- Ah, qualé? – protestei, fazendo biquinho – Vão me deixar curiosa?

Bill abriu um sorriso divertido. Ah céus.

- L. não vem aqui, por causa da Nathallie – Hannah semicerrou os olhos para a irmã, que mexia no cabelo, metida.

- E porque? – perguntei, confusa.

- Porque – Bill começou – Nathallie é como uma alergia pra ele. Ele não consegue ficar no mesmo recinto que ela. Com ela, é pior. Ela não consegue pensar quando ele está perto.

- Mas então vocês ficam retardados quanto estão perto uns dos outros? – perguntei, inocente.

- Nem – Tom continuou, rindo – Eles conseguem, só ficam mais fracos. Miranda não iria se arriscar a matar você com L. fraco.

 Pensei um pouco. Faz sentido.

- Mas qual o problema? Eu sou só uma garota de 16 anos que não sabe de nada! – joguei as mãos pra cima. Bill abriu um sorriso.

- Sua boba – negou com a cabeça, sorrindo – Você é filha dela, é parte dela também. Miranda ficaria fraca sem você, mas ela prefere ser fraca a ter uma concorrente.

 Não pude evitar me machucar com aquelas palavras. Certo, Bill fora fofinho falando daquele jeito gentil, mas ainda assim. Minha mãe me mataria e se manteria fraca apenas por um título. É.

- Mas esperem – tentei segurar as lágrimas – Então existe uma comunidade de gente com o cérebro tosco?

 Hannah soltou uma risadinha.

- Não uma comunidade. Mas a maioria de nós conhece nossa história. E quem conhece nossa história, conhece sua mãe. Ela é a loucura em pessoa. Literalmente.

 Jesus! Vai ser pé-no-saco assim lá no inferno, mãe! Ninguém merece ter uma mãe desse jeito.

- Então o que temos é uma deformidade no cérebro? Que nos faz entrar nas pessoas? – indaguei mais uma vez.

- Eu não entro nas pessoas só com a cabeça... – Tom sussurrou sensualmente, lançando um olhar sedutor á Nathallie, que revirou os olhos. Eu não resistiria se fosse ela. OK, parou.

Dei uma risadinha. Foi a vez de Nath se pronunciar.

- No way, nós não somos deformes – suspirou – só temos um cérebro com a receptividade maior. Nossa mãe conseguia ver o contato magnético do controle remoto com a TV – abriu um sorrisão – Mas aí ela morreu e pronto. Lá se foi a visão do controle remoto.

 Não, eu não agüentei.

- O que aconteceu com a sua mãe? – perguntei, tentando ser delicada. Hannah sorriu, como se não se importasse com a pergunta.

- L. a matou. Ela sonhou demais e foi se enforcando. A porcaria da polícia disse que foi suicídio, mas L. a obrigou a fazer isso enquanto dormia, assim como você faz – respondeu, tranqüila.

Meu queixo caiu. Esse era o tipo de pessoa que eu vivia. Minha mãe era um monstro e eu não sabia.