Loser Like Me escrita por Siaht


Capítulo 4
Sobre quase afogamentos, anjos ruivos e salões comunais


Notas iniciais do capítulo

Olá, losers do meu coração!!! ;D
Vocês foram tão lindos nos reviews que tentei não demorar muito.
Espero que gostem!



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Na primeira vez que Melanie Wood viu Louis Wealsey, ela estava se afogando, ou algo assim. Era primeiro de setembro do seu primeiro ano em Hogwarts e em algum momento da viagem de barco até Hogwarts, ela caiu na água. Era uma garotinha pequena, de rosto redondo e sorriso fácil, distraída com toda a magia e empolgação de estar finalmente indo a Hogwarts. Nunca entendeu muito bem o que aconteceu, aquilo era simplesmente o tipo de coisa que ocorria frequentemente em sua vida. Além de ser um desastre ambulante, era também a pessoa mais azarada do mundo. Merlin deveria ter sérios problemas com ela. De qualquer forma, com o passar dos anos, a Wood parou de ver aquele momento como fruto de seu azar e começou a enxergá-lo como um raro momento de sorte.

Estava na água fria, assustada e se esforçando para não se afogar quando uma mão se estendeu a puxando para cima. Sentiu-se imediatamente grata, mas só quando estava de volta ao barco e Hagrid envolvia seu corpo trêmulo em seu gigante casaco, ela verdadeiramente prestou atenção em seu herói: um garotinho loiro, dono dos olhos mais azuis e gentis que ela já vira.

Ele estivera sentado ao seu lado desde o momento em que entrara no barco, mas, distraída como sempre, não o havia percebido. Ainda assim, quando a viu cair, ele imediatamente se apressou em ajudá-la. Fora um ato instintivo, sequer conhecia a menina, mas sabia que precisava ajudá-la. O Weasley, então, a perguntou se estava bem e quando ela, ainda trêmula, assustada e envergonhada, confirmou com a cabeça, ele lhe abriu seu maior sorriso. E tudo o que ela conseguiu pensar foi que ele tinha covinhas quando sorria e isso era fofo.

Após Hagrid se assegurar que a menina estava bem e seguirem a viagem, Louis se sentou ao seu lado. Melanie estava vermelha como um pimentão e completamente envergonhada. Conseguia ouvir os sussurros e risadinhas ao seu redor, mas o garoto resolveu puxar assunto e, embora a Wood fosse extremamente tímida, em pouco tempo eles já sabiam tudo o que podiam saber um sobre o outro. A conversa se estendeu até pouco antes de encararem o chapéu seletor. O sobrenome de ambos se iniciava com “w”, o que os fazia praticamente uns dos últimos da fila. Havia Rose entre os dois, mas o garoto ficou ao lado da nova amiga até o momento em que chamarem seu nome. Ambos estavam nervosos e a menina ainda tremia, mas dessa vez nada tinha a ver com frio.

Quando Louis foi chamado, o Chapéu Seletor precisou vários minutos para enviá-lo a Lufa-Lufa. Quando a vez de Melanie chegou, após o escandaloso momento em que Rose Weasley foi mandada para a Sonserina, a garota tropeçou nos próprios pés e caiu de quatro, fazendo o salão inteiro se encher de risos. Ainda assim, conseguiu reunir toda a dignidade que lhe restara e se sentar no banquinho. Estava molhada, com frio, com os joelhos ralados e apavorada, mas Louis lhe sorriu da sua nova mesa e quando o Chapéu tocou sua cabeça não precisou de mais que meio segundo para gritar: Lufa-Lufa!

Aquilo a assustou um pouco, afinal seus pais foram da Grifinória e seu irmão também pertencia aos leões. Ela sempre soube que não era corajosa, mas a perspectiva de se afastar da família a deixou insegura, pelo menos até visualizar o Weasley a aplaudindo da mesa preta e amarela. Quando se sentou ao seu lado, recebendo o cumprimento dos veteranos, a Wood sentiu que tudo ficaria bem e que não havia nenhum outro lugar no mundo em que gostaria de estar.

Era em tudo isso que Melanie pensava enquanto, sentada mais uma vez ao lado de Louis, assistia a seleção das casas. Os primeiro-anistas pareciam divididos entre o pavor e o encantamento e ela não pode deixar de sorrir solidária. Scorpius Malfoy reclamava sobre como aquilo estava demorando demais e ele estava morrendo de fome. E Lyla Stuart reclamava sobre como o amigo estava sempre com fome. Caroline flertava com um garoto do sétimo ano e Frank parecia interessado demais na mesa da Grifinória.

Após a cerimônia acabar e Minerva McGonagall fazer seu tradicional discurso de boas-vindas, o banquete foi servido, para a alegria de Scorpius. O apetite do garoto era gigantesco e, às vezes, os amigos se questionavam se ele havia realmente sido criado pelos Malfoy, afinal seus modos a mesa estavam longe de ser impecáveis. Isso ficava ainda mais claro enquanto devorava duas coxas de frango ao mesmo tempo. Astoria Malfoy provavelmente teria um infarto se o visse naquele momento. Ainda assim, a alegria do rapaz durou pouco. Uma vez que, ver Rose Weasley aos beijos com Jesse Zabine, na mesa da Sonserina, era suficiente para lhe causar muito mais do que uma indigestão. É claro, que ele já havia visto a garota beijando outros rapazes, muito mais vezes do que gostaria, diga-se de passagem, mas aquilo era sempre algo incômodo e, de certa forma, doloroso.

Scorpius não sabia se havia sido amor à primeira vista. Na verdade, nem sabia se acreditava em algo tão ingênuo como amor à primeira vista. Mas sabia que Rose mexeu com ele desde a primeira vez que a viu. Foi na Plataforma 9 ¾, em primeiro de setembro do seu primeiro ano em Hogwarts. O garoto se despedia dos pais quando a viu o observando com curiosidade. É provável que aquela tenha sido a única vez em que a garota percebeu sua existência. Durou apenas um segundo, então, ela desviou os olhos. Seu pai enviou um aceno de cabeça aos adultos que estavam ao seu redor, mas o garoto só tinha olhos para a menina. Ela parecia um anjo ruivo! Era provavelmente a garota mais linda que já havia visto. Seus cabelos flamejavam como fogo e, enquanto conversava com um garoto que parecia ter sua idade, sorria de um modo capaz de arrancar o fôlego do jovem Malfoy.

Ainda estava distraído com a figura angelical da garota, quando ouviu um pedaço da conversa dos pais. Não muito, afinal não estava realmente prestando atenção, mas os sobrenomes Potter e Weasley se destacaram na conversa e não foi preciso muito para que o menino compreendesse que aquelas pessoas eram membros dessas famílias.

Aos 11 anos, Scorpius já sabia tudo o que um garotinho da sua idade poderia saber sobre a Segunda Guerra Bruxa. Quando sua carta de Hogwarts chegou seus pais não tiveram outra escolha a não ser sentar-se com ele e tentar lhe explicar o que acontecera. Não fora fácil para Draco contar ao filho, que sempre o vira como um herói, que já esteve bem longe disso, mas o menino iria acabar sabendo e era melhor que fosse por ele. Precisava também se preparar para difícil missão que seria carregar o sobrenome Malfoy. Eles já não tinham metade da glória que um dia possuíram e a comunidade bruxa não se esqueceria tão cedo de seu papel ao lado do Lorde das Trevas. Eram os “vilões” da história e infelizmente Scorpius teria que carregar esse fardo.

De qualquer forma, naquele momento o jovem Malfoy só conseguia pensar na menina de vibrantes cabelos vermelhos. Ele gostava de cores, quanto mais fortes e vibrantes melhor, talvez o fato de viver na sempre escura, cinza e sombria Mansão Malfoy fosse responsável por isso. Cores eram sinônimos de alegria e vida e Rose exalava tudo aquilo. Ainda assim, no momento em que o rapaz a vira aos beijos com o Zabine toda sua alegria e vida foram repentinamente sugados e até mesmo sua fome desapareceu.

Louis vendo a expressão do amigo desmoronar, seguiu seus olhos e rapidamente entendeu do que se tratava. Suspirou.

— Eu ia te contar. – disse atraindo a atenção dos outros. – Só estava esperando o momento certo.

— Eles estão...? – o Malfoy quis saber.

— Namorando. – o Weasley confirmou. – Desde o início do verão.

Scorpius respirou fundo, deixando as coxas de frango sobre a mesa.

— Perdi a fome.

— Scorp... – Melanie começou, mas antes que ela pudesse oferecer qualquer palavra de conforto, Caroline a interrompeu.

— Pelo amor de Merlin, Scorpius! Você tem que esquecer essa garota! Você é tão legal, divertido, especial e, apesar dessa sua boca descomunalmente grande, gato. Merece alguém que goste de você e te faça feliz. Alguém melhor que essa ruiva cretina, que se acha o último feijãozinho de todos os sabores do pacote.

— Eu odeio admitir, mas a Caroline está certa. – Lyla concordou. – Você merece alguém que goste de você de verdade e não ficar sofrendo pela Weasley.

— Vocês acham que eu escolhi isso? Que gosto de sofrer? Se tivesse opção não gostaria dela, mas não tenho. – Scorpius desabafou, mal humorado.

Melanie lhe enviou um sorriso compreensivo.

— A gente sabe que você não manda no seu coração e que essas coisas de amor não fazem mesmo muito sentido. Nós só não queremos te ver sofrer, porque te amamos e você não merece. Ainda assim, se precisar sofrer, sofra; se precisar chorar, chore. Não adianta tentar matá-los, sentimentos foram feitos para serem sentidos e isso é tudo o que podemos fazer. Com o tempo eles se esvaem sozinhos ou ficam ainda mais fortes. Só podemos esperar. – ela disse docemente.

— Uau! Melanie Wood filosofando como sempre! – Frank brincou, arrancando risadas dos amigos, mas em seus olhos havia aquele brilho malicioso de quem sabe um segredo e a Wood sabia muito bem do que se tratava.

Scorpius lhe sorriu agradecido e o resto do jantar seguiu normalmente, com conversas triviais sobre Quadribol, o tempo, as aulas e um pouco mais do que haviam feito no verão, pelo menos a parte que podia ser comentada sem censuras em um local público e cercado por alunos do primeiro ano. Caroline não teve muito o que falar sobre o último tópico.

.

.

Quando o banquete finalmente acabou, os alunos começaram a se dirigir aos seus salões comunais. Os primeiro-anistas seguiam os monitores com um misto de fascínio e curiosidade. Para os veteranos a empolgação também era grande, afinal estavam voltando para sua segunda casa. Os lufanos, então, caminharam em direção aos porões. Seu salão comunal ficava no corredor da cozinha, após uma grande pintura de natureza morta. Ao lado direito de uma escada se encontrava uma grande pilha de barris. Era algo aparentemente irrelevante que os desavisados apenas ignorariam. Os alunos da Lufa-Lufa, no entanto, sabiam como aquilo era importante.

O segundo barril a partir da base, no meio da segunda fileira, se abria sempre que se batia nele no ritmo do nome “Helga Hufflepuff’, revelando, assim, o salão comunal. Esse era apenas mais um dos segredos que os lufanos guardam. Quase ninguém além deles saberia a real localização de seu salão comunal e como acessá-lo. Afinal, quem imaginaria que uma pilha de barris poderia ser uma porta? Além disso, caso alguém batesse no barril errado, ou mesmo escolhesse o certo, mas errasse o número de batidas, uma das tampas de algum outro barril estouraria, encharcando a pessoa com vinagre. Os alunos do primeiro ano se assustaram um pouco com a informação, mas não era tão difícil quanto parecia e um pouco de vinagre nunca matou ninguém.

De qualquer forma, eles não tiveram muito tempo para pensar no assunto, enquanto adentravam uma passagem terrosa e inclinada e caminhavam em direção ao salão comunal. A sala era redonda, acolhedora e de teto baixo, dizia a lenda que buscava se assemelhar a toca de um texugo. Ainda assim, a sala era ampla, com vários sofás e almofadas espalhadas por todo lugar, tornado tudo mais aconchegante. Havia também vários vasos com plantas e flores coloridas pelo salão. Cactos dançantes ficavam em prateleiras de madeira circular (curvadas para encaixar nas paredes), os cactos costumavam ser bastante simpáticos e estavam sempre acenando para os alunos. Pratos de cobre com samambaias e heras ficavam presos no meio do teto.

As janelas eram pequenas e redondas e se localizavam ao nível do chão e, consequentemente, da parte inferior do castelo. Elas revelavam uma adorável vista da grama e dentes de leões e, muitas vezes, era possível até mesmo visualizar os pés de alunos que por ali passavam. Por serem baixas, toda luminosidade entrava por ali, fazendo com que a sala parecesse sempre ensolarada.

No centro do salão havia ainda uma grande lareira de madeira, decorada com a imagem de texugos dançando. Acima dela ficava o retrato de Helga Hufflepuff, segurando uma taça de ouro e saldando seus alunos com um brinde. Em cada canto da lareira existia uma grade porta redonda, feita de madeira cor de mel, que levava aos dormitórios femininos e masculinos.

Os primeiro-anistas encaravam tudo com os olhos brilhando e emanando inocência. Scorpius Malfoy sorriu, se jogando em um sofá. Sentia-se muito mais à-vontade ali do que na própria casa. Caroline se sentou ao seu lado, apoiando a cabeça no ombro do amigo. Os colegas logo começaram e se espalhar pelo salão, conversando animadamente, abraçando uns aos outros e rindo de alguma piada. Algo cotidiano na Lufa-Lufa e que fazia com que todos sentissem que realmente pertenciam àquele lugar.


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Notas finais do capítulo

Bom, não gostei muito desse capítulo, mas as informações dele precisavam ser dadas. Sei que foi bem descritivo e sem muitos acontecimentos, mas o próximo vai estar cheio de ação. De qualquer forma, espero que tenham gostado.
Todas as informações sobre o Salão Comunal da Lufa-Lufa foram tiradas do Pottermore.
Até o próximo! o/
Beijinhos...
Thaís



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