Depois da batalha você sumiu escrita por Vindalf


Capítulo 1
Mistério


Notas iniciais do capítulo

AU para o finzinho de "Jornada para Erebor", mas não faz parte daquele universo. Considere uma fic à parte. Spoiler para a Batalha dos Cinco Exércitos (o filme)



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A realidade era confusa, mas Anna ouviu seu nome sendo chamado. Um líquido com forte aroma de ervas foi colocado em sua boca, e ela estava tão fraca que não teve escolha a não ser beber. Então, caiu na inconsciência de novo.

Em sua percepção fraca e enevoada, Anna viu elfos cuidando de sua saúde. Mas seus pesadelos eram tão vívidos que ela parecia viver dois mundos, em que a batalha por Erebor se alternava com momentos de cuidados médicos, sem saber qual deles era real e qual era formado de meros sonhos.

Não ajudava o fato de que ela via as cenas da batalha se repetirem seguidamente, tudo de novo, e ela nada podia fazer. Thorin, Fíli e Kíli cercado por orcs, ferozmente ajudados por Legolas e outro elfo, ruivo e pequeno. Mas Anna só via à distância, horrorizada, ainda mais que eles pareciam em apuros, Kíli sangrando muito na testa, Fíli lutando com duas espadas e Thorin caído entre os dois. Anna tentou correr até eles, mas foi segura por alguém que não a deixava correr. Então ela gritou por Thorin, e sabia que Dwalin não estaria longe, mas alguém a puxava para longe, cada vez mais longe, e então Kíli caiu no chão. Anna se desesperou. Tudo adquiria um tom surreal que ela não sabia se era seu horror ao ver seus entes queridos tombando ou se era da natureza de um sonho. Pareceu que ela era erguida num grande cavalo, um muito alto.

Tudo pouco importava a partir do momento em que Fíli também caiu e ela urrou de dor, de horror e desespero. Uma cortina cinza caiu sobre seus olhos, que viram apenas o campo de batalha ficando menor à medida que o imenso cavalo se afastava, rumo à Floresta Negra de Mirkwood.

Depois disso Anna não viu mais nada. Junto a seu ouvido, porém, ela ouviu uma voz melíflua e suave garantindo:

— Não se preocupe, senhora. Não ficará desamparada.

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Impossível dizer quanto tempo Anna permaneceu incapaz de distinguir o que era real e o que era sonho. Ela chamava Thorin, perguntava por ele, mas as respostas sobre o paradeiro dele eram vagas e confusas. Ela chamava Kíli e Fíli, que deveriam saber sobre Thorin, mas também não surtia efeito. Às vezes Anna tiritava de frio, mas na maior parte do tempo ela suava em bicas, tanto que o cabelo grudava e o suor escorria, aumentando a sensação de irrealidade.

Os sonhos dos cuidados médicos tornaram-se mais vívidos, a ponto de Anna reconhecer elfos cuidando diligentemente dela. O único elfo que identificava pelo nome era Thranduil, o rei élfico, que deixava Anna muito admirada por suas palavras doces e carinhosas:

— Não precisa ter medo, pequena. Vamos cuidar de você. Tudo ficará bem, não se preocupe.

Muitas vezes Anna olhava elfos a rodeando, mas ela estava tão cansada e ausente que olhava a cena como se visse um filme, algo que não estava ali. Os elfos se agitavam quando ela entrava nesse estado, mas a mente de Anna não conseguia ligar uma coisa à outra.

Retornar a algum tipo de consciência foi um processo longo e árduo. Os pensamentos dela demoravam a se formar, ela olhava o seu entorno de maneira ausente e desinteressada. Ela mal interagia com seu meio.

— Milady está no Palácio do Rei dos Elfos da Floresta — dizia pacientemente um elfo que sempre estava ali cuidando dela. — Meu senhor a trouxe para cuidar melhor de sua saúde.

Anna soltou um som que esperava ser de reconhecimento, mas foi tão rouco que terminou sendo apenas um gemido. Ela fechou os olhos e ouviu:

— [Ela continua muito fraca.]

Uma voz diferente, conhecida, ordenou:

— [Diminua a dose do remédio e reforce os caldos nutritivos.]

— [Sim, meu senhor.]

E depois disso Anna não ouviu mais nada.

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Finalmente Anna conseguiu abrir os olhos e sentir um pouco de realidade concreta à sua volta. Um pouco da névoa de seus pensamentos parecia ter desanuviado, e ela se virou para dar de cara com um elfo louro que a observava. Ao vê-la desperta, o elfo arriscou:

— Milady?

Ela tentou responder, mas sua garganta falhou, prejudicada pela falta de uso. O elfo pegou um copo de água e ajudou-a a beber uns goles. O líquido aliviou a ardência, e ela tentou falar:

— Qu-que...?

O elfo a interrompeu:

— Não se esforce. Madame teve ferimentos que começam a cicatrizar.

— Th-Thorin...?

— Milady está no Palácio do Rei da Floresta. Ele a trouxe pessoalmente e salvou sua vida após a batalha.

Mas Anna tinha um único pensamento, e repetiu a pergunta:

— Thorin...?

O elfo suavizou o olhar:

— Lamento não poder responder, milady. Não estive no campo de batalha. Por favor, tome seu remédio.

Sem poder resistir, Anna obedeceu, adormecendo logo em seguida com o coração pesado de angústia.

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Anna acordou e tomou um caldo nutritivo, para depois receber um banho na sua própria cama, dado por duas elfas, com panos molhados em água morna. O ferimento no ombro foi trocado em seguida. Embora ela não tivesse se mexido, a atividade a deixou tão cansada que ela adormeceu em seguida.

Anna nunca acordava sozinha. Sempre havia um elfo ou elfa para cuidar dela. Anna indagava sobre seu povo, mas ninguém lhe dizia nada. Ela começava a se angustiar.

Então um dia a elfa recolheu a bandeja com a refeição, deixando-a a sós. Mas não demorou dois minutos. Em seguida entrou o rei Thranduil em pessoa. Anna tentou se sentar, e ele disse:

— Por favor, minha cara, não se esforce tanto. Está fraca.

Ela disse, ainda confusa:

— Majestade...

— Ecthelon me disse que está angustiada. Isso tem prejudicado sua recuperação.

Ela confessou:

— Angustia-me a falta de informações. Não sei o que se passou na batalha.

Thranduil confirmou:

— Eu a retirei do campo de batalha, onde você nunca deveria ter posto o pé. Estava ferida e desorientada, e eu a trouxe ao meu palácio, confiei seus cuidados a meu curador.

Anna curvou a cabeça:

— Eu lhe sou grata, Majestade. Mas ainda não sei o final da batalha.

O rei respondeu, desviando os olhos:

— Nós vencemos. Os orcs foram derrotados, mas a um custo alto. Perdi um destacamento inteiro de bravos lanceiros. Homens e anões também sustentaram graves perdas.

Anna tremia de tão nervosa:

— Não é isso que estou perguntando, e você sabe.

Ele suspirou:

— Sim, eu sei. Tentava poupar você do sofrimento, mas suponho que um dia você terá que saber.

O tremor de Anna foi acompanhado de um aperto no coração.

— Saber o quê?

O rosto impassível pareceu consternado, e Anna viu algo brilhar nos olhos cinza quando ele pronunciou:

— Thorin Oakenshield morreu dos ferimentos de batalha. Eu sinto muito.

— Não...! Não é verdade...!

Thranduil comentou:

— Ele morreu com dignidade, um guerreiro — uma morte muito honrosa. Foi enterrado no fundo de sua montanha. Dizem que a cerimônia foi emocionante.

Anna repetia, agitada, uma dor oprimindo seu peito:

— Não é verdade!... Não depois de tudo que fiz! Não pode ser! Não entende? Eu não deixei isso acontecer! Ele está vivo! Eu sei que está!

Thranduil se aproximou, disposto a abraçá-la:

— Minha cara, eu sinto tanto...

Anna tentou se afastar:

— Não! Não encoste em mim! Thorin está vivo! Eu tenho certeza que está!

Ele chamou:

— Ecthelon!

Imediatamente quatro elfos entraram no quarto e contiveram Anna, que estava histérica, gritando por Thorin. O curador aplicou alguma medicina élfica de emergência, uma que rapidamente levou Anna à inconsciência.

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Dali por diante, a recuperação de Anna teve uma reversão crítica. Ela entrou em choque. O rei élfico ficava com ela horas a fio, segurando sua mão, assegurando que ela seria bem cuidada, mas ela quase não respondia. Era forçada a comer. Mas ganhou privacidade, porque vivia caindo no choro, e elfos não aprovavam demonstração tão explícita de emoções.

Demorou alguns dias até Anna começar a apresentar algum tipo de resposta. Mas o rei élfico parecia ser paciente e respeitoso.

— Bom dia, milady — ele saudou. — Está um dia bonito, e o curador recomendou um passeio breve para ajudar sua recuperação. Podemos ir depois de seu desjejum. Que me diz?

— Passear... com você?

— Faço questão de acompanhá-la, minha querida. Sua recuperação é importante, e deve ser tratada com delicadeza.

Anna apenas assentiu, de maneira ausente. Aquilo arrancou um sorriso de Thranduil, que se animou:

— Excelente! Nesse caso, vou deixá-la para que se prepare.

Amas vestiram Anna com trajes simples e elegantes, e ela foi levada ao rei, que a esperava num dos sinuosos caminhos do Reino da Floresta. Se estivesse em condições, Anna perceberia que Thranduil tratava toda a floresta como sua propriedade.

Mas ela não estava em condições. Anna tentava absorver a morte de Thorin, o que considerava seu próprio fracasso. Ela se esforçara tanto e no final não conseguira salvar nem a ele, Fíli ou Kíli. Era difícil.

Thranduil a levava pelo braço, respeitosamente. Passearam sob a copa de frondosas árvores, na meia luz da floresta. Após 15 minutos de completo silêncio, ele a contemplou: Anna arfava.

— Gostaria de voltar, milady?

Anna assentiu, e eles voltaram. Ela se deitou, tomou seu remédio e dormiu. De madrugada, ela chorava no escuro.

Foram alguns dias nessa rotina. Thranduil vinha vê-la, passeava com ela em silêncio, desejava um bom dia. Anna ficava calada.

Assim foi até o dia em que o rei disse, durante o passeio:

— Milady, eu me preocupo com você. Temo que esse seu silêncio não seja saudável. Por favor, fale comigo.

Anna abaixou a cabeça:

— Lamento ser uma companhia tão ruim, milord. Temo estar estragando sua diversão.

— Não estou preocupado comigo — disse ele. — É você que me inquieta. Quero ajudá-la, milady.

Anna o encarou:

— Por quê? Por que me ajuda? No nosso último encontro, deixou claro que não confiava em mim. Por que me abriga?

— Porque precisa de ajuda. Eu a tirei da batalha para que não fosse morta inutilmente ao tentar salvar quem já não mais podia ser ajudado.

Anna virou o rosto, olhos marejados com a lembrança de Thorin caído. Thranduil continuou:

— Mas eu também conheço a dor de perder um companheiro. A mãe de Legolas... — Ele se interrompeu, e Anna se voltou para vê-lo olhar perdidamente para a floresta. — Eu também a perdi em circunstâncias semelhantes.

— Eu não sabia. Sinto muito.

Ele replicou, altivo:

— Foi há poucas centenas de anos. Não falo a esse respeito. — Finalmente Thranduil a encarou, e seus olhos faiscavam prateados como o luar. — Mas eu sei que essa dor pode ser devastadora, milady. Deixe-me ajudá-la. Confie em mim.

— Não pode trazer meu marido de volta.

— Não. Não posso. Mas posso cuidar de você e seu filho. São bem-vindos para ficarem aqui o tempo que quiserem depois que você se recuperar.

— Milord — lembrou Anna —, ainda há a família do pai de meu filho. O pai dele e seus primos morreram, mas Thorin deixou uma irmã em Ered Luin. A pobre mulher perdeu seus filhos, mas eu gostaria de tentar viver com ela. Meu filho ou filha deve ser criado na cultura do pai.

Anna viu o rosto de Thranduil se fechar, mas ele respondeu:

— Enviarei um emissário à montanha para consultar esse assunto. De qualquer maneira, há tempo para isso, pois seus ferimentos ainda precisam de cuidados.

Era verdade. Anna se cansava facilmente, e parecia estar sempre aérea, incapaz de se concentrar em outra coisa que não na dor da ausência de Thorin. Como poderia ela viajar até Erebor ou Ered Luin daquele jeito?

Uma coisa que Anna não ousava pensar era que Thorin morrera pensando que ela o traíra no episódio da Arkenstone. As últimas palavras que trocaram havia sido de mágoa e decepção. Era algo que corroía Anna por dentro. Thorin poderia ter ido aos Grandes Salões de Mahal ainda com ódio de Anna. Que gosto de viver poderia ela ter?

Ela notou que sua recuperação estava muito lenta. O médico, Ecthelon, explicou que havia um veneno orc insidioso agindo em seu corpo. A dor de sua perda também era um obstáculo a seu restabelecimento, garantiu. Mas ele assegurou que o bebê estava bem, apesar de tudo. Anna sorriu diante deste pequeno consolo. "Ele é mesmo filho de seu pai", pensou ela.

A passos lentos, Anna tentava reagir, ainda maravilhada com a dedicação e a paciência de Thranduil. Era tamanha atenção que ela se sentia tocada, até estranhamente culpada por tê-lo enganado na sua visita anterior, quando o rei élfico prendera toda a companhia e ela fugira de Mirkwood para se encontrar com seus amigos.

Bem quando tudo parecia melhorar, até sua saúde, ela recebeu uma bomba. Foi logo após o desjejum, antes mesmo do passeio com Thranduil. O elfo entrou em seus aposentos, e Anna sentiu que ele estava tenso. Talvez pálido demais.

— Minha querida senhora — saudou o rei, formalmente, semblante fechado. — Acabo de receber notícias de Feren, meu emissário à montanha.

O coração de Anna se acelerou de expectativa.

— Sim, milord?

Thranduil pegou as pequenas mãos de Anna, olhos cinza cheio de dor, e respondeu:

— A resposta de Erebor é que a vontade de Oakenshield será respeitada: por roubar a Arkenstone, você não tem lugar na montanha. — Anna empalideceu, chocada. Thranduil apertou suavemente sua mão, solidário. — Eu sinto profundamente, minha cara.

Anna estava desnorteada, e tentou encontrar alguma chance de rever a situação:

— Entendo que Dáin não... me queira. Ele é o novo rei... Mas... E Dís? Dís não...? — Ela não conseguiu completar, a garganta trancada, olhos cheios de lágrimas.

— Se está se referindo à princesa, ela preferiu não deixar Ered Luin. Não virá a Erebor, e o novo rei sob a montanha parece encorajar essa decisão.

Anna estava devastada. Todo seu chão havia sido retirado de seus pés. Ela jamais se sentira tão só e desamparada. Os anões, seus anões, a quem Anna tanto amava, haviam-na abandonado por ordem de seu finado ex-futuro marido. Agora ela estava sozinha, grávida, sem lar e abandonada num mundo estranho e hostil.

Então ela sentiu dois braços fortes a envolvê-la de maneira terna e protetora. Em voz suave, Thranduil assegurou:

— Não tema, Lady Anna. Como falei antes, você tem lugar cativo em Mirkwood se quiser. Não ficará desamparada, nem você nem seu filho.

Anna chorava, cabeça apoiada na túnica de brocados do rei da floresta. A dor em seu peito era imensa, maior do que podia imaginar. À perda de Thorin se juntava a rejeição dos anões da montanha, e isso era mais do que ela podia suportar.

— Que será de mim? — Em lágrimas, ela não pôde evitar a pergunta.

O rei élfico garantiu:

— Você será uma hóspede reverenciada em meu palácio. Poderá viver aqui e criar seu filho, se assim desejar. Eu ficaria muito satisfeito se optasse por isso.

Anna se afastou, desfazendo o abraço. O rei élfico não insistiu. Ela indagou mais uma vez:

— Por quê? Tem feito de tudo para me acomodar, mas não me deve nenhum compromisso. Não entendo.

Ele explicou:

— Está equivocada. Você prestou um grande serviço a Mirkwood. Legolas me chamou atenção para as repercussões de sua... er, atitude quando esteve aqui. Veio recomendada por Lord Elrond de Rivendell. Meus atos não foram isentos de reprovação. Poupou-me embaraços de grande monta. Tem a minha gratidão.

Anna quis saber:

— Ainda terei tal gratidão ao saber que poupá-lo de tais embaraços não era minha intenção?

Thranduil sorriu - e para Anna, havia algo dúbio naquele sorriso. Mas ele comentou:

— É sincera: gosto disso. Vamos nos dar muito bem, milady.

Anna tentou forçar um sorriso, mas descobriu que não precisava forçar tanto. Ela realmente estava grata ao rei Thranduil. De todas as pessoas a quem imaginou pedir ajuda, aquele era o mais improvável.

Mas foi o único que se apresentou, em sua hora de grande necessidade. Anna jamais esqueceria esse gesto.

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— Como ela está?

— Melhorando a cada dia. Mas temo que a batalha a tenha perturbado imensamente.

Ada, eu gostaria de vê-la.

— Legolas, filho, ainda é cedo. Deixe que se recupere um pouco mais.

— Mas os anões mandam mensagens! Mandam emissários! O rei está no limite de sua paciência.

Thranduil riu-se:

— Paciência nunca foi o forte de Thorin Oakenshield. Ele que espere. São grandes as chances de sua teimosia ter lhe custado a amante.

— Que diz?

— Lady Anna pode ter finalmente visto o anão como ele realmente é: teimoso, irascível, bruto e sem educação. Ela está desiludida, e muito. Talvez não volte para ele.

Legolas encarou o pai, sentindo um misto de suspeita e perturbação. Mas preferiu nada dizer.

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Em Erebor, Thorin, rei sob a montanha, ainda não se recuperara totalmente de seus ferimentos. Mas isso estava cada vez mais difícil devido ao temperamento do rei, que rosnava e rugia chamando por sua ghivasha, ameaçando arrebentar pontos e reabrir ferimentos.

Balin e Dáin tentavam travar negócios de Estado, já que Thorin ainda estava se recuperando, bem como Fíli e Kíli. Mas o assunto do sumiço da pequena era alvo de preocupação para todos.

— Não entendo — disse Dwalin. — Ninguém tem certeza do que aconteceu com Dona Anna.

Dáin quis saber:

— E vocês têm certeza de que essa criatura não é mesmo uma traidora?

Dwalin rosnou, e Balin alertou:

— Melhor cuidar com o que diz, primo. Thorin não vai gostar de ouvir você falando assim de sua khebabihn.

— Mas se ela realmente fugiu com aquela fadinha da floresta!... — lembrou Dáin. — Foi o que os homens disseram.

Balin lembrou:

— Eles também disseram que ela gritava e se debatia.

— Então ela foi raptada — disse Dwalin. — Mais um motivo para irmos atrás dos comedores de mato!

Balin lembrou:

— Não se pode confiar na raça dos homens. Eu digo que devemos investigar. Alguma coisa está errada.

— Não conheço essa pequena que parece ter enfeitiçado meu primo — lembrou Dáin. — Mas se vocês dizem que ela é das nossas, eu acredito.

— Ela é — garantiu Balin. — E carrega um filho de Thorin.

Dáin arregalou os olhos:

— Cáspite!

Dwalin esbravejou:

— Eu culpo os elfos!

Balin decidiu:

— Só há um jeito: tirar isso a limpo nós mesmos. — Ele ergueu as sobrancelhas, determinado. — E para isso vamos precisar de uma pequena ajuda.

Dwalin o encarou, de repente entendendo do que ele falava. E sorriu amplamente, deixando Dáin em confusão.

Palavra em Sindarin

ada = pai

Palavras em Khuzdul

khebabihn = forjada

ghivasha = tesouro


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