Dilemma escrita por Han Eun Seom


Capítulo 43
Entendi


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, juro para você que respondo aos reviews o mais rápido possível T^T eu to super na pressa aqui. MUITO OBRIGADA A TODOS OS COMENTÁRIOS ♥
Espero que gostem e T*T ♥ AMO VOCÊS



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Sara não só entrou batendo a porta como também ignorou completamente os chamados da sua mãe para saber o que havia acontecido. Subiu as escadas com os olhos começando a arder e pensando no que diabos tinha acabado de fazer.

Roxy havia vindo ao meio da noite para lhe pedir desculpas e ela havia simplesmente a destratado e dito para ir embora. Como isso havia acontecido? Talvez fosse tão impulsiva quanto Roxy e ela já estava sofrendo com isso.

Ela era tão impulsiva quanto Roxy. Ao menos quando era essa garota de cabelos castanhos o motivo.

Lembrou então das coisas que havia falado para ela no começo do ano, de como não entendia da onde aquilo saíra e sua única opção foi desculpar-se com a ela. Porém, desta vez não havia sido uma briga.

– O que eu faço? – Entrou em seu quarto e deitou-se em sua cama enfiando a cara em um travesseiro. – Eu... eu a amo desde sempre.

A garota pela qual era apaixonada - provavelmente desde a primeira vez que a viu quando ainda tinham sete anos – tinha ido à porta de sua casa, gritado seu nome, desabafado e dito que a amava. O que tinha de errado?

Franziu a testa e olhou para seu celular lembrando-se do que Roxy havia dito. Nuno e ela eram apenas amigos... então, o que era aquilo que Ravena tinha lhe falado?

Logo antes de sair correndo para encontrar Roxy no clube de artes, tinha passado um bom tempo conversando com Ravena sobre Nuno. Talvez tempo demais.

“– Aquele garoto só traz problemas desde quando pisou nessa escola, Sara – disse franzindo as sobrancelhas bem-feitas. – Espalhou boatos sobre mim, dava em cima de qualquer uma e ainda por cima... aí, eu espero não estar fazendo intriga nem nada, mas... no dia em que ficamos todos no ginásio, sua amiga o defendeu demais. Talvez ela não saiba quem ele realmente é, mas... eu não acredito que alguém como ela, tão inteligente como você disse, ia ser enganada por ele. ”

A imagem de Nuno abraçando Roxy na saída da escola, como ele a protegeu e o jeito que estavam rindo no dia em que falou tudo.... Para ela naquele momento, tudo o que aquilo parecia era algum tipo de relacionamento. Tudo para ela somente indicava que ele gostava de Roxy mais do que como uma amiga e Roxy ou não percebia isso ou... gostava dele.

– Como eu sou idiota.

Não conseguia acreditar que Ravena havia mentido.... Na verdade, não queria acreditar que ela tinha mentido, mas as coisas estavam começando a tomar um pouco de rumo e Sara apenas se sentiu pior. Acusou tanto Roxy por andar com Nuno, mas achou um absurdo quando a mesma falou sobre Ravena.

Talvez ela estivesse sendo a possessiva sem escrúpulos dessa vez.

Escutar a voz dela dizendo que havia mudado mais uma vez na sua cabeça fez com que percebesse que Roxy não era um bichinho que ela pudesse manter perto. Ela era apenas sua melhor amiga e ela ainda tinha uma vida.

Atrás dos seus olhos começou aquela ardência incomoda e os fechou com força para que não derramasse nenhuma lágrima. Ficou um tempo respirando fundo e esperou o leve nó em sua garganta passar.

– Sara?

Levantou a cabeça e viu seu irmão em pé encostado a porta olhando para o chão. Aquela era uma conversa que ela com certeza queria evitar, mas o olhar dele estava tão magoado quanto o seu e sabia que fugir naquele momento não era uma boa escolha.

Ela se sentou na cama e ele sentou-se ao seu lado. Os dois ficaram olhando para o chão durante longos segundos até que Nicolas suspirou.

– Eu não sou a melhor pessoa para falar isso, mas... você deveria ir atrás dela. – Vendo o olhar confuso da irmã, ele revirou os olhos. – Eu não sou idiota, Sara. Você acha que eu quero estar aqui falando isso para você? Não. Eu não quero, mas eu sei que Roxy nunca ficaria comigo porque ela ama você. – Mais um suspiro e nenhuma resposta dela. – Eu olho para ela e vejo as qualidades que eu quero numa pessoa com quem desejo passar a vida inteira, sabe? Ela gosta das mesmas coisas, ela fala olhando nos olhos, ela escuta, ela consola... ela faz tudo para poder ajudar e eu sei que você sabe disso. Sei também que ela tem defeitos, mas que ela faria qualquer coisa para te proteger... ela quebrou meu nariz por causa daquilo... acho que já é motivo o suficiente. – Seus olhos de tonalidades iguais se encontraram e ela sabia que estava sendo doloroso para ele também.

– Difícil gostar dela – falou em tom baixo e Nicolas soltou uma risada curta.

– Percebi isso.

Sara entendeu tudo o que Nicolas ainda queria falar, mas estava com receio de pronunciar as palavras. Ele queria falar que todos os fatores apontavam para ela e que a pessoa que Roxy amava era ela. Dava perceber em seu olhar que falar aquilo acabaria com ele, então apenas assentiu.

Seu irmão levantou da cama e estava indo em direção à porta quando ela levantou-se da cama rapidamente e o abraçou por trás.

– Obrigada – disse com a voz abafada pela a camiseta dele.

Quase devolveu um “de nada, irmãzinha” irônico, mas estava surpreso demais para isso. Assentiu e se virou para que aquilo virasse um abraço de verdade. Talvez este fosse o primeiro abraço realmente verdadeiro dos dois desde quando havia pisado no Brasil.

– Você deveria ir atrás dela – disse e Sara assentiu separando-se dele.

Saiu do quarto deixando para lá a estúpida regra “homens não choram” e foi direto para o seu quarto para que ninguém percebesse aquilo.

Sim, havia sido apenas poucos meses, mas isso era mais do que o suficiente para fazer com que ele olhasse para Roxy e quisesse que ela fosse sua. Mas ele não era burro e apesar de amá-la, ele tinha a certeza de que o que quer que eles pudessem vir a ter nunca iria para frente. Desde quando acordou, olhou para os olhos dela, viu o olhar de felicidade em seu rosto enquanto comemoravam seu aniversário.... Quando ela contou para ele as coisas que haviam acontecido enquanto estava apagado, o jeito que ela ria enquanto andavam no evento de música.... Lembrar tudo isso fazia seu coração apertar e seus olhos arderem ainda mais.

Disse a si mesmo que estava sendo ridículo e trancou a porta do seu quarto deitando-se em sua cama enfiando a cabeça no travesseiro. Ninguém precisava saber que estava sendo ridículo.

Sara estava trocando de roupa quando sua mãe apareceu no quarto com os olhos arregalados e cansados, com o rosto corado e a respiração alterada.

Roxy estava no hospital.

Isso não pode estar acontecendo, foi o que pensou quando passou pelas portas automáticas e encontrou os pais de Roxy e mais uma menina que ainda não conhecia. Ela estava com o rosto e os olhos inchados de tanto chorar, mas ainda assim estava linda. Andou até eles e todos se viraram para lhe olhar.

Estava com os cabelos azuis completamente desgrenhados e o rosto vermelho.

Sua mente deveria ter criado algum tipo de trauma a hospitais, porque assim que reparou melhor na sala branca de espera começou a se sentir mal. Porém, o olhar que a garota de cabelos ondulados lhe dirigiu foi pior.

Seus olhos estavam avermelhados e caminhos de lágrimas marcavam suas bochechas, o brilho que estava ali era de puro desespero e medo do que poderia acontecer, quase lembrando um cachorrinho que havia caído da mudança. Mas mesmo assim o que Sara absorveu do olhar que recebeu foi pura raiva.

Os lábios dela se abriram, mas se fecharam logo em seguida e Sara sinceramente não queria saber o que iria sair da boca dela. Dirigiu seu olhar para a mãe de Roxy e ficou muito surpresa ao ver que nenhuma lágrima aparentava ter sido derramada.

Quando seus olhos se encontraram, Nicolas a alcançou junto de seus pais. Não entendeu nenhum um pouco o que a expressão de Rita significava, mas sua espinha gelou quando ela perguntou.

– O que aconteceu? – A voz dela era indecifrável. – Roxy foi falar com você quando saiu. O que aconteceu? Vocês brigaram?

Abriu sua boca para falar que não, porque sabia que aquilo não havia sido uma briga, mas não conseguiu falar nada. Então Rita sabia o que Roxy estava indo fazer na casa dela e talvez aquela expressão lisa fosse pior do que se ela estivesse furiosa.

– Ela ama você – disse a garota com a voz entrecortada. Balançou a cabeça algumas vezes como se estivesse negando uma pergunta absurda. – Eu deveria ter ido junto.

Sara sentiu seu coração afundar e ela não sabia o que fazer. Sua mãe a olhou ainda mais confusa e Nicolas suspirou pesadamente. Ele disse que ia comprar alguma coisa para beber e saiu da sala. Um médico apareceu e chamou os pais de Roxy para um canto. Ela se sentou ao lado da garota e manteve seus olhos fixados no chão até que ela falou.

– Você pode ficar tranquila que não foi nenhum acidente horroroso. Roxanne está apenas dormindo agora... acho. – Sua voz estava fraca e Sara sentiu até vontade de abraçá-la. – Eu sou a prima dela.

Ah, a garota que mandou um colar de diamante.

Ela estava evitando contato visual e Sara percebeu isso, soltou um grande suspiro de alívio quando escutou que Roxy estava bem.

– Você a ama também, não é?

A pergunta a pegou desprevenida e Sara mordeu o lábio inferior assentindo com a cabeça. Érica não conseguiu ver seu movimento, mas sabia da resposta. E as duas sentiam a pergunta no ar, mas nenhuma delas se atrevia a perguntar ou responder. “Por que Roxy sofreu o acidente? ”

– Sabe... Roxanne consegue ser bem impulsiva as vezes e principalmente quando se trata de você.... Acho que ela é só é lerda demais para ter demorado tanto a perceber o porquê disso... – Suspirou e se levantou da cadeira. – Eu vou dar uma volta por aí.

Nem teve tempo de responder, pois ela saiu em direção à porta.

Talvez ela mesmo estivesse precisando de um ar, mas não conseguia reunir forças o suficiente para sair daquela cadeira dura e escura da sala de espera. Manteve seu olhar fixo no chão e sentiu não muito depois, algo gelado lhe cutucar.

– Aqui.

Nicolas a entregou um refrigerante de guaraná e sentou-se ao seu lado. Os dois tomaram seus refrigerantes em silêncio por alguns segundos até que Sara suspirou pesadamente e cobriu os olhos com uma das mãos.

– É tudo culpa minha.

Teve que conter um suspiro naquele momento, pois toda a cena o jogava de volta para quando brigaram as duas ficavam se culpando e ninguém fazia nada. Ele mesmo estava com o coração quebrado naquele momento e queria mais do que tudo, entrar naquele quarto onde ela estava e poder vê-la. Mas ele sabia que isso não iria acontecer, não do jeito que ele queria.

Quando estava em seu quarto, tentando se esconder dos próprios sentimentos e dizendo como era um estúpido por acreditar que aquilo poderia em alguma realidade acontecer, pensou de voltar para França. Ficar lá talvez não fosse tão ruim quanto aqui agora. Conhecia umas pessoas legais e havia um trabalho de meio-período que o aceitaria se voltasse.

Mas nada daquilo poderia ser considerado até que tudo tivesse acabado. Não podia nem mesmo pensar em ir embora e deixar sua irmã ali. Passou um braço sobre os ombros dela e a puxou para mais perto. Sara colocou a cabeça em seu ombro e não chorou, mas estava tão frágil quanto e Nicolas não sabia se pensava no quanto ela estava sofrendo ou se focava em seus próprios sentimentos.

Sabia que isso soava egoísta, mas não entendia como lidar com o que estava sentindo naquele momento. Apesar de ter passado tão pouco tempo ao lado dela, sentia como se não fosse algo novo. Roxy despertava nele um sorriso mais uma felicidade que não sentia havia muito tempo e isso teve consequências que realmente achava serem irreversíveis. Queria poder pegar seus fones de ouvido e procurar por uma música para desviar seus pensamentos daquilo, mas não podia.

Be strong and hold my hand, a música começou a lentamente se aproximar de sua mente e sem querer a começou a cantarolar baixinho. Time becomes for us, you’ll understand. We’ll say goodbye today and we’re sorry how it all ends this way.

– Eu conheço essa música – disse Sara baixinho. – Rexy a cantava de vez em quando.

Como ela poderia estar em tudo o que gostava? Assentiu levemente com a cabeça e continuou a cantar num tom quase sussurrante para sua irmã.

Os dois ficaram assim até que receberam a notícia de que já poderiam vê-la.

Seus pais ficaram na sala de espera e junto de Érica, Rita e Edgar entraram no quarto que ela dividia com uma mulher de pele pálida e feições cansadas. Roxy estava não muito melhor para falar a verdade.

Seus olhos estavam fechados e sua boca estava ressecada, sua pele pálida e a respiração leve. Sara quase choramingou quando a viu com o soro em veia e a perna quebrada, mas se segurou já que Érica parecia estar a ponto de um ataque de nervos.

Ficaram todos por um tempo ali e aos poucos foram saindo, porém Sara sentou-se numa cadeira perto da cabeceira e ficou ali. Ela não queria tirar os olhos dela nunca mais, não queria sentir esse sentimento de perda novamente e ela faria tudo para não passar por isso mais. Ela daria tudo para que Roxy fosse sua para sempre.

– Desculpe – falou tocando a mão levemente fria dela. – Eu não deveria ter dito aquilo... Era mentira para falar a verdade. – Soltou um riso curto e balançou a cabeça negativamente. – Eu deveria ter simplesmente te beijado ali mesmo. -O canto da boca de Roxy levantou e Sara parou na hora. – Eu não acredito que você está acordada.

Os olhos dela abriram minimamente e parecia estar custando um bocado de esforço manter-se acordada. Entretanto, conseguiu virar a cabeça levemente e encarar a garota de cabelos coloridos ao seu lado. Abriu a boca e sua voz quase fez Sara a mandar calar a boca e guardar energias.

– Eu que tenho que me desculpar. – Era um tom quase quebradiço e entrecortado. Parecia um papel que se você tocar, ele desmancha. – Tenho problemas em ver as coisas direito.

Queria falar que ainda sim sentia-se culpada, mas Roxy parecia bem determinada em sua decisão... Mesmo com aquela aparência apática e exausta.

– Promete para mim que você nunca mais me faz isso?

Roxy lançou um olhar para ela que claramente dizia “ah claro, porque é muito divertido ser atropelada” e Sara revirou os olhos com um leve sorriso.

– Você entendeu.

Com um curto e superficial suspiro, Roxy olhou nos olhos de Sara e sorriu levemente:

– Eu finalmente entendi.


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