Let Us Burn escrita por Primadonna


Capítulo 7
VI: Amittere


Notas iniciais do capítulo

Olá, criaturinhas das trevas.
Achei que eu nunca terminaria essa fanfic, mas cá estou eu postando o penúltimo capítulo dela, se é que alguém ainda lê. Depois de muito pensar e repensar, coloquei o meu final perfeito para ela. Eu devia isso pra vocês, e peço perdão pela demora.
Aconteceram muitas coisas. Como essa conta é uma pseudo eu, não vejo o porque de esconder de vocês tudo o que houve, mas foi praticamente: morte, doença terminal, escola, problemas pessoais e drogas.
Eu consegui passar por tudo isso de uma forma meio que terrível, mas pelo menos passei, graças à Gandalf.
Me perdoem pela demora, é sério. Espero que gostem.



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A próxima coisa que Legolas e Wren ouviram havia sido uma grande explosão, fazendo com que seus rostos se afastassem de supetão e todo sentimento positivo existente naquele momento tivesse sido extinto. A árvore havia adquirido a cor preta e eles não viram mais opções além de correr para longe, assim como os animais.

Um ao lado do outro, davam largos passos em corrida até o acampamento, onde o resto de seus amigos estavam. Não houve tempo para respirar:

Acordem! — a voz desesperada de Wren chamou uma segunda vez, enquanto a mesma juntava suas coisas. Gimli, Eddard e Ethir remexeram e acordaram, sendo xingados na língua élfica por Legolas.

— Que há? — Gimli reclamou rabugento, começando a juntar o que conseguia após sentir o calor vindo do lado oposto enquanto tudo se explodia em chamas.

Apenas vamos! — Wren berrou outra vez, deixando muitas coisas para trás.

Pol (1) — Ethir murmurou, pegando suas coisas num ato desesperado. — Temos que sair daqui.

— Ainda não está pegando fogo por onde viemos. Vamos — Eddard começou a correr.

Gimli e Legolas seguiram-no mesmo deixando alguns pertences para trás, chamando os irmãos Tenebrae. Ethir foi na frente, segurando Wren pela mão — a mesma estava completamente desesperada. O calor começava a ficar menos insuportável, mas uma massa de fumaça invadia as narinas de cada um ao mesmo tempo que o ar frio da neve.

— Está nevando! Como está pegando fogo? — Gimli gritou quando já estavam afastados o suficiente. Ninguém soube responder até que a própria resposta veio até eles.

Como um estouro, um guincho soou e uma ave pequena de pele avermelhada de couro voou acima de suas cabeças. Ela pousou em uma árvore, os olhos inteiramente vermelhos fitando os viajantes. Ele abriu a boca que se estendia como um bico, soltando outro guincho. Em seguida, a pele começou a se tornar mais vermelha como se fogo estivesse reservado dentro de si.

— Drogario — Legolas falou, tomando seu arco e uma flecha. O tiro foi certeiro, derrubando o animal no chão enquanto uma espécie de lava escorria pela boca. — São reais.

— Pelas barbas de Gandalf! — Gimli surpreendeu-se. — Esses animais estavam extintos há Eras.

— Não aqui, pelo visto — Wren se manifestou pela primeira vez. Legolas virou o olhar para a mesma, em dúvida se perguntava se estava tudo bem. Gostaria de trocar de lugar com Ethir, mas antes de qualquer coisa, a voz de Eddard rompeu os pensamentos.

— O céu… — Chamou a atenção dos outros. Olhando para o mesmo totalmente esbranquiçado, os cinco viram uma nuvem da cor de sangue adentrar a floresta. — Temos que continuar — e voltou a correr.

Não havia outra opção senão correr. Mesmo que machados, espadas ou flechas atingissem os animais, não havia arma que parasse o fogo que vivia por contra própria. Até mesmo a neve parecia estar desistindo de cair por conta daquilo.

Bolas de fogo explodiam ao lado dos viajantes, fazendo com que desviassem para perto das árvores e adquirissem vários machucados. Ignorando a dor aguda que se manifestava a cada momento, eles continuaram correndo para viver, mas não estavam perto da saída. Pensando rápido, Eddard seguiu por algo que pareceu ser um atalho.

— O que você está fazendo? — A voz de Gimli perguntou percebendo o ato, mas não parou de se mover.

— Não temos tempo — respondeu o homem.

O tempo todo, Legolas olhava para os dois elfos atrás de si, particularmente preocupado com eles. Depois de algum tempo, havia notado um corte acima da sobrancelha de Ethir e um atravessando quase a metade inteira do rosto de Wren. E ela parecia extremamente mais bonita daquele jeito. Já ele mesmo possuía as mangas das vestes rasgadas e pequenos cortes pareciam se reproduzir. Não conseguia ver Eddard, mas Gimli jorrava sangue pela batata da perna.

— Não vamos conseguir — Wren anunciou do fundo. Todos pararam e olharam para trás, vendo os animais que ficavam cada vez mais próximos, assim como o fogo. — Eles precisam de uma distração.

— Temos que continuar — Eddard assegurou quando um pequeno bando cervos atravessou o grupo, também fugindo das chamas. Eles tiveram que desviar para não serem atingidos além dos pés que estavam sendo pisoteados, mas Wren e Gimli não tiveram tanta sorte.

O anão caiu de costas, recebendo apenas um ferimento no braço devido ao galho de uma das árvores ao lado. Xingou baixo e demorou para ficar de pé. A elfa, por sua vez, fora empurrada para outra árvore espinhosa, tendo o corpo cravado em um dos galhos finos e serrilhados.

Infelix (2) — Wren murmurou, colocando as mãos na barriga que agora sangrava com a mesma intensidade da perna do anão. A elfa quase não sentiu dor por conta da intensidade do ferimento, mas a agonia de se ver presa era maior.

Soror! (3) — Ethir se virou para ela, posicionando a mão sobre seus ombros. — Precisamos tirá-la daqui! — Pediu.

Mas ninguém respondeu, nem mesmo a elfa. Eddard sentiu a garganta de fechar, Gimli não possuía reação e Legolas… Bem, esse desejou acima de tudo que fosse ele no lugar dela. Queriam tirá-la dali e sair a salvo, mas sabiam que era impossível.

— Vão — Wren ordenou, o sangue que escorria da boca de misturando com as lágrimas que desciam sem permissão. — Agora! — Gritou.

Non, non. Wren, Im 'non sine vobis relinquens (4) — o irmão insistiu.

Vos have a regno imperare. Ite (5) — respondeu, olhando as chamas que cresciam mais. — Vão logo, merda! — Suplicou uma última vez. Ethir chorava assim como ela, mas logo fora arrastado por Gimli e Eddard, já que Legolas permanecia imóvel. Enquanto os dois subiam a pequena ladeira com o elfo da escuridão arrastado, chamaram Legolas uma última vez. Não esperariam outra vez.

O elfo silvestre, numa última chance, se aproximou de Wren e depositou-lhe um beijo na testa.

— Agora sabemos de onde vêm os guinchados — Wren riu totalmente sem humor. Legolas retirou o arco e as aljavas da mesma e entregou-a, sentindo os olhos inundarem lentamente com as palavras.

— Essa não vai ser a última vez — ele prometeu, certo de suas palavras.

— Nós… — ela tentou, apertando os olhos. — Os Tenebrae não reencarnam. A vida é única.

— Eu vou até você. Eu juro — ele acariciou o rosto sujo.

Amare (6) — ela murmurou, sendo aquelas as últimas palavras que designaria antes da morte. Puxou as mãos do elfo silvestre, onde depositou um beijo ensanguentado. Por mais incrível que fosse, ele havia entendido. Dentre todas as palavras, aquela era a única hiberiana que ele havia entendido. E respondeu:

— Melme (7).

A voz de Gimli chamou por Legolas uma última vez. O elfo deu uma última olhada para Wren, que observou ele ir embora antes de puxar uma flecha e disparar no meio das chamas.

Ele correu.

(...)

Alguém precisou ficar para queimar. O que ninguém esperava era que seria Wren.

Ethir se sentia inconformado. Agora, do lado de fora da Floresta dos Alces e totalmente do lado oposto a seu lar, ele estava de joelhos sem saber como estava respirando. O pulmão cheio de fumaça negra não o incomodava, muito menos o suor que passava por seus machucados fazendo com que ardessem mais.

O fato de que ele havia perdido a irmã ainda não havia sido considerado. Era como se ele ainda estivesse lá, ouvindo a irmã dizer que ele possuía um reino para liderar. Sempre souberam que era ele quem seria o sucessor do trono dos Tenebrae, mas nunca haviam se imaginado um sem o outro. O vazio que sentia era equivalente a nunca ter vivido nada. Ele queria apenas fechar os olhos e acordar novamente no chão de um dos bares do reino, como tantas outras vezes. A morte não era eterna, mas as tradições dos Tenebrae não permitiam a reencarnação.

O que estava guardado dentro de si finalmente veio à tona. Enquanto Gimli havia arremessado o capacete para longe, Eddard continha-se para não chorar e Legolas permanecia com a cabeça entre as pernas, Ethir gritou. Gritou como se não houvesse limites para a voz, como se Wren estivesse ouvindo. Era apenas frustração cuspida, porque fora os amigos, ninguém além dos pássaros sobre as árvores escutariam.

A dor ouvida em sua voz contagiou os outros. Legolas se levantou, o rosto tomando uma coloração vermelha devido ao choro, abraçou Ethir. Eddard falhou e fez o mesmo, sendo Gimli o último. Não havia o que dizer, palavras não trariam nada de volta. Mas aquilo era o mínimo que poderiam fazer para consolar a perda.

Depois de horas, eles se levantaram. O anoitecer já caía e decidiram ir até a Floresta das Trevas, lar de Legolas. Era a mais próxima do ponto em que estavam e conseguiriam fornecer o que fosse preciso para a volta de Ethir e Eddard.

Já ao longe, Legolas olhou uma última vez para a floresta em chamas. Viu subir ao céu sinos vermelhos, voando como faíscas diretamente para o céu e se misturando com as estrelas, exatamente como as flores da árvore em que havia tirado a definição de Wren. Sabia que era ela indo para Arman, se tornando eterna. Apenas ele viu aquilo.

No próximo dia, não houve piada ou conversa. A ausência sempre fora a pior parte da vida.

(...)

— Príncipe Legolas — um dos servos fez reverência ao elfo imundo, assim como à seus companheiros. — É uma graça vê-lo vivo. Vimos o que aconte…

— Acomode os hóspedes, por favor. Onde está o rei? — Cortou o rapaz imediatamente.

— Em seus aposentos, senhor — respondeu, abaixando o olhar para o chão reluzente do castelo élfico. — Me acompanhem — chamou os convidados, que o seguiram sem protestar. Legolas fingiu não sentir o olhar pesado de Gimli sobre si e subiu as escadas até o quarto de Thranduil.

Abriu a porta com um estrondo, vendo o pai observando a noite.

— Achei que não voltaria mais — Thranduil disse, apoiando as mãos na varanda em que se situava. Legolas não disse nada, apenas caminhou até ele sem se importar com o barro de seu sapato que sujava o cômodo. Parou ao lado do rei, observando-o dolorosamente.

— Eu senti — Legolas murmurou, chamando a atenção do pai para si. — Eu sei como se sentiu.

— Do que…

— Quando minha mãe morreu. Eu sei o que você sentiu — soltou. As palavras soaram como tapas na cara de Thranduil. Ele não sabia o que dizer. — Alguém ficou para queimar. Ela ficou para queimar.

Assim como o próprio Legolas, Thranduil não sabia de onde ele havia criado tal intimidade para dizer aquilo. Apesar disso, o filho chorava por dentro e ele sabia, Thranduil sabia como era a dor. Nunca havia superado a perda da esposa, não havia mulher que a compensasse. O que era mais frustrante era que ela jamais voltaria para si, aquela não fora a sua escolha.

Como num ato involuntário, ele abriu os braços e acolheu o filho como na vez em que sua mãe morrera — aquela fora a última vez. Legolas devolveu o abraço sem se preocupar com o clima que ficaria após aquilo. Agora ele era o seu pai, nada além disso.

— Me desculpe — o elfo mais novo murmurou. Fez o pedido repetidamente, sem saber para quem.

— Acabou. Você vai ficar bem.

Thranduil desejou que alguém tivesse dito aquilo para ele.


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Notas finais do capítulo

TRADUÇÃO DA MAMÃE PRA VOCÊS (Olha, eu traduzi do inglês pro latim, então os sentidos em português podem ser meio estranhos. Ah, vocês vão entender, são inteligentes).
(1) Pol: céus;
(2) Infelix: falta de sorte, infelizmente;
(3) Soror: irmã;
(4) Non, non. Wren, Im 'non sine vobis relinquens: Não, não. Wren, não vou sair sem você;
(5) Vos have a regno imperare. Ite: Você tem um reino para reinar. Vá;
(6) Amare: amor;
(7) Melme: amor;
xXx
Não sei se mereço comentários, sei lá, apenas espero que tenham gostado. No próximo vou explicar tudo que devo (ou não hehe), e é isso! Beijos.



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