Sick escrita por Mia Elle


Capítulo 16
Capítulo Dezesseis


Notas iniciais do capítulo

Ok, estamos super no final da fic. Tem esse e mais três capitulos. E um epílogo. C



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E o tempo que passaram ali foi incerto; foi um daqueles momentos atemporais, onde você não se importa realmente com os minutos ou horas. Permaneceram assim, encontrando conforto um no outro, e tomando consciência de cada centímetro de suas peles que se tocavam. Por que por mais que prometessem ao outro que tudo ficaria bem, eles mesmos não estavam convencidos disso.

Até que Frank, enfim, manifestou que estava preocupado com sua mãe, que até agora não aparecera, e pediu para que Gerard fosse ver como ela estava, e dissesse que não se importava que ela chorasse, mas queria vê-la.

E ele o fez, indo procurá-la na pequena salinha de espera, onde ela costumava estar. Achou estranho não encontrá-la lá, e já ia direto a recepção para perguntar se ela saíra, quando a avistou ao fim do corredor.

Seus olhos estavam um tanto vermelhos, mas ela não chorava; tinha uma expressão séria e preocupada.

- Pode parecer meio idiota perguntar, mas a senhora está bem?

Ela negou com a cabeça, sentando-se na primeira cadeira que viu e enterrando o rosto nas mãos, para dizer depois com uma voz abafada:

- Frank não tem um plano de saúde, e eu simplesmente não sei como farei para pagar por tudo até agora, e mais o que ainda vai vir – Gerard não podia culpá-la por se preocupar com isso, afinal ter um filho doente e não ter dinheiro para pagar o tratamento devia ser bem angustiante. Agachou-se a frente dela, fazendo com que ela erguesse o olhar.

- Deixe as despesas por minha conta, ok? Já disse ao Frank que se a cura estiver na china, nós vamos para lá.

O olhar dela foi de gratidão.

- Você vive de que, afinal?

- Meu pai era muito rico, deixou-nos uma empresa. É meu irmão quem cuida dela – Linda assentiu – Frank disse que quer vê-la.



A Biópsia de Frank foi realizada naquela tarde. O procedimento era o mesmo de uma cirurgia, mas como seriam tiradas apenas algumas células – e não o tumor todo – o garoto não corria risco. O resultado sairia em alguns dias.

O garoto teve que passar mais aquela noite no hospital pois ainda estava sob o efeito da anestesia, e quando saiu na manhã seguinte, tinha os cabelos raspados em uma pequena área da cabeça, e uma pequena cicatriz no local.

Os dias seguintes foram tranqüilos. Linda tirara uma licença do trabalho para ficar com Frank, e Gerard também passava a maior parte do tempo na casa do menino.

Alguns amigos dele, que já sabiam do ocorrido, foram visitá-lo em uma das tardes. Gerard reconheceu-os como muitos dos garotos que via caminhando com Frank pela rua, na volta do colégio, antes de conhecê-lo.

Lembrou-se do por que gostava de olhar para Frank: Imaginava que um menino de aparência tão boa, com tantos amigos e que parecia ser inteligente, teria uma vida boa pela frente. Lembrou que pensava que ele tinha futuro por não ser doente, como ele.

Deixou uma lágrima rolar por sua face ao constatar que estava enganado, e que na verdade ele não era doente, e sim Frank. E que Frank talvez não tivesse um futuro. Limpou a lágrima rapidamente, antes que Frank visse e começasse a se preocupar com ele.

Alguns familiares de Frank vieram vê-lo também, e o garoto estava disposto a não esconder de ninguém a sua relação com Gerard, mas este concordou com Linda quando ela disse que nem todos poderiam entender isso. Gerard então, passou a ser um vizinho prestativo e muito amigo, para todos os efeitos.



O telefonema do médico veio em uma quinta-feira, depois do fim de semana em que tudo ocorrera. Quem atendeu o telefone foi Gerard, pois Linda cozinhava o jantar e Frank tomava banho.

- Sr. Way, gostaria de avisar que o resultado da biópsia saiu, e eu o analisei. Gostaria que viessem, para que pudéssemos conversar.

- Quando o senhor diz ‘viessem’ se refere a quem?

O médico respirou fundo, para depois responder que era uma escolha deles se levariam Frank junto, e que ele não adiantaria nada por telefone. Disse que estaria em seu consultório pela manhã.

Gerard foi até a cozinha, aproveitando que Frank não estava presente, para conversar sobre o assunto com Linda. Decidiram que Frank deveria ir, por que, se as noticias não fossem boas, nenhum dos dois teria forças para dá-las ao menino.



Eram dez da manhã quando a recepcionista avisou que eles poderiam entrar para conversar com o médico, que os esperava com a mesma cara. Uma cara de médico, aquela sem a mínima expressão, onde nem mesmo os olhos revelavam nada. Só haviam duas cadeiras em frente a mesa, por tanto Gerard ficou de pé, encostado na parede, com as mãos para trás.

Dr. Edwards respirou fundo e cruzou as mãos em frente ao peito, preparando-se para começar.

- Bom dia – sorriu amarelo – bem, o exame está aqui, se quiserem ver – entregou o envelope a Linda, que o abriu imediatamente – mas acho que vocês não o entenderiam.

Mesmo assim ela tentou, passando os olhos pelas figuras e textos ali impressos, sem compreender.

- Esse é um caso complicado, e eu temo que as noticias que eu dou a vocês estejam ficando piores a cada vez – Gerard prendeu a respiração. Ele sabia que o médico seria curto e grosso em seu diagnóstico, era o trabalho dele. Não o culpava por não demonstrar emoções, pois sabia que ele tinha que lidar com essas coisas dia após dia, e não era uma coisa fácil. Imaginava que se fosse com ele, já teria desistido – A biópsia revelou que o tumor é maligno, o que o torna um câncer. Como já disse, é um caso complicado, podemos tentar a quimioterapia, mas são poucas as chances de que tenha algum resultado.

- Isso significa que... não tenho muito tempo de vida? – Frank disse, com a voz fraquinha.

O médico hesitou.

- Bem, temos alguma esperança com a quimioterapia, portanto...

- Seja sincero – pediu Gerard, que até então permanecera quieto e imperceptível ali na parede.

- Pois bem, diria que um ano e meio.

Esta foi a gota d’água para Linda, que desatou a chorar ali mesmo. Frank, como se não tivesse ainda percebido o significado das palavras, começou a fazer perguntas e mais perguntas para o médico sobre a doença toda.

E Gerard? Bem, Gerard apenas aceitou aquilo como uma predição de sua morte também, mas não se importou com isso. Ele decidiu que faria desse um ano e meio o melhor da vida de Frank.

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Notas finais do capítulo

me apedrejem agora -n