Acordei esta manhã, e como sempre encontrei Nessy me encarando feito uma fantasma. Dei um pulo, ela segurava algo. Desde muito pequena sou curiosa, então estendi a mão para ela me entregar. Ela nem hesitou. Rasgou o papel no meio. E saiu correndo de meu quarto. Nessy é a minha "meia-irmã". Ela tem quatorze anos e é muito irritante. Adora me fazer de boba. Faz de tudo para me deixar chateada. Nunca deixava eu pegar uma carta com destino a mim mesma sequer. Rasgava todas e jogava os restos no lixo. Mais essa devia ser algo realmente ruim, por que ela abandonou a carta no chão. Eu peguei-a e abri-a. Juntei os dois pedaços do papel para ler. Era escrito numa caligrafia exemplar, e dizia coisas que não faziam sentido para mim. Algo sobre eu ser uma bruxa, uma herança, uma guerra... Provavelmente enviaram errado, e a carta era destinada há outra pessoa, algum leitor fanático por história loucas, talvez. Então vi que tinha algo a mais na carta, um embrulho fino de cor vermelha. Quando o abri encontrei, uma, não tenho certeza, mais acho que era uma varinha partida em dois pedaços. Eu dei uma boa olhada, em tão reembrulhei a "varinha" e fui correndo para a sala. Lá a minha mãe me esperava com seu atual marido. Só para deixar claro, eu falo assim porque, minha mãe é muito bonita, então ela troca de marido com facilidade. Nessy é fruto de um amor que minha mãe teve a, mais ou menos, quatorze anos e dois meses. Eu sou fruto de um amor que ela teve a dezesseis anos e sete meses, só que meu pai devia ser alguém péssimo, pois não se fala dele aqui em casa.

Cheguei com o embrulho e mostrei-o a minha mãe, que estava sentada a mesa de café.

—O que é isso? É algo do meu pai - A reação dela foi parecida com a que eu imaginei. Ela deu um gritinho e disse, como sempre dizia: - Porque diz isso menina? Você tem que parar com essa adoração pelo seu pai! Isso - Ela apontou para o pacote - Não é nada que vá fazer diferença! Então não vale a pena se preocupar!

Eu olhei em seus olhos. Era incrível como não nos parecíamos. Ela tinha cabelos loiros e curtos, olhos azuis e sorriso que mantinha sempre aberto. Eu tenho olhos acinzentados, cabelos longos e negros, pele pálida, e bem, já da para imaginar que não sorrio muito.

— Mãe, por favor... É muito importante para mim. E aliás está dizendo na carta que eu tenho de, bem, substituí-lo! Eu achei até um pouco paranoico.

Mamãe praguejou, depois virou-se para mim e perguntou:- Substituir? Você deve ter lido errado. Substituir quem?

Eu respirei fundo, tinha certeza de que haveria uma briga depois.

— Substituir Tom Riddle. Segundo a carta devo terminar o que ele começou.

Um prato caiu a ouvirem esse nome, e tive certeza que o mundo parou.