham a história, que por favor deixem um review ok! Não mata niguém, e nos motiva ainda mais!!!
Boa leitura para todos!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/61341/chapter/4

Cortes. Vários deles. Seu rosto estava todo marcado por cortes feitos cirurgicamente. Uma obra de arte macabra. Sua voz abandonou a garganta que tantas vezes gritava com seus subordinados no trabalho. Tentou fechar os olhos para não ver tão tórrida imagem, mas eles estavam paralisados e cinzentos. Tentou, sem sucesso, sair correndo do banheiro, mas suas pernas estavam paralisadas, como se uma força invisível as atassem.
- Mas o que está acontecendo meu Deus! Por favor me diga! Seu desespero aumentava ainda mais, agora vendo algo se movendo dentro de alguns cortes. Seus olhos foram aguçados pela macabra curiosidade de saber o que era aquilo, e constatou com terrível certeza. Eram larvas. Daquelas que dão em animais mortos quando ficam expostos muitos dias nas ruas e ao calor excessivo. Ele mesmo lembrou de ter matado um gato há algumas semanas perto da sua casa, e deixado o corpo do pobre felino às margens do acostamento de uma rua deserta. Dias depois, quando passara pelo mesmo local, vira o gato, cheio de larvas, tornandos-se alimento para as larvas famintas.
Ele sentia as larvas caminharem pelo seu rosto, e sua imobilidade o obrigava a vê-las devorando sua face, comendo aquela carne velha. Tentava gritar novamente, mas nenhum som saía de sua garganta. Apenas grunhidos abafados.
- Está gostando delas comendo o seu rosto papai? E dessa vez ele não tinha dúvidas de quem era a voz. Era de Jhon. Mas onde ele estava?
Pelo reflexo do espelho, ele pôde ver o vulto de uma criança sentada na borda da banheira. A luz era fraca e ele via pardamente o garoto com um pijama,que parecia estar rasgado! Mais uma ilusão?
- O que está acontecendo? Filho, Jhon é você? E sua voz voltara novamente à sua garganta. Agradeceu a Deus por ter devolvido a fala. Pelo menos por enquanto.

A criança( ou o que quer que fosse) levantou-se e dando as costas para Daniel, se emborcou sobre a borda da banheira, tentando pegar algo que estava no fundo dela. - Papai, tem alguém aqui querendo te dar boas-vindas! E o garoto foi arqueando novamente para fora da banheira e trouxe envolto em seus braços. Parecia uma bola disforme, ou quem sabe um grande pano enrolado. Ledo engano. O corpo de Daniel foi dando as costas para o espelho, novamente sendo movimentado pela força invisível, e quando estava completamente de frente para o garoto, este se virou e lhe mostrou o que tinha pego na banheira.

- Lembra-se dele papai? E o sorriso no rosto do garoto era inocente e limpo igual ao do seu Jhon, e isso o deixou perplexo. Desviando o olhar do sorriso do garoto, ele pode ver o que estava nas mãos do menino. Era o gato. Ou o que sobrara dele. O pêlo estava rasgado, saindo muitas larvas; no lugar de um dos olhos, havia somente o buraco óptico. O ventre do felino estava inchado e com um profundo corte, de onde caia várias larvas e estas começavam a andar em direção de Daniel. Ele sentia o cheiro pútreo,que tomava conta de todo banheiro. Quis vomitar, mas não conseguiu.
- Ele veio aqui pra te fazer companhia - e o único olho do gato brilho na fraca luz do banheiro.- Sabe papai, ele tava te procurando há muito tempo. Novamente aquele sorriso igual do filho.
- Você não é meu filho, choramingou. O que você quer afinal? Vamos,diga.
O gato deu um pulo do colo do ser, e já no chão, começou a caminhar em direção de Daniel. As larvas, agora aos milhares, seguiam uma procissão rumo às pernas dele. Não podia se mexer ainda. A criança voltou para a borda da banheira e sentando nela, cruzou as pernas no ar(pois não alcançava o chão)e ficou observando o gato se esfregando nas pernas de Daniel.
- Viu Daniel, o gatinho tá querendo fazer amizade! E ele reconheceu a gargalhada que o ser dera. Era a mesma que ouvira no corredor minutos atrás.
Agora o gato ia se esfregando pelas pernas de Daniel, e ele podia sentir que, partes da carne podre grudavam na suas pernas, e as larvas subiam afoitas em seu corpo, com a missão de chegar ao topo. Seus olhos se mexiam por todas as direções procurando por algo que não sabia o que era. Até que viu o interruptor próximo dele, do lado direito, há um braço esticado. Fez uma força enorme para tentar mover o braço, mas não conseguia. Mas o que estava acontecendo afinal de contas?
O felino afastou-se de Daniel, indo em direção da criança novamente, e esta, pegando-o no colo, disse: - Estamos muito felizes em tê-lo sob nossa companhia Dan.- e o gato deu um miado grosso, potente- O que viu hoje foi somente uma prévia do que podemos fazer. Queremos muito o seu bem, por isso, por favor não nos ignore, combinado? Aquele sorriso de novo, estampado na cara angelical daquela criança que se parecia com seu filho.
- Por quê eu? Vamos, me diga. Por quê não outro homem qualquer, dos milhões que estão espalhados por aí? O que eu fiz de errado para me punir? Vamos responda!
A impaciência, misturada com desespero, fez com que Daniel despejasse a cascata de perguntas para a aparição. E esta, calmamente foi entrando na banheira, de costas para ele, e numa última ação, ele atirou o gato no rosto dele. Como em camêra lenta, o felino voou na direção dele, e nesse momento( tentando se proteger do ataque aéreo), ele percebeu que a força que agia sobre ele desaparecera. Mas o gato já estava há centímetros dele. Com os dentes afiados, projetados para fora da boca em decomposição, ele se atirou no braço direito de Daniel, que por instinto, o jogou para o lado, tentando se desvencilhar.
- Argh! O grito de dor reverberou pelo banheiro, sonoro e potente. Seu braço sangrava sem parar.
- O que aconteceu Daniel? Agora era a voz de Cíntia. Com os olhos fechados, pensou ser novamente aquele ser infernal, atentando sua mente. Não quis abrí-los, com medo do que veria.
- Ah meu Deus, Daniel! O que aconteceu com o seu braço? Ela se ajoelhou ao lado dele,e viu o corte profundo feito no braço. O sangue descia abundante, vermelho-vivo. - Acorde Daniel, sou eu Cíntia. Você está me escutando? Acorde querido!
Foi aí que ele abriu os olhos. Estava na cama, deitado ao lado de Cíntia. Ela dormia serena ao seu lado, sem se preocupar com nada. Daniel estava todo molhado de suor. Teria sido um sonho? Não, foi real demais. O corredor escuro, o ser com aquele calor sobrenatural. Jhon no banheiro com o gato. Não, não era o Jhon. Não o seu filho que dormia tranquilamente no quarto ao lado. Olhou para o relógio. Seis horas. Dali meia hora acordaria para ir trabalhar. Ficou olhando para o teto do quarto, enquanto ouvia o piar dos pássaros começando sua rotina lá fora. Não soube precisar,mas de súbito dormiu profundamente.

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!