Dilemma escrita por Han Eun Seom


Capítulo 23
Coma


Notas iniciais do capítulo

Aqui gente *desmaia de cansaço*



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Corremos para o hospital e eu vi claramente que minha mãe não queria nos levar. Eu sabia que na cabeça dela tudo o que iríamos fazer seria sofrer ao ver aquela cena. Mas não tinha como evitar a nossa ida e isto estava a matando por dentro. Quando abriu a porta do carro para entrarmos, não nos olhou e eu soube que estava a ponto de chorar. Eu não sabia o que fazer para confortá-la. Talvez dizer que nós ficaríamos bem... Mas isso seria uma puta mentira.

Eu também estava muito ocupada abraçada à Sara para poder dizer algo para minha mãe. Ela parecia estar em choque ainda e eu queria me assegurar que nada daquilo acabasse como o meu sonho. Que merda de sonho fora aquele? Tentei parar de pensar naquilo enquanto fechava meus dedos no pijama dela com força não querendo que ela saísse dos meus braços.

Não tenho orgulho em admitir que aquilo estava doendo um bocado em mim. Minha mente pareceu se perder enquanto eu olhava para as mechas pintadas de Sara. Mesmo com tudo explodindo como fogos de artifícios na minha mente, eu estava conseguindo deixar meu coração em um ritmo calmo e após alguns segundos eu simplesmente escondi meu rosto nos cabelos dela.

Ficamos daquele jeito o caminho inteiro e Sara entrou correndo no Hospital. Ignorando os chamados da minha mãe eu corri atrás dela e assim que entrei vi que já tinha encontrado seus pais. Eu andei até eles e recebi um abraço rápido de dona Flávia.

– O que aconteceu? – eu consegui falar e percebi que minha garganta doía.

Beto olhou para o chão e eu não entendi aquela reação. Por que estava desviando o olhar? Eu tinha feito uma pergunta sobre o filho dele e ele estava olhando para o chão? Mas que merda estava acontecendo? Olhei para Sara e percebi que ela tinha ficado mais desesperada.

– O que aconteceu? – eu repeti e desta vez meu tom estava diferente e nem senti minha garganta doer.

Eu não podia ficar brava com eles. Além de estar em um hospital, eu não podia discutir com os pais da minha melhor amiga. Simplesmente não podia. Tentando me acalmar, eu peguei a mão de Sara, a puxei para mim e a abracei. Passaram-se dez minutos e eles ainda não tinham falado nada. Talvez fosse melhor assim, Sara já estava desesperada demais para receber qualquer noticia.

Meus pais chegaram pouco depois e os pais de Sara saíram com eles. Franzi a testa enquanto olhava-os se afastarem. Teria ido atrás deles, mas eu não podia deixar Sara ali. De qualquer forma, voltaram cinco minutos depois e ficamos todos ali na recepção esperando notícias.

Uma hora. Duas horas. Três horas.

Sara tinha dormido no meu colo e eu estava começando a ficar extremamente inquieta. Meus pais disseram algo sobre nos levarem para casa e eu simplesmente os ignorei. Nem eu nem Sara iríamos sair dali. Continuei passando a mão nos cabelos tingidos dela, lentamente para que não a acordasse. Para falar a verdade, eu não abri a boca em momento nenhum. Durante três horas a única imagem que aparecia na minha cabeça era a cena aterrorizante do meu pesadelo.

Suspirei pesadamente quando um médico veio na nossa direção. Ao mesmo tempo em que eu queria que fosse uma noticia dele, eu tinha medo do que ele fosse falar. Quando chegou a nós, ele parecia conter um suspiro.

– Família? – ele olhou para os pais de Sara que assentiram. Ela continuava dormindo no meu colo. – Espero que estejam preparados para...

Acho que meus tímpanos ficaram dormentes naquele instante. Era uma sensação estranha, sabe?

A única coisa que escutei foi “coma” e “sequelas”. Dona Fátima chorava copiosamente e Sara se mexeu. Minha mente não estava em um turbilhão, nem mesmo rodando com pensamentos de que ele iria morrer ou qualquer coisa.

Ela estava completamente vazia.

A estranha sensação continuava nos meus ouvidos quando Sara sacudiu meus ombros com força e tentava tirar alguma reação de mim. Eu queria respondê-la, queria dizer para não se preocupar. Eu estava bem. Mas tudo o que eu conseguia fazer era continuar olhando fixamente para o chão.

Até que eu desmaiei.

.

Acordei estando deitada numa maca provavelmente no corredor. Tinha barulho para todos os lados e minha cabeça explodia. Fechei os olhos assim que tentei os abrir. Eu deveria estar bem de baixo de uma lâmpada, pois uma luz forte ocupava toda a minha visão.

Eu gemi e senti uma mão no meu ombro.

– Querida? – era a voz da minha mãe eu acho. Ela suspirou. – Ela está bem, Edgar. Caramba, Roxy! Eu disse que era melhor você ter ficado em casa!

– O que aconteceu...? – minha voz era rouca e quase inaudível, mas ela me respondeu com um tom irritado.

– Você desmaiou de cansaço! Temos que lidar com o coma de Nicolas e agora a sua imprudência!

– Rita... – provavelmente meu pai se pronunciou.

Imaginei que ele estivesse tocando o braço dela, dirigindo aquele olhar de “sua filha desmaiou e acho melhor não forçar a barra” que não sei por que, mas eu sabia muito bem qual era. Minha cabeça continuava explodindo e eu me encolhi na maca. Estava frio e eu estava descoberta. Sabe-se lá que horas eram, mas tudo o que eu queria fazer era dormir.

– Rexy...? – escutei a voz dela num sussurro e eu tentei abrir meus olhos de novo sendo recebida pela luz insuportavelmente clara. – Ei, calma – ela estava falando bem baixo e bem perto do meu ouvido. – Você está melhor?

Eu simplesmente assenti com a cabeça. Ela passou a mão nos meus cabelos e eu me senti culpada. Seu irmão estava em coma e ao invés da sua melhor amiga estar ali, a abraçando, ela estava deitada numa maca. Eu murmurei um “desculpa” e Sara me deu um peteleco atrás da orelha.

– Cala a boca – ela sussurrou. Ficamos um tempo em silêncio até que ela falou de novo. – Parece... Parece que a batida foi muito maior do que imaginamos. O médico disse que ele está em coma por tempo indefinido e que nem sabem se ele vai acordar...

Eu senti sua voz quebrar e eu abri os olhos lentamente. Afastei-me, encostando mais na parede, dando espaço para ela deitar ali comigo. Sara entendeu logo e deitou ao meu lado logo me abraçando.

– Disseram que se ele acordar vai ter sequelas, Rexy – ela deu um soluço alto e senti as lágrimas descerem de seus olhos.

Aquele era o tipo de momento em que você não sabe o que falar e nem precisa. Basta só abraçar e se manter ali. Promessas como “tudo vai ficar bem” são besteiras tão grandes. Nunca tudo irá ficar bem, algo sempre vai estar errado e você não poderá concertar. Promessas quando não cumpridas podem doer tanto, que é preferível não falar nada, mesmo que isso possa aliviar a dor daquele momento.

Eu beijei a testa dela e a deixei ali. Não conseguia chorar como ela, afinal, o irmão não era meu, mas não entendia por que eu estava com uma dor tão agoniante no peito. Em algum momento, de tanto chorar, ela adormeceu e eu – ainda com a cabeça explodindo – também.


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Notas finais do capítulo

Apenas digo uma coisa: odeio física.

Enfim! Espero que tenham gostado do capítulo :D



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