Byakuya acordou cedo no outro dia, preparando-se para ir ao trabalho no esquadrão. Percebia em seu rosto as leves olheiras aparentes em sua pele tão branca. Por que? Certamente culpa de um misterioso homem de cabelos ruivos que insistia em povoar a cabecinha do nobre Kuchiki.

Não dormira nada durante a noite, apenas relembrando todos os acontecimentos. Se fechava os olhos, sua imaginação se permitia a ousadia de projetar coisas que nem haviam acontecido. Coisas que faziam o Kuchiki ficar mais vermelho quanto os cabelos do homem. Talvez tenha cometido mais pura e doce loucura, ao ficar com agarramentos durante a festa e ainda por cima com outro homem! Meu Deus o que estava pensando! E se alguém os pegasse ali? Balançou a cabeça, espantando esses pensamentos. Estava feito, não tinha mais volta.

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Já no esquadrão, aproveitou para relaxar a postura e tentar se concentrar, limpar a sua mente dessas duvidas e pensamentos, já que Renji ainda não havia chegado. Mas esse momento estava prestes a se esgotar em um minuto.

– Bom dia, Kuchiki Taichou. - o ruivo o saudou fazendo uma leve mensura.

Byakuya o respondeu com um aceno de cabeça. Talvez sua expressão tivesse muito alterada para encará-lo, havia sinais de uma noite mal dormida. Não queria dar motivos para que seu Fukutaichou percebesse que havia algo fora do normal, pois sabia que ele ficaria preocupado e não estava nem um pouco afim de contar o que acontecera na noite de ontem. Depois que ele se ajeitou em sua mesa, ele deu uma olhada rápida para o ruivo.

Aqueles cabelos eram tão ruivos quanto os do homem da noite passada. Engraçado isso, afinal não se encontravam muito ruivos no Seireitei. E fora que parecia que eles tinham o mesmo porte físico, e a voz meio rouca era bem semelhante....Meu Deus, o que estava fazendo? Estava ficando louco? Será que esse homem o enfeitiçou tanto a ponto de compará-lo com seu reles Fukutaichou?

Ainda encarava o Abarai quando voltou a si, e ficou vermelho quando percebeu que ele correspondia o olhar, parecendo intrigado. Encarou-o nos olhos por instantes suficientes para ficar completamente perplexo. Abaixou o olhar rapidamente depois daqueles longos segundos, encarando os papéis para que não demostrasse que algo estava errado.

Aquele olhar era tão sedutor e familiar para não dizer idêntico. Sua cabeça começou a maquinar devagar as coisas, relembrando as cenas, tentando desesperadamente perceber algo que desse uma explicação para o que acontecia ali. Mas todas as explicações e percepções terminavam na mesma resposta: talvez Renji fosse o seu tão misterioso ruivo. Era isso ou ele estava ficando completamente louco.

A tarde foi passando e essa ideia não saia de sua cabeça, atormentando-o. Passou a observar o rapaz mais atentamente, em busca de algo que pudesse lhe dar um ponto a mais, mas até então não havia conseguido muita coisa. Não haviam evidencias e nem comentários de que ele esteve na festa e, tirando a semelhança física, não tinha pistas de nada. Talvez ainda estivesse muito impressionado com o que acontecera na noite passada.

– Taichou? - o ruivo chamou a sua atenção, vendo que ele parecia estava distraído.

– Sim. - Byakuya o olhou de relance e voltou-se para os papéis.

– Vou até o 13° esquadrão levar aqueles relatórios que o senhor me pediu mais cedo.

Byakuya apenas respondeu com um som afirmativo, evitando trocar olhares com ele, afim de que eles não se constrangessem outra vez. Assim que o rapaz saiu, ele suspirou aliviado relaxando a postura. Precisava ter essa certeza de qualquer forma. Só não sabia como. E também não chegaria para o Abarai perguntando coisas estranhas, nem falaria sobre a festa, pois se ele realmente fosse o seu ruivo, ele já saberia. Se não ficaria bem desconfiado ou achando que seu Taichou tinha ficado enlouquecido. E Byakuya estava quase lá.

Decidiu se concentrar no trabalho, que ele ganhava mais. Sacudiu a cabeça, espantando as dúvidas e pensamentos sobre ao assunto. Era melhor esquecer essa história. E pensando assim, o moreno começou a mexer com os papéis, assinando e separando. E passou um bom tempo ali entretido com o que fazia, até terminar. Nada melhor que o trabalho para ocupá-lo. Se levantou, pegando a pilha de papéis e deixando-os sobre a mesa do Fukutaichou. Agora aquilo era trabalho para Renji.

Como não havia muito o que fazer, decidiu que daria uma volta para arejar a cabeça. Pegou uma caneta qualquer e a segurou pensando em deixar um aviso para o Fukutaichou de que ele precisaria se ausentar. Procurou por um papel em branco por sobre a mesa do ruivo e como não encontrou, abriu uma das gavetas que haviam embutidas na mesa. Sabia que ele guardava um bloco de anotações por ali. Visualizou o papel e o puxou, sem contar que ele traria consigo uma surpresa.

Byakuya ficou paralisado, completamente perplexo. Pegou o objeto e mãos para ter certeza de que não estava louco o suficiente para ver coisas desse tipo. Encarava a máscara negra com espanto e descrença. Isso só poderia significar uma coisa: Renji era realmente o seu ruivo tão misterioso e sedutor. Mas como isso era possível? Ele era só....o Renji. Mesmo tendo a prova nas mãos ele precisava ter uma certeza completa.

A chegada do fim da tarde trazia Renji de volta. Ele adentrou na sala normalmente, fazendo apenas uma leve reverência ao Taichou, que não parava de encará-lo. Foi se para sua mesa até intrigado com isso. Será que havia feito algo de errado para o homem estar olhando para ele daquele jeito até agora?

– Renji...- o nobre tomou coragem de dizer algo, suspirando profundamente. - Precisamos conversar.

O ruivo sentiu um frio na espinha. Devia estar encrencado para que Byakuya falar assim com ele. Ele se levantou e foi até o Taichou, que o acompanhava com o olhar. Se colocou de frente para ele, apenas com a mesa separando os dois.

– Feche os olhos. - o Kuchiki ordenou, deixando sua voz tão firme estremecer por um instante.

E não foi apenas a voz do Taichou que estremeceu, mas Renji também. Estava tudo muito estranho desde que chegou ao esquadrão pela manhã. Ficou paralisado por alguns segundos, tentando entender o por que daqui tudo, antes de obedecer a ordem que lhe foi dada.

Assim que o Abarai fechou os olhos, Byakuya pegou a máscara nas mãos e se inclinou sobre a mesa, encaixando-a perfeitamente no rosto do ruivo. Retirou a bandana que enfeitava a testa do ruivo e em seguida, soltou seus cabelos. Seus olhos se arregalaram prontamente com a visão que estava tendo.

O mistério chegou ao fim: Renji era realmente aquele homem, tão sedutor que o conquistou durante a festa. Era por isso que aquele homem parecia tão familiar para si, mas jamais imaginaria que ele fosse Abarai Renji, seu devoto Fukutaichou, nem que ele poderia o envolver daquela forma tão intensa.

Renji infelizmente não pode visualizar, mas Byakuya sorriu.

Se aproximou do ruivo, se enchendo de coragem e sem pensar em mais nada, o beijou. Um beijo curto, mas com uma vontade bem explicita. Depois disso Renji abriu os olhos e imaginem a surpresa em sua face depois que o Taichou o tinha beijado. Visualizou o homem, com o olhar perdido e os dedos nos lábios.

– Então era você...- Byakuya o encarou fascinado. Teve mais do que certeza do que dizia depois que provou daqueles lábios. -...o homem na festa.

– Sim. - o ruivo respondeu e abaixou o olhar sorrindo.

– Sabia que era eu não sabia? - o moreno ergueu uma sobrancelha. O ruivo confirmou com a cabeça e ele continuou. - Então por que? Por que me seduziu e deixou que tudo aquilo acontecesse?

– Porque...- Renji se aproximou e levou a mão ao rosto de Byakuya, acariciando a pele alva. - ...eu amo você. Mas não sabia como te dizer isso.

– Me...ama? - O Kuchiki franziu o cenho, deixando a surpresa o dominar outra vez.

– Amo. Mais do qualquer coisa. - o ruivo sorriu. - E isso...- ele retirou a máscara e olhou para ela, colocando-a na mesa do Taichou em seguida. - ...foi só uma saída que encontrei para demonstrá-lo.

Byakuya ficou ali paralisado pelo momento, pelas palavras. Não sabia o que dizer, nem mesmo o que fazer. Então se deixou levar por Renji, que o trazia para mais perto, colando os corpos num abraço aconchegante.

Depois de alguns segundos eles se entreolharam, e o nobre Kuchiki pode experimentar novamente daquela sedução, o envolvendo aos poucos até que eles se beijassem. Que começou terno e foi ganhando profundidade, enquanto as mãos começavam a buscar o corpo um do outro.

Logo, Renji prensou o moreno contra uma das paredes da sala, aumentando a intensidade dos toques, mesmo sem se permitir avançar muito. Deixou os lábios dele para se aproveitar do pescoço, sentindo o perfume, provando da pele alva, deixando uma trilha de beijos no caminho até a orelha. Byakuya arfava meio descompassado com a agitação repentina e os carinhos do ruivo, que ficavam mais intensos e provocantes.

– Renji...- o Kuchiki apoiou as mãos no peito do rapaz, afastando-o com gentileza. - Aqui não.

Ele afastou o rosto, sem deixar que Byakuya escapasse de seu abraço. Deu um sorriso meio sem graça. Só agora havia se tocado do que estava fazendo: agarrando seu Taichou no meio da sala dele.

Ah, sim. O seu Taichou. Tinha mais do que certeza de que agora Byakuya era seu, como sempre quis. E o Kuchiki não podia mentir. Queria agora, mas do que tudo, ser daquele ruivo para sempre.

E finalmente admitiu para o ruivo e para ele mesmo que ele tinha conquistado realmente seu coração e descobrido um novo amor por trás de tantas máscaras naquela noite e em sua vida toda.