Secret Diaries escrita por Cat Cullenn


Capítulo 11
Capítulo XI - Enfrentando a realidade


Notas iniciais do capítulo

Olá AMORES!!!

Antes de vocês começarem a ler, quero dizer que esse é o ÚLTIMO CAPÍTULO!!!!

Espero que gostem, aguardo ansiosamente por reviews!!!

Um beijo!

P.S: Entrem na comunidade da FIC Secret Diaries, criada por minha moderadora AMADA!

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Eu só tornei a voltar para casa quando já havia amanhecido. Alice me aguardava, sentada na escadaria, Jasper sentado ao seu lado.

- Você tem certeza mesmo? - Ela perguntou assim que desci do carro.

 - Sim. - Falei, parando à frente deles. - Isabella já acordou?

Alice levantou-se.

- Ainda não... Ainda é muito cedo, e ela deve estar cansada da viagem.

Concordei e foi a minha vez de sentar.

- Você sabe que essa decisão só pode te levar à um único resultado, não é?

Olhei para Jasper. Sua expressão era de angústia, como se ele tivesse absorvido o dom de Alice de prever o futuro e enxergasse com clareza o resultado do que eu realizaria.

 - E qual seria? - Perguntei, mesmo sabendo qual seria a sua resposta.

 - Dor. Sofrimento. Mágoa.

Deixei que o ar escapasse com força de meus pulmões.

- Eu já sou bastante familiarizado com essas sensações. Não creio que elas possam me infringir nada pior do que já sinto.

- Tudo sempre pode piorar, Edward. - Alice disse, voltando-se a sentar, me deixando entre ela e Jasper. - Até agora você sofre porque se arrepende; sofre porque sabe que fez a maior besteira de sua vida partindo, ao mesmo tempo de que tem total consciência de que é irreversível. Sofre porque todos os minutos você imagina como teria sido, se tudo tivesse sido diferente.

Olhei para ela. Havia uma ruga profunda entre os olhos cor de mel, as sombrancelhas perfeitas curvadas, apreensivas.

 - Mas se você realmente encontrar-se com Bella... - Ela continuou, uma mão parando sobre minha perna. - Todo esse sofrimento se multiplicará. Porque tudo que você imagina irá se tornar real, irá tomar forma. Porque você não encontrará a mesma Bella que deixou para trás. E digo isso porque ninguém é igual depois de passar por tanto sofrimento, tanta mágoa. O resultado pode ser que esse encontro, tão idealizado, acabe tendo o efeito inverso... E destrua ainda mais sua alma.

 - Eu não tenho uma alma, Alice.

- Bom dia.

Olhamos todos para trás. Isabella estava parada na porta, os cabelos presos em um rabo de cavalo, a fisionomia sonolenta, os braços cruzados.

 - Deixem-me conversar com ela, por favor.

Eles se levantaram. Alice abraçou-a rapidamente antes de entrar, e em seguida ela havia se sentado ao meu lado.

 - Isabella... - Comecei, olhando para frente, minhas mãos pendendo inquietas sobre meus joelhos. - Eu preciso conversar seriamente com você.

Ouvi um suspiro escapar de suas narinas.

- Sou toda ouvidos.

 Virei-me para ela. Um aperto surgiu em meu peito, como se uma mão gigante e invisível dilacerasse meu coração. Isabella era tão parecida com Bella que chegava a ser impossível.

 - Eu acredito que toda a história necessita de início, meio e fim. - Comecei. Isabella abraçou as pernas, apoiando o queixo sobre os joelhos, os olhos vidrados em mim, a atenção completamente voltada para cada palava que ecoava de meus lábios ansiosos. - Minha história com Bella... Com sua avó... Teve início... Um meio... Mas o fim foi muito conturbado, ficou suspenso, sem uma finalização definida. Ficamos com muitas coisas pendentes para dizer um ao outro.

Fiz uma pausa, esperando que ela dissese algo, como era de seu costume. Nada. Resolvi prosseguir.

 - Por isso... Decidi que irei encontrá-la. - Isabella fez menção de falar, mas eu prossegui, impedindo-a. - Nada irá me fazer mudar de idéia – nem você, nem suas ameaças de que Jacob irá me matar, nem minha família. Você pode achar isso egoísta, mas honestamente, por tudo o que li... Sei que Bella também gostaria de me ver, nem que seja para dizer na minha cara tudo o que ela guardou por todos esses anos.

 Quando parei de falar, Isabella tinha os olhos castanhos amendoados fixos em mim.

- Eu ia dizer... - Ela começou, colocando nervosamente uma mecha de cabelo para trás. - ...Que irei te ajudar. Minhas costas ficaram eretas no mesmo instante.

 Eu jamais imaginaria que Isabella fosse dizer uma coisa dessas.

 - E posso saber porque você mudou de idéia tão de repente?

 Foi a vez do músculos dela enrijecerem-se visivelmente.

 - Isso faz diferença? - Ela perguntou, desviando o olhar para os próprios pés.

 - Na verdade, não.

 - Pois é.

 Isabella engoliu em seco. Pude perceber que seus olhos estavam marejados, e uma gota teimosa e insistente escorreu pelo canto do seu olho direito.

- Acho melhor você ligar para Jacob... Não só para informá-lo de que você está aqui, como para avisá-lo que eu irei até La Push. Eu não quero causar mais problemas que o necessário.

 - Eu já liguei... Assim que acordei, foi a primeira coisa que fiz.

 Pude ver o nervosismo que se escondia atrás daquelas palavras. Morri de raiva por não conseguir ouvir seus pensamentos, daria um braço para saber o que estava se passando pela sua cabeça naquele exato momento.

Será que Isabella estava me preparando algum tipo de armadilha, aproveitando-se de que Alice não conseguiria visualizar?

 Então percebi que não me importava.

- E você disse o que para ele?

Ela suspirou, se levantando. Refez o rabo de cavalo, de costas para mim.

- Disse que estava em Forks. Que havia passado a noite aqui.

Foi a minha vez de me levantar. Parei ao seu lado e ela se virou.

- E Jacob? Está vindo para cá, tirar você daqui a força e arrancar minha cabeça?

Ela sorriu pesarosamente, mordendo o lábio inferior.

- Não... - Disse, balançando a cabeça em negação simultaneamente. - Ele não disse nada disso. Estava... Com outros problemas com que se preocupar.

Outros problemas? Que tipo de problema poderia ser mais importante, para Jacob Black, do que proteger Bella de mim?

Senti o ar escapar de meus pulmões, e numa nota mental agradeci por ele não ser necessário para a minha sobrevivência. Só uma coisa seria mais importante para Jacob do que me afastar de Bella. A própria Bella.

 - O que aconteceu com Bella, Alice? Ela está bem?

Um outra gota, maior e mais espessa, molhou seu rosto.

- Acho melhor nós irmos. Eles estão aguardando por nós.

Ela passou por mim como uma flecha, o cheiro levemente similar deixando um rastro em direção a casa.

Eu a segui. Vi quando ela subiu as escadas, apressadamente. Aguardei pacientemente – na medida do possível – até que ela retornasse.

“O que houve, Edward?”

 Olhei para Carlisle, parado ao meu lado, a expressão apreensiva.

 - Vou à La Push, Carlisle.

- Eu vou junto. Pode ser perigoso.

 Olhei para Emmet, parado perto da escada.

 - Não, Emmet. Eu vou sozinho, é melhor assim. Aparentemente Jacob já está ciente, não há com que se preocupar.

 - Você quer dizer que aparentemente isso está cheirando como uma bela de uma armadilha, é isso que você quer dizer! – Ele se aproximou e colocou uma das mãos em meu ombro. – Eu vou junto.

 - Não, quem vai somos nós. Jasper também tinha aparecido, do nada, acompanhado de Alice. - A filha de Bella gostou de Alice, assim como Isabella. Eu sei que o dom de Alice não será útil por lá, mas o meu pode ser. E nós vamos em paz.

 - Eles podem ir. Não há problema algum, se realmente forem em paz. – Isabella estava parada no alto da escada, de roupa trocada, a mala em uma das mãos.

Não respondi. Estava nervoso demais, ansioso demais.

Que fosse só eu e Isabella, que fossem também Jasper e Alice, que fosse a família inteira, como em um verdadeiro circo dos horrores... Eu só queria sair dali, estávamos perdendo tempo, um tempo precioso.

Carlisle foi até ela e ajudou com sua mala.

- Caso não nos vejamos novamente... – Isabella disse, levantando e segurando a alça. - ...Quero dizer que, apesar de tudo, foi realmente um prazer e uma experiência única conhecer todos vocês.

 Esme aproximou-se e lhe abraçou, os braços inicialmente tímidos de Isabella encostando com cuidado o corpo dela.

- Muito obrigada por essa oportunidade, Isabella... É muito bom saber que Bella teve filhos, e uma neta tão linda e educada como você.

 - Será que podemos ir, agora? - Perguntei, sem conseguir mais conter toda a ansiedade que exalava de meu corpo.

- Sim, vamos. - Isabella falou, voltando a segurar a alça da mala de rodinhas. - Mas deixe Jasper ou Alice dirigirem, sente no banco de trás do carro comigo.

Num primeiro momento pensei em reclamar. Eu adorava dirigir, adorava velocidade e sabia que eu era a pessoa que poderia nos levar mais rápido até La Push.

Mas então voltei a olhar para Isabella, e suas sombrancelhas arqueadas me disseram que ela tinha um objetivo com essa imposição – e a curiosidade foi mais forte.

- Tudo bem. Alice dirige, ela é mais rápida.

Alice sorriu ao meu comentário, pegando as chaves da minha mão e saindo em direção a porta.

 Nós a seguimos e pouco tempo depois eu estava sentado no banco de trás da Mercedes, Isabella ao meu lado. Ela se virou em minha direção, o corpo ficando de lado no banco.

As janelas estavam abertas, uma forma – um tanto ineficaz – de amenizar o cheiro que Isabella emanava, e o ar batia em seus cabelos, esvoaçando-os levemente.

- Tem uma coisa que você precisa saber antes de chegarmos, Edward. - Ela disse, passando a mão pelos fios bagunçados.

Admito que não tive coragem de perguntar o que era. Percebendo isso, Isabella abriu a mochila e retirou um diário, idêntico a todos os outros que eu já havia lido.

 Senti que Alice imediatamente diminuiu a velocidade do carro, a paisagem – antes um borrão indecifrável – passando lenta pelas janelas.

 - De quando é esse diário? - Perguntei, alisando a capa de couro preto que estava entre meus dedos.

 - De três anos atrás. - Ela respondeu olhando pela janela, sua voz saindo baixa em razão do vento que batia.

Assenti com a cabeça. Três anos atrás.

Olhei mais uma vez para Isabella antes de abrir o pequeno diário; ela ainda estava virada para a janela, agora de olhos fechados, deixando que o vento frio e sem obstáculos batesse diretamente em seu rosto. Suspirei fundo e abri o pequeno livro de capa dura.

 Interrompi o fluxo de ar que penetrava em meus pulmões assim que me deparei com a letra de Bella, visivelmente modificada com o passar doa anos.

Antes firme e voraz, agora era claramente trêmula e temerosa.

 Sem pensar em mais nada, comecei a devorar as palavras que se estendiam a minha frente.

“Julho de 2055

Acabo de voltar do médico.

Ele me tranqulizou um pouco – me disse que esquecer as coisas esporadicamente não é nenhum motivo para alarde, apenas devo continuar com minhas consultas mensais, periodicamente.

Disse que escrever é muito bom – uma forma de colocar os pensamentos em ordem e de exercitar o cérebro. Ele ficou surpreso quando eu disse que tenho esse costume desde os 18 anos.

 Meu cérebro devia ser um atleta e tanto, com essa quantidade de exercício.

Bem, a questão é que ele me tranquilizou – ou tentou tranquilizar – mas não surtiu muito efeito. Porque vira e mexe eu esqueço das coisas – muitas simples, do meu dia a dia, como o nome de um vizinho ou um telefone de um amigo.

Sempre que Jake está por perto vejo que ele olha preocupado, e insiste para que eu me lembre sozinha, forçando minha mente cansada a funcionar. Sei que ele se preocupa, sei que Alice e Embry também se preocupam, e Isabella insiste que eu jogue paciência no computador, e sempre que vem até minha casa trás palavras-cruzadas para mim.

 Mas eu continuo me esquecendo. Quer dizer, mais ou menos.

Afinal, uma coisa nunca me sai da cabeça, nem quando fecho os olhos, e mesmo quando durmo é com ele que sonho. Edward.

Muitas vezes já rezei para que passasse; mesmo no início, quando comecei a me esquecer de pequenos detalhes, a angústia veio acompanhada com uma certa dose de alívio... Pelo menos assim eu conseguiria ter um pouco de paz, meu peito ficaria mais leve. Porque eu acabria me esquecendo dele, da dor que sua ausência me causa.

Mas então eu percebi que não... Não quero que isso aconteça, de forma alguma. Afinal, essa dor é a única lembrança viva de que Edward existiu, e de que, por um espaço de tempo – ainda que curto e insuficiente – me presenteou com a sua atenção e companhia.”

Olhei para Isabella, que permanecia na mesma posição. Eu devia ter lido rápido demais.

- Isabella... - Falei, e ela abriu os olhos, virando a cabeça ligeiramente em minha direção.

 - Hum?

- Sua avó... Bella... - Tentava formular a frase da melhor maneira possível, o que era tremendamente difícil

. - Continue a ler, Edward. Falta pouco, você já vai entender tudo.

Olhei para o retrovisor e encontrei o olhar anguistiado de Alice. Ela assentiu a cabeça, me encorajando. Voltei para a leitura.

“Setembro de 2056

 Estou sentada com Jacob ao meu lado.

Acabo de voltar da clínica... Infelizmente não me recordo direito, mas assim que chegamos ele pediu que eu escrevesse essas palavras.

Tenho consciência de meu estado – pelo menos nesse momento – e tenho que admitir que me dá medo. Eu não me lembro dos momentos em que minha lembrança se esvai... É como se meus pensamentos entrassem em um buraco negro, sem qualquer chance de retorno. Mas pelo que Alice me conta, eu não consigo me lembrar praticamente de nada ou de ninguém.

Fico preocupada com Charlie... Ele deve sofrer com essa situação, afinal não é bom ver nossos filhos doentes. Eu mesma morreria aos poucos se soubesse que Embry ou Alice sofrem de algum mal incurável. Bem, ele é forte, sei que vai superar.

Vou parar de escrever agora – Jake torceu o nariz, queria que eu continuasse – mas é que tenho que entregar um trabalho na aula de literatura amanhã que ainda nem comecei a fazer.”

Eu parei de ler, mas meus olhos permaneciam grudados na folha de papel. Isabella escrevia confundindo toda a história... Misturando seu presente – com filhos, marido – com passado – trabalhos de escola e Charlie, que já havia falecido.

Podia ver que Isabella me analisava, esperando por minha reação. Passei a página, mas não havia mais absolutamente nada. Aparentemente, o diário de Bella era interrompido ali.

- Ela não se lembra de nada, então ? - Perguntei, fechando o diário e olhando a capa de couro, sem coragem de olhar para Isabella.

 - Praticamente nada... - Ela respondeu e eu finalmente a encarei. - Ela confunde muito o presente com o passado, troca nomes initerruptamente... Não sabe que Charlie morreu... Nós sempre contávamos, ela sofria e minutos depois esquecia de novo... Então achamos melhor manter sua fantasia.

 Olhei para fora. O carro havia parado e nós estávamos em La Push.

- Ela... Se lembra... De mim?

 Era a pergunta para qual eu mais necessitava de resposta, e também a qual tinha a resposta mais temida por mim. Mas eu percebi que eu já sabia: “Agora, finalmente, ela está bem. "

- Não, ela não se lembra de você. Por isso eu disse que finalmente ela estava bem. Por que o lado bom disso tudo – se não é absurdo sequer imaginar que algo nessa história tem um lado bom... É que ela não sofre mais com a sua partida.

 Eu não respondi, então ela continuou.

 - Minha bisavó, Renée... Ela morreu de velhice. Viveu bem até seus últimos dias, saudável e forte. Charlie teve um infarte fulminante, mas ele não se cuidava, então seu coração era como uma bomba programada para explodir a qualquer segundo. Por isso nós nunca entendemos o Alzheimer* da minha avó... Mas eu... Bem eu acredito que foi uma maneira que o cérebro dela encontrou para que ela parasse de sofrer.

* O Mal de Alzheimer, doença de Alzheimer ou simplesmente Alzheimer é uma doença degenerativa, até o momento incurável e terminal, e foi descrita pela primeira vez em 1906 pelo psiquiatra alemão Alois Alzheimer, de quem herdou o nome. Afeta geralmente pessoas acima dos 65 anos, embora seu diagnóstico seja possível também em pessoas mais novas. Cada paciente de Alzheimer sofre a doença de forma única, mas existem pontos em comum, sendo o sintoma primário mais comum a perda de memória. Com o avançar da doença podem aparecer novos sintomas como confusão, irritabilidade e agressividade, alterações de humor, falhas na linguagem, perda de memória a longo prazo e o paciente começa a desligar-se da realidade.

 “Eu realmente não queria ter que encontrar você novamente, Cullen.”

 Voltei a olhar pela janela. Jacob Black estava parado próximo a porta, e imediatamente abriu-a, para que eu saltasse. Foi o que fiz.

- Oi, vô... - Isabella deu a volta no carro e o abraçou, ao que ele correspondeu, seus olhos ainda fixos em mim. - Como ela está agora?

- Na mesma... - Ele olhou para Isabella, afagando seu rosto, e então seus olhos levemente acizentados voltaram a encontrar os meus. - Bem, vamos logo. Não quero eles por aqui por muito tempo, daqui a pouco nossos garotos vão começar a sofrer transformação, a presença ruim desses sanguessugas malditos incita que isso aconteça.

 Jacob virou-se de costas e começou a andar. Quando eu ia acompanhá-lo, Isabella segurou meu braço.

 - Edward...

Virei-me de frente para ela. Alice e Jasper pararam mais atrás, dando um espaço razoável entre nós – apesar de que isso não faria qualquer diferença para seus ouvidos aguçados.

- Minha avó teve uma piora significativa de ontem para hoje... E o motivo de eu ter te trazido aqui é... Bem... Eu te disse que ela não se lembrava de você, e realmente é verdade. Mas nos últimos anos, que ela só vinha piorando... Nós descobrimos uma coisa que a deixava mais tranquila.

 - E o que era? - Eu estava tão ansioso... Minha vontade era de deixá-la falando sozinha e ir atrás de Bella, ainda mais agora que ela disse que ela tivera uma “piora significativa”.

- Todas as vezes em que ela ficava agitada... Ela ouvia a música que você fez para ela e se acalmava. - Meus olhos se arregalaram de imediato, e Isabella se apressou em continuar. - Meu avô não destruiu o CD... Ele sabia que, apesar de tudo, era importante para ela e tinha um valor emocional imenso. Então, em um dia de crise, ele teve essa idéia... E funcionou. Ela foi se acalmando aos poucos, até que voltou ao normal. E desde então esse é o calmante dela. A questão é que... Para mim, isso é uma prova de que ela jamais esqueceu você. Eu não sei se existe alguma chance dela se recordar... Ou de ficar feliz de finalmente te reencontrar, ainda que por um breve momento. Mas eu sei que não me perdoaria se eu não tentasse.

Apertei com força o canto dos meus olhos, que ardiam absurdamente.

- Chega, Isabella... Eu... Eu vou enlouquecer. Por favor, leve-me até ela.

Aquilo tudo era demais. Então ela não se lembrava de mim – seu cérebro, aparentemente, havia encontrado uma forma de me deletar de sua memória, a fim de que ela não sofresse mais – mas uma parte escondida de sua alma ainda se recordava da música?

 Isabella assentiu e foi andando. A casa azul clara foi aumentando a medida que nós nos aproximávamos. Havia uma enorme varanda na frente, que circundava toda a casa, e ela foi andando pela lateral.

- Lá atrás fica a praia... Tem uma cadeira lá, é onde ela adora ficar.

Quando estavávamos quase dobrando a “esquina”, eu parei.

- Fiquem aqui, por favor. - Falei, me voltando para Alice e Jsaper. - Eu preciso fazer isso sozinho.

“Boa sorte, Edward...” - Alice falou, tentando – em vão – me acalmar. “Estaremos aqui, se precisar.”

Isabella e eu continuamos o caminho, uma leve onda de calmaria invadindo meu corpo. Jasper tentava ajudar, à sua maneira. A varanda continuava seu trajeto até virar a outra “esquina”; a diferença era a paisagem – a First Beach estendia-se à frente como numa tela bem pintada de Monnet.

Ventava um pouco, e uma cadeira de balanço, virada de costas para nós, balançava-se ligeiramente. Isabella fez um sinal para que eu parasse e eu obedeci. Ela foi até lá e se agachou, o olhar amoroso e gentil.

- Bella...? - Ela sorriu. - Oi. Tem uma pessoa aqui querendo falar com você. - Então ela me chamou com um rápido aceno de mão.

Minhas pernas não queriam me obedecer. E se ela realmente não me reconhecesse; se eu visse em seus olhos a dúvida de quem encara um total estranho? Ou pior... E se ela me reconhecesse e me dissesse o quanto me odeia? Me falasse que eu demorei tempo demais, e que não devia nunca ter voltado para assombrá-la novamente?

- Edward? - Ela tornou a me chamar. Havia se levantado e me encarava com indagação.

Inspirei com força e fui até lá. Nesse momento eu fui atropelado por uma enxurrada de sentimentos.

O cheiro de Bella, trazido pela brisa que batia na varanda, invadiu meu organismo de uma forma que só havia acontecido uma vez, tanto tempo atrás, e que desde então eu havia armazenado em um canto obscuro da minha alma. Uma mistura de felicidade – por finalmente senti-lo novamente, como um viciado em abstinência quando tem uma recaída – com dor – de várias formas: em meu peito, ao perceber claramente quanto eu havia sofrido por permanecer distante; e em minha garganta, parecendo que cascalhos eram arranhados na parede de meu esôfago.

Eu estava a menos de dez metros dela. A mulher que havia conquistado meu coração e minha alma de uma forma que eu nunca imaginei ser possível. A mulher que se tornara a razão de minha existência, e que havia preenchido minha mente durante todos os segundos depois que cruzara meu caminho.

A cada passo era como se meu sangue tivesse voltado a correr em minhas veias; como se meu coração tivesse voltado a bater freneticamente em meu peito.

Então eu a vi. Continuava maravilhosa, da mesma forma feminina e delicada de sempre: Seus cabelos cor de mogno – agora mais escassos e com esporádicos fios brancos – caiam sobre seus ombros, por cima de um xale de lã azul marinho.

Seus olhos castanhos amendoados eram cheios de vida e brilhantes – da mesma forma que eram tantos anos atrás, quando me encaravam indagando e analisando, tentando desvendar o que existia de diferente em mim.

Sua pele branca continuava lisa – era dificil acreditar que haviam se passado tantos anos – e tinha o mesmo aspecto aveludado e macio.

 E o cheiro... Ainda era como uma dogra, feita sob medida para mim.

- Bella... Esse é Edward... Lembra-se dele?

 Os olhos dela encontraram os meus. Cruzei meus braços – uma reação inesperada de defesa – um sorriso tímido e inseguro nascendo em meu rosto.

- Oh... Olá. Eu... Conheço você?

Dor. Centenas de facas afiadas penetrando em meu corpo, lenta e torturantemente.

Isabella sorriu pesarosamente, dando de ombros. Deixou-nos à sós, afagando levemente meu braço ao passar por mim.

 - Não... Você não me conhece. - Falei, me sentando em uma cadeira de frente para ela. - Eu sou novo em Forks... Acabo de chegar na cidade.

 - Hum... Sei como isso é ruim. Eu também acabo de chegar de Phoênix... Mas com o tempo você se acostuma... Pelo menos eu rezo para que sim.

 Eu estava quase perdendo o controle. Minha vontade era araçá-la, sentí-la mais uma vez em meus braços, que tanta falta sentiam dela.

- Fique tranquilo... Apesar de ser uma cidade pequena, onde todos se conhecem... As pessoas são boas e gentis... Você será bem recebido. Eu sinto falta de Renée... Me preocupo com ela, mas sei que agora ela está em boas mãos. E você? O que te trouxe para cá?

 Ela sorriu e se recostou.

 - Eu vim para cá atrás do grande amor de minha vida... Mas infelizmente ela não se lembra mais de mim.

Eu soltei essa frase de efeito numa tentativa desesperada de que ela se lembrasse.

 Bella me encarou, os olhos em fenda, o lábio inferior entre os dentes, como sempre fazia quando algo a intrigava.

- Oh... Sinto muito... Mesmo. Não posso dizer que sei como é... Mas eu espero que essa mágoa passe. E que você e essa pessoa se acertem, porque se existe amor verdadeiro, nenhum obstáculo pode atrapalhar. Faça-a lembrar-se de você, se você acha que realmente vale a pena.

 Ela deu de ombros, como se aquilo fosse a coisa mais óbvia do mundo. Essa era Bella.

Eu sorri, balançando a cabeça em negação.

- Infelizmente não é tão simples assim.

Uma ruga profunda se formou em sua testa, suas sombrancelhas se unindo ligeiramente.

 - Por quê? O amor não deveria ser simples, simplesmente fluir e acontecer?

Ela se inclinou para frente. A curiosidade estava presente em sua expressão, fazendo-a ficar ainda mais parecida com 50 anos atrás.

- Porque eu e ela... É impossível. - Pensei em uma forma de fazê-la entender. - É como se um leão... Se apaixonasse por um cordeiro.

- Que cordeiro imbecil! - Ela falou, um sorriso maroto estampado nos lábios.

Minha esperança abandonava meu organismo lentamente.

 - E que leão masoquista e doentio, não é? - Eu disse, meus cotovelos apoiados em meus joelhos, minha cabeça abaixada, meus olhos encarando meus pés.

Fiquei ali, tomando coragem para dizer adeus e partir. Bella não se lembrava de mim, e talvez isso realmente fosse melhor – para ela pelo menos, e era o que mais importava. Mesmo que para mim aquele fosse o ponto final em minha vida.

 - Ed...Edward?

Não ergui a cabeça. Apenas pelo modo como pronunciara meu nome, gaguejando rapidamente a primeira sílaba, eu sabia que quem estava diante de mim não era a Bella que acabara de chegar de Phoênix e conhecia despretenciosamente um novo amigo, lhe dando conselhos educadamente.

Aquela era a minha Bella. Que eu abandonara, tantos anos atrás, sem olhar para trás. Ela havia se lembrado.

http://www.youtube.com/watch?v=B-A-4NQfFRs

MÚSICA: My Immortal – Evanescence

“I'm so tired of being here

 Suppressed by all of my childish fears

 And if you have to leave

I wish that you would just leave

Your presence still lingers here

And it won't leave me alone

 These wounds won't seem to heal

This pain is just too real

There's just too much that time cannot erase

When you cried I'd wipe away all of your tears

 When you'd scream i'd fight away all of your fears

And I've held your hand through all of these years

But you still have all of me

You used to captivate me

 By your resonating light

 But now i'm bound by the life you left behind

 Your face it haunts my once pleasant dreams

 Your voice it chased away all the sanity in me

 These wounds won't seem to heal

This pain is just too real

There's just too much that time cannot erase

 When you cried I'd wipe away all of your tears

 When you'd scream I'd fight away all of your fears

And I've held your hand through all of these years

 But you still have all of me

I've tried so hard to tell myself that you're gone

 But though you're still with me

I've been alone all along

When you cried I'd wipe away all of your tears

 When you'd scream I'd fight away all of your fears

And I've held your hand through all of these years

 But you still have all of me”

 MÚSICA/TRADUÇÃO: Meu Imortal – Evanescence

“Estou tão cansada de estar aqui

Reprimida por todos os meus medos infantis

 E se você tiver que ir

Eu desejo que você vá logo

Porque sua presença ainda permanece aqui

E isso não vai me deixar em paz

 Essas feridas parecem não querer cicatrizar

 Essa dor é muito real

 Isso é simplesmente muito mais do que o tempo não pode apagar

Quando você chorou eu enxuguei todas as suas lágrimas

Quando você gritou eu lutei contra todos os seus medos

Eu segurei a sua mão por todos esses anos

Mas você ainda tem tudo de mim

Você costumava me cativar

Pela sua luz ressonante

 Agora eu estou limitada pela vida que você deixou para trás

Seu rosto assombra

 Todos os meus sonhos, que já foram agradáveis

 Sua voz expulsou

Toda a sanidade em mim

 Essas feridas parecem não querer cicatrizar

 Essa dor é muito real

 Isso é simplesmente muito mais do que o tempo não pode apagar

 Quando você chorou eu enxuguei todas as suas lágrimas

Quando você gritou eu lutei contra todos os seus medos

Eu segurei a sua mão por todos esses anos

Mas você ainda tem tudo de mim

Eu tentei com todas as forças dizer a mim mesma que você se foi

Mas embora você ainda esteja comigo

 Eu tenho estado sozinha todo esse tempo.

Quando você chorou eu enxuguei todas as suas lágrimas

Quando você gritou eu lutei contra todos os seus medos

 Eu segurei a sua mão por todos esses anos

 Mas você ainda tem tudo de mim”

 - Edward, é você mesmo?

 Olhei para ela. Sua fisionomia era completamente diferente, então: um misto de dor, surpresa e ansiedade se misturavam e se confundiam, tornando impossível decifrar qual sentimento tinha mais poder no conjunto. - Sim. - Falei, me inclinando levemente em sua direção.

- Sim, Bella, sou eu.

Uma lágrima escorreu por seu rosto, e ela limpou rapidamente com as costas da mão. Fiquei calado, esperando uma reação mais clara. O que ela iria fazer? Mandar-me embora, dizendo que eu não tinha direito de aparecer depois de tanto tempo sem notícias? Me dar tempo para me explicar – algo que não tinha explicação plausível?

- Ainda bem que você está aqui. - Ela disse, mais uma vez mordendo o lábio inferior. Suas bochechas estavam coradas e eu podia ouvir claramente seu coração batendo acelerado, o sangue pulsando rápido por suas veias. - Eu tive um sonho terrível, eu... Sonhei que você havia partido. Que você enfim tinha se dado conta de que eu não era boa o suficiente para você, e me deixado para trás, sem deixar qualquer pista de onde eu pudesse te encontrar...

Sem me dar qualquer notícia. A realidade surgiu como um tapa forte, intenso e bem deferido em meu rosto. Isabella lembrara de mim, mas não exatamente. Era como se nada tivesse acontecido; seu cérebro voltara para mais de 50 anos atrás.

Me ajoelhei em sua frente e ela me abraçou. Minhas mãos indecisas permaneceram por um segundo abertas no vazio, mas então eu as desci vagarosamente, pousando as palmas em suas costas, que subiam e desciam de acordo com sua respiração acelerada.

- Por favor... Por favor me prometa que nunca vai me deixar. - Ela falou baixo, próximo ao meu ouvido. - Me tranforme logo, eu já decidi. Se o problema é minha alma, pegue-a. Eu não a quero sem você, Edward.

 - Shhh, Shhhh Bella.... - Falei, afagando seu corpo. Ela se afastou e me encarou. - Eu nunca, jamais deixaria você, meu amor. E sabe por quê? - Ela negou com a cabeça, os olhos arregalados. - Porque antes de você, minha vida era uma noite sem lua. Muito escura, mas havia estrelas... E então você atravessou meu céu, como um meteoro. De repente... Tudo ficou em chamas. Há brilho... Há beleza... Se eu me separar de você, e o meteoro voltar a sumir no horizonte... Tudo voltará a ficar negro e sem vida. Eu tenho certeza de que, se algum dia, por qualquer motivo tolo, nós venhamos a nos separar... Seria um verdadeiro tormento para mim. Seriam minutos repletos de tanta dor e angústia que eu realmente estremeço, só de imaginar.

- Então me transforme, Edward. - Ela literalmente suplicava. - Eu vou envelhecer. A cada segundo a morte fica mais próxima. Eu já decidi o que quero de meu futuro, me deixe vivê-lo, ao seu lado. Se ela soubesse. Se tivesse um mínimo de noção de como eu gostaria de poder voltar no tempo e atender seu pedido...

 - Claro. - Limitei-me a dizer, acalmando seu espírito. - Em breve, meu amor.

Passei a mão por seu rosto, a cabeça de Bella inclinando-se em minha direção. Seus olhos estavam fixos em mim, transmitindo um amor imensurável. Naquele momento, éramos apenas nós dois, como há cinquenta anos atrás, e nada mais importava.

- Eu estou irrevogavelmente apaixonada por você, Edward... E esse é um caminho sem volta. Ainda que eu acordasse, e tivese descoberto que foi apenas um sonho, e que havia acabado... Ainda assim nada nem ninguém conseguiria suprir a falta que sua ausência me faria. E eu não reclamaria... Porque quando a vida nos oferece um sonho muito além de nossas expectativas... É irracional sequer lamentar-se quando isso chega ao fim.

- Nunca chegará, Bella... - Falei, meus dedos passeando pelos seus lábios, seus cabelos, a linha tênue entre seu queixo e seu maxilar. - Você estará para sempre comigo, não só ocupando minha mente, mas também todo o espaço existente em meu peito.

 Ela sorriu, a felicidade transbordando de seus olhos.

 Então seu olhar perdeu o foco. Ela piscou algumas vezes e voltou a se recostar na cadeira, suas mãos se afastando de mim, o calor de seu corpo abandonando o meu.

 - Me desculpe... Eu lhe conheço?

Inspirei o ar com força. Não, ela não me conhecia. Aquele fora um momento rápido e inconstante de memória, e ainda uma memória falha.

- Não... Eu sou apenas um amigo de Isabella e...

- Amigo meu?

- Não... De Isabella, sua neta.

Ela sorriu mais uma vez.

 - Sinto muito, mas você está equivocado... Eu não tenho neta.

Ela retirou suas mãos, que ainda estavam entre as minhas, e as escondei sobre o xale azul.

- Tem razão, me perdoe. Eu... Me confundi.

 - Não tem problema... Espero que você encontre quem procura.

Eu me levantei, passando as mãos pelo casaco, desajeitadamente.

- Eu não procuro ninguém. Minha vida não possui qualquer sentido, e eu terei que me acostumar com isso.

Inclinei-me e toquei sua testa com meus lábios. Meus olhos se fecharam com força, e por um segundo eu tive um deja vú, a cena do bosque voltando à tona com total intensidade.

http://www.youtube.com/watch?v=f4hsC0nRvZM

MÚSICA: Leaving on a Jet Plane - John Denver

“All my bags are packed, I'm ready to go.

I'm standing here outside your door

I hate to wake you up to say

 Goodbye But the dawn is breaking it's early morn

The taxi's waiting he's blowin' his horn

Already I'm so lonesome I could die

 So kiss me and smile for me

Tell me that you'll wait for me

Hold me like you'll never let me go 'cause I'm leaving on a Jet Plane

 Don't know when I'll be back again

Oh baby I hate to go

There's so many times I've let you down

So many times I've played around I tell you now they don't mean a thing Everyplace I go I'll think of you

Every song I sing I'll sing for you

 When I come back I'll bring your wedding ring

So kiss me and smile for me

Tell me that you'll wait for me

Hold me like you'll never let me go 'cause I'm leaving on a Jet Plane

 Don't know when I'll be back again

Oh baby I hate to go

Now the time has come to leave you

One more time let me kiss you

Then close your eyes and I'll be on my way

Dream about the days to come

When I won't have to leave you alone

About the times I won't have to say Goodbye

So kiss me and smile for me

Tell me that you'll wait for me

Hold me like you'll never let me go 'cause I'm leaving on a Jet Plane

 Don't know when I'll be back again Oh babe I hate to go”

 MÚSICA/TRADUÇÃO: Partindo num avião a jato

“Todas as minhas bolsas estão arrumadas, estou pronto para ir,

Estou parado aqui no lado de fora da sua porta.

 Eu odeio acordar você para dizer adeus,

Mas a aurora está rompendo, é manhã cedo.

O táxi está esperando, sua buzina está tocando,

Já estou tão deprimido que podia morrer.

Então beije-me e sorria para mim,

 Diga-me que você esperará por mim,

 Segure-me como se você nunca fosse me deixar ir.

Pois estou partindo num avião a jato,

Não sei quando estarei de volta outra vez;

Oh baby, eu odeio partir.

Tem tantas vezes que te decepcionei,

Tantas vezes que brinquei por aí,

Eu te digo agora, elas não significam nada.

Em todo lugar que for, eu pensarei em você,

Toda canção que cantar, eu cantarei para você;

Quando eu voltar, trarei seu anel de casamento.

Então beije-me e sorria para mim,

Diga-me que você esperará por mim,

Segure-me como se você nunca fosse me deixar ir.

Pois estou partindo num avião a jato,

 Não sei quando estarei de volta outra vez;

Oh baby, eu odeio partir.

Agora chegou a hora de te deixar;

 Mas uma vez deixe-me beijar você,

Então feche seus olhos, estarei a caminho.

Sonhe com os dias que virão

Quando eu não terei de partir sozinho,

[Sonhe] com os momentos em que não terei de dizer:

Então beije-me e sorria para mim,

Diga-me que você esperará por mim,

Segure-me como se você nunca fosse me deixar ir.

Pois estou partindo num avião a jato,

 Não sei quando estarei de volta outra vez;

 Oh baby, eu odeio partir.”

 

Não olhei para trás. Nada mais importava naquele momento, afora o fato de que meu coração havia ficado ali, naquelas mãos quente e macias, junto com minha alma, que eu finalmente descobrira que me acompanhava. E que havia ficado com Bella, também.

- Como foi? - Isabella me encontrou assim que eu virei a esquina da varanda. Tinha Alice e Jasper ao seu lado. Jacob também estava ali.

- Horrível. Doloroso. Angustiante... Mortal.

- Ela lembrou-se de você...? - Isabella perguntou, dando um passo à frente, em minha direção.

- Brevemente. - Respondi, engolindo em seco. - Mas de maneira confusa...

- Bom. Então acho que é isso. - Foi Jacob Black que se intrometeu, a expressão cizuda. - Você já teve o seu momento de rendição. Já falou com Bella, já terminou o que precisava ser feito. Creio que nada mais lhe prende aqui.

O pior é que ele tinha completa razão.

- Você está certo. Eu vou embora, não quero trazer mais problemas... Não mais do que já trouxe. - Virei-me para Jasper e Alice que me encaravam. - Vamos. Ligue para Carlisle, Alice. Diga-lhe que partiremos hoje, sem falta.

Ninguém falou nada. Voltei a olhar para Jacob, estendendo minha mão em sua direção.

- Obrigada Jacob. Por ter proporcionado a Bella alegria e felicidade. Por ter curado – ou tentado curar – o buraco que eu abri em seu peito, ainda que sem querer.

Jacob olhou para minha mão estendida por um longo segundo.

- Adeus, Cullen. - Falou, guardando a própria mão no bolso da calça que usava. - Espero não vê-lo nunca mais.

A recíproca era verdadeira.

- Vamos, Alice. Jasper.

Eu ultrapassei com pressa todo o caminho até o carro, dessa vez me dirigindo ao banco do motorista, enquanto Alice e Jasper sentavam-se atrás. Já estava quase dentro do carro quando Isabella veio correndo em minha direção.

- Edward!

Parei abruptamente e olhei para ela.

- Edward... - Ela ofegava quando chegou até mim. - Não faça nenhuma besteira, ok?

- Não se preocupe comigo. Não vale a pena.

- Eu vou ligar para você. E para Alice. Para ter certeza de que tudo ficará bem.

Expirei o ar.

- Adeus, Isabella. Cuide-se.

Entrei no carro e dei partida, Isabella diminuindo aos poucos no retrovisor do carro.

O Lap Top estava ligado. O local onde eu devia escrever piscava discretamente.

Subi o cursor um pouco para cima, relendo a mensagem.

From: bella_bu@gmail.com

To: edwardmcullen@hotmail.com

Setembro de 2078.

Edward!

Espero que esteja tudo bem... Há quanto tempo não nos falamos, não é?

Por aqui está tudo na mesma... Eu continuo dando aula na escola de Forks, Sean continua perturbando minha paciência e os gêmeos estão com 13 anos agora.

Ontem fui até La Push, visitar meu avô. Ele continua ranzinza e teimoso, morando sozinho na mesma casa, próxima à First Beach.

Não tenho muitas novidades... Escrevo para não perder o contato e receber notícias, de todos vocês.

E principalmente... Esse e-mail é para parabenizar Carlisle.

Diga-lhe que até agora eu choro quando releio a matéria. É tão importante para mim, que meu coração quase explode em meu peito.

Dê um grande abraço em Alice e Esme, por mim. Diga que mando lembranças.

Um abraço,

Isabella.”

Engoli em seco e comecei a digitar.

Isabella...

É verdade, há muito tempo não nos “falamos”. Fico feliz em saber que está bem... E que as crianças crescem saudáveis e cheias de energia.

Todos estamos bem. Alice sempre pergunta de você, fica nervosa quando você demora a dar notícias. Esme também jamais se esquece de você.

Nós trabalhamos duro. Carlisle muito mais que eu, sem dúvida. Mas o resultado final foi o esperado, e é isso que importa.

Prometo manter contato com mais frequência.

Cuide-se.

Edward”.

Apertei o botão “enviar mensagem”. Assim que a ação foi concluída com sucesso, abri uma página de busca e digitei.

Isabella Marie Swan Black”

O que eu procurava apareceu como primeira opção de resultado. Cliquei em cima.

Hoje foi inaugurado o Centro de Tratamento Isabella Marie Swan Black, em Phoênix.

Especializado em doenças degenerativas, o centro tem como principal foco o tratamento do Mal de Alzheimer.

Especula-se que o responsável pela criação do Centro seja o “Hobin Hood” da ciência – o mesmo gênio responsável pela descoberta da cura do Alzheimer – já que também preferiu manter sua identidade em sigilo.

O que importa é que a humanidade mais uma vez o aplaude – mesmo que silenciosamente – e agradece por mais um feito de tanta magnificência.”

Sorri interiormente.

Minha vida ficou sem rumo depois do dia fatídico em que reencontrei Bella. Menos de três meses depois ela faleceu, e então todo e qualquer sentido que pudese existir teve fim.

Desde então, encontrar a cura para o Mal de Alzheimer havia se tornado meu objetivo de vida, e eu jamais poderia fazer isso sem a ajuda de Carlisle.

Hobin Hood.

Quando finalmente descobrimos, após milhares de horas incansáveis, Carlisle havia estabelecido outra meta. O Centro de Tratamento para doenças degenerativas Isabella Marie Swan Black.

E agora o sonho havia se concretizado.

Agora eu poderia continuar a existir com um pouco mais de leveza, sabendo que em algum lugar, onde quer que fosse... Bella estaria sorrindo, orgulhosa de mim, novamente.

FIM.


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Notas finais do capítulo

AMORES!!!!

Esse é o final que eu idealizei assim que sonhei com essa história...

Mas como muitos leitores temiam a minha "mente"... Então resolvi escrever um FINAL ALTERNATIVO!

Eu irei postá-lo aqui... Mas como estou sem tempo nesse momento, deixarei o link da MINHA COMUNIDADE, onde vocês poderão encontrá-lo, caso a ansiedade seja mais forte!!! Espero que leiam minhas outras fics tb!!! *----*

Bem, é isso. Espero que tenham gostado... Essa foi a FIC mais difícil que já escrevi até hoje, e o fiz com muito carinho.

um beijo e obrigada pelos comentários de incentivo!

Amo vocês!!!


LINK da MINHA COMUNIDADE no ORKUT: http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=95190913