Fearless escrita por BelleColdheart


Capítulo 1
Your forever is all that I need


Notas iniciais do capítulo

- Nome do capítulo tirado da música "If I'm James Dean, You're Audrey Hepburn" do Sleeping With Sirens e nome da fic inspirado na música Fearless, da Taylor Swift.
DaiSuga porque eu estou no final do anime e tenho um fraco enorme por tudo que envolve o Sugawara ♥



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Daichi sabia onde o encontraria: longe do barulho, pelo menos uma vez na vida. Portanto, não ficou nem um pouco surpreso ao encontrar o garoto sentado em um local mais elevado e distante, afastado o suficiente para que os outros não pudessem vê-lo, mas não o bastante para que perdesse os outros de vista, só para o caso de Tanaka ou Kageyama começarem alguma confusão. Sugawara lhe ofereceu um sorriso doce quando o capitão se aproximou.

- Estou atrapalhando? – perguntou Daichi. Era somente uma questão de educação; ambos sabiam muito bem que ele nunca atrapalhava. Sugawara sacudiu a cabeça, negando.

- Eu já estava pensando em voltar – disse. Era mentira, e ambos sabiam disso também.

Daichi hesitou, então sentou o mais próximo do colega que sua coragem lhe permitiu. Ao longe, o sol já começava a se pôr. Já estava esfriando, mas Sugawara havia enrolado as mangas do moletom que usava e não parecia se incomodar com o vento cortante.

Passaram alguns minutos em silêncio, cada um imerso em seus próprios pensamentos. Por fim, o capitão não conseguiu evitar a curiosidade:

- No que está pensando?

Em você, Sugawara quase respondeu. O pensamento o fez sorrir, mas não foi isso que ele disse.

- No futuro próximo – respondeu, com um sorriso ligeiramente triste.

- O que isso significa, exatamente? – Daichi não pretendia soar tão frustrado. Afinal, não era culpa do amigo que, mesmo depois de todo aquele tempo, ele não conseguisse ler as expressões deste perfeitamente. – No próximo jogo? Ou algo antes disso? Ou...

- Algo depois? – Sugawara completou por ele, erguendo o olhar para o céu vermelho. Daichi assentiu e esperou que ele especificasse, mas ele não o fez. Ao invés disso, fez outra pergunta: - Três anos parece muito tempo, não é?

O capitão franziu a testa.

- Hm, suponho que sim. Quer dizer, quando entramos no Karasuno, parecia que íamos ficar lá para sempre... – Seu rosto se desanuviou quando ele entendeu o significado da pergunta. – Parece muito tempo, no começo.

- Uma eternidade – concordou o levantador. – Parece que você terá tempo de fazer tudo que queria, então você fica enrolando... Aí o tempo acaba, e você não fez nada. Não... – Ele olhou para o rapaz ao seu lado com o canto do olho. – Disse nada.

O coração de Daichi pulou uma batida. Ele se forçou a manter a expressão inalterada.

- Também parece um tempo muito longo para conhecer uma pessoa – disse.

Ao contrário de seu colega, ele não sabia falar através de eufemismos nem de metáforas daquela forma, mas tinha medo de estar errado e estragar... Alguma coisa. O que quer que estivesse acontecendo ali, e ele tinha a sensação de que algo estava acontecendo. Talvez fosse a forma como Sugawara fitava o horizonte com um resquício de sorriso nos lábios, a mistura estranha em seus olhos, o próprio cenário, ou o fato de estarem finalmente no último ano. Ou talvez fosse sua própria mente inventando coisas, mas ele não queria acreditar nisso.

- Você se lembra de quando nos conhecemos? – prosseguiu Daichi. Sugawara riu.

- Eu não poderia esquecer. Você foi a primeira pessoa do colégio que eu conheci. - Ele fez uma pausa antes de acrescentar, com um tom descontraído e outra risada: - E a mais legal, possivelmente.

Daichi também sorriu, erguendo as sobrancelhas.

- Fui?

- Bem, provavelmente foi o Asahi, então, não, na verdade, não.

O levantador voltou a rir quando Daichi fingiu que ia empurrá-lo da elevação onde estavam. Ele ficava bonito quando ria, pensou o capitão. Não era a primeira vez que aquilo lhe ocorria, e provavelmente não seria a última. Estava tão distraído que, quando segurou o outro pelo pulso para que ele não caísse mesmo, foi apenas por impulso.

Constrangido, Daichi fez menção de soltá-lo, mas, antes que pudesse fazê-lo, Sugawara escorregou a mão de forma a entrelaçar seus dedos e lhe lançou um sorriso tímido, fitando-o nos olhos por alguns segundos antes de voltar o olhar para longe de novo. O capitão, surpreso, se concentrou no toque do amigo: em como as mãos de aparência delicada também tinha calos, como as dele, e em como estava frias. Quase sem pensar, começou a fazer pequenos movimentos circulares a fim de aquecê-las.

Por fim, Sugawara voltou a falar. Ainda sorria.

- Eu sei que dissemos ao Asahi para não ficar todo sentimental, mas acho que não é tão fácil assim. Como eu disse, foi um tempo muito longo. É estranho pensar que vai acabar e que vamos deixar tudo para trás.

Daichi fez uma pausa antes de responder, escolhendo as palavras cuidadosamente para passar a mensagem correta. Não conseguia fazer isso com tanta facilidade quanto o garoto ao seu lado.

- Eu não penso assim – começou. – Quero dizer, foi um tempo bem longo e é quase como o fim de uma era, mas eu gosto de pensar que fiz o máximo que pude no tempo que tive. E, claro, as coisas importantes não vão ficar para trás. O vôlei, por exemplo. Você não pretende continuar jogando na faculdade?

O levantador deu de ombros.

- Não tenho certeza se sou bom o bastante. Não da forma como você e o Asahi, ou mesmo alguns dos calouros. – Ele deu uma risadinha. – Embora eu com toda certeza vá tentar.

Ele não parecia realmente chateado; estava só constatando um fato. Daichi não se abalou.

- E os amigos. Você não simplesmente perde seus amigos porque terminou o colégio; não é assim que as coisas funcionam.

Sugawara olhou para suas mãos entrelaçados e abriu um sorriso melancólico, erguendo a mão livre para esfregar a nuca. Parecia quase em paz.

- Parece que não.

Daichi olhou para ele, realmente olhou para ele, recortado contra o pôr-do-sol, cabelos claros bagunçados pelo vento, moletom com um capuz que nunca era utilizado, acreditando nos amigos mais do que em si mesmo. Era tudo tão familiar. Ridiculamente familiar, considerando o tempo pelo qual se conheciam. Talvez ele precisasse se familiarizar mais com aquilo. O capitão respirou fundo.

- Na verdade, eu menti – confessou. – Eu não fiz tudo que poderia ter feito.

Confuso, Sugawara olhou para o amigo.

- Bem, o tempo ainda não acabou – disse.

Antes que pudesse mudar de ideia, Daichi beijou-o.

Sabia que os outros poderiam muito bem vê-los, mas não se importava se verdade. Sugawara ficou surpreso demais para reagir nos primeiros instantes; porém, logo seus olhos se fecharam e ele se rendeu ao outro. Verdade seja dita, ele se rendera havia muito tempo – três anos, uma eternidade. O capitão aprofundou o beijo um pouco, o suficiente para ser algo, mas não o suficiente para ser demais.

Quando se separaram, nenhum dos dois sabia o que falar. Então, eles fizeram algo melhor: começaram a rir.

- Os outros devem estar se perguntando onde estamos – comentou Daichi, o que fez seu companheiro rir ainda mais.

- Eles provavelmente vão desconfiar! – exclamou ele, levantando-se. O capitão o acompanhou.

Sugawara começou a puxar o amigo na direção dos outros, e Daichi seguiu-o, sem relutância. Soltaram as mãos quando se aproximaram mais, mas o capitão sabia que o sorriso que Asahi deu ao vê-los significava que ele havia notado.

- Ei! – Daichi fez sinal para ele e para Tanaka. – Vocês notaram que nosso levantador nem entrou no mar?

O pobre Sugawara não teve tempo nem de pensar em reagir antes de ser erguido pelos amigos e jogado de roupa e tudo no mar. Ele emergiu cuspindo água, rindo, e xingando, embora não estivesse realmente chateado.

Quando os garotos finalmente deixaram a praia, Daichi caminhou com Sugawara até a casa deste, mas parou-o quando ele foi abrir a porta para roubar mais um beijo, que foi correspondido com entusiasmo.

- Eu deveria ter feito isso antes – murmurou baixinho. O levantador riu.

- Eu queria que tivesse feito. Por mim, poderíamos estar nessa desde o primeiro ano do ensino médio.

O capitão ergueu as sobrancelhas, surpreso.

- Faz tanto tempo assim?

Sugawara sorriu, dando de ombros.

- O que posso dizer? “Melhor pessoa que eu conheci no colégio”, lembra?

- Achei que esse tivesse sido o Asahi – provocou Daichi, sem se afastar do amigo.

- A melhor, talvez – O levantador mordeu o lábio inferior, e seus olhos pareciam brilhar no escuro. – A minha preferida, certamente que não. – Hesitou. – Você quer entrar?

Eles não fizeram nada demais. Os pais de Sugawara chegariam logo, e eles não queriam se apressar. Afinal, ainda tinham uma eternidade. Deitaram-se, deixaram as bocas explorarem uma à outra, as mãos mal se atrevendo a explorar a pele um do outro. Devagar. Com calma.

Sugawara tinha a impressão de que cada beijo lhe dizia algo diferente. Estou aqui. Eu acredito em você. Não termina agora. Ainda temos tempo. Ele tentou responder. Não vá embora. Eu também acredito em mim. Em nós. Eu sei. Por fim, as mensagens não-verbais se transformaram em despedidas.

A mensagem final foi transmitida na porta de entrada, após um convite verbal para um encontro no dia seguinte. Antes de sair, Daichi puxou o levantador para um beijo que dizia a mesma coisa, da parte de ambos: eu te amo.

Eles não chegaram a dizer em voz alta. Não precisavam. Ambos sabiam que era verdade.


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Notas finais do capítulo

Não lembro quem chama quem de kun, quem chama de san e quem não usa sufixo, então deixei tudo sem sufixo mesmo u.u
Espero que tenham gostado! Meu próximo projeto deveria ser um Yamatsuki, pra quebrar essa mar de KageHina por aqui e.e