Somos dois jovens nascidos nos novos séculos. Saímos pela madrugada, zombando dos horários impostos. Doses de tequila e saquê para ambos.

A quero, com toda força do mundo. Como é amar alguém que você sabe que jamais poderá ter junto de ti? A garota era prova viva que luz podia brotar nos recantos mais escuros. Uma lenda urbana que seduz os coitados mais afortunados do mundo.

A noite é nossa e os céus testemunham nosso ceticismo. Somos forças da natureza em constante atrito. Não posso fazer previsões sobre ela. Vai e volta quando quer e quando dá. O mundo é dela. Cada segundo em sua companhia é uma dádiva. Maligna, fria e cruel deve ter sido minha vida passada, para que os deuses me castigassem com tamanha ironia. Quão sádico é vosso criador, que o faz sentir e ver o que não pode ter?

Não posso me afastar. Lembranças corroem minha cabeça. Não posso me afastar e nem sei mesmo se quero.

Entre os gritos das crianças perdidas na noite, a força de Eros irrompe em minha alma. Quão bom pode ser sentir a dor de algo inalcançável ?

Aos mestres celestiais, que nos observam em seus tronos de diamante, peço que façam-me um novo destino ou que tirem de vez minha esperança.

Única. Inumana. Sobre-humana. Quanto mais a ver, mais a quer. Cantamos no caminho até outro bar ainda aberto. Rodamos por uma cidade de olhos vendados ao que lhe é ínfimo.

Somos crianças perdidas na Terra do Nunca. Imploro às fadas que não me deixem crescer. Que não me deixem se afogar no estonteante olhar dela. E para você, garota perdida na noite, mesmo que não se una a mim, peço para que jamais me abandone nas esquinas da eternidade.