Feuer Blume escrita por Alexiel Suhn


Capítulo 3
A força do fogo.


Notas iniciais do capítulo

Recadinho: Inu Yasha e cia não me pertence. Eles são de Rumiko-sensei (por enquanto)



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Feuer-Blume

Capítulo III

A força do fogo.

- Rin...

Sesshoumaru não pôde evitar a surpresa ao ver o estado da garota. Tremia compulsivamente, tinha o kimono molhado e sujo além de possuir alguns machucados. E mesmo assim parecia estar dormindo, um sono intranqüilo, parecia estar sendo perseguida, torturada. Não sabia ao certo.

O youkai olhou para onde deveria estar o garoto, mas nada achou. O que havia ocorrido? Por que Rin-chan estava naquele estado? Observou-a dormir inquieta, e falava coisas indecifráveis. Aproximou-se da garota agachando-se até ela e tocando-lhe o rosto que ardia em febre.

- Rin... Acorde. – falou próximo ao ouvido da garota suavemente de modo quase inconsciente.

- Se...sesshoumaru-sama... – ela falava ainda de olhos fechados, como se fizesse esforço para falar.

Notava a face de a garota franzir-se como se estivesse com uma intensa dor. Maldita hora em que ele aceitou que ela fosse consigo, afinal, acabara de sair de uma forte gripe, e humanos não são lá resistentes. Mas apenas por querer sua companhia, apenas por querer estar perto dela a todo instante é que permitiu que o acompanhasse.

Passou seu braço em torno do corpo da garota e a segurou firmemente. Enquanto voltava havia avistado uma caverna onde poderia cuidar de Rin. Postou-se de pé com ela em seu colo e começou a ir o mais rápido o possível na direção da caverna.

Não sabia o que o impulsionava a fazer isso por ela. Não sabia por que sentia um forte aperto em seu peito ao olhar o estado dela. Apressou seus passos ao ouvi-la gemer de dor fazendo com que ele a pressionasse contra seu corpo mais firme para, assim, ela poder esquentar-se com o calor do corpo do inu youkai.

O tempo que estivera fechado não mudara durante o decorrer desse tempo. Os raios cortavam o céu trazendo em seguida os tremores de seu poder. O vento começara a aumentar e consigo trouxe uma vasta chuva que começava arrasar tudo que havia em sua frente.

Sesshoumaru a pôs deitada sobre seu manto. E seu estado deplorável do momento trazia-lhe a memória de quando ela estava doente alguns dias atrás. Ardia em febre e viam-se as gotículas de suor passar por seu rosto de delicados traços. Ele olhou para fora da caverna e franziu a região entre os olhos, ainda continuava a pensar sobre o que havia ocorrido com a criança.

- - -

Não muito longe dali. Sentado sobre um enorme rochedo estava Renji. As gotas da chuva que caiam sobre si apenas evaporavam enquanto seu olhar sério permanecia na direção da caverna na qual estavam Sesshoumaru e Rin. Não pode evitar olhar para o lado ao vislumbrar uma pequena sombra mover-se vagarosamente, como se estivesse tendo grande trabalho de se mover.

Aos poucos a imagem distorcida pela escuridão torna-se mais nítida tirando o lugar dos borrões e aparecendo a pequena criança que acompanhava Rin. Não possuía ferimentos, nem aparentava estar doente, mas seus olhos estavam opacos e seus ombros baixos enquanto olhava para o chão. O garoto ficou frente a frente com Renji e levantou-lhe a mão lhe estendo a magnífica Feuer Blume.

- Bom trabalho meu pequeno garoto. – ouviu-se a voz grave e passiva de Renji enquanto ele observava a flor em uma das mãos e com a outra tocava o topo da cabeça de Akito em parabéns.

- Posso... voltar... para meus... pais? – perguntou Akito com a voz falha e longínqua como se fosse outro a falar por ele.

- Volte para casa criança. – respondeu Renji desprendendo seus olhos da flor e fitando o pequeno garoto – Você merece seu descanso pequena alma.

O demônio do fogo observava a criança afastar-se para dentro da escuridão, mas antes de sumir de seus olhos o fogo rodeou o menino e após apagar-se se via que a criança nada mais era que um espírito perdido de seu caminho.

- Talvez você ache em seus passos alguém que possa mostrar-lhe o caminho até seus pais. – foram as palavras baixas de Renji voltando a fitar a flor.

Encontrara a alma do menino vagando na procura dos pais que provavelmente haviam sido mortos por bandidos também. Precisava de alguém que o ajudasse chegar até a garota e Akito havia aparecido para ajudar. Houve trabalho para convencer o espírito a ajudá-lo, mas com algumas "palavrinhas" convictas fez com que o menino ajudasse-o. Depois disso apenas materializara um corpo para ele através do fogo.

Renji levou sua mão para tocar nos fios de fogo da flor, mas os ventos aumentaram no momento que aproximara sua mão e um raio caíra próximo de si.

- Hmm... eu sei que não me pertence. Apenas queria apreciar sua beleza novamente. – o demônio falara para a flor que movia suas pétalas num balançar melódico.

- - -

Ouvi-la gemer de dor feria seus ouvidos que eram tão aguçados. E senti-la tremer o fazia sentir-se inútil naquele momento. Ele a abraçou sem pensar muitas vezes. Fechou os orbes dourados segurando-a contra seu corpo. Queria aquecê-la. Queria protegê-la. Mas, simplesmente, não poderia fazer muita coisa naquela turbulência.

- Feuer-blume... – foi o sussurrado da voz de Rin franzindo toda a face em seguida da pronuncia.

Feuer-blume? Como era possível? Como ela soube daquela flor? Nunca soubera dela, e raramente algum humano a conhecia. Raro por que a lenda aos poucos fora se perdendo entre os humanos e youkais. Rara por que era magnífica até em seu ver.

Ouvira há muitos e muitos anos uma história. História que para moças humanas era romântica, mas que para ele não passava de meros e inúteis dizeres de um humano.

Sim! Lembrava-se perfeitamente do dia. Era como se houvesse escutado há poucas horas. Até poderia sentir a brisa que no dia lhe tocava o rosto no momento.

- - - Flash Back - - -

Sesshoumaru tinha na face uma expressão mais jovial. Continuava sério e frio como normalmente era, mas apresentava ser mais novo. Repousava recostado a um tronco de uma enorme árvore enquanto observava o grandioso céu límpido. Naqueles tempos não havia servo algum para lhe perturbar, e nem humanos que o acompanhassem. Era uma época de paz, para ele... e também, de completa solidão.

A brisa fresca que provinha do mar próximo lhe tocava os cabelos prateados fazendo-o fechar os olhos dourados. Mas ao longe poderia ouvir perfeitamente o humano proferir suas palavras. Mais uma vez seu ouvido aguçado lhe permitia escutar àquela história que a ele nada significava.

- Há muitos e muitos anos... em um reino felicitado de alegrias e riquezas, abençoado pelos deuses, onde a paz entre humanos e youkais acontecia como um campo floreado de magníficas flores silvestres. – proferia o homem que aparentava, pela voz, ser mais velho – Nesse reino. O reino de fogo havia uma jovem muito bela. Emanava de seu sorriso a mais pura inocência, e tinha muitos olhos desejosos que a queriam, mas, todos, ela rejeitara pelo simples fato de não poder amá-los. Ela não queria alguém que lhe entregasse as mais jóias caras e as roupas mais luxuosas. Desejava alguém que lhe desse todo o carinho que sempre sonhou.

"Um dia a jovem acordara muito entusiasmada. Não sabia ao certo o motivo de estar de tal maneira, mas também não iria reclamar por estar feliz. Muitos diziam que seu sorriso irradiava a luz, que trazia a felicidade e..."

- É possível haver uma pessoa assim? – perguntou um garoto que provavelmente estava escutando – Alguém que sempre sorri que sempre trás alegria aos outros? Impossível. Duvido muito.

- Existem sim. São pessoas que agradecem todos os dias por terem a vida, a pessoas com que possa conviver e cuidar. Esse... – e o mais velho frisou muito bem o "esse" –... é o poder mais belo, e raro que se pode encontrar. Por que apenas os puros de coração e alma são capazes de amar.

O silêncio naquele momento predominara. Não sabia se eles haviam ido embora ou se apenas estavam refletindo, mas sua dúvida acabara-se logo em seguida ao ouvir a voz do mais velho.

- O dia estava belo e ela saíra para colher suas flores como todas as manhas costumava fazer. Enquanto caminhava cantarolava uma canção que tantos adoravam por sua voz ser tão suave e delicada. Mas sua voz cessou ao avistar, caído no chão, um youkai. Ela aproximou-se dele sem temer e tinha na face uma expressão de preocupação ao notar que o mesmo encontrava-se ferido gravemente no peito. Ao encará-lo sentiu o coração soar mais forte e a pulsação aumentar. Desconhecia os sintomas do amor ainda, e como esperado ela o ajudou sem saber o que um dia aconteceria.

"Após alguns dias, o youkai estava completamente curado. Muitos dizem que ele tinha a pose de um deus e a face de um anjo. Junto a jovem suas belezas eram condecoradas. Não houve muito a demorar e o youkai se apaixonou profundamente pela jovem. Mas ele não pertencia àquele reino e tinha que partir com a promessa de que voltaria para ter a jovem apenas para si..."

- Mas que estranho... por que ele já não a levou? – indagou o garoto.

- Não seja apressado. Deixe-me terminar e você saberá. – respondeu o ancião com uma grande paciência – Passaram-se dias, noites, semanas, meses... quando completaria um ano da partida do youkai ele retorna. A surpresa arrebatou a jovem quando escutou o pedido desesperado do youkai para fugirem. Sem pensar em muitas escolhas ela arrumou suas coisas para partirem juntos. Já estavam nos campos das flores quando tiveram que parar ao avistarem dois outros youkais a sua frente. O homem tinha uma pose altiva e observava o que estava com a jovem humana com um olhar de pura repugnância...

"E o outro youkai era uma fêmea daquela espécie. Ambos observavam os jovens com desprezo e uma adaga vagava habilmente pelas mãos da youkai que possuía seus olhos presos a imagem da jovem humana. A palavra traição soou pela madrugada e um fio de sangue cortou a noite. A jovem humana havia caído nos braços de seu amado ao tentar protege-lo de ser morto, mas isso havia lhe custado a vida e, por fim, acabou morrendo abraçada ao youkai..."

- E o youkai?

- Brigou. O coração dele estava cheio de magoa por tê-la perdido. Lutou até não conseguir mais distinguir o chefe de seu clã e a filha dele. Destruiu-os completamente. Demonstrou todo seu poder diante deles e de seu amor perdido. Quando tudo acabou e ele estava banhado a sangue foi até a garota e a tomou em seus braços. Ele observou o rosto dela enquanto uma lágrima escorre de seu rosto e uma luz os envolvia. Muitos dizem que ele havia tentado traze-la de volta a vida com seus poderes, mas isso apenas fez com que ele fosse consumido até a morte também. Mas no amanhecer as pessoas não viram um cenário de terror, e sim de pura luz.

- O que era?

- Uma flor cheia de magia. Uma flor que era rodeada por chamas. Que emitia uma luz tão forte quanto o sorriso que pertencia a jovem e a beleza que acompanhava o youkai. Mas quando os moradores aproximaram-se para pega-la ela simplesmente sumiu. Depois disso os ventos soam que a Feuer-Blume aparece de duzentos a duzentos anos.

- Por que duzentos?

- Oras meu pequeno. Nem sempre há respostas para todas as perguntas. Mas muitos dizem que duzentos era a idade do youkai. Outros já falam que é a média de tempo que suas almas tentam renascer. E outros tantos ficam em silêncio apenas tentando achar a flor.

- Eu vou achar a flor. – falou o garoto animadamente.

Ouviu-se uma risada do mais velho e em seguida os passos deles foram-se ouvidos se afastando.

- Você a encontrará.

- - -

- Se-sesshoumaru-sama... – o sussurrar da voz dela o chamando o despertou para o presente.

O youkai baixou seus olhos âmbares para a garota e fitou os orbes sem foco dela. Ele sentiu os fracos braços dela o envolver e encostar o delicado e frio rosto no peito dele.

- Por favor. Proteja-me de... – ela parou de falar pressionando os dedos contra o quimono do youkai ao apertá-lo.

- Rin. – foi o chamado de Sesshoumaru ao ouvir os batimentos dela baixarem.

Protege-la de que? Ou de quem? Estava descobrindo um novo sentimento que nunca pensara em sentir... Desespero. Ao menos naquele momento ele se encontrava com medo. E seus nervos se batiam uns aos outros, embora não demonstrasse isso.

Sesshoumaru olhou na direção do castelo pensando que Yukino, umas das servas do castelo, poderia curar Rin facilmente. Mas no momento eles não estavam nem um pouco próximos ao castelo. Então ele teria que utilizar seu conhecimento para ajudá-la.

O youkai a pôs deitada sobre o manto e a cobriu. Aos poucos ele se levanta e sai da caverna em meio a tempestade em busca de ervas medicinais que eram necessárias naquele momento. A cada passo que dava em meio a chuva seu coração batia mais forte. Não sabia ao certo, mas não estava se sentindo bem deixando Rin sozinha naquele estado.

- - -

Esqueça tuas dores;

Esqueça tuas magoas;

Pois quando o vento passar;

Ele irá levá-las.

A humana de face cadavérica estremeceu quando o vento passou por seu corpo coberto. Mais uma vez abrir os olhos era um esforço perdido, mesmo sabendo que não havia alguém ali para ter falado aquele sussurrar. Embora que, para si, parecia mais um uivo da forte brisa do que um falar.

Naquele momento o simples movimento de respirar fazia com que todo seu corpo se contorcesse em dor. Queria chorar por algo perdido dentro de si, mas simplesmente não conseguia. Queria se mexer, mas sentia como se algo a prendesse ao chão. Queria ao menos poder falar naquele momento, mas sentia um nó em sua garganta que a proibia de tal ato.

Os ventos que estavam fora da caverna aumentavam a cada segundo arrancando árvores fortes e antigas. Enquanto os raios se alternavam em cair rotativamente próximo a caverna e deixar sua marca aprofundada no chão machucado pela chuva. Parecia uma guerra entre os elementos, em que um queria mostrar seu poder ao outro demonstrando ser o mais forte. Era uma luta interminável.

O raio cortou o céu e demonstrou sua raiva ao acertar uma árvore que o vento queria arrancar, mas nele pequenas chamas começaram a aparecer. E enquanto a chuva se preocupava em destruir o solo as labaredas aumentavam gradativamente.

Leves e calmas passadas ecoaram pela caverna isolada da guerra que estava havendo lá fora. Não era Sesshoumaru. Rin sabia disso. Seu corpo teve a reação imediata de seu medo quando o frio passou-lhe pela barriga. Ela estava com medo e incapacitada de fazer qualquer coisa. Até pensar estava lhe trazendo uma dor insuportável.

- Sua alma está se quebrando minha pequena garota. – ouviu-se o ressoar de uma estranha voz – Mas não adianta lutar quando seu espírito não tem o que precisa.

Rin tentou mexer sua mão por baixo da manta, mas o peso de seu corpo a impedia. Ela tentou respirar fundo para se recuperar do esforço, mas seus pulmões apenas se limitaram em um pequeno e rápido sussurrar enquanto ouvia um fio de água descer suavemente pelas ásperas paredes da caverna.

Renji que observava os fracassados esforços da garota levou sua mão até uma caixa mediana de madeira, que estava amarrada em sua cintura, e a abriu retirando de dentro a feuer-blume que ao notar a presença de Rin iluminou uma pequena parte da caverna.

Naquele momento. No momento em que a luz passou as barreiras de suas pálpebras, Rin sentiu-se mais leve e forte o suficiente para poder respirar profundamente. Então ao fundo, com o sussurrar esgotado do vento ela ouviu. Era um sibilado suave e baixo, mas poucas palavras daquela musica ela poderia distinguir:

Motto ima ijou ni

Agora mais que nunca
Hadaka ni natte

Exponho-me
Ikite yuku sube oshiete yo

Para ensinar o significado de ir e viver
Honno sukoshi dake

É instintivamente tão pouco [1

Rin senta-se apoiada nas mãos arfando continuamente. Viam-se as gotículas de suor repousarem sobre seu lábio superior, enquanto deixava a boca entreaberta para conseguir respirar. Seus olhos negros estavam escondidos pela rebelde franja e seus dedos enterravam-se no chão fazendo finos filetes de sangue nas pontas dos mesmos.

Uma bela mulher corria entre as flores com os olhos fechados para sentir o vento acariciar sua face. Permanecia de braços abertos como se quisesse abraçar o invisível enquanto os longos cabelos loiros e cacheados dançavam no ritmo de seus suaves movimentos. Seu sorriso iluminava sua face e esbanjava felicidade. E enquanto corria ouvia-se de sua voz uma bela canção que era acompanhada pelo vento.

- Ilya... – ouviu-se a voz grave e calma ressoar pelos ares de encontro a garota.

A jovem que agora colhia as flores ergueu seu rosto na direção de que ouviu a voz e seu sorriso alargou-se ao reconhecer quem era. Os cabelos cor de cobre, a face alva de modo angelical e a pose altiva, mas nada se comparava àquele sorriso que ele trazia na face.

- Termine a canção, por favor. – ele pediu.

Ela ficou ereta e começou a andar na direção dele em passos lentos enquanto terminava sua canção.

Eien o shireba

Sempre a observar
Donna kurayami mo

O que é a escuridão e

Itami mo itsuka kieta

Sentindo também que algum dia se apagará

- Levante-se pequena garota. – Rin ouviu a voz de Renji ecoar calmamente pela caverna.

Por um momento ela pensou que não conseguiria, mas foi sua surpresa ao notar que seu corpo reagiu à ordem do demônio.

Renji andou a pequenos passos até ela e levou sua mão até o queixo da garota levantando-o para mostrar a face dela. Um sorriso se esboçou na face do demônio ao notar os olhos vidrados dela na flor de fogo que estava em sua outra mão. Ela ergueu sua mão na direção da flor para tocá-la, mas foi impedida no momento em que o youkai a guardou na pequena caixa de madeira.

Todas as suas forças esgotaram-se no momento em que a flor foi trancada. Precisava dela, por que ele simplesmente não a entregava? Aos poucos sentiu seu corpo começar a fraquejar e cair, mas não sentiu o chão e sim as mãos do demônio envolver-na e segura-la.

- Quando for o momento certo você será libertada dessa dor pequena. – ele disse aproximando a outra mão, que possuía uma adaga de estranho brilho, de seu peito próximo ao coração – Nesse momento... você estará presa a mim.

Ao ditar suas palavras ele cravou a adaga de cor dourada no coração da garota. A adaga aprofundou-se em seu peito até desaparecer completamente. Por alguns instantes pensou ter algo gélido escorrendo por seu coração e congelando-o ao ponto de perder o embalo de sua pulsação fazendo-a estremecer por inteiro. A garota tinha os olhos arregalados e a boca entreaberta enquanto seu coração desacelerava mais e mais. Em um rápido momento seus olhos retornaram a ter foco e a única coisa que pôde fazer foi pensar no inu-youkai que tentara salva-la.

- Se..sesshoumaru-sama... – foi seu último sibilo naquele instante.

- - -

Sesshoumaru congelou no momento em que sentiu os ventos aumentarem. Voltou seu olhar na direção da caverna e um frio perpassou-lhe por todo seu corpo. O sentimento de perda o atingiu com todas as forças e a única ação que poderia fazer era correr... correr o mais rápido que podia... o mais rápido que suas forças de youkai permitia. Ele era mais um vislumbre entre as arvores e a tempestade por sua velocidade e agilidade.

Enquanto ele corria podia ouvir claramente a voz de uma mulher ecoar pela floresta. Entre as folhas agitadas, unida ao vento.

Zutto mukashi mita

Com certeza vejo o passado
Tenkuu no shiro ni

A brancura do Céu
Itsuka wa tadoritsukeru

Algum dia seguiremos
Shinjitsu no uta o

A Canção da Verdade
Michishirabe ni shite

Será o início da estrada

Por alguns momentos o inu-youkai havia parado. Seus olhos vagaram rapidamente pelos vãos entre as árvores, mas nada achou com os olhos. Inspirou o ar, mas novamente foi em vão. Seus ouvidos aguçados ouviam os murmúrios, porém não conseguia distingui-los.

Repreendeu-se por estar perdendo seu tempo por uma bobagem dessas. Virou-se e continuou a correr. Tinha que alcança-la... tinha que salva-la. Desviou-se da árvore que estava no seu caminho e das seguintes que iam surgindo aos montes.

- - -

Ela agora estava em pé sozinha. Suas mãos permaneciam juntas frente ao corpo e seus olhos, sem foco, estavam voltados para o chão. Seus pensamentos estavam na escuridão, onde, por mais que tentasse sair não conseguia ultrapassar as barreiras do vazio de sua alma.

Renji saiu andando calmamente para fora da caverna e Rin o seguia sem questionamentos visíveis. Andando um pouco cambaleante e de cabeça baixa a humana já não era mais a mesma.

A guerra entre os elementos lá fora se tornou insaciável e feroz. Os raios, as chuvas, e o vento uniram-se para combater o fogo que agora estava mais forte e invencível ia destruindo tudo que havia em seu caminho.

Os raios com seu poder tentavam apaga-lo, mas apenas fazia com que criasse mais e mais força ao criar outros focos de labaredas. Os ventos balançavam as árvores com ferocidade, mas apenas fazia com que o fogo se alastrasse por todos os cantos. E a chuva já estava enfraquecida para combatê-lo. A terra permanecia em seu silêncio sofrendo por vê-los em tal estado.

O cenário de uma bela paisagem florestal tornou-se uma cena de destruição.

Em meio a todos aqueles acontecimentos Renji aparecia como se não fosse algo dispensável. O fogo que tentava tomá-los para si era repelido facilmente pelo demônio que protegia também Rin. Aos poucos iam caminhando na direção da floresta enquanto a fumaça começava a escondê-los.

Sesshoumaru agora tentava enxergar através da fumaça que teimava em ficar a sua frente. Desembainhou sua espada e iria dissipar a fumaça através da manifestação de poder, mas ouviu os passos de alguém se afastando.

- Rin... – foi o que disse sem pensar.

Foi na direção de onde ouviu aos passos e estancou ao ver Rin sumir sendo consumida pelo fogo e o demônio sumir igualmente, mas não sem antes dar um sorriso sarcástico a Sesshoumaru.

Aos poucos o fogo foi sendo vencido. O vento havia se acalmado e os raios resolveram dar força a chuva ficando em seu repleto silêncio. Aos poucos a paisagem não era mais de guerra, e sim de união para se recomporem. O sol agora começava a nascer e os animais estavam saindo de seus esconderijos.

Uma gota de sangue caiu na terra queimada. O inu youkai estava parado com os olhos voltados para o lugar que em instantes passados estava Rin. Havia fechado sua mão em punho pressionando-a contra a palma da mão. As garras perfuraram sua pele resistente e o filete de sangue escorreu até uma gota de sangue cair.

Sentia-se um idiota por ter a deixado sozinha. Mas acima de tudo sentia-se idiota por ter deixado o demônio leva-la.

Arasoi wa mada

Mais uma discussão
Tsuzuku n darou

A ser resolvida
Dono michi ima ga

Agora, qual caminho
Taisetsu na no sa?

É o mais importante?

- Eu os encontrarei. – foram suas palavras se embrenhando na floresta.

Continua...


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Notas finais do capítulo

[1] – Música de Do as infinity – Shinjitsu no Uta. Adoro essa música xD e achei que seria legal bota-la no capítulo. Yo yo yo o/ Como vai meu povo favorito? (leva pedrada) x.x ér... eu sei que demorei um pouquinho... (leva outra pedrada) x.x² Admito que demorei bastante para postar e não tenho desculpas, mas mesmo assim eu peço de coração. . Eu tinha me desanimado um pouco por que não recebi reviewns... mas fazer o que né? =.= É  avida... Mesmo assim... deixemos o drama de lado... aí está o terceiro capítulo de Feuer Blume, a Flor de Fogo. Este é o penultimo capítulo... espero que gostem e deixem reviewns *hoho* Elas são importantes XD
Boa leitura a todos *_* Beijão minna =***



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