Voltei para o Acampamento Meio-Sangue, olhando bem para os campistas que davam espaço para eu passar, e dando um meio sorriso pra todos.

Avistei um semideus loiro parado com uma menina muito bonita dando bronca nele. Sorri um sorriso verdadeiro e cheguei por trás de Jason, Piper me viu e eu fiz sinal para ela fazer silêncio. Pulei em cima dele, o derrubando no chão, e comecei a fazer cócegas. Olhei para Piper, um convite para ela se juntar e ela assim fez.

– Não! Ai! Pa... Há há há! – Ele tentava falar.

Jason se contorcia de tanto rir, e eu cai na risada também. Muitos campistas pararam para ver aquela cena épica, eu podia até ler o pensamento deles: “O quê? Uma deusa brincando com um semideus? Que loco cara”. Parei porque estava ficando sem ar – Ou o que é que alguém imortal pode ficar sem – olhei para meu irmão e sorri.

– Você... Com certeza... É a minha deusa favorita, Night... Mais não faça mais... Isso – Ele falava tentando recuperar o fôlego – Por... Favor!

– Você é muito fraco, Grace. – digo.

– Concordo! – disse Piper ainda rindo.

Me levantei e ajudei Piper a se levantar também.

– Vocês armaram contra mim! Não é justo! – resmungou ele tentando se levantar, mas fiz uma rajada de vento o levar para o chão de novo.

– Qual era o motivo da briga? – perguntei para Piper.

– Ele não quer usar smoking na nossa formatura. Eu acho fofo e ele discorda! – diz Piper com irritação na voz.

– Não é bem assim! – protestou Jason e tentou se levantar, mas o derrubei com vento de novo.

– Que mal educado maninho. Smoking iria ficar muito bonito em você. – digo cantarolando.

– A não! Você também não! – ele tentou se levantar e o vento mais uma vez o derrubou. – Quer parar?! – ele gritou.

Olhei feio pra ele.

– Ai! Tá queimando! Para! Aaah!!! – ele começou a pegar fogo.

Piper deu um passo pra frente, mas pisquei pra ela e ela entendeu.

– Só se você prometer usar o que ela pedir.

– Tudo bem! Ai! Tá doendoo! – Ele gritou.

– Jura pelo Rio Estige? – perguntou Piper usando o charme.

– Juro pelo Rio Estige! – Gritou Jason e um raio cruzou o céu. – Quer dizer não! Não!

Acenei com a mão e o fogo parou.

– Ajudei? – perguntei para Piper que dava saltinhos de alegria.

– Sim! Mas não faça ele pegar fogo de novo! – falou ela.

Inclinei a cabeça para o lado e franzi a testa. Apontei para Jason que estava agora de pé sem nenhum vestígio de que tinha pegado fogo.

– Ele parece que pegou fogo? – perguntei cantarolando.

– Uau! Cara você tem que me ensinar a fazer isso! – falou Leo, que brotou no meio da conversa como uma planta.

– Também te amo, cara. – falou Jason.

– Não sei se com você daria certo. – digo passando o braço em volta do ombro de Leo.

Ele riu. Depois se deu conta de que eu era uma deusa.

– Eu... Ah... – gaguejou.

Soltei dele e retomei a expressão neutra.

– Vou indo. Até logo. – digo.

– Claro Sra. N. – Falou Piper.

– Tchau, deusa. – Falou Jason fazendo uma reverência.

– Tchau lady Night. – Falou Leo tentando (e falhando) fazer uma reverência igual á de Jason.

Desapareci e desejei que no meu lugar aparecessem lírios brancos. Surgi no meu aposento no Acampamento – que foi construído ás pressas – uma mansão em mármore branco brilhante de cinco metros de altura e quase cem de comprimento, não sei o tamanho exato, que ficava ao lado do de Dionísio. As portas chegavam até o topo da parede e tinha luas de ouro desenhadas em cada lado, no esquerdo uma minguante e no direito crescente. Abri e entrei no salão onde no fim, havia um trono prata pra mim. Fechei a porta e caminhei até o trono. Ele tinha pedrinhas de diamante incrustadas nos braços e em volta do encosto. No meio se encontrava uma lua cheia com a minguante e a crescente dos lados e um raio no meio. Era perfeito.

Sentei no trono e analisei o salão. Tinha um sátiro cuidando de flores num jardim ao lado de uma enorme janela de vidro, dois ciclopes do outro lado do salão que ainda trabalhavam na construção. Levantei e desci os poucos degraus que tive que subir para chegar no trono. Dei a volta e fui para a direita, onde tinha uma porta no meio de duas colunas. Entrei e me vi numa sala de jantar com dríades, sátiros, espíritos da natureza e meninas semideusas trabalhavam para arrumar. Eles pararam e fizeram uma reverência para mim. Acenei com a cabeça. “Haja como uma verdadeira deusa” repetia pra mim mesma. Segui reto e encontrei uma escada. Subi devagar analisando tudo ao meu redor. Cheguei no outro andar onde estava uma verdadeira bagunça. Eram ciclopes, semideuses e tudo o que é de bichos – seja metade humano metade animal – espalhado arrumando o que parecia uma sala de estar, escritório, ou várias coisas misturadas. Só sei que era enorme. Os que me viram pararam e fizeram reverência, outros continuavam absortos em seu trabalho.

Vi outra escada e comecei a subir, no mesmo ritmo, apesar de estar louca para conhecer tudo, tinha de me portar como deusa. Esse andar era mais calmo, já que era um jardim, onde espíritos da natureza e sátiros trabalhavam em harmonia. Vários filhos de Deméter ajudavam a cultivar as plantas. Sorri, eu adorava jardins. Caminhei até o outro lado daquele cômodo enorme. Por que era tão grande? Parecia que todos os andares eram do tamanho do salão lá embaixo. Aquela porta era igual a da entrada, só que menor. Olhei para trás, de onde eu vim, e vi que tinha outra escada à esquerda da minha que levava para mais acima, pelo visto o ultimo andar. Virei de novo e abri a porta. Lá estava o maior spa que já vi. Filhas de Afrodite ajudavam a decorar, e vários animais também. Do outro lado tinha uma enorme sacada com vista para todo o Acampamento.

Voltei para a porta, e prometi a mim mesma que logo voltaria ali. Fui em direção a escada que dava para cima. Ninguém falou comigo só cumprimentavam e eu retribuía com um aceno. Subi, dessa vez mais rápido, e quando cheguei ao fim tinha uma porta igual a da entrada, abri e me encontrei num quarto do tamanho do salão lá embaixo. Comecei pelo canto, não tinha mais escadas só uma parede num tom rosado, mais a frente tinham uma enorme estante de livros, uma mesinha e uma poltrona, mais a frente um divã ao lado de uma enorme janela de ouro, e no fim bem no meio do salão uma cama igual a minha do Olimpo, ou seja, enorme. Em volta dela tinha uma cortina rosa salmão por fora e dourada por dentro. Do lado esquerdo da parede tinha duas portas. Abri a primeira e encontrei um enorme closet cheio de roupas e com um espelho que ia até o teto. A segunda era um banheiro enorme com uma banheira que parecia perfeita.

Por incrível que pareça, não tinha ninguém neste cômodo. Então me despi e liguei a banheira. Nada melhor do que um banho de espuma.

Depois de terminar coloquei um vestido branco de seda e fiz uma coque solto no cabelo. Ainda eram 16:40 da tarde, mais eu estava exausta. Fiz uma mágica para que ninguém abrisse a porta, e experimentei aquela cama. Era simplesmente perfeita. Meu corpo e mente se entregou para o sono. Esse tinha sido um dia exaustivo.