Let Me Go escrita por Rosalie Potter


Capítulo 15
Capítulo Quinze


Notas iniciais do capítulo

Quem morreu com o último capítulo postado?
(possivelmente poucos porque eu só recebi um comentário T-T)
Mas enfim, deixando pra vocês um novo capítulo.
Espero que gostem.
Rosekisses



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–Eu não acredito. –Gabriel falou, olhando para mim. –Eu simplesmente não posso acreditar.

Eu contei á ele o que tinha acontecido mais cedo, testando minha própria capacidade de prender e segurar lágrimas. Consegui conter todas, mas ao ver a reação estupefata de Gabriel eu realmente pensei que o abraçaria e me debulharia completamente em lágrimas, o que para a graça de Deus não ocorreu. Eu não demonstraria fraqueza, não mais, principalmente para o moreno. Não queria que Gabe acabasse ficando preocupado comigo.

–É isso Gabe. Nunca passei de uma meretriz para ele. –Sibilei, com ódio, magoada, ferida e com muita dor. Aquilo doía como o inferno. Nunca pensei que gostar de alguém pudesse doer mais que a dor física mesmo, mas pelo visto eu estava terrivelmente enganada. –Eu também não consigo acreditar, mas não acredito que caí na dele. É claro que seria isso.

–Ei, Atena...

–Por que ele ficaria comigo se não fosse por diversão? Eu não sei nem o que pensei para entrar nisso Gabriel? O que eu esperava? Que ele fosse me amar de verdade, que ele fosse... –Comecei á me sentir sufocada como se não conseguisse respirar e eu sabia que era só o esforço para não chorar na frente do moreno. A dor maior era que eu tinha sido boba. Não tinha percebido as verdadeiras intenções dele comigo. –Eu não fui feita para amar Gabriel, definitivamente.

Num súbito Gabe segurou meu queixo na altura do rosto dele e me olhou seriamente, com os olhos azuis cheios de força:

–Nunca mais repita isso. –E dizendo isso simplesmente tocou com os lábios nos meus. Foi algo estranho. Eu não sei por que, mas entreabri os olhos e ele explorou rapidamente e de um jeito extremamente doce meus lábios. Não teve aquele fogo que eu tinha com Felipe. Foi bom, foi gostoso, mas ao mesmo tempo foi horrível. Eu estava beijando meu irmão!

–O que foi isso? –Perguntei num murmúrio para o moreno, sem entender direito e sem nem acreditar no que tinha acabado de acontecer.

–Isso é pra te mostrar que você foi feita pra amar sim, independentemente se um idiota qualquer te machucou. –Ele acariciou meu rosto levemente. –Não estou dizendo que tem que ser comigo. Eu amo você Atena, mas do mesmo jeito que você me ama, como minha irmãzinha. Mas me dói ver você falando uma barbaridade dessas.

–Obrigada Gabriel. –Eu o abracei. Percebi o que ele quis me dizer. Que meu corpo ainda reagia á um beijo. O que ele não sabia é que nunca seria como Felipe pelo que eu percebi. Ainda assim ficava feliz que ele tivesse tentado me mostrar que poderiam existir outros caminhos. –De verdade.

–Disponha. –Ele beijou minha testa. –Você ainda vai arrumar outra pessoa Tena. Que te dê mais valor que ele te deu. –Gabriel cerrou os punhos e eu tive certeza que ele estava pensamento seriamente em cumprir o que disse pra mim quando eu contei do meu caso com o príncipe.

–Gabe, obrigada de verdade. –Forcei um sorriso pra ele.

–Fique bem irmã. –Ele dissera antes de sair.

Levantei e peguei minha camisola. Acabei vendo a capa que eu usava ao sair para o jardim e aquilo veio como um soco no estômago. Suspirei respirando fundo para conter aquela dor que se instalou, me troquei, tranquei o quarto e me deitei.

Eu sabia que não conseguiria dormir tão cedo. Abracei meu travesseiro e pensei em como eu geralmente passava nessas horas. Num balanço, com um certo loiro. Tendo aulas de defesa pessoal. Conversando, beijando. Apertei meu travesseiro contra o meu corpo numa tentativa falha de diminuir a dor. Eu me sentia tão traída.

Nem percebi quando comecei á chorar. Só senti algo molhando o meu rosto e depois de ter passado o resto do dia segurando as lágrimas, não fiz o menor esforço para impedi-las. Enfiei meu rosto no travesseiro e chorei compulsivamente. As lágrimas desceram com força, em cascata até eu estar soluçando.

Fechei os olhos sentindo meus cílios molhados. Chorar me deixara um pouco mais leve e talvez, só talvez, eu conseguisse dormir um pouco. Com esse pensamento comecei á tentar cair na inconsciência quando ouvi batidas na porta:

–Atena! –A voz irreconhecível de Felipe. Mordi o travesseiro de ódio. Eu queria tanto gritar com ele, esganar ele, queria fazer tantas coisas. –Atena Mercer, eu estou ouvindo a sua respiração.

–Vá embora Felipe! –Murmurei fraca, com a voz embargada pelo choro de antes.

–Atena, o que aconteceu?

–Por favor, vá embora! –Falei dessa vez um pouco mais alto. –Alguém vai acabar ouvindo Felipe. Vai embora! Eu não quero mais te ver! Some da minha vida! –Estava lutando pra não gritar.

–Atena...

–FELIPE, VAI! –Dessa vez foi praticamente um grito e ouvi um suspiro e passos subindo as escadas. Ele realmente se fora. As lágrimas mais uma vez voltaram e eu sabia que seria uma longa noite.

~X~

–Você parece tão abatida. Tem certeza que está bem? –Bia me perguntou enquanto eu varria o salão principal.

Eu não estava. Havia dormido muito pouco aquela noite. Quase nada na verdade. E estava cansada fisicamente, mas meu psicológico na verdade era o que estava sendo mais testado. Muita gente me perguntando se eu estava bem. Para a minha sorte a maioria pensava que eu estava doente ou algo do tipo.

–Estou Bia, de verdade. É que com todos esses nobres aqui eu acabo me cansando bem mais que do que estou acostumada, mas logo eu vou pegar o ritmo.

–Acho que você definitivamente precisa de uma folga.

–Logo eu vou ganhar uma. –Dou uma risadinha e então ouço aquela voz que eu estava aprendendo á detestar. Era Sky chamando Beatrice aos quatro ventos. Fui para longe da irmã dela porque nem eu e nem Bia queríamos que a nossa amizade viesse á público, ou nós duas teríamos problemas.

Continuei á varrer quietinha. Skylar praticamente numa percebia os criados, que pra ela não passavam de mobília. E isso era bom pra mim porque assim ela nunca me percebia. Vi a Bia revirar os olhos com um olhar de “Tudo que eu menos sou é obrigada”.

–O que você quer Sky?

–O que diabos você está fazendo aqui?

–Eu estou passeando pelo palácio, uma das únicas coisas que tem para se fazer aqui. O que quer irmã?

–O rei nos chamou para um passeio no jardim, todos nós. Você, eu, mamãe, ele e Felipe. Preciso de você.

–Então agora precisa de mim?

–Pare com essas besteiras Beatrice. Sei que se sente ressentida por eu ser o centro das atenções, mas pense bem, quando eu for rainha você vai poder se esconder pelos cantos do palácio o quanto quiser.

Bia revirou os olhos, mas se deixou ser puxada pela irmã. Eu apenas balancei a cabeça com aquela situação. As duas não se davam bem, nunca se deram. Skylar sempre fora mais ambiciosa, querendo ser o centro das atenções, querendo mais do que tinham. Sky também sempre fora mais... Convencida. Bia era o contrário, mais retraída, mais quieta e ambas valorizavam coisas completamente diferentes. Logo, a Duquesa que tinha a mesma personalidade da filha mais velha decidiu que transformaria uma de suas filhas em rainha e claro escolheu sua preferida. A clara predileção e atenção sempre em Sky ressentiram um pouco Beatrice, mas ela me dissera que já estava acostumada. Aquilo me doía um pouco, principalmente porque eu já sabia o que era uma ótima família e eu desejei que ela soubesse também.

–Atena Mercer! –Pulei do lugar a sentir certo príncipe segurar meu braço.

–Vossa Alteza. –Falei indiferente, ou pelo menos tentando parecer indiferente, enquanto puxava meu braço.

–Que história é essa de Vossa Alteza? O que está acontecendo aqui? O que você tem?

–“No fim dá no mesmo, mas é um pouco mais emocionante e obviamente mais discreto.”. –Repito a fala dele e ele arregala os olhos até ficarem do tamanho de ovos de ganso.

–Você... O que mais você ouviu?

–O suficiente. –Digo secamente enquanto tento sair dali. O loiro fez menção de segurar meu braço, mas no momento em que ia o alcançar a porta se abriu e ali foi revelado Theodore. Mais uma vez, me salvando, mas nesse momento sem nem fazer ideia que o estava fazendo.

–Ei cara, você já está atrasado para o passeio no jardim.

Vi ali minha chance de sair despercebida. Passei discretamente pelas laterais do salão junto com a minha vassoura e saí dali. Felipe não poderia me procurar mais agora que tinha um evento para ir. E ele provavelmente não iria fazer isso, afinal, ele sabia que eu sabia de tudo. Sem mim, pelo menos, ele teria mais tempo para se dedicar á sua futura esposa. Só a ideia me revirava o estômago.


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