Open Wound escrita por littlelindy


Capítulo 22
Identidade


Notas iniciais do capítulo

Oláa! Primeiramente eu queria compartilhar com vocês o maior vacilo da minha vida: eu perdi esse capítulo duas vezes. Uma quando ainda tava no começo e a outra hoje de noite quando tava pronto. Ou seja, estou bem bolada porque tive que escrever ele três vezes :(
Mas fiz o meu melhor para postar hoje e peço perdão por isso.
Eu queria dedicar esse capítulo para a leitora Brasileiríssima que recomendou a Open Wound, MUITO obrigada!



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Killian P.O.V

Eu não poderia voltar para o carro tão cedo, então, aproveitei para sentar na praia, observar o mar com as ondas quebrando na praia e pensar um pouco. Sentia falta dessa sensação de paz e ordem que a imensidão azul me transmitia. Sempre acreditei que nossos sentimentos eram como os oceanos pois, assim como eles, nós tínhamos nossas tempestades e tormentas, mas também podíamos ser calmos e magnificamente pacíficos.

Sempre que eu e meu pai saímos para navegar ele me dizia a mesma frase "Você é o mar, o mar é você: domine-o.". Eu nunca compreendi o verdadeiro significado disso, acreditava ser, apenas, alguma frase de efeito para que eu me concentrasse e não fizesse algo errado. Entretanto, com os recentes acontecimentos, posso perceber a dimensão daquilo que meu pai me dizia. Ele não estava orientando-me como me portar na Jolly Roger, ele me ensinava a viver. Não havia necessidade de que ele me dissesse tantas vezes o que eu deveria fazer, afinal, ele já havia me ensinado a comandá-la. Era uma espécie de metáfora: a vida é a embarcação e eu sou o capitão. Eu deveria comandar minha própria vida, modular minhas escolhas na busca de melhores ventos e águas mais calmas. Se eu estivesse bem, meu navio seguiria bem, entretanto, se eu estivesse num momento ruim e me deixasse ser influenciado por ele, aí sim eu destruiria meu barco.

Com meus cinco anos de idade vi minha mãe falecer por complicações de uma pneumonia e, desde aquele dia, passava o tempo inteiro ao lado de meu pai. Pela manhã ele me levava à escola, de tarde íamos para as docas ou saíamos para navegar e, de noite, jantávamos com os French. Aos quinze anos, meu pai faleceu e deixou-me sob os cuidados dos pais de Belle. Eles não tinham obrigação alguma de me ajudar ou me "adotar", mas o fizeram de bom gosto e nunca me deixaram faltar absolutamente nada - especialmente no quesito emocional. Eu poderia ter perdido o controle ali, mas graças a Belle consegui me reerguer do pior período da minha vida. Entretanto, meus desvios vieram com a morte de Milah. Devido ao casamento de Belle e nosso consequente afastamento, depositei toda minha esperança em minha ex noiva. Vê-la morrer foi como ver a minha própria morte. Foi ali que eu perdi minha essência, acreditava. Eu havia entrado numa tempestade e, embora estivesse segurando bem a embarcação, ainda estava por vir uma onda gigante que me pegaria. Essa nova surpresa era a morte de Graham. Transferindo meu porto seguro, após Milah, escolhi Humbert para ajudar-me a vencer a tempestade, mas eu não imaginava que ele seria a minha ruína. Até então, eu suportava a tempestade, depois dele, eu perdi o controle da embarcação.

Como eu havia dito, se eu faço escolhas ruins eu guio minha vida por um caminho ruim. Desde que Graham se fora, eu entrei num ciclo de erros contínuos que se prolongaram até mesmo à chegada de Emma Swan em Storybrooke - e eu tenho certeza que estes me perseguiriam até meu último dia de vida se eu não assumisse o timão e guiasse corretamente meu navio. Eu estava preocupado em resgatar o bom e velho Killian Jones, entretanto, se eu o fizesse, estaria retrocedendo e ignorando toda a minha história. O antigo "eu" era um simples bote em mar aberto: fraco e susceptível a guiar maus ventos, auto destrutivo.

A minha vida inteira eu busquei uma identidade apoiada em outras pessoas: meus pais, Belle, Milah, Graham e, agora, estava seguindo o mesmo caminho com Emma. Isso era errado. Amar não é depender. Eu não poderia ser eu apenas na presença dela, deveria ser eu mesmo com ou sem Swan. E isso não trata-se de felicidade, refiro-me a auto conhecimento. Eu não poderia amar Emma se eu, primeiramente, não me amasse. Mas como eu faria isso se eu nem ao menos sabia quem era? Vindo para cá, percebi que acreditava estar me redescobrindo na presença de Emma, mas eu posso ver um grande progresso agora. Sentado aqui na praia, observando o mar e ouvindo as ondas, estou avaliando e refletindo minha vida inteira. Eu não poderia desfazer minha parceria com Emma (e nem queria), mas devo admitir que sinto-me bem por ter ignorado nosso "acordo" e vindo para cá escondido. Sempre tive em mente que eu era alguém que corri atrás dos objetivos, mas nunca realmente o fiz - não sozinho. Fazendo essa viagem, obtive mais informações do que quando estava sentado num escritório esperando por ações de Swan. Eu descobri sozinha coisas que todos estavam querendo saber e agora, mais do que nunca, sei que sou capaz e sei dos meus desejos.

Eu estava, finalmente, me descobrindo. Killian Jones não iria esperar por ações alheias ou depender dos outros. Killian Jones é um homem que ama, mas ama com toda sua alma, sem se importar com as consequências; que luta por aquilo que deseja e por aqueles que ama; que não se importa em chorar ou expressão fortes emoções se preciso; que navegaria até os confins da Terra se lhe fosse necessário. Finalmente compreendo o que meu pai tentou me explicar todo esse tempo e lamento profundamente que ele não esteja aqui para presenciar isso.

Eu, definitivamente, estava assumindo o timão da Jolly Roger, porque eu sou a Jolly Roger. Eu sou a embarcação e sou o mar. Sou o capitão e eu daria as ordens e controlaria minha própria vida, independente das outras pessoas. Emma, David, Belle e todos os meus amigos são mais do que essenciais para minha vida, mas eu deveria saber viver sem eles. Aliás, eu deveria saber quem é Killian na ausência de qualquer um deles. Por anos eu estava perdido, vivendo em um bote, segurando-me por um fio, mas agora estava na hora de assumir o comando que um dia meu pai tentou me ensinar.

Um dia depois...

– Dave! Dave! Dave! - disse correndo, entrando na delegacia.
– Olha quem resolveu voltar para Storybrooke! - David disse rindo.
– Você precisa me escutar, cara. - falei um pouco ofegante devido à corrida. Sim, eu estava agindo como uma criança que ganhou um brinquedo novo, mas eu precisava contar para David. Afinal, ele carregava esse peso nas costas. Por anos eu e David seguramos o fardo do assassinato de Graham e de todas as mentiras que vieram depois disso, ele merecia saber a verdade.

– O que aconteceu? Fala logo. - ele disse impaciente, sentando-se em sua cadeira.

– Você não tem absolutamente nada a ver com o assassinato de Graham.

– Killian, eu não quero falar disso. Já chega desse seus sermões e conselhos. - disse desanimado, provavelmente por saber que esse era o tal assunto que eu queria tratar com ele.

– Não é sermão. Eu ouvi boa parte da conversa de Gold, Dylan e o tal do Neal lá na Carolina do Norte.

– Conseguiu gravar? - disse demonstrando certa alegria, mas com semblante bastante confuso.

– Não. Na verdade eu nem pensei nisso, mas... Dylan é muito pior do que imaginávamos. Ele mesmo matou Graham, ou mandou alguém mandar. Não importa.

– Como é que é? - perguntou alterando o tom de voz, ele estava bastante nervoso e não o julgo por isso. A frieza do pai de Graham causaria a qualquer pessoa esse tipo de reação.

– Isso mesmo que eu te disse.

– Mas isso não exclui o fato de que eu errei.

– Realmente não exclui, mas me escuta, cara. Isso iria acontecer de qualquer forma. Dylan é tão sujo e inescrupuloso que faria isso a qualquer momento com o filho. E só faria isso porque o desgraçado do Neal traiu a confiança de Graham.

– Como assim? - perguntou.

– Graham descobriu algum podre nos negócios entre Dylan e Gold, confiou em Neal esse segredo e o vagabundo se vendeu por uma faculdade. - eu basicamente cuspia as palavras. Pensar em toda essa barbaridade já era incômodo suficiente, mas falar elas em voz alta causava-me um nojo surreal.

– Neal traiu a confiança do "melhor amigo" pra conseguir entrar na faculdade? - perguntou incrédulo.

– Ele não traiu só Graham... Emma também.

– Que desgraçado! - David resmungou, esmurrando a mesa - E você conseguiu algo sobre esse tal negócio deles?

– Não, Emma me ligou na hora e eu tive que sair correndo. - respondi nervoso, coçando minha orelha.

– Você é retardado? Existe uma coisa que chama "silencioso", sabia? - ele debochou.

– Levante suas mãos para o céu e agradeça por ter um melhor amigo como eu, afinal, eu não me vendi pela faculdade! - brinquei.

– Olha esse humor negro, Jones. - disse rindo.

– Ok, foi mal. Mas falando sério agora, eu realmente não podia esperar pra te contar isso. Enquanto eu estava lá escondendo de Gold, eu parei pra pensar na minha vida sabe? Eu fiz muita coisa errada... nós dois fizemos. Naquele momento eu me senti em paz, como se toda a culpa tivesse ido embora e eu queria muito que você sentisse isso, só eu sei o quanto você sofreu por se sentir culpado pela morte do Graham.

– Eu não vou mentir, cara. Dylan, Gold e Neal são pessoas repugnantes e eu não sei nem como existem pessoas assim, mas confesso que estou bem aliviado.

– É bom saber disso. - sorri, satisfeito por conseguir ajudá-lo - Eu não vou desistir desse caso, Dave. Eu não vou desistir dele como eu fiz com o caso da Milah, eu vou até o final.

– Ei, a gente tá junto nessa! - David levantou e veio em minha direção, bagunçando meu cabelo - Aliás, eu, você e sua namorada. Inclusive, você deveria ligar para ela, ontem ela ficou horas falando com a Snow e, cara... sinal vermelho. - ele concluiu a fala dando alguns tapas em meu ombro como que num aviso de que a coisa estava realmente feia pro meu lado.

– Eu vou morrer não é? - brinquei.

– Se Swan não te matar, Belle vai. Ou seria a vaca Belle? - ele riu.

– Ah, qual é? Por que mulheres tem que contar tudo uma para a outra?

Emma P.O.V

Se Killian Jones pensava que eu estava acreditando nas desculpas esfarrapadas que tinha arrumado, ele estava completamente enganado. Vacas em Storybrooke? E aquela piadinha ridícula com a Belle? Eu poderia ser tudo nessa vida, menos burra. Entretanto, confesso que não estava chateada somente pelas mentiras. Eu não iria admitir isso, não em voz alta ou para alguém, mas eu me corroía de medo. Medo de perder Killian, medo de que ele já tivesse tomado outro caminho na vida. Não, ele não teria arrumado outra tão rápido, o que me faz pensar que ele estava apenas esperando que eu fosse embora para se encontrar com outra. Mas ele não seria capaz de fazer isso... seria?

Eu não sabia bem o que pensar, por isso, liguei para Mary Margareth. Ela, mais do que ninguém, poderia me ajudar nessa questão de relacionamentos. Chega a ser irracional todo esse meu medo mas, como Mary disse, eu passei por decepções demais e isso era mais do que normal. Entretanto, o normal não significava menos dor. Eu não suportava mais todas essa paranoias, tudo isso me corroía por dentro. Eu deveria confiar em Killian ou não? Ele não havia me enganado, fora sincero e carinhoso em todos os momentos... não era possível que ele estivesse mentindo.

– Emma, seu problema não chama Killian Jones. - Mary disse.

– E chama o que? Vaca? Belle? - disse nervosa.

– Neal Cassidy. - ela disse rapidamente, fazendo-me gelar dos pés à cabeça.

– Como assim?

– Você sabe, Emma. Assuma logo. Você tem tanto medo de Killian fazer o mesmo com você que não está conseguindo raciocinar direito.

– Não sei se é isso... - menti.

– Para de se enganar, Emma! Neal te abandonou após vocês terem a sua primeira vez, e agora que você e Killian--

– Como você sabe? - perguntei rapidamente, interrompendo-a. Eu não acredito que Killian tinha contado isso para ela! Eu iria contar, ela era minha amiga, mas eu não precisava que ele saísse por ai contando no meu lugar.

– Eu não sabia, mas agradeço muito pela confirmação. - ela disse rindo - Ah Emma, por favor! Vocês passaram a noite na Jolly, juntos.

– Ok, você venceu! - disse rendendo-me e permitindo uma breve risada sair de minha boca. - Eu estou com medo sim, tá? Eu não sei se eu fui boa o suficiente, se ele me ama de verdade, se ele só queria sexo comigo. Eu não sei de nada.

– Emma, para e pensa no que você está falando. Você acha mesmo que Killian faria tudo isso? Quando você fala essas coisas, você vê seu namorado ou seu ex?

– Meu ex... - disse num sussurro.

– E por qual motivo ainda insiste em pensar essas coisas de Killian?

– Porque ele não atende meus telefonemas! - resmunguei.

– Emma, para com isso. Você não é assim! Você não percebe como está agindo? Você não é uma adolescente e nunca foi tão controladora assim. Seu medo está alterando quem você é.

– Sabe de uma coisa que eu odeio? - disse após um longo suspiro.

– O que?

– Quando você está certa. Por que você faz isso comigo? - disse rindo. - Mas você tem razão... eu não sou assim. Eu acho que mais tarde vou ligar para ele e conversar um pouco sobre isso. Vai me fazer bem.

– Viu como sua forma de falar já mudou? Essa é a Emma Swan. - ela disse animada.

Ficamos mais um longo tempo conversando, afinal, eu queria saber de todos os detalhes da gravidez dela. Ela havia começado o pré-natal e estava nas nuvens, era incrível vê-la tão feliz e realizada. Eu sentia falta daquela branquinha... Aliás, eu sentia falta de Storybrooke inteira. Minhas amigas de Nova York não causavam-me tantos momentos bons quando Mary, Belle, Regina e Ruby. Lembrava-me com frequência da "noite das garotas" e ria sozinha pela casa, fora um dos meus melhores momentos na cidade - exceto pela parte de Sebastian, claro.

Após desligar o telefone, resolvi tomar um banho e organizar uns textos que deveria começar a ler. Somente depois disso iria ligar para Killian. Embora estivesse ansiosa para conversar com ele, queria colocar-me em primeiro lugar. Eu não iria errar novamente, não com ele. Eu faria certo dessa vez, porque eu queria mais do que tudo que desse certo.

Horas depois meu celular tocou e o nome "Killian Jones" apareceu no visor. Não sei se era algum tipo de ilusão mas eu sentia que, assim como eu, ele também precisava desabafar. E não me perguntem como eu sei disso ou por qual motivo eu pensei nessa hipótese, eu apenas senti.

– Então... vacas? - atendi brincando.

– É... desculpa. - ele riu nervoso. - Eu não queria mentir para você.

– Eu sei. Acho que precisamos conversar, não é mesmo?

– Por favor. - ele suspirou - Eu tenho muitas coisas para te contar também.

– Tem?

– E vou começar pelas vacas, prometo. - ele brincou.

– Seria uma ótima ideia!

– Eu fui atrás do Neal.

– Você o que? Perdeu a noção, Jones?

– Só me escuta... por favor. - bufei em resposta, fazendo-o continuar - Quando liguei para Belle, ela me disse que Gold também estava indo viajar. Eu precisava fazer alguma coisa, eu estava enlouquecendo aqui sem você. E a viagem foi ótima para mim.

– Você descobriu alguma coisa?

– Sim, mas não foi só isso. Eu tirei um tempo para pensar sabe? Eu comecei a enlouquecer quando não te vi mais ao meu lado, e eu estava com medo.

– Medo de que?

– De ficar dependente de você. Não me leve a mal, Emma, mas eu não quero isso para mim. Aconteceu com meus pais, Belle, Milah e Graham. Eu me ferrei em todos os momentos, eu não quero errar dessa vez.

– Eu te entendo... eu estava pensando em algo semelhante.

– Sério? - perguntou confuso.

– Sim... Eu comecei a fantasiar muitas coisas, por medo de que você fosse como o Neal. E, por favor, não precisa falar que não tem como comparar vocês dois, eu sei disso. Eu só... Eu só não conseguia pensar racionalmente de tanto medo que eu sentia.

– Era como se... - ele parou por um momento, mas logo prosseguiu - Como se você não fosse você?

– Sim. Como sabe disso? - perguntei confusa.

– Porque era isso que estava me incomodando. Eu não sabia quem eu era, e não foi depois que você chegou. Na verdade, acho que se você não tivesse aparecido eu nunca tiraria um tempo para pensar nisso. - ele deu uma breve risada - Foi bom descobrir quem eu sou.

– Deixa eu adivinhar... pensou enquanto olhava o mar? - perguntei e vi um sorriso bobo brotar em meu rosto.

– Agora é a minha vez de perguntar: como sabe disso?

– Eu te conheço bem o suficiente pra saber que é isso que te inspira e anima. - dei uma pausa e depois continuei - Eu só queria que o tempo passasse rápido.

– Eu também... mas acho que até lá nós temos um outro desafio.

– Desafio?

– Sim, acho que nós dois estamos com dificuldades em saber quem somos... - ele disse com um tom de voz bem triste.

– E o que queremos. - completei.

– Eu só sei que quero que esses seis meses passem logo.

– Então temos um desejo em comum, Jones.

– Ótimo. - disse animado. - É bom saber que Emma Swan não me cortou da sua lista! - brincou.

– Jamais! Oh, aliás, você não me disse o que descobriu.

– Ah... eu acho melhor não falarmos disso hoje. - ele respondeu nervoso.

– Não, não. Eu quero agora. O que você descobriu, Killian? - perguntei um pouco irritada.

– Bom... Dylan, Gold e Neal estavam juntos. Parece que eles mantém algum tipo de negócio, certamente lucrativo, e esse foi o motivo da morte de Graham.

– Por que esse foi o motivo?

– Porque ele não concordava com isso. - ele disse cuidadosamente.

– Killian, sempre que você fala dessa forma eu sei que vem um "e" ou um "mas" em seguida. Fala tudo de uma vez só, por favor! - disse autoritária.

– Ok... Graham morreu porque Neal traiu ele. Ele havia descoberto esse tal esquema ou negócio do pai dele, confiou o segredo pro desgraçado do seu ex que não pensou duas vezes ao se aliar com Dylan e Robert.

– Neal traiu Graham? Por que? - perguntei incrédula.

– Porque ele queria pagar a faculdade.

– Como é que é? - eu perguntei quase num grito, Neal não poderia ser tão cretino assim... - Eu não estou acreditando nisso. Isso não pode ser verdade. - eu estava prestes a chorar, meus olhos estavam cheios d'água.

– Emma... não é só isso. - ele disse extremamente nervoso, mas firme, o que me indicava novas informações... e não eram ruins.

– O que tem mais?

– Graham contou para Neal porque queria poupar você. Segundo Dylan, ele jamais contaria para você porque vocês dois "defendiam as mesmas causas" e, provavelmente, você faria algo errado e... - ele parou. Eu senti sua voz falhando e isso não me agradava nem um pouco.

– E...?

– E você provavelmente morreria antes de Graham. - ele disse rápido, porém com a voz embargada.

– Então Graham morreu tentando me salvar? - eu já chorava, não conseguia segurar mais. Meu melhor amigo confiou em Neal para me ajudar, para me salvar, foi traído e, por isso, morreu tentando me ajudar.

– É o que tudo indica. Emma... me escuta, por favor. Eu sei que está doendo, eu sei que você não queria ouvir isso, por mais louvável que seja a ação de Graham. Mas não é culpa sua, nunca foi. Se Graham morreu por isso é porque algo muito ruim existe por trás disso, algo que, inclusive, você também é contra. Se você acredita, assim como eu, que ele foi um verdadeiro herói, não desista dessa investigação. Eu e David vamos te ajudar nisso, nós três vamos honrar o nome dele.

– Você está certo. - disse o mais firme que consegui, a julgar pelas lágrimas incessantes e dor insuportável - Eu vou pensar em algo que possa ajudar nisso.

– Não, não se esforce demais nesse começo. Lembra do que você me prometeu? Investigações apenas depois de você terminar a faculdade.

– Mas se eu não pensar sobre essa possível causa, como você vai saber?

– Não digo assim, Emma. Digo apenas para você não focar nisso, você tem outros objetivos. E eu te peço, por favor, tenha cuidado.

– Ok, vou me concentrar nos estudos. E eu terei cuidado, eu prometo.

– Emma, eu juro que se algo acontecer com você eu não sei do que eu sou capaz. - ele disse firme.

– Nada vai acontecer comigo. Eu prometo, amor.

Bom, eu pelo menos esperava que não. Afinal, eu ainda me encontraria com Neal, não é?

– Ótimo! Eu preciso desligar agora, amor. Prometi que jantaria com Belle, eu também preciso conversar com ela. - ele disse.

– É, e se desculpar por ter chamado ela de vaca! - brinquei.

– Ha-ha-ha, muito engraçado, Emma Swan! Aliás, queria muito saber: por qual motivo vocês mulheres tem que contar tudo umas para as outras?

– Chama-se cumplicidade, Jones. Deveria tentar mais vezes. - o provoquei.

– Ah, então é assim agora? Me aguarde, Swan... Quando eu aparecer ai em Nova York pra me vingar dessa sua maldade, você vai ver!

– Bom, nesse caso, estou aguardando ansiosamente essa vingança.

– Ok, para. Não me provoca, não é justo. Eu preciso mesmo ir... você vai ficar bem?

– Vou sim. Eu ainda estou um pouco abalada, mas logo passa. É normal não é?

– Sim, é sim. Eu te mando mensagem assim que chegar, eu prometo! Boa noite, meu amor. Eu te amo.

– Eu também te amo. Mande um beijo para Belle!

Assim que desliguei o telefone, fui ao quarto de meus pais. Eu precisava conversar um pouco e sabia que encontraria conforto nos dois, afinal, desde criança eu digo e repito: não existem pais melhores que eles. Minha mãe sabia dar os melhores conselhos de todo o mundo, enquanto meu pai possuía o melhor colo de todos. Depois de conversarmos sobre Graham, Neal e Killian, resolvemos assistir um filme qualquer no Netflix. Devo comentar que por muito pouco minha mãe não escolheu Easy A, mas desistiu da ideia após minhas intermináveis súplicas. Acabamos deixando meu pai escolher e ele, claro, optou por Velozes e Furiosos. No meio do filme ouço meu celular apitar, sinalizando a chegada de uma mensagem.

"Cheguei em casa, vou dormir logo, amanhã volto para a delegacia. O jantar foi ótimo e mandei seu beijo para Belle! Se cuida, por favor. Eu amo você.

Killian."


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Vejo vocês no próximo amores