Desde criança, mesmo tendo tido uma mãe que apesar de imperfeita, era amável e cuidadosa com ela, Scarlet sempre sonhou com o momento em que estaria frente a frente a família Cullen, e teria poder o suficiente para proteger Renesmee

É claro, que não estava sendo como ela havia planejado, pois nunca esteve nos seus planos receber uma facada de prata durante o processo de salvamento da criança, mas naquele momento, adormecida no leito do hospital, ela estava tendo um sono tranquilo, como ela não tinha há muitos anos, e isso a fazia se sentir em paz

Finalmente, Scarlet voltou a consciência, abriu os olhos violeta e encarou o teto branco. Ela estava tranquila, sabia que estava no hospital, pois lembrava dos seus últimos segundos acordada, enquanto era carregada por Jacob, que conversava com Carlisle sobre a facada que ela havia levado

Mas foi apenas quando ela lembrou-se de Renesmee que sua tranquilidade foi embora. Aonde estaria a criança agora? Estaria segura? Os Volturi?

–Se não visse com meus próprios olhos, acharia que estavam exagerando...

Scarlet ouviu a voz de Carlisle e ficou mais tranquila, ela o olhou, e o médico sorriu passando segurança, ele olhou para a máquina que registrava seus batimentos cardíacos, e depois voltou a olhar para ela

–Seus olhos são mesmo cor de violeta, é uma mutação genética rara na humanidade, mas os seus são claramente diferentes dons tons conhecidos, facilmente julgado inumano

–Sim, - Scarlet deu um meio sorriso – todos ficam surpresos. Onde está Renesmee?

–E seus batimentos são mais acelerados que os humanos, assim como a temperatura corporal é mais alta...

–Onde ela está? – Scarlet ignorou o que Carlisle dizia, e sentou-se e ficou preocupada, olhando para os lados como se fosse achá-la ali mesmo

Achou somente Jacob, ele estava sentado em uma cadeira, em sua forma humana, com seus braços cruzados e expressão mais relaxada que da última vez que se viram

–Segura, não se preocupe – Carlisle a tranquilizou, e ela finalmente conseguiu respirar direito

–E o resto da família?

–Eles estão bem, partiram ontem à noite, estamos aqui por sua causa – Jacob responde com tom de acusação na voz, obviamente não devia estar nada feliz por estar separado de Renesmee

Scarlet não entendeu, é normal que Carlisle tenha ficado, pois é médico, e ele podia dar atenção a ela no hospital, sem dar suspeitas aos humanos de que ela não era comum, mas por que Jacob precisou ficar? Apesar de pensar, ela não perguntou, por que apesar de tudo estava feliz em ter Jacob ali tão perto

–Você teve sorte, - Carlisle continuou – perdeu muito sangue, a faca atingiu uma veia importante

–Como estou viva? – ela se preocupou

–Apesar da espécie diferente, o sangue é compatível aos lobisomens transmorfos de La Push, em especial ao tipo O-, deve agradecer a alguém especial pela doação de sangue

–Obrigado – ela agradeceu a Jacob

–Não sou eu – ele responde sem simpatia, o rapaz provavelmente não ficaria de bom humor até ter Renesmee do seu lado novamente – Você é uma filha da lua?

–Não, - ela respondeu simplesmente enquanto tentava sair da maca, e era impedida por Carlisle – vamos agora atrás da família, onde eles estão?

–Com uns amigos da família, ainda não vamos, você precisa de repouso

–Minha espécie se recupera rápido, - ela se desviou dele e desceu da maca rapidamente, e viu estar vestida somente com o macacão do hospital – não tem problema, só quero minhas roupas

–Tem certeza que quer correr o risco? – Carlisle perguntou sério

–Vamos Carlisle, se ela que ir, que vamos logo – Jacob levantou

–Suas roupas são aquelas em cima da mesa, vista-se, nós já estamos com as passagens preparadas

–A que horas sai o voo?

–Daqui uma hora e meia, – o médico responde olhando seu relógio no pulso, e depois a encara com seus olhos dourados demonstrado curiosidade – precisa estar em algum lugar antes?

–Não, - ela diz rápido, fechando os olhos e se arrependendo da resposta – na verdade sim, pode me dar dinheiro para o taxi?

–Sim, você vai sozinha?

–Os Volturi não são problema, elas já devem saber que Renesmee não está mais conosco, e se vierem atrás de mim, eu posso me cuidar – ela responde confiante

Carlisle tirou uma quantia suficiente do bolso e deu a Scarlet. Jacob a olhou desconfiado, ele com certeza não conseguia confiar completamente nela ainda, e Scarlet não o culpava, se estivesse no lugar dele provavelmente não confiaria na desconhecida, mesmo que ela parecesse querer ajudar o seu imprinting

Ainda assim, mesmo compreendendo, Scarlet se sentia mal em ter Jacob tão perto dela, e não conseguir até agora ter uma conversa descente, seu coração pareceu pesar ainda mais quando o viu passar pela porta do quarto do hospital com Carlisle

Scarlet não conseguia parar de pensar que ele parecia mais bonito e interessante do que ela se lembrava, seus olhos castanhos eram exatamente como na sua lembrança, e ela sentiu saudade do que aqueles lábios diziam. Tudo que ela queria fazer era se jogar nos seus braços e contar toda verdade, mas a verdade poderia comprometer todo seu plano, e todas as lágrimas que ela havia derramado até conseguir chegar ali teriam sido inúteis

–Senti sua falta... – ela sussurrou depois que a porta fechou-se

A moça loira respirou fundo duas vezes, até que começou a tirar devagar o macacão do hospital, ficando apenas com as peças debaixo, e repassou na sua mente o que deveria fazer e como devia se portar na frente dos Cullen

Em um momento ela sorriu, e agradeceu a Deus mentalmente por sua mente ser um grande vazio para Edward, e as visões de Alice serem inúteis para ela, a não ser dar uma tremenda dor de cabeça a vampira

De início o plano seria fingir não conhece-los, mas depois do que aconteceu na noite anterior, seria impossível. O caso estava ficando cada vez mais confuso

A loira tomou um susto quando a porta abriu de repente - ela ainda estava vestindo apenas peças intimas - e um rapaz entrou a vendo daquele jeito, envergonhado ele tampou os olhos com a mão, e ela cobriu seu corpo rapidamente com o lençol, Scarlet estava com o rosto vermelho de vergonha

–Desculpe! Desculpe! – o rapaz moreno diz com um sorriso sem graça indo embora com os olhos tampados

O susto fez com que Scarlet corresse e se vestisse o mais rápido possível com o mesmo vestido azul marinho da noite anterior, ela não fazia ideia de quem era aquele rapaz alto e moreno, mas realmente nunca mais o iria querer ver na vida para não passar por aquele momento infeliz de novo

A moça sempre soube o quanto é bonita aos olhos dos homens, e já havia passado por momentos constrangedores em que era encarada por horas por olhos pervertidos, que não faziam ideia que Scarlet poderiam os deixá-los cegos se a irritasse, – como aconteceu uma vez, quando um rapaz a irritou muito, e ela “acidentalmente” quebrou os ossos do seu pulso direito – mas até hoje ela nunca teve um momento tão incomodo como esse. Quem era aquele rapaz?

Tentando afastar aquele momento da sua mente, ela saiu logo do quarto, torcendo para não vê-lo pelos corredores, e não viu mesmo, então ela correu para fora e ficou no meio fio esperando por um táxi, ela fez sinal e o carro amarelo parou

Scarlet disse as instruções, e antes que o carro partisse outra pessoa entrou pela outra porta do banco de trás, e para sua infelicidade era o mesmo rapaz moreno e alto que a viu no quarto

–O que está fazendo? – ela perguntou – Esse táxi é meu!

–Carlisle pediu para eu ficar com você

Scarlet suspirou. Será que as coisas podiam ficar mais constrangedoras?

A voz do rapaz não era familiar, nem mesmo seu rosto. Bem alto, com músculos definidos, mas magro, não era enorme como Jacob, mas isso não o deixava menos atraente. Pele morena avermelhada, olhos castanhos escuros estreitos, e cabelos pretos lisos e curtos, seus lábios tinham um contorno cheio e seus dentes eram muito brancos. Devia ter por volta de dezessete anos

Isso deixaria a situação pior sobre o quarto, parte dela queria que o garoo fosse feio, então seria menos constrangedor

A loira o olhou nos olhos esforçando-se para lembrar dele, mas simplesmente não conseguia lembrar do belo rapaz na sua frente, e com certeza se já o tivesse visto ela não esqueceria, pois era muito bonito

–Ele vai, moça? – o taxista perguntou com os olhos traiçoeiros para o seu novo e inesperado cliente

–Vai... Tudo bem – ela respondeu forçando um sorriso para o homem

O taxista começou a seguir caminho pelas ruas

–Aonde vamos? – o rapaz perguntou

–Um lugar especial para mim – ela encostou-se no estofado e suspirou – qual o seu nome?

–Não sabe? – ele ficou surpreso – Jacob disse que você sabia o nome de todos nós

–Parece que não todos, - eu dei de ombros – tudo que eu sei é que você é um.... Lobisomem – ela sussurrou a última parte – Você cheira como um

–E você é uma vampira? – o rapaz perguntou direto parecendo curioso

Scarlet riu, escolhendo simplesmente não responder

–Seth Clearwater – o rapaz moreno estendeu a mão para Scarlet, ela prontamente apertou sua mão, e ele sorriu satisfeito, a loira não conseguiu deixar de notar o quanto ele fica mais bonito... E fofo, quando sorria. Por que ela não se lembrava dele?

–Sou Scarlet, mas acho que você já sabe

–Eu acho que você me deve um “obrigado”

–Eu devo? – ela levantou uma sobrancelha

–Sim, como você acha que ainda estava viva?

–Você é o doador de sangue? – ela sorriu – Obrigado, Seth

–Tudo para a garota que está nos ajudando, O negativo é um tipo mais difícil de encontrar, e estamos em uma cidade pequena, você teve sorte – ele respondeu sorrindo – já sabe onde os Cullen estão?

–Não. Onde? – Scarlet ficou mais séria

–Vamos fazer uma viagem e tanta, Egito. Amigos do Carlisle que nos ajudaram durante, um “confronto” com os Volturi vão ceder a cada para nós

–Mas não é um pouco óbvio para os Volturi que vamos para lá?

–Obvio talvez, mas é um palácio muito seguro

–Palácio? Seguro?

Scarlet realmente não sabia o que Seth queria dizer com isso, que tipo de construção seria assim tão segura para abrigar toda a família dos Volturi? Ela também não conhecia esse Clã de vampiros do Egito, mas se os Cullen confiavam, quem seria ela para não confiar?

–Eu também não entendo direito ainda... E sobre o que aconteceu no quarto, eu realmente...

–Não, não tudo bem – Scarlet o interrompeu um pouco desesperada, ela realmente não queria entrar nesse assunto constrangedor, pois sabia como ela ficaria, mas era tarde demais, pois ela já estava vermelha como um pimentão – é sério, tudo legal

–Você está vermelha, - ele riu, e ela ficou ainda pior – eu não sabia que você podia ficar assim

–Você não sabe nada sobre mim, Seth

–Tudo bem, Scar. Temos tempo para nos conhecer

Antes que ela pudesse pensar em uma resposta, Seth abriu a porta e saiu do táxi, a loira nem havia percebido que eles haviam chegado a sua parada

“Scar…” o jeito que ele havia a chamado ficou na sua mente. Desde que se lembra por gente, não conheceu muitas pessoas na vida, e não foi uma criança cercada por amiguinhas, por isso nunca esteve sujeita há muitos apelidos, sua mãe sempre a chamava de “porcelana”, então era a primeira vez que alguém a dava um apelido assim

–É mesmo aqui que quer ficar moça? – o taxista perguntou parecendo preocupado

Scarlet olhou pela janela e viu apenas mato, eles estavam parados no meio de uma estrada que seguia para Port Angeles, de frente a uma trilha que era frequentemente usada por turistas aos domingos

Durante a semana, o lugar era deserto, e poucos carros passavam. O taxista provavelmente estava preocupado com a vida da loira, que estava sozinha com um rapaz alto e forte que entrou diferente no carro, e pelo que parecia mal se conheciam

–Sim, sim – ela sorriu – Seth e eu precisamos ir a um lugar

–Não, o problema não é o rapaz, esse lugar tem históricos de ataques de lobos, tome cuidado

–Com todo respeito senhor, esses lobos é que deviam ter medo de mim – Scarlet deu um meio sorriso enquanto saia do táxi