Assim que Stark proferiu as palavras, eu já estava dominando todos meus sentidos novamente. Mas, no fundo, senti que não era a hora certa para atacar Loki. Qualquer movimento em falso e ele iria me jogar no sofá novamente e atacar Stark.

─ Como seus amigos terão tempo para mim ─ Loki aproximou-se em passos firmes em direção a Stark ─ se estarão ocupados demais lutando contra você? ─ um som agudo surgiu do cetro e ele logo encostou-o sobre o coração de Stark.

Por instinto, locomovi-me do sofá, mas logo me controlei quando percebi que não surtiu efeito em Stark. Foi isso o que ele fez com Clint e Eric.

Percebi que Loki ficou um pouco desconcertado por não ter acontecido nada, então voltou a tentar novamente. E de novo.

─ Isso nunca falhou. ─ ele disse surpreso.

─ É... Probleminha de fábrica. ─ Stark ironizou ─ Não é incomum. Um em cada cinco-

Loki interrompeu mais uma de suas filosofias starkianas ao segurá-lo pelo pescoço, erguê-lo do ar por poucos segundos e jogá-lo no chão próximo a janela.

Foi então que decidi agir. Pulei do sofá, sentindo uma leve tontura, porém coloquei-me de pé mesmo assim, preparei uma de minhas adagas, mas fui impedida de lançar quando Loki proferiu um de seus tiros com o cetro. Voei pelos ares até cair não muito longe de Tony.

Um imenso buraco foi aberto no meu uniforme na região do abdômen, mas a pele já se recuperava e estava apenas chamuscada pelo calor do laser azul.

─ Não foi... uma de nossas melhores investidas, preciso dizer. ─ Tony sussurrou para mim e acabei deixando escapar uma risada fraca ─ Você tá legal? ─ jogou-me através do chão alguma coisa azul e piscou para mim. Finalmente um comunicador!

Lancei-lhe um sorriso forçado, peguei o comunicador e coloquei a mão na barriga de forma breve.

─ Acho que ele acabou de matar nosso filho. ─ sussurrei para ele e pisquei.

Tony encarou-me perplexo.

─ Nosso único herdeiro? Eu vou acabar com esse cara. ─ ele bufou ─ Jarvis. Quando quiser. ─ Loki aproximou-se de Tony e pegou-o pelo pescoço novamente.

─ Vocês todos. Vão. Cair perante mim. ─ Loki grunhiu as palavras.

─ Posicionar. ─ Tony gritou para Jarvis, e antes de ser erguido do chão e lançado pela janela, conseguiu gritar: ─ Rápido!

─ Não! ─ levantei-me e olhei através da janela.

As peças de uma nova armadura sobrevoaram até seu dono que voava em direção ao chão.

Loki lançou-me um olhar zombeteiro e eu o encarei enfurecida.

─ Você! ─ gritei para ele. Puxei meu chicote que estava caído no chão e lancei-o ao pé do deus nórdico ─ Eu vou matar você! ─ puxei o chicote e deixei com que ele caísse ao chão.

─ Ei loira! ─ Stark apareceu sobrevoando em frente a janela e apontando suas mãos em direção a nós ─ Quer uma carona?

Ergui-me do chão, enrolei meu chicote na cintura, tomei distância, pensei em um segundo na loucura que ia cometer, mas lancei-me em direção a Stark.

Ele pegou-me no ar, sem demora.

─ Duas coisas. ─ ele falou para mim ─ A primeira: barriguinha legal, hein. ─ zombou ─ E a segunda: Que tal dar uma liçãozinha nesse cara agora?

Segurei-me firme no pescoço da armadura enquanto prestava atenção em um certo deus nórdico que já se erguia.

─ E teve alguém que você deixou muito zangado. ─ Tony proferiu as palavras após Loki se recuperar ─ O nome dele era Phil. ─ lançou a energia em direção a Loki e o derrubou novamente.

No mesmo instante, um feixe de luz foi projetado da cobertura da torre em direção ao céu e iniciou uma abertura de fenda negra.

─ O Tesseract. ─ sussurrei perplexa.

─ Está rodeado de energia. É impossível de ser atingido. ─ Tony explicou de forma breve enquanto nos maravilhávamos com a fenda que era aberta.

Logo, vários alienigenaszinhos voaram em suas motinhas voadoras em nossa direção.

─ Puta merda. ─ sussurrei.

─ É. Coloca merda nisso. ─ Stark concordou parecendo tão perplexo quanto eu.

─ Se eu pedisse para você me jogar no chão agora, você faria isso? ─ perguntei rapidamente para Stark.

─ O que? ─ ele indagou rápido e surpreso, mas não conseguiu me alcançar quando me lancei ao ar.

─ Lilly! ─ ouvi-o gritar, mas apontei para o céu e ele olhou de volta.

─ Acabe com eles! Vou ficar bem! ─ meu corpo desceu rápido e na horizontal, tive de girar no ar para conseguir visualizar melhor a loucura que eu havia cometido. Será que eu vou morrer? Forcei-me no ar, tentando me virar e ficar em posição vertical com os pés direcionados ao chão. Por favor joelhos. Não quebrem agora. Por favor!

Por um segundo e meio eu esperei que as imagens de minha vida passassem através de meus olhos, alguma luz branca e luminosa, um anjo... Qualquer coisa que indicasse que eu estava morrendo. Mas nada aconteceu. Então sugestivamente pensei em duas possibilidades: a) Nada disso acontece e a morte é tão comum como quando se está vivo; b) eu não vou morrer.

Estava me aproximando do chão e algumas pessoas já gritavam em desespero enquanto meu corpo disparava feito uma bala. Fechei meus olhos e esperei pelo impacto. Juro que se eu não morrer, vou dar uma surra no Loki como jamais fora vista na vida.

Meus pés entraram em contato com o chão e eu imediatamente dobrei os joelhos e minhas mãos voaram para a frente segurando meu corpo que já estava preparado para cair de frente.

Abri um olho, depois o outro e percebi que minha queda rachara a calçada a minha volta. Caramba. Eu estou viva!

─ Moça! Você está bem? ─ um homem se aproximou e ajudou-me a levantar.

─ Amigo... O que você ainda está fazendo aqui? ─ apontei para o céu e olhei-o incrédula. ─ Corre! ─ empurrei-o em direção a multidão que já corria e revirei os olhos. Que homem tapado.

Abri a palma de minha mão direita e encontrei o comunicador intacto. Ah, que ótimo! Coloquei-o no ouvido e pressionei-o já o ativando.

─ Tony. ─ gritei para o comunicador ─ Como estão as coisas aí em cima?

─ Natasha e Steve já estão a caminho. Se encontre com eles na principal, já já chego com novidades.

Olhei em volta e avistei um homem com sua moto parado no meio da rua e olhando perplexo para a fenda.

─ Ei, camarada. Preciso de sua moto. ─ aproximei-me do homem as pressas.

─ Só por cima do... ─ soquei sua cara e joguei-o para o chão antes que ele completasse a frase.

─ Cala a boca. Estou tentando salvar o mundo. ─ revirei os olhos antes de montar na moto e partir em direção a Romanoff e Steve.

A rua estava movimentada e o trânsito um caus. Pessoas corriam para todos os lugares, de todos os lugares, em desespero. Tive de desviar a moto rapidamente de alguns pedestres enquanto cortava os carros em direção a principal. Alguns Chitauris que Tony deixou escapar começaram a atirar com lasers em direção às ruas e eu tive de me desviar de alguns para não ser atingida e derrubada da moto. Desgraçados!

Não muito longe de onde eu estava, pude ver o K da torre Stark despencar dela. Ajustei minha visão e visualizei Thor e Loki brigando. Que bom! Ele sobreviveu a queda, no fim das contas.

Alguns carros da polícia pararam em algumas ruas enquanto eu atravessava a cidade em busca da rua principal.

─ Estamos a leste de vocês, indo para a principal agora. ─ a voz de Romanoff soou pelo comunicador.

─ Que foi, pararam para um lanchinho? ─ Stark brigou ─ Vão para a Parker primeiro, irei conduzí-los para aí.

─ Lilly? ─ uma voz muito, muito conhecida soou pelo comunicador.

─ E aí, Steve! ─ senti meu coração martelar no peito após proferir as palavras.

─ Você está bem? Onde você está? Onde o Loki está? Eu vou acabar com ele quando nos encontrarmos. Vou...

─ Steve! Steve! Eu estou bem, relaxa. Estou a caminho. Não falta muito, prometo.

E não faltava mesmo, logo a frente eu pude ver a rua e os civis que estavam trancados dentro de carros recém-destruídos por aliens malvados.

Pulei da moto e deixei que ela voasse em direção ao fim do viaduto principal. Corri até o primeiro carro e utilizando minha força sobre-humana, arranquei fora a primeira porta e ajudei a mãe e seus dois filhos escaparem.

─ Entrem em algum prédio! Não saiam e não fiquem perto de janelas! ─ gritei para a mulher e empurrei-a junto dos filhos para fora da rua.

Segui em direção a outros carros e fiz o mesmo. No total foram quase quinze pessoas salvas enquanto eu esperava por Romanoff e os outros.

Um dos chitauris apareceu e começou a atirar em mim. Tive de me jogar para trás de um carro e me proteger dos lasers.

─ Qual é! ─ gritei enquanto o chitauri atirava em minha proteção.

Arranquei o chicote da cintura, acionei sua rede elétrica e rodei-o as pressas no ar em direção ao chitauri enfurecido. Enrolei a ponta dele no que poderia ser chamado de pescoço alien e ativei as cerdas. Puxei o monstro até mim com uma velocidade e força extrema, fazendo com que o chicote o decapitasse.

─ Isso, meu querido, foi apenas por tentar me matar. ─ grunhi para o corpo desfalecido ao chão e voltei-me para um outro carro com civis dentro.

Outros chitauris se aproximaram e começaram a atirar em uma sequência absurda pelo chão.

─ Ei! Seria uma boa hora para reforços. ─ grunhi para o comunicador enquanto corria do ataque deles. Para revidar, acabei utilizando o que parecia ser um pedaço de porta de carro e lançando-o em direção ao chitauri mais próximo.

─ Já, já estaremos aí. ─ a voz de Clint surgiu pelo comunicador.

─ Barton! ─ gritei eufórica. Joguei-me para trás de um carro e preparei-me psicologicamente para lutar contra sete monstros enormes.

Ergui-me novamente e ativei as facas embutidas na bota com o movimento que Hill me ensinara. No chitauri mais próximo, proferi um chute alto em seu pescoço, prendendo a faca ali, segurei o que parecia ser sua arma e puxei-a para longe de sua mão. Desci um pouco com o pé e fiz um corte largo no pescoço do bicho. O que o deixou ainda mais irado, já que pegou minha perna e forçou-me a soltar a faca dele. Sem perder tempo, retirei uma das facas que ainda me restava e empurrei contra o peito do chitauri. Será que é ali que fica o coração do bicho? Apesar de seu corpo cair desfalecido sobre mim, arranquei a faca e fiquei-a na cabeça dele.

Dois outros chitauris apareceram e começaram a atirar novamente.

Olhei rapidamente para a arma do ex-chitauri ameaçador e tomei-a em mãos. Atirei o corpo do morto para o lado e pressionei o que parecia ser o gatilho da arma enquanto a direcionava aos meus oponentes. Ela atirou e eu os derrotei.

─ Tomem isso, alienígenas imprestáveis.

O jato de Clint surgiu pegando fogo em uma das hélices e fez um pouso forçado mais a frente. Um pouso muito forçado, preciso dizer. O jato caiu na calçada e a destruiu por inteiro e só parou quando atingiu a parede do prédio a frente, causando alarde nos civis que ainda estavam ali.

─ Vão embora! ─ gritei para eles enquanto corria em direção a calçada ─ Saiam das ruas!

A porta traseira da nave foi aberta e Steve saiu acompanhado de seu escudo, Romanoff e Clint.

Por um segundo meu corpo retesou e eu finquei os pés no chão. Clint estava bem. Estava a salvo... Steve! Voltei a correr no momento em que percebi que ele já corria em minha direção.

Nossos corpos se encontraram no meio do caminho e ele puxou-me para um abraço apertado de tirar o fôlego.

─ Nunca mais... Nunca mais vou sair de perto de você. ─ ele proferiu as palavras e afastou o rosto de meu ombro somente para roubar-me um beijo. Dessa vez o beijo foi prolongado o suficiente para que eu perdesse a força dos pés e apoiasse todo meu peso em seus braços. Lá estava eu. Afogando-me novamente neste lindo oceano azul e vermelho. Por um segundo pensei em nunca mais soltá-lo, mas a gritaria do mundo a minha volta fez com que eu recobrasse as forças e a consciência, motivando-me a finalizar o mergulho.

─ Vocês terão tempo para se beijar depois. ─ Clint gritou para nós enquanto se aproximava.

Soltei-me do abraço de Rogers e foquei-me de volta a guerra.

─ A fenda. ─ Natasha apontou para o céu. Jogou-me algum estojo largo e eu o abri sem pensar duas vezes. Haviam novas adagas e novas facas esperando por mim dentro do estojo.

─ É. ─ concordei enquanto esperava que eles se aproximassem ─ Já lutei com alguns desses. Não parecem grande coisa, mas até que são durões. ─ reabasteci meu corpo com as adagas e facas sem perder tempo.

Steve me olhou de cima a baixo, procurando por ferimentos e parou seu olhar em minha barriga.

─ O que aconteceu? Está ferida? ─ ele voltou-se por completo em minha direção e eu revirei os olhos.

─ Tudo bem. Sério. Nenhum ferimento. Dei conta do recado. ─ pisquei para ele na tentativa de o tranquilizar.

─ Temos que chegar lá! ─ Clint apontou para um grupo de civis que era atacado por chitauris e voltamos a correr.

Mas antes que pudéssemos nos aproximar dos civis, nossos corpos travaram por completo no caminho ao observar uma imensa, gigantesca, mega cobra... não... serpente... minhoca gigante... ─ Eu sei lá o que era aquilo! ─ sair de dentro da fenda.

─ Que... o que... ─ tentei proferir minha indagação, mas meu cérebro ainda estava processando a imagem.

Ok... Acho que finalmente Loki me surpreendeu. Eles tem uma super-cobra mutante voadora e nós temos... bom... nada.