Open Wound escrita por littlelindy


Capítulo 24
Nova York


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores, como vão? Tenho três coisas a dizer:
1. Obrigada às novas leitoras e sejam muito bem vindas! Fico contente com a presença de vocês e espero vê-las mais vezes por aqui pra conversarmos!
2. Para esse capítulo, sugiro que leiam novamente a sinopse da fanfic, acredito que irão notar semelhanças hahaha
3. Sobre o atraso, leiam as notas finais.
Obrigada por acompanharem até aqui e boa leitura



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Emma P.O.V

Já estava em Nova York por quatro meses e meio, mas estaria mentindo se lhes dissesse que o tempo passou rápido por aqui. Desde que cheguei, cometi dois graves erros: o primeiro deles fora não ter dado a surra que Neal Cassidy merecia e o segundo, mentir para Killian. Eu havia prometido que faria minhas investigações somente após o final das supervisões e da faculdade, mas não era isso que eu tinha feito. Aliás, estou bastante encrencada com meu trabalho de conclusão de curso. Ia diariamente aos encontros e sempre comparecia aos eventos extracurriculares propostos pela supervisora, contudo, não estava me dedicando totalmente como sempre dizia a Killian. A verdade é que, desde que Jones me contou sobre Dylan ter mandado matar o próprio filho (ou tê-lo feito com as próprias mãos), eu não conseguia me concentrar em nada. Graham morreu tentando me ajudar, acreditando em Neal e pedindo-o auxílio em algo que, segundo Killian, eu também apoiaria. "Vocês defendiam as mesmas causas", essa frase não saia da minha cabeça um segundo sequer e eu já havia pensando em todas as possibilidades: desde a WWF até a Unicef. Eu realmente tentei elencar todas as organizações que apoiava e todos os valores que defendia, mas não havia nada que conectasse Dylan, Robert e Neal. Depois daquela ligação, dediquei-me a investigar o histórico de Humbert e Gold minuciosamente na intenção de encontrar alguma pista, mas fora tudo em vão. Por esse motivo atrasei todo meu trabalho final, menti para meus amigos, namorado e pais. É, as coisas não estavam tão favoráveis para o meu lado...

O bom de Killian ter feito faculdade no Maine é que ele não sabia, exatamente, como as coisas funcionam em Nova York, portanto, seria fácil inventar qualquer desculpa. Além disso, ele havia passado uns dias por aqui e, provavelmente, notou a correria do dia a dia, logo, isso era mais um ponto a meu favor. Optei por dizê-lo, inicialmente, que as supervisões estavam tomando conta do meu tempo inteiro, pois somente assim ele realmente acreditaria em minha dedicação aos estudos. Entretanto, essa minha mentira começou a tornar-se realidade dois meses atrás. Os relatórios estavam atrasados, não estava comparecendo mais às monitorias e eu não havia escrito uma linha sequer da introdução do trabalho. É o preço da mentira: ou ela dura pouco ou te prega uma peça. Mas não digo que fora uma decisão fácil. Ficar longe de Killian e meus amigos de Storybrooke já era difícil, mas afastar-me propositalmente era ainda pior. Sinto-me estúpida por isso, ainda mais por não ter conseguido informação alguma, mas eu estava percebendo que meu corpo estava presente na faculdade, mas minha mente não. Agora eu sabia que estava encrencada não só com minha supervisora, mas com Jones também que, com certeza, iria brigar comigo por isso. Talvez ele tivesse razão sobre uma coisa, talvez nós dois estivéssemos com problemas com toda a questão da identidade.

Devo admitir que sentia uma saudade imensurável de meu namorado. Quando estamos longe de quem amamos, parece que o mundo inteiro é atingido pela paixão e não importa onde você esteja: você vai estar ao lado de um casal. Eu sempre encontrava pessoas apaixonadas no fórum, no tribunal, nas ruas, no elevador, na sala de aula e em todos os outros lugares por onde passava, inclusive em casa. Não dava para fugir. Confesso que isso doía ainda mais quando eu lembrava que estava enganando Jones, mas era inevitável e, também, não dava para voltar atrás. Desde que eu comecei essa jornada, eu não conseguia mais ficar de braços cruzados por muito tempo. Killian havia me dito que eu o tinha feito refletir sobre sua identidade, mas ele também me causou o mesmo impacto. Eu gostaria muito de dizer que, assim como ele, estava me reencontrando nesse relacionamento e que estava temendo uma dependência disso, mas não seria verdade. Eu sentia falta de Jones, não conseguia mais imaginar minha vida sem que ele esteja presente e desejava estar a seu lado todos os dias, mas essa não era a questão. Essa não era minha preocupação ou o ponto de reflexão. Não para mim. O que quero dizer é que a minha identidade, a minha essência, não estava atrelada a ele, mas sim a Graham Humbert. Ele fora um dos poucos que realmente se envolveu comigo, que esteve ao meu lado e que realmente me amou desde o começo. Ele fora, entre os pouquíssimos, o que mais me deu valor. Além disso, éramos extremamente parecidos. A morte dele fora como a minha também, pois naquele momento eu me perdi: o noivado se desfez (felizmente!), as notas na faculdade caíram, amizades acabaram... Tudo mudou. Ao contrário de Killian, eu sabia quem eu era. Eu só não sabia conviver com esse capítulo inacabado em minha vida. Emma Swan poderia ter milhares de defeitos e imperfeições, mas jamais desistiria de seus objetivos ou abandonaria missões. Sendo assim, eu precisava fechar esse ciclo e colocar um pouco final nessa história - essa era a minha dependência. Contudo, eu não poderia seguir o exemplo de Jones, eu não poderia desvencilhar-me dela ou deixá-la passar, era algo maior, eu deveria vencê-la.

"E então, como vai ser depois que tudo acabar?", minha mãe vivia me perguntando isso e eu confesso que titubeava para responder no início, mas nesse tempo todo eu percebi que eu já havia construído minha vida. Antes de Graham, eu possuía dúvidas sobre a área que deveria seguir, iria me casar com Neal por amor (mas também sem considerar novas possibilidades) e viveria em Nova York sem qualquer intenção de expandir horizontes. Depois que ele se fora, minha vida virou de cabeça para baixo, havia perdido Neal e algumas amizades, além de persistido na dúvida acadêmica, mas então encontrei Storybrooke: fiz amigos, encontrei um novo amor e um rumo profissional. Era engraçado pensar que a pior época da minha vida havia me reservado momentos e pessoas tão especiais. Consideraria loucura se alguém me dissesse que por trás da minha dor, saudade e lágrimas eu acabaria encontrando a luz, mas fora exatamente isso que acontecera. Loucura ou não, hoje eu era feliz. Atualmente, acredito que somos pequenos barquinhos e a vida é o mar, e estamos susceptíveis a enfrentar tempestades o tempo inteiro. Entretanto, se nosso barco for forte, passaremos pelas águas ruins e encontraremos um arco íris no final, com um mar calmo e uma leve brisa batendo, e esse era o meu atual momento. Eu vivia meus bons ventos agora e deveria, apenas, consertar os estragos que minha embarcação sofrera para que, assim, pudesse continuar navegando. Aliás, dizendo isso, percebo que passei tempo demais ouvindo Killian Jones.

Peguei o telefone e resolvi ligar para ele, afinal, já tinha um bom tempo que não nos falávamos.

– Emma? ele atendeu surpreso.

– Sentiu minha falta, amor? – brinquei.

– Mas é claro que sim. Que saudade da sua voz! Como você está? Por que não ligou? Jones disparou.

– Ei, ei! Vamos com calma e por partes, tudo bem? – disse rindo – Eu estou bem, como estão as coisas por ai?

– Só poderiam ficar melhores se você estivesse aqui. Mas agora me fala vai, por favor, aconteceu alguma coisa? Fiquei preocupado.

– Então, eu gostaria de conversar com você sobre isso.

– Pode falar, amor. ele disse rapidamente, demonstrando certa ansiedade.

– Não queria falar por telefone. Na verdade, eu liguei pra saber se você pode passar o final de semana comigo.

– Claro que eu posso! ele disse animado Mas espera... e os seus estudos? Isso não vai te atrapalhar não, amor?

– Sendo bem sincera, isso vai me atrasar um pouquinho sim, mas eu não aguento mais. – desabafei.

– Eu também não aguento mais... Mas para você preferir falar pessoalmente deve ser algo sério, devo me preocupar?

– Não. Aliás, eu acho que não.

– Emma!

– Agora não, Jones! Por favor... – pedi manhosa.

– Só vou deixar pra lá porque eu estou nas nuvens aqui sabendo que vou te ver essa semana!

– Tem como você vir na sexta?

– Acho que sim, amor. Por que?

– É pra aproveitar mais o tempo. – respondi rindo.

– Viu? Eu sabia que você não me odiava como dizia. ele brincou, mas logo prosseguiu É até bom nos encontrarmos, assim eu posso te contar algumas coisas também. E não fico por aqui tentado a matar um.

– Como assim? – perguntei confusa.

– Neal está em Storybrooke com Gold.

– Como? Mas por que ele está ai?

– Não faço ideia. David e eu já demos uma olhada nos dois, mas não achamos nada.

– E ele te viu?

– Não, mas também não saberia quem eu sou, então, não faz muita diferença para ele. deu de ombros, porém, enfatizou a última parte.

– Não faria diferença pra ele, mas, e pra você?

– Tirando a parte que eu estou em dúvida se afogo ele ou queimo vivo, eu estou ótimo com a presença dele. ele brincou novamente, fazendo-me acompanhá-lo na risada.

Conversei com Killian por mais algum tempo antes de desligar, afinal, tínhamos alguns assuntos pendentes. Não era nada sério, claro, mas eram conversas que teríamos normalmente em Storybrooke como, por exemplo, a amizade súbita que surgira entre ele e meu pai. Não fiquei surpresa por saber que ele havia ligado várias vezes, mas pensar em meu pai aproveitando da situação para criar vínculo com meu namorado era uma situação, no mínimo, engraçada. Entretanto, isso me faz lembrar que eu também mentia para meus pais que, muito provavelmente, não chamaram-me para atender esses telefonemas pensando que eu estava ocupada lendo. Eu não sabia como iria sustentar a ideia súbita de convidá-lo para o final de semana, mas eu precisava daquilo, eu não aguentava mais mentir. Ele sempre fora tão sincero comigo, eu não poderia enganá-lo mais. Além disso, ele confiou em mim seus obstáculos e luta pela identidade, eu queria compartilhar com ele minha jornada e desafios também.

– Mãe! Pai! – chamei-os gritando do meu quarto.

– O que houve, querida? – minha mãe perguntou entrando no quarto com meu pai ao seu lado.

– Aconteceu alguma coisa? – ele disse preocupado.

– Mais ou menos... vocês tem um tempinho?

– Claro! – Josh disse sentando-se na cama ao meu lado e, então, chamou por minha mãe, que o acompanhou.

– Está acontecendo alguma coisa, Em? – ela questionou preocupada.

– Eu estou mentindo para vocês. E pra todo mundo. – disse rapidamente, soltando um longo suspiro ao final.

– Como assim?

– Eu não estava focada nos meus estudos o tempo todo. Eu fui atrás de pistas sobre o Dylan e Gold, eu não estava indo à faculdade quando eu saía de casa.

– Por que você fez isso? – ela perguntou e sua expressão demonstrava tudo o que eu menos desejava ver: decepção.

– Emma, você sempre soube que podia confiar em nós. Nós somos seus pais! Por que escondeu isso da gente? – meu pai continuou.

– Eu não sei! – disse rapidamente – Eu sei que vocês estão bravos e decepcionados, mas eu não sei porque eu fiz isso. Agora eu estou vendo as consequências disso, está tudo atrasado e eu não encontrei absolutamente nada! Eu fiz uma coisa errada? Sim, mas quantas mais eu fiz? Nenhuma. Eu sempre calculei todas as minhas ações, eu precisei arriscar dessa vez. Eu precisava dar esse tiro no escuro.

Eles fizeram um longo e interminável momento de silêncio. Era nítida a decepção de meus pais, não por eu ter deixado a faculdade de lado, eu não era mais criança, mas pela desconfiança que eu demonstrei. Embora não tivesse sido minha intenção, eu não poderia negar que, de fato, não havia contado com eles nessa.

– Você, provavelmente, pensou que isso seria uma boa escolha no momento e é por esse motivo que eu não vou te julgar, mas não deixo de ficar decepcionado. Você poderia ter confiado em seus pais, nós sempre te apoiamos! – meu pai disse serenamente.

– O que seu pai quer dizer é que não estamos bravos pelo que fez, mas sim pelas mentiras.

– Eu sei, não foi nada bacana... – respondi quase num sussurro, eu estava um pouco envergonhada. Foram pouquíssimas as vezes que eu menti para eles, mas nunca havia permanecido tanto tempo nisso.

– E como você pretende reparar seus erros, Em? – o homem perguntou tocando meu ombro e o acariciando.

– Depois de vocês? Jones. – ri de maneira nervosa.

– Como vai fazer isso?

– Na verdade, bom... Essa era outra coisa que eu queria conversar com vocês. – disse num sorriso entre dentes e fechando um olho.

– Ih, lá vem! O que a senhorita aprontou agora? – minha mãe perguntou de maneira travessa.

– Eu chamei ele para passar o final de semana aqui.

– Você o que? – meu pai perguntou assustado.

– Ah qual é, pai. Não venha me dizer que não deixa, eu sou bem grandinha pra todas as coisas que estão passando ai na sua cabeça. – respondi rindo e apontando para as têmporas dele. – E você terá com quem conversar sobre o jogo.

– Ok, mas vocês vão dormir de porta aberta. – completou cruzando os braços.

– Nem por decreto, senhor Josh. E mãe, nós precisamos fazer compras! – disse animada.

– É verdade! Precisamos comprar várias coisas novas para essa casa, veja só se meu genro vai ver esse lugar nesse estado! – ela disparou, mas logo interrompeu sua fala e virou-se para mim abruptamente – E o trabalho, Emma Swan?

– Eu vou me apressar, não estou tão atrasada quanto estava dois meses atrás. E nós podemos ir na quinta. Vai mãe, por favor! – pedi manhosa – Você não vai deixar meu namorado me ver assim não é? – fiz um biquinho complementando o pedido. Eu iria de qualquer forma, mas queria a presença da minha mãe, afinal, fazia algum tempo que não passávamos uma tarde juntas.

– É, realmente, ele não merece te ver assim! – meu pai brincou.

– Ei! – fingi ofensa fazendo meus pais rirem.

Não digo que os dois haviam me perdoado por completo, mas tudo estava bem mais fácil agora que eles sabiam da verdade. Passei a terça e a quarta feira trancada no quarto em meio aos meus livros tentando concluir boa parte do trabalho. Minha mãe trazia-me café durante as madrugadas que me pegava na frente do computador, já meu pai mimava-me com canecas de chocolate quente com canela – estas, devo admitir, derrotavam facilmente o sabor do Granny’s. Naquele mesmo dia da ligação com Killian, liguei para Mary para contar as novidades e acabamos iniciando um longo chat no Skype com Belle, Regina e Ruby. Como eu sentia falta delas! Desde que voltei para Nova York nenhuma das minhas “amigas” havia me procurado ou questionado, isso apenas confirmava que aquela cidade não era o meu lugar, mas confesso que sentia-me mal por isso. Lembro-me de quando acreditava que elas eram as melhores do mundo e que sempre estariam ao meu lado, eu não poderia estar mais enganada. Estava condenada a casar-me com o homem mais repugnante que me aparecera e, além disso, rodeada de falsas amizades. Só de pensar que era isso que eu chamava de “vida ideal”...

Na quinta feira sai logo cedo com minha mãe, queria comprar algumas roupas novas e ela estava ansiosa para renovar alguns objetos e decorações da casa. Alguns vestidos, calças, roupas íntimas e blusas pela manhã, toalhas de mesa, jogo de pratos e copos durante a tarde e a conta do cartão de meu pai indo para o espaço. Durante nosso almoço, pude contar boa parte das coisas que não havia comentado com detalhes sobre Storybrooke, incluindo a noite na Jolly Roger e o incidente com Sebastian na noite das meninas. Não tinha planejado isso, porém, com essas histórias, Killian Jones acabou ganhando o coração da sogra completamente. Voltamos para casa por volta das oito da noite exaustas e reclamando que ainda teríamos que arrumar a casa, contudo, tivemos uma bela surpresa ao chegar em casa: meu pai havia colocado tudo em ordem enquanto estávamos fora.

– Você arrumou a casa toda sozinho? – perguntei boquiaberta enquanto colocava as sacolas no sofá.

– É, eu cheguei do serviço e vi que não tinha ninguém em casa ainda. Então eu lembrei que dei meu cartão e a senha, sabia que vocês iam comprar o shopping inteiro e iam chegar cansadas.

– Uau, sem reclamar das compras e ainda organizando a casa. O que nós perdemos? – minha mãe disse divertida, provocando meu pai.

– Agora eu não posso mais agradar as duas mulheres da minha vida não? – respondeu rindo.

– Sabe o que é isso, mãe? É só porque amanhã vai chegar alguém pra falar do Lakers com ele. – falei cruzando os braços e arqueando a sobrancelha.

– Ah, é verdade! Seu pai não quer agradar a gente não, Em, ele que agradar seu namorado. Fica de olho viu? – minha mãe comentou, fazendo-me gargalhar e meu pai disparar reclamações.

Meu pai nos ajudou a guardar os jogos de pratos e copos, bem como a trocar os panos da cozinha e o forro de mesa. Sempre que tínhamos oportunidade, eu e minha mãe voltávamos à brincadeira de meu pai querer agradar Jones, este, por sua vez, fingia irritação, mas sempre prolongava o assunto fazendo-nos rir ainda mais. Já havíamos colocado tudo em ordem, meus pais estavam sentados no sofá escolhendo algum filme para assistirem juntos e eu pegava as sacolas com minhas roupas para levar ao meu quarto quando minha mãe me chamou.

– O que? Esqueci alguma coisa?

– Não, eu só estava pensando aqui enquanto a gente brincava com seu pai. – ela direcionou o olhar para ele e segurou o riso, prosseguindo – Você nunca nos mostrou nenhuma foto do Killian.

– É verdade! – meu pai concordou.

– Deixa pra amanhã. Ao vivo é melhor. – respondi travessa, piscando apenas um dos olhos e subindo as escadas com as compras.

David assumiria sozinho a delegacia na sexta, portanto, Killian chegaria logo pela manhã. Mesmo que estivesse exausta, o nervosismo superava e eu não conseguia dormir. Devo ter experimentado as roupas novas duas vezes e mudado de posição na cama umas cinco, mas acabei adormecendo tempo depois. Afinal, a ansiedade era grande, mas o cansaço de um dia inteiro no shopping destruía qualquer pessoa.

Acordei mais cedo que o programado, mas aproveitei para me arrumar. Coloquei uma regata branca comum e short jeans escuro devido ao calor, complementei com um scarpin da cor da blusa. Peguei minha bolsa e sai correndo para o aeroporto antes mesmo de meus pais acordarem. Faltava uma hora para o desembarque de Killian e eu já o aguardava no salão de espera. Eu não sabia se isso tudo era saudade, nervosismo pela conversa que teríamos ou os dois. Odiava esperar, mas sabia que só estava ali por uma escolha totalmente minha. Sentei-me em um dos bancos e tirei o celular da bolsa. Pulava de rede social para jogo, via a bateria ir embora, mas o tempo não passava.

– Lembra quando você me assustou na delegacia? Eu poderia, facilmente, ter feito o mesmo. – a voz rouca disse atrás de mim, fazendo-me virar rapidamente.

– Killian. – disse num sussurro, abrindo um largo sorriso e desviando-me do banco para lhe abraçar.

– Eu estava com tanta saudade. – Jones disse com a cabeça apoiada em minha nunca enquanto abraçava-me fortemente.

– Eu também. Muita saudade.

– E você está mais linda que o normal. – disse sorrindo após desvencilhar-se do abraço e segurar meu rosto com as duas mãos.

– Obrigada. E você também não está nada mal, Jones. Aliás, gostei da barba assim. – comentei enquanto passava meu polegar por sua barba um pouco maior que antes, dando-lhe um ar mais sério. Não estava grande, muito menos mal cuidada, apenas possuía mais fios que antes.

– Sendo assim, eu só tiro se te incomodar. – respondeu sorrindo e selando nossos lábios saudosamente. Logo o beijo fora se intensificando e nossas línguas se reencontraram em seus movimentos únicos, enquanto minhas mãos dançavam pelos cabelos dele e suas mãos seguravam-me firme pela cintura. Após isso, selamos nossos lábios mais algumas vezes até afastarmos nossas cabeças.

– Não, não incomodou não. Pode deixar assim. E ah, nós precisamos conversar antes de ir pra minha casa.

– Também acho, mas com uma condição.

– Qual?

– Só vou se você me der outro beijo. – ele pediu manhoso.

E então nos beijamos mais uma vez. Conduzi-o para o carro e colocamos suas duas mochilas no porta-malas. Killian perguntava-me a todo instante para onde estávamos indo e até brincava dizendo que eu estava sequestrando-o. Ele nem tentou adivinhar o lugar, pois tudo o que ele chutava envolvia o Central Park e, definitivamente, não era para lá que eu estava levando-o. Após certo tempo, estacionei o carro debaixo de uma árvore e sai do carro, fazendo Jones me acompanhar.

– O que é isso?

– Ora, capitão! Eu pensei que soubesse identificar um rio. – disse brincando enquanto pegava-lhe a mão e puxava-o para andar nas margens.

– Tá, mas que rio é esse?

– Como assim “que rio é esse”? É o Hudson.

– Eu não sabia que ele tinha isso aqui. – respondeu apontando ao seu redor. Killian se referia à estrutura do local, feita exatamente para turistas e locais passearem. Havia uma calçada cimentada, grades com algumas luminárias e banquinhos de madeira entre as árvores. Era um ambiente muito romântico e bem silencioso também.

– É, a televisão não mostra muito essa parte. – respondi rindo – Mas você gostou?

– É lindo. – Jones respondeu maravilhado enquanto olhava para o rio e encarando alguns barcos na água. – Mas o que você tinha para me falar? Estou preocupado.

– Oh, sim... quase me esqueci. Senta aqui. – puxei-o para um dos bancos, apertando suas mãos como quem buscasse forças para começar. – Eu menti para você.

– Oi? – ele perguntou confuso.

– Não só para você, mas pra todo mundo. Eu quebrei nossa promessa, investiguei enquanto estudava e acabei atrapalhando todo meu trabalho. – contei olhando em seus olhos, mas quando o vi abrir a boca para dizer algo, logo disparei novamente – Eu sei que você está chateado comigo, mas eu não conseguia mais ficar parada. Eu tentei, eu juro que eu tentei.

– Por que você não confiou em mim e me contou isso antes? – ele disse sério.

– Por que todo mundo fica me perguntando isso?

– Talvez seja porque todos nós confiamos em você e esperávamos que fosse recíproco. – embora seu olhar repousasse sobre o meu enquanto falava, logo era desviado para nossas mãos ou para o horizonte. Era visível a chateação de meu namorado.

– Eu confio em você. Por favor, não pense o contrário. Killian, olha pra mim. – o chamei, fazendo-o levantar o olhar e me encarar – Eu poderia ter dito isso somente domingo, mas eu resolvi falar agora. Eu sabia que as chances de isso acabar com nosso final de semana eram grandes, mas eu não suportaria passar dias com você mentindo. Não mais. Eu juro que eu tentei contar e até parar, mas foi mais forte que eu. Você me disse que tinha dificuldades em saber quem era, mas eu tenho dificuldade em viver sem ter respostas. Lembra quando eu disse que a história do Graham era um capítulo inacabado? – fiz uma pausa para que ele respondesse, continuando após ele assentir com a cabeça – Essa é a minha dependência.

Ele não disse nada, apenas olhou-me e apertou nossas mãos antes de se levantar e andar em direção ao rio, apoiando-se nas grades. Permaneci sentada, observando-o. Por longos minutos ele sequer se moveu, mas depois abaixou a cabeça entre os braços apoiados e virou-se para mim novamente, voltando para o banco. Eu, então, levantei-me enquanto minha cabeça rodopiava buscando alguma coisa para falar. Eu não conseguia decifrar o que seu olhar transmitia, portanto, fui surpreendia quando seus braços enlaçaram-me num abraço apertado.

– Desculpa. – sussurrei.

– Tá tudo bem. – respondeu desfazendo o abraço e pegando em minhas mãos novamente – Eu não vou mentira, Swan, não me agradou em nada essa sua atitude. Você poderia ter confiado em mim, eu nunca te julguei! – ele fez uma pausa e suspirou profundamente – Mas eu entendo. Sei que é difícil lutar com o que tem dentro da gente e, bom, às vezes cometemos erros não é? Só me promete que não vai mais me esconder as coisas, por favor.

– Então eu estou perdoada? – sorri.

– E eu consigo ficar bravo com você? – Jones disse com um largo sorriso e, então, colocou a mão dentro da jaqueta preta que usava, retirando algumas cartas e estendendo-as para mim – Eu acho que isso pode te ajudar.

– O que é isso? – perguntei pegando o montante de suas mãos.

– São cartas do Graham para—

– Para Vevé. – completei sua frase, lendo o destinatário em um dos envelopes. – Onde você achou isso?

– Gaveta 1, lembra? – sorriu envergonhado, coçando atrás da orelha.

– Você estava escondendo isso de mim o tempo todo? – bati em seu ombro com os envelopes.

– Mais ou menos. – riu de maneira nervosa – Eu demorei um pouco pra descobrir que você era a Vevé, lembra? E depois aconteceram várias e eu acabei esquecendo, desculpa.

– Quer ler comigo antes de irmos pra minha casa?

– Eu adoraria.


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Notas finais do capítulo

Então, amores, eu atrasei esses dias por dois motivos: inicialmente, eu tive o casamento da minha prima para ir e vocês já devem imaginar a correria não é? Depois disso, aconteceram algumas coisas aqui em casa e estou com probleminhas que ainda não foram resolvidos, mas se Deus quiser tudo acabará bem. De qualquer forma, se eu demorar para postar esse é o motivo, porque eu não vou atualizar a fic com capítulos incompletos ou malfeitos, vocês merecem mais que isso! Obrigada por me acompanharem até aqui e círculo de oração para que dê tudo certo e os capítulos saiam em dia hahaha #fingerscrossed