Death Note: Resurgence escrita por NanaKiryuu


Capítulo 7
Death Note - Morte




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"Após a escrita da causa da morte, essa pode ser modificada quantas vezes quiser, bastando para isto riscar com duas linhas retas a causa anterior e definir a nova em até 6 minutos e 40 segundos"

(Death Note - How to Use It - Rule 25)

 

 

 

 

Já caminhava por muito tempo. Começou a acreditar que Mikami estava enganado. Seus olhos ardiam demasiadamente àquela altura, por causa daquela ventania eterna. Aliás, naquele momento ele começou a pensar, de onde era oriundo esse vento todo? Não estava em posição de fazer hipóteses, porque Raito mal conhecia o lugar onde estava. Algo se relacionando à Ryuuku e aos Shinigamis, tudo seria possível e aceitável aos olhos de um simples humano negado pelo Céu e pelo Inferno.

Raito viu algo deslizando pela terra, tomando forma conforme sua aproximação. Notou que não era algo móvel, mas sim fixo no momento em que chegava mais próximo. Pareciam conjuntos de pedras, moldadas na forma de ossos possívelmente humanos.

 

 

Raito conseguiu chegar tão próximo a ponto de tocar as estruturas, vendo que estava diante costelas gigantes, que levavam-no para um caminho mais ao longe. Ali deveria ser o 'trono' do Rei Shinigami. A terra nesse caminho ganhava um tom avermelhado; na verdade, quando pisou, acreditou não ser uma simples terra, mas sim areia. Areia vermelha. Era fofa e gostosa ao toque dos pés descalços.  

 - Então você é o famoso Raito Yagami.

Os olhos de Raito fizeram de alvo o longe daquele caminho. Uma figura estava esparramada numa cadeira, com um braço apoiando a cabeça. De longe, Raito pôde sentir a omnipotência daquela figura, tanto quanto a força de sua voz lenta e ruidosa.  - E você é o Rei Shinigami, suponho.

 - Tua ousadia é grande, humano. Vens até mim, sem saudar seu mais novo líder da forma que merece.

 - Líder?

 - Sim, Raito Yagami, chegue mais perto.

Raito não hesitou para começar a andar. Apenas seus dedos apertaram mais a foice sobre o ombro. O farfalhar do trapo que prendia-se na foice era o único ruído presente, exceto o vento que ainda incomodava as orelhas de Raito; mas, afinal, ele estava se acomodando à esse incômodo. Parou quando alcançou por volta de dois metros de distância de criatura que era intitulada pelos Shinigamis como seu Rei. Raito mantinha uma expressão impassível e comum em sua face. Aquela criatura não possuía apenas um braço de cada lado do corpo, como a aparência humanóide de Ryuuku e também de Remu, que foram os únicos Shinigamis que vira na vida; havia quatro braços, e cada um deles abrigava três dedos nas mãos. Sua cabeça era coberta por um crânio, e apenas sua boca era visível. Em seus pulsos, tintilavam correntes quebradas.

 - Disseram à mim que você estava me convocando. Do que se trata, 'Rei Shinigami'?

A boca rasgada da criatura curvou-se, parecendo asemelhar-se à um sorriso.

 - Podes me dizer do que se trata este sangue todo na sua Kaihatsu?

Era humilhante ter que ouvir como resposta outra pergunta, ainda mais uma que não houvesse solução pronta na ponta da sua língua, algo raro quando vivente.

 - ......

 - Não sabes? Achei que Ryuuku já tivesse lhe dito.

 - Ryuuku me deu indiretas. Ele não parece ser muito direto para dizer algo sem dar enigmas e ser o mais longo e deprimente possível.

 - Hehehehehe! Realmente, tu tens razão, humano! Tens razão...

O Rei Shinigami parecia ponderar sobre algo. Raito manteve-se mudo.

 - Sua Kaihatsu estás repleta de morte. Não é muito difícil descobrir, até mesmo porque sei que você já deu uma olhada mais de perto na lâmina dela, não?

 - A única coisa que vi foi uma imagem de mim mesmo, completamente diferente do que sou agora.

 - HAHAHAHAHA... você é muito engraçado, humano, engraçado mesmo... realmente! Se eu não tivesse outros interesses em ti, transformava-no em meu bobo-da-corte...!

Desviou o olhar do Shinigami, parecendo descobrir que ninguém realmente acreditaria em suas palavras por ali.

 - Tens muito o que aprender mesmo, humano... Saiba que sua aparência externa de nada vale neste mundo. Talvez não acredite no que lhe digo, mas esta é a lógica no Mundo dos Shinigamis. Pode ser o humano mais belo no mundo humano, mas aqui, seu reflexo reflete seu sujo interior. Seu interior grita pela ambição, pela realização de seus desejos a qualquer custo. Matar as pessoas por justiça... isso não é verdade? Não adianta mentir.

Raito apertou os lábios, parecendo irritado por ter de responder:

 - É verdade. Mas eu quero apenas um mundo melhor, um mundo renovado, onde todos possam viver em paz e longe da desgraça.

 - E queres tentar de novo?

Fixou ainda mais os olhos no Shinigami. O Rei Shinigami conseguiu identificar o ser que urrava dentro do humano, transpassando velozmente pelos olhos dele.

 

 

- Terás de passar esse trabalho para outro à princípio, mas poderás reinar da mesma maneira no final...

Um novo farfalhar, desta vez vindo mais de longe. Seu campo de visão captou a figura esquelética de Ryuuku. Enquanto ele botava os pés sobre o chão, soltava pequenos risos e palavras:

   - Raito! Hehe! Vejo que foi recebido de braços abertos, né? Queria um dia chegar ao seu nível, uh. He...

 - Cale essa sua boca enorme, Ryuuku. Chegou em boa hora. Só preciso de uma resposta para terminar com isso.

O Rei Shinigami voltou-se novamente para Raito, se pondo em pé vagarosamente. A imagem daquela criatura podia muito bem dar medo à uma criança, ou até mesmo à um adulto humano comum; mas não à Raito, habituado com coisas estranhas desde seu primeiro contato com o Death Note. O Rei Shinigami era ainda mais alto que Ryuuku, dando um ar de superioridade. Ryuuuk, instintivamente ao ato do Shinigami superior, deu dois passos para trás, mas não fez menção de oferecer-lhe qualquer tipo de reverência ou gestos típicos às realezas que Raito estava acostumado na Terra.

 - Raito Yagami oferece ao Mundo dos Shinigamis sua existência para se tornar um Deus da Morte?

Raito, depois de tempos sem alterar sua expressão, mudou-a para uma surpreendida.

 - Isso quer dizer que eu vou ser um Shinigami?

 - Não. Não um Shinigami legítimo, claro! - disse Ryuuku, sem parecer se incomodar com alguma reprovação do Rei - Mas uma espécie de protótipo. Teria suas desvantagens, sim, porém em compensação teria seu Death Note de volta.

 - Ah, sim. E seu Death Note está bem aqui, humano.

O superior tirou dos trapos que envolviam seu tronco - ou um possível tronco - um caderno negro. Nele nada estava escrito na capa, mas assemelhava-se demais ao antigo de Ryuuku.

 - Como vou saber que não é uma trapaça? Podem querer roubar...

 - Sua expectativa de vida? QUE EXPECTATIVA DE VIDA? HAHAHA! - Ryuuku riu-se, incontrolável - Oras, eu lhe roubei toda, esqueceu? Você não é mais um ser vivo, maldito! É apenas uma carcaça em forma de humano, que age, pensa e fala apenas como uma marionete de sua personalidade quando vivo. Nada demais, he!

 - Mas que...?

 - Preciso de sua resposta, humano. Dê-me logo, então poderia voltar ao meu descanço! O humano cerrou os dentes.

Deveria confiar neles? Não estava completamente confiante. Apertou ainda mais o cabo de sua Kaihatsu, elevando um pouco a cabeça, parecendo pensar.

 - Vocês já fizeram isso com mais alguém? - perguntou Raito. Não queria ser a primeira cobaia.

 - Sim, já fizemos. Contudo foi apenas com uma única forma de vida igual a tua.

Não havia tanto tempo para pensar. Afinal, ele não queria seu Death Note de volta...?

 - Está certo. Eu aceito.

No momento em que Raito autorizou com suas palavras, Ryuuku alargou o sorriso ainda mais, se era possível. Aquele sorriso era tão estendido que Raito pensou que seria engolido por aqueles dentes defeituosos e desformes.

 - HAHAHAHA! Isso vai ser muito legal...!

Ele pegou no ombro de Raito, e então afastou sua mão para longe. Os olhos, grandes e notáveis como bolas de gude roliças, olhavam-no bem de perto. Um ímpeto de medo encheu o peito do ex-humano, fazendo-o dilatar as orbes tanto quando Ryuuku.

   - Sinta-se honrado por isso, HAHAHAHA!

A mão afastada ganhou velocidade e perfurou velozmente o peito de Raito. Neste movimento, o rapaz sentiu uma dor forte, cuspindo sangue pela boca. Não teve tempo para fechar os olhos. Ryuuku manteve sua mão parada dentro de seu peito. Lentamente, ele foi puxando algo para fora, causando ainda mais incômodo em Raito. Ainda pulsava veloz quando seu coração estava próximo do peito, demonstrando o seu temor. Porém, quando Ryuuku puxou-o com violência, as pernas de Raito perderam a consistência. A Kaihatsu despencou para o lado e ele caiu de joelhos, arfando e grunhindo de dor, com as mãos sujas do sangue que vazava do peito. Ele dirigiu o olhar para Ryuuku. Seu próprio coração estava sobre a palma da mão negra do Shinigami, pingando sangue e ainda dando leves solavancos.

 - O-oque...? Cof! Gh!

A boca de Raito também já estava demasiadamente suja de vermelho.

 - Sempre quis pegar num destes! Parece tão macio e apetitoso...!

 - Ryuuku! Não se atreva! Precisaremos disso em breve.

 - Ah... saco. Droga, droga...

  O Rei Shinigami se dirigiu à Raito, que ainda grunhia de joelhos.

 - Não precisa se preocupar com isso. Logo a dor vai passar. Enfim... não há mais o que fazer, por hora... Ryuuku, dê um jeito nisto também.

O Rei Shinigami deu o caderno de capa negra para o outro.

 - He...!

 - Me retiro.

Ele deu as costas para ambos. Quando fez, sua figura granulou-se como areia escarlate, sendo levada pelo vento incessante.

   - Humanos são tão descartáveis... tsk... Olhe seu estado aí. Só porque eu lhe tirei um coração, acha que está morrendo...

 - E-essa... é a lógica... na Terra, quando... não há um coração no peito... não há vida.

 - Por isso mesmo. Você não está mais na Terra, idiota... Ah, sim! Isto aqui é seu, não é?

Ryuuku ergueu o Death Note de Raito na frente dos olhos, enquanto na outra mão o coração bombeava solitário.

 - Pois sim... você deve ir buscá-lo se quiser tê-lo de volta. Aqui é assim: Se quiser alguma coisa, vá buscar você mesmo! Hehehe!

O Shinigami soltou-o para o chão. Ele passou o solo como se fosse uma matéria de ectoplasma, desaparecendo da vista de ambos.

  - Bem, preciso ir cuidar disso daqui antes que eu perca meu controle e devore-o, com licença, uhh huhu!

Ryuuku alçou voo, perdendo sua silhueta na penumbra daquele céu cor de grafite. Raito estremeceu. Seu coração tinha acabado de ser arrancado para fora e levado por um monstro, no entanto continuava vivo e respirando. Ele teve tempo de pensar como o Mundo dos Shinigamis era estranho e decadente, antes de perder a força nas pernas e despencar de frente naquela areia vermelha, também manchada de seu próprio sangue.


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Notas finais do capítulo

 ^ O finalzinho aqui teve uma alteração para eu conseguir dar continuidade mais para frente



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