Let Me Go escrita por Rosalie Potter


Capítulo 7
Capítulo Sete


Notas iniciais do capítulo

OLÁ PESSOAL!!!!!
Então, eu pensei que não daria para postar hoje, mas aproveitei o momento do banho da minha mãe para fazê-lo.
Saudades dos comentários de vocês, não posso ficar sem postar ou já surto.
Espero que gostem do capítulo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/606203/chapter/7

Uma semana depois

Como eu disse, eu pego rotinas muito facilmente e não tinha sido diferente no castelo. Nelly já podia me deixar sozinha fazendo as coisas porque eu já conhecia cada canto daquele palácio e já sabia o que tinha que fazer a cada dia. Realmente é bem cansativo, mas eu conseguia levar sem problema algum.

Naquele momento eu peguei um dos maiores trabalhos. Lavar o chão inteiro do salão de bailes. Sabem o tamanho daquele lugar? É enorme. E o melhor é que eu peguei o trabalho pra fazer sozinha. De acordo com a Nelly, era o trabalho de “iniciação”. Bem, é terrível. Mas pelo menos eu já estava na metade.

Com a vassoura eu lavava. A água do balde estava cheia para a graça de Deus porque a pior parte era justamente ter que ir pegar água na torneira que era nos fundos do palácio. Eu definitivamente votava por uma que fosse mais próxima, mas fazer o que?

Muitos cachinhos já tinham escapado do meu coque e caindo sobre o rosto me irritavam, mas também divertiam. Eu estava quase cantando para que o tempo passasse mais rápido quando ouvi a porta se abrindo de supetão. Um jovem entrou. Só consegui ver suas costas, mas ele passou sem sequer olhar pra mim. Infelizmente tropeçou no meu balde e adivinha o que aconteceu? Sim, a água caiu toda. E ele continuou andando, como se nada houvesse acontecido.

–Alguém esqueceu as desculpas em casa. –Falei enquanto erguia meu balde. Eu não deveria ter falado porque obviamente ele era nobre, mas alguém tinha que aprender á desafiar aqueles pomposos orgulhosos.

–Como é que é? –Ele parou no mesmo instante, mas ainda sem se virar.

–Eu gaguejei? –Falei vendo que tinha sobrado alguma água.

Pela forma como seu ombro se ergueu eu vi que ele tinha ficado completamente estupefato. Quando se virou pra mim, perdi o ar. Os cabelos loiros maravilhosamente bagunçados emolduravam seu rosto lindo e aqueles olhos verdes eram penetrantes o suficiente para matar alguém só pelo olhar. Mas o pior era que aquele era o príncipe.

–Você sabe quem eu sou garota?

Endireitei meu corpo com a fala. Ele poderia ser o príncipe, ser lindo o suficiente para me tirar de órbita um pouco, mas não iria me rebaixar ali. Principalmente quando eu estava certa. Minha teimosia me impedia de ficar calada mesmo quando era para o meu próprio bem.

–Alguém que esqueceu as desculpas em casa. –Respondi com um sorriso irônico.

–Sabe que posso te colocar daqui pra fora antes que pisque?

–E vai arranjar outra pessoa pra ficar aqui seis anos em trabalho escravo? Boa sorte em procurar. -Dei de ombros ainda o olhando desafiadoramente. Mas a única coisa que eu pensava era “Nelly vai me matar”. E iria mesmo, mas está pra nascer o dia que eu vou ficar calada quando estou certa. É algo meu, uma característica que eu tinha que trabalhar.

Ele pareceu não entender, mas cerrou os olhos:

–Você é nova aqui. Pode saber garota, que seus dias aqui estão contados.

–Ótimo. Mas enquanto estou aqui preciso de um chão limpo, então o senhor, por favor, me dê licença e me deixe terminar meu trabalho. -Dei um sorriso irônico e para completar a ironia fiz uma reverência exagerada. –Vossa Alteza.

Virei às costas, peguei meu balde e fui encher novamente na torneira. Assim que saí do cômodo deixei o ar sair e sabia que levaria uma bronca para ninguém colocar defeito. Mesmo assim, saiba seu mimado que valeu á pena.

Pov Felipe:

Eu ainda estava estupefato com a audácia daquela pimentinha. Uma serviçal que de tão pequena batia na minha canela achando que pode fazer alguma coisa. Estava terrivelmente afrontado e eu iria reclamar com Nelly. E aquela garotinha insolente iria ouvir.

Mas naquele momento eu tinha algo mais a me preocupar. Na verdade, eu tinha muita coisa. Meu pai queria que eu pegasse a coroa logo, assim que eu fizesse vinte e um anos. E eu já tinha vinte. Eu não entendia a pressa dele de querer entregar a coroa, mas ele dizia que queria me ensinar antes de partir e ensinar seria mais fácil comigo vivendo na pele. Assim eu poderia ser já um rei bom e experiente quando ele partisse. E o pior é que por isso ele já estava colocando pressão para um casamento arranjado com alguma nobre. Não queria pensar em nada disso, eu ainda não estava preparado.

–E essa cara de quem comeu e não gostou? –Ian apareceu do nada e eu levei um susto, colocando a mão no coração.

–Uma serviçal qualquer me desafiando no salão de bailes. –Revirei os olhos. –Ela vai ver que não é sábio desafiar um príncipe.

–Alguém te desafiou Felipe Augustus? Eu tenho que conhecer essa garota.

Ian era de longe meu melhor amigo. Considerava-o uma espécie de padrinho. Não era tão mais velho que eu, deveria ter seus trinta e cinco anos, mas já era Capitão da guarda. Quando meu treinamento foi terminado eu passei á ajudar ele com os recrutas novos. Apesar do que as más línguas diziam sobre mim, eu tinha jeito para a coisa.

–Não queira. Abusada. –Eu ainda estava fervendo de ódio daquela pimentinha então resolvi mudar de assunto. –Conseguiu achar a garota que te pedi?

–Espalhei o boato, mas ninguém ouviu falar de nada. Tem certeza que isso não é coisa da sua mente?

–Claro que não, achas que estou louco? Eu tenho que agradecer ela. Tenho que saber quem é Ian.

–Vou me empenhar em procurar pelos boatos.

Assenti com a cabeça. Como eu expliquei, eu estava cheio de preocupações. Coroa, trono, meu pai, casamento arranjado. Todas essas preocupações juntas não me deixavam dormir, literalmente. Quando eu conseguia adormecer, já era quase hora de acordar. O que me deixava completamente indisposto o dia todo. Até que começou aquilo. Na primeira vez pensei que estava ficando louco quando ouvi aquela bela melodia de voz feminina entrar pelo meu quarto. Vinha do jardim, uma doce canção com uma voz que eu nunca tinha visto mais linda. Na primeira vez ela cantou só um trecho e eu consegui adormecer na segunda vez que ela cantara.

A voz vinha do jardim todos os dias e era a única coisa que me fazia dormir. Eu tinha medo de ir atrás dela e acabar afugentando a garota. Se ela não voltasse á cantar mais eu estaria perdido. Era ótimo dormir uma noite inteira novamente.

–Vamos lá com os recrutas? –Ele perguntou e eu assenti com a cabeça.

Entramos na aula de esgrima. Os recrutas eram bons naquele ano, mas eu estava de olho em um em especial. Gabriel chegara á uma semana e já estava bom, bom demais para tão pouco tempo. Ele tinha grande facilidade em aprender. Soube que estava ali para pagar a dívida do Duque, viera com uma irmã postiça. Ficaria por seis anos.

“E vai arranjar outra pessoa pra ficar aqui por seis anos em trabalho escravo?” As palavras da pequena abusada ecoaram pela minha mente e então que caiu a ficha. Será que ela era a irmã do Gabriel? Deus! Um tão bom e a outra...

–Vamos começar!

~X~

Depois que houve o treinamento dos recrutas eu fui até o estábulo. Eu adorava cavalgar, mas estávamos tendo um grande desafio. Sirius era um alazão negro de beleza e valor inestimável, mas terrivelmente arisco. Não sabíamos mais o que fazer para amansar ele. Estava indo lá todos os dias para ver se ele ganhava alguma confiança em mim. Hoje iriam mandar alguém para tentar amansar ele pela milésima vez e eu queria estar lá para ver a pessoa não conseguir.

Quando eu cheguei, meu queixo caiu a ver quem haviam mandado:

–Não.

–Não digo eu. –A pimentinha falou. Não acredito que uma criatura daquele tamanho poderia sequer subir num cavalo, quem dirá amansá-lo.

Vi-a fazer, á contragosto, uma reverência e tive que dar um sorriso irônico.

–O senhor tem que realmente estar aqui? –Ela pergunta revirando os olhos. Aquela energúmena estava brincando com fogo.

–Absoluta. –Queria estar ali para vê-la falhar. Tantos haviam tentado e muito mais qualificados que aquela garotinha abusada. –Quem vai ver seu rosto de decepção quando falhar?

–E quem disse que eu vou falhar?

–Eu.

–O que faz com que perca a credibilidade mais ainda.

Nelly iria me ouvir bastante por aquela garota. Ela era muito abusada, por Deus. O que aquela criatura tinha na cabeça afinal?

Fiquei só observando. Queria muito ver quando ela não conseguisse. Ela olhou nos olhos dele e vi teimosia nos dois olhares.

–Olá Sirius. Pelo visto você vai me dar algum trabalho garoto. –A voz dela era mais cordial com o cavalo do que comigo, percebi e revirei os olhos com a percepção.

Ela acariciou a crina dele bem de leve e ele já se revoltou, me fazendo sorrir. Mas ela não se assustou. Continuou com o carinho e o acalmou rapidamente, fazendo com que ele se aquietasse. Pegou uma escova e começou com calma á escovar o cavalo, algo que eu fazia umas quatro vezes por semana.

Fala sério. Ela realmente achava que ia conseguir?

Enquanto ela escovava e fazia carinhos, comecei á observar a garota em si. Ela era só uma menina, muito jovem, eu daria dezesseis anos. E a abusada era terrivelmente bonita, mesmo com os vestidos sujos e os cabelos ruivos um tanto desgrenhados. Sem nenhum adereço ela conseguia ter uma beleza impressionante.

O cavalo já estava com o freio e com a sela, então ela olhou em volta e observei curioso quando pegou uma corda. Ela amarrou a corda ao cabresto e sussurrou algo pra ele. Tive que usar da minha habilidade de leitura labial e era algo como “Vamos lá, é hora de sair um pouco”. E saiu com ele.

Acompanhei-a. No inicio o cavalo ficou relutante, mas ela acariciou seus pêlos e ficou murmurando palavras de encorajamento e logo ela estava andando com ele. Cruzei os braços e com crescente surpresa vi-o obedecer todos os comandos simples que ela ensinou, como para parar, andar, virar e voltar.

E então tive que arregalar os olhos a ver a garota montada á ele. De inicio o cavalo deu passos tímidos, mas depois foi contagiado pela empolgação dela e os dois começaram á cavalgar. Depois ela voltou e parou ao meu lado.

Eu ainda estava surpreso, boquiaberto na verdade por ela ter conseguido. Meu Deus, o que eu fiz de errado pra ela ter conseguido? Não era possível. Mutilei o cavalo com o olhar.

–Missão cumprida. –Ela falou descendo do cavalo. –A propósito ele é um doce. Só precisava de um pouco de paciência e carinho, não é Sirius?

A voz presunçosa dela, como se esfregasse na minha cara que tinha conseguido quando eu duvidei me deixou com ódio. Um doce? Não, era um cavalo mau, muito mau.

–Devem tê-lo trocado essa manhã. –Murmurei e ela riu. Foi quando eu vi que seus cabelos ruivos haviam soltado na cavalgada e caídos livremente como uma cascata de ondas ruivas pela cintura. Maldição, ela era muito bonita. –Mas de qualquer forma, obrigado. –As palavras saíram como facas pela minha garganta.

–Disponha, Vossa Alteza. –O sorriso vitorioso dela quando fez a reverência e saiu me deixou com ódio.

~X~

–Ela é pequena, desse tamanho. –Apontei o tamanho da ruiva com as mãos. –Cabelos ruivos, olhos azuis, bochechas coradas. –Irritante, abusada, bonita demais para o meu bem, completei em pensamento. -É nova.

–Atena. –Nelly falou. O nome da garota de deusa grega, da sabedoria e da guerra. Não sei o motivo, mas achei que combinou muito com a ruivinha. –Eu peço desculpas vossa Alteza, falarei com ela.

–Faça com que isso não se repita. –Digo autoritário. Com Nelly era um pouco difícil ser autoritário, ela tinha aquele olhar acolhedor que me lembrava muito a minha mãe, mas a tal Atena tinha me deixado nervoso, principalmente depois de conseguiu o que eu falei que não conseguiria.

Agora era esperar ansioso pela noite, para que aquela voz me acalmasse.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Let Me Go" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.