Afire Love - Cobrina escrita por Mandy


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Espero que estejam gostando, comentem!



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P.O.V. Cobra

Nos últimos meses, toda vez que eu via a Karina era assim, não perguntávamos nada, apenas liberávamos a raiva e depois começamos a falar tudo que estava em nossa mente. Deus, essa menina é minha versão feminina na Terra e eu vou te falar que eu devo ser um puta “pedaço de mau caminho” pra ter um reflexo tão gostoso quanto ela.

Ela ainda me encarava, parecendo medir as palavras que soltaria a seguir, como que procurando um jeito “bonito” de me falar o que queria. Comecei a ficar inquieto e ansioso, mas não proferi nenhuma sílaba. Ela desviou os olhos dos meus e quando os retornou a mim parecia ter se decidido.

– Cobra, o Pedro não quer mais que eu venha aqui te ver. Ele disse que se for na rua, tudo bem, mas que eu não posso mais ficar sozinha com você – ela disse isso com cara de piedade, como de quem pede desculpa antes de fazer algo que vai te machucar.

E machucou, mais do que eu imaginava. Eu só conseguia pensar que o idiota do guitarrista estava levando a única coisa boa em mim embora. Por causa de um ciúme bobo de moleque, que não tinha motivo. Ou tinha? Tá bom que ele viu aquela única vez em que eu e a Karina nos beijamos, mas e daí? Eles estavam separados, e por culpa dele mesmo e, ela voltou pra ele. Disse que o amava, é com ele que ela está, não comigo. Isso deveria bastar, ter ela do lado dele... Isso bastaria para mim. Eu nunca posso tê-la mesmo e ele sabe. A Karina é muito boa e pura, pode até ser minha amiga, mas não chegaria próximo o suficiente pra se envolver comigo. Eu sei disso, ela deve pensar isso, então por que aquele idiota queria tirar ela de mim?

Eu queria matá-lo. Socar tanto aquela cara de palhaço dele que ele se tornaria irreconhecível para a própria mãe. Não faz sentido ele fazer isso, eu estou namorando a Jade agora também. Nunca teria nada.

Repito isso a mim várias vezes: nunca teria nada, nunca teria nada.

Percebo Karina se mover e tirar as luvas das mãos, as jogando em seguida no chão. Deve ter se preocupado pelo fato de eu estar em silêncio e sem reação a tanto tempo. Ela estica o braço, para tentar encostar em mim mas eu me afasto antes que ela consiga fazê-lo.

– Eu não fiz nada. – digo a ela, mas sem conseguir olhá-la.

– Eu sei – ela me responde – o Pedro é um idiota as vezes, tudo isso porque nós estávamos na praça fazendo planos para ir a tarde no zoológico e eu vi a Jade saindo daqui. Ele seguiu meu olhar e do nada ele explodiu, disse coisas desconexas sobre eu estar com ciúme e que estava apenas o usando, porque sei que não poderia ficar com você. E ai nós brigamos, muito feio dessa vez, acho que vamos terminar.

Agora ela tinha conseguido chamar a minha atenção. Eu a olhava perplexo e ela já tinha algumas lágrimas nos olhos e escorrendo por seu rosto. Ainda assim, nenhum de nós dois conseguia se mexer, não por enquanto.

Eu tinha milhões de perguntas e ela milhões de conflitos. Ela queria estar comigo? O Pedro estava certo? Ela tinha ciúme da Jade por causa de mim? Não faz sentido, a única parte em que aquele descabelado está certo é que ela não pode ficar comigo. Mestre Gael jamais permitiria que a caçula dele se envolvesse com um marginal como eu, que não tem casa e nem família. Me aceitar treinar em sua academia, tudo bem, desde que eu ficasse "na linha", mas não como namorado de sua filha. Eu não conseguiria ter um relacionamento casual com a loirinha, ela era diferente de todos, não se importava com a opinião dos outros sobre mim, sempre preferiu confiar no que ela própria tinha formado sobre quem eu era. Eu não teria coragem de agarrar a Karina e a beijar até o ponto de enlouquecê-la para depois tomá-la em qualquer lugar. Não sem antes a convidar pra um cinema e depois jantar, ai se no final de tudo eu tivesse sorte, quem sabe a gente transava. Interrompo meus pensamentos impuros sobre ela para me questionar se ela obedeceria ao Pedro. Não viria mais me ver e conversar comigo?

Minha cabeça fervia tanto que eu só consegui pensar em um único jeito de fazer aquele turbilhão cessar. Com a fúria me dominando e sem luva ou proteção alguma eu comecei a socar o saco de areia e só consegui parar e voltar a raciocinar direito quando senti a K me abraçando, da maneira que ela fez quando se declarou para mim, acreditando que eu fosse o Duca. Ela pediu que me acalmasse antes que pudesse me machucar, mas já era tarde pra isso. Senti minha mão calejar e ao abaixar a cabeça pude ver os ferimentos que eu havia causado a mim mesmo.

Não a abracei de volta, mas mesmo assim ela não me soltou. Continuei olhando os machucados na minha mão quando lhe perguntei em tom debochado, queria ferir da mesma forma que ela estava fazendo comigo ao me dizer aquilo:

– E o que vai ser Karina Duarte? A “esquentadinha” finalmente vai abaixar a cabeça e atender ao guitarrista, não é? Claro, quem trocaria um namorado por um simples amigo, ainda mais quando esse amigo é um marginal que não se pode confiar. Pode ir embora daqui, já entendi o recado "princesa", não chego mais perto de você.

Senti o corpo dela tencionar atrás do meu e em seguida ela me abraçou mais forte, quase fazendo com que o ar me faltasse ao pulmão.

– Pára Cobra – ela pediu – você não é nada disso que está falando, pelo menos não comigo, e agora é só a minha opinião que importa. Eu também não sou de obedecer a ordem de ninguém que eu não concorde e é por isso que eu preciso de você, principalmente agora. Não vou embora, então tira essa máscara porque eu preciso do meu melhor amigo.

Foi a minha vez de sentir meu corpo todo tencionar. O que a K tava falando? Ela tava admitindo que sentia algo por mim? Não, não pode ser isso. Senti alguma de suas lágrimas pingar em minha costas e pude ouvir seu choro baixo.

Ela pareceu sentir que aquela conversa estava para tomar um rumo diferente e logo tratou de emendar sua fala anterior, se desvencilhando de mim e limpando o rosto para depois me encarar.

– Eu pedi um tempo para o Pedro – me explicou - aquele moleque precisa aprender a confiar mais em mim. Como vamos resistir aos shows que ele vai fazer e ao tempo em que vou ficar fora, caso seja uma lutadora profissional, se não confiamos um no outro? Quem ele pensa que é para ficar me regulando mais do que meu próprio pai, e meu pai é o Mestre Gael – disse dando ênfase ao nome do pai.

Como que se com aquilo dissesse como era absurdo um menino regrá-la mais do que o pai super protetor e controlador. Eu concordava com ela, era um absurdo mesmo, ainda mais se isso significasse deixar ela longe de mim. A Karina tinha que ser livre para tomar as próprias escolhas e seguir o seu sonho e não era pai ou namorado nenhum que iria impedir ela.

Senti a raiva começar a voltar em mim diante da lembrança do namorado dela. Vai entender o que leva uma menina inteligente, gente boa e linda como a K a namorar um "Zé Mané" feito aquele. O menino é tão burro que se ele e um macaco fizerem um teste, o macaco pontuaria mais. Bem capaz dele fazer amizade com o animal e começar a imitar as suas características, com a esperança de adquirir alguma inteligência por osmose.

Sorri debochado com esse pensamento e isso pareceu atrair a atenção da Karina, que sorriu para mim e perguntou se eu havia enlouquecido.


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