Dias atuais

Ela imaginou que algo tão delicado e rendado como aquilo seria um pouco mais leve em suas mãos. Ao invés disso, parecia que ela estava segurando seu futuro e seu passado completamente enrolados em uma bola gigante de massa enviada por um rolo compressor, uma máquina de impressão, e então para o calígrafo.

Era claustrofóbico apenas olhar para aquilo.

Quinn Fabray; estava agradável, bonito e tão caprichosamente escrito no envelope. A caneta tremeu em sua mão enquanto ela olhava para o nome. Ela sabia o que viria depois: endereço, cidade, estado e então o lacre.

E então correio.

Ela engoliu seu medo do que imaginava que fosse a caminhada mais longa de sua vida: ir de carro até o correio. Seus pés pareceriam que eram de chumbo, como seus dedos pareciam agora. Ela nunca imaginou que esse momento chegaria.

“Eu ainda não consigo acreditar que você está convidando ela,” disse a voz atrás de Rachel. Sempre estava ali. Sempre estava questionando, imaginando, duvidando. Nunca ajudava. Mesmo que Rachel não sentisse nenhuma dúvida real, essas questões e esses pensamentos e essas dúvidas sempre plantavam pensamentos em sua cabeça. Ela odiava esses pensamentos. Eles a faziam maluca.

“Ela é- ela é minha melhor amiga, Janey,” Rachel contrapôs. “Claro que vou convidá-la.”

“Não, ela é sua namoradinha de colégio que virou ex. E esse é o nosso casamento. Não vem com essa de melhor amiga pra mim. Puck é seu melhor amigo, não Quinn. Quinn é sua ex. E vocês não se falam tem um ano.”

“Semântica.”

“Uma semântica importante,” Janey riu e deslizou para o banco ao lado de Rachel. A mesa da cozinha delas estava lotada de convites, envelopes, guardanapos, e mais. “Por que você quer ela lá, afinal? Honestamente, sem justificativações de Rachel Berry.”

Rachel virou a cabeça na direção da ruiva resplandecente apertada ao seu lado. Olhos azuis brilhantes faiscaram de volta pra ela e o cabelo profundamente castanho-avermelhado se acumulava em volta de seus ombros pálidos. Ela estava estonteante como sempre. Rachel sorriu.

“Justificativações não é uma palavra, J. E honestamente honestamente?”
“Sim, não poupe nenhum detalhe horrível, por favor.”

“Eu só sinto falta dela.”

“Bem, ela foi praticamente sua infância. Quer dizer, todo o ensino médio, certo? Tudo bem sentir falta dela.”
“E faculdade.”

“Certo, e faculdade.”

“E tecnicamente meu primeiro ano de Broadway mesmo que seja também meu último ano de faculdade. É como se eu tivesse duas vidas separadas na memória: uma em que ela está por perto e uma onde, onde ela não estava. Me sinto quase como se eu fosse duas pessoas.” Rachel murmurou com um franzir frustrado. Janey sorriu de forma afetada e deslizou para mais perto da morena que oficialmente roubou seu coração há um ano atrás.

“E o que aconteceu no segundo ano de Broadway, huh? Me conte essa história,” ela disse abafando o riso e colocou um beijo na bochecha de Rachel. A morena não pôde evitar se arrepiar e rir.

“Essa ruiva louca tomou conta da minha vida.”

“Louca!”

“Mhm,” ela sussurrou e encontrou os lábios da garota para dar um selinho doce. Quando Rachel se afastou, com todas as intenções voltadas para terminar seus convites de casamento, Janey se inclinou para a frente e tomou seus lábios de volta. Ela se abaixou lentamente, tirou os papéis da mão de Rachel e então deslizou para o colo da morena.

“Você pode terminar isso mais tarde,” ela ronronou e envolveu seus braços completamente em volta de sua noiva. Rachel gemeu no beijo e deixou sua mente se perder em Janey, beijando totalmente entregue. A dançarina prendeu aquelas pernas longas e magras em volta dela e Rachel se encontrou não tendo mais que forçar sua mente a se “perder” em sua noiva. Ela poderia fazer aquilo. Janey Jansen era deliciosa e ia casar com ela. Ela definitivamente poderia fazer aquilo.

“Mmm,” Rachel gemeu. “Quinn quem?

“Essa é a minha garota.”