Quando O Futuro Vem Dos Céus - Ascensão escrita por LYEL


Capítulo 15
Scars of Time - 03


Notas iniciais do capítulo

Diante de tantos desafios e tragédias Hisana consegue encontrar alguém capaz de trazê-la de volta, Matsuda Hisa, a menina diante dela seria como uma luz no fim do túnel capaz de fazê-la lembrar de quem foi um dia.

Mas para Hisana a paz e alegria nunca foram uma opção, pois enquanto estivesse sob as garras de criaturas capazes de tirar tudo o que lhe era bom Kurosaki Hisana jamais conseguiria enxergar seu próprio futuro.



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Abertura de Ascensão

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Audiomachine — Lost Empire

Hisana olhava para a pequena garota que apesar de corajosa só lhe transmitia o ar da imprudência.

— Me derrotar? Boa piada menina, quem lhe ensinou, seus pais? — a maior pergunta em deboche.

— Se eu quisesse contar piada contava a do pintinho sem uma perna! — a pequena sai correndo na direção de sua adversária.

Hisana brinca de se desviar das investidas da menina, enquanto isso, Katsuya atordoado foca sua visão outrora embaçada pelo golpe e enxerga a garota lutando contra Hisana.

— N-Não! — ele tenta se levantar em um solavanco, mas enfraquecido cai de rosto no chão, mesmo com lábios sangrantes ele tenta se levantar novamente. — Maldição!

A garota cheia de vigor golpeava Hisana incansavelmente e à medida que mais se afastavam do grupo caído mais a pequena cansava de tentar atingir sua adversária.

— Já está cansando pirralha? Pensei que iria me derrotar e salvar o mundo, com isso não vai conseguir nem salvar a si mesma. — Hisana dá um peteleco na testa da menina que sai voando como um foguete em direção a um prédio, mas ela insistente do jeito que era consegue recobrar sua postura no ar e se apoiar no asfalto machucando os dedos enquanto vai freando.

— Eu não vou perder para alguém como você! — ela segura firme o cabo da espada concentrando a mesma energia de antes. — Getsuga Tenshou!

A jovem sente o mesmo incômodo de antes, era como se a energia espiritual da garota ressoasse com a sua querendo despertar algo dentro dela ao uso daquelas palavras, porém, era justamente por ser um incômodo que Hisana queria acabar logo com aquilo.

Ela segura aquela energia com as mãos e enquanto é arrastada para trás memórias começam a voltar e flashes de seus pais lhe preenchem a cabeça e aquele golpe sendo usado contra ela finalmente tinha uma origem: Kurosaki Ichigo, seu pai.

A maior joga a energia do Getsuga Tenshou no ar e ela explode em diversas partículas espirituais, quando olha para frente, a menina tinha desaparecido e por um instante Hisana sente perigo iminente, seus olhos acompanham a silhueta da pequena e de sua lâmina em um corte horizontal vindo direto em seu pescoço.

— Essa fedelh—!?

O golpe acerta o pescoço de Hisana e sangue é visto caindo no chão.

— Acertei! — a pequena Matsuda Hisa cantava vitoriosa, mas assim que tenta retirar sua espada do pescoço de Hisana ela trava. — Mas o quê? — olhava surpresa.

— Você fez em mim mais estrago do que aqueles quatro idiotas jamais imaginariam causar... Feriu meu corpo... Meu orgulho e mesmo assim me divertiu mais do que qualquer um até hoje... Por isso garotinha você tem o meu respeito. — dizia Hisana segurando a espada da garota com sua mão que sangrava.

— Tsc! — ela tentava puxar sua espada da mão de Hisana que sorria.

— Tudo o que é bom chega a um fim e quanto mais esperanças uma pessoa cultiva mais devastador é o sentimento de desespero quando ela é destruída... — a mão dela começa a brilhar e ela puxa a espada trazendo a pequena que é pega por Hisana começando a ter sua cabeça esmagada por aquela força. — Bons sonhos garotinha... Aliás, esqueça... Não sobrou mais sonho algum neste mundo...

Matsuda Hisana perde a consciência.

Quando Katsuya e os outros chegam já era tarde, só havia rastros de luta sem sinal de vida algum, só um pedaço de roupa que eles sabiam exatamente a quem pertencia.

— Essa não... — Katsuya se ajoelha.

— Você tem certeza Katsuya que era ela!? — Soryuu pergunta.

— Tenho! Eu sei o que eu vi! Ela estava aqui lutando contra a Hisana! — gritava nervoso.

— E agora o que a gente faz!? — Tomoe era a mais desesperada.

— Eu não sei droga! — Katsuya se exalta.

— Se acalmem! — Alessa grita mais alto que todos. — Katsuya, a Hisana sabe quem é ela?

— Eu... Não sei! Quando recobrei a consciência só vi as duas lutando e se distanciando, mas se a Hisana descobrir não sei o que pode acontecer!

— Nós temos que tentar achá-la! Seus pais vão ficar loucos Katsuya quando descobrirem que ela sumiu! — Soryuu lembrava.

— Você acha que só eles se importam com ela Katsuya!? — o loiro se levanta enfurecido.

— Oi! Oi! — Tomoe aparta os dois que já se bicavam.

— Nós não podemos fazer nada agora, precisamos voltar pra base imediatamente, se algum inimigo nos encontrar aqui seremos facilmente derrotados porque não temos forças para mais nada! — Alessa tentava lembrá-los. — De nada adianta se irritar Katsuya, o pior já aconteceu, precisaremos da ajuda de seus pais se quisermos fazer algo.

— Você está errada... O pior ainda não aconteceu... — Katsuya mordia os lábios. — Droga... Droga... DROGA! — ele desfere um soco no chão.

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Aquela foi a última vez que nós a vimos... A última vez que ouvimos a sua voz e fizemos parte de suas travessuras...

Mas para Hisana a pessoa que ela tinha levado não era uma criança qualquer, ela viria a representar mais do que laços sanguíneos ou amizade nascida de convivência...

Para Hisana ela representaria a mudança de sentimentos... O retorno às suas origens...

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audiomachine - Being Alive

Matsuda Hisa acorda no susto ao lembrar-se da luta que havia travado na cidade e lógico que ela acorda com evidente dor de cabeça.

— Acordou bela adormecida?

A menina toma outro susto quando dá de cara com Hisana sentada ao seu lado e ela se joga da cama pegando uma cadeira e apontando como arma para a outra que começa a rir.

— Onde eu estou!? — ela demanda.

— No meu quarto, na minha casa e no meu hospício. — ela continuava com o mesmo humor.

— A base dos vilões... — suava fria.

— “Vilões”? Não me enquadre no mesmo nível de personagens de desenhos animados garota. — Hisana levanta a sobrancelha. — Isso aqui não é faz de contas.

— Por que me trouxe com você ao invés de me matar? — ela questiona a maior.

— Como eu disse anteriormente, você é aquela me mais me divertiu nos últimos anos, por isso não podia deixar que esse talento nato fosse desperdiçado com trouxas iguais aos seus amigos. — responde.

— Eles não são trouxas, são minha família! Os únicos que me acolheram quando meus pais morreram! Eles são tudo para mim mesmo que não tenhamos o mesmo sangue! — grita revoltada para Hisana.

— “Sangue”, Hmm? — Hisana se levanta de seu assento e olha para o teto do recinto. — Isso não é bem verdade, digo... De eles serem sua única família...

— Do que está falando? — a pequena Hisa olha desconfiada botando a cadeira no chão.

— “Getsuga Tenshou”. — Hisana diz.

— Ahm?

— Sua reiatsu por um instante ressoou com a minha e trouxe memórias antigas de volta à minha cabeça... Esse golpe só uma determinada linhagem é capaz de realizar... — Hisana se vira para a pequena. — Você sabe meu verdadeiro nome garota?

— Kurosaki Hisana! Qualquer demente sabe o nome da pessoa que está destruindo o mundo como se brincasse com as nossas vidas!

— Correto... O que me leva a pensar o motivo de uma fedelha como você conhecer aquele golpe... Menina, qual era o nome de sua mãe?

A pequena fica em silêncio e parece formular bem o que dizer.

—... Matsuda... Karin. — ela parecia bastante pensativa e receosa na hora de dar aquele nome.

Hisana sorri.

— Entendo... Ela deve ter assumido outro nome para evitar represálias ou perseguição de ambas as partes preservando assim sua verdadeira origem... Muito esperta...

— Do que está falando?! — a pequena chegava mais perto para tentar entender o raciocínio de Hisana.

— Sua mãe garota há oito anos participaria da batalha de Karakura ao lado de Kurosaki Ichigo e demais guerreiros, contudo ela ficou impossibilitada ao descobrir que estava grávida de você. — Hisana aponta para ela.

— Não... Não pode ser... — a menina olhava em todas as direções não querendo acreditar.

— O nome verdadeiro de sua mãe era Kurosaki Karin, irmã mais nova de meu pai Kurosaki Ichigo o que faz de mim e você, primas. — Hisana parecia cínica ao revelar isso.

A boca da pequena Hisa estava trêmula, lágrimas começam a se formar em seus olhos.

— Primas... PRIMAS! — a criança exclama com brilho nos olhos.

— EH?! — Hisana dá um passo para trás quando a pequena começa a pular feito canguru lhe rodeando.

— Nós somos primas! Caramba é por isso que você é forte que nem um monstro! Bem que eu senti algo esquisito quando te vi pela primeira vez porque sua cara de invocada lembra muito a minha quando pegam meu Nissin miojo da dispensa!

— Eh!? Ãnh? Como?!? — era Hisana quem estava assustada agora e seu pescoço estava quase dando uma volta de 360°.

— Kurosaki! Kurosaki! Kurosaki!

— Mas que merda é essa?! Você não está com medo de mim!? — Hisana pergunta segurando o pescoço.

— Eu estou quase fazendo xixi nas calças de tanto medo, mas que se dane! Somos primas! Você tem idéia do que é se sentir sozinha no mundo mesmo quando é rodeada por pessoas que se importam com você! Não é a mesma coisa que ter laços de sangue com alguém que é sua família de verdade! — ela para bem na frente de Hisana com a mesma carinha brilhante. — E mesmo que você seja a doida e desmiolada que está destruindo o mundo ainda assim não muda o fato que somos da mesma família! Isso me deixa tão feliz! — ela começa a rir de alegria.

— Vou ignorar a parte do “doida” e “desmiolada”... — Hisana sussurra entortando a boca.

Um deep hollow adentra o recinto.

— Com licença minha senhora, eles a aguardam na sala de reuniões. — ele a reverencia bastante nervoso.

— Tá bom eu já entendi. — Hisana sai entediada, assim que passa pelo soldado ele encolhe, porém a jovem nada faz e o hollow olha de relance para ela vendo apenas um sorriso discreto que não consegue entender.

— Ei! Quando voltar traz comida e refrigerante! — a outra fala bem alto.

— Vou trazer pão mofado com ovo e fique agradecida pirralha! — a voz de Hisana ecoa já do final do corredor de fora.

— Não esquece o ketchup! — ela completa o pedido.

— Não enche! — retruca Hisana.

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audiomachine - Changing Heart

Talvez Matsuda Hisa tivesse razão. Laços sanguíneos são inegáveis e te instigam de maneira inconsciente e intrigante.

O tempo foi passando e conviver com ela começou a devolver coisas que eu havia jogado fora, principalmente meu amor próprio. Hisa era bem mais nova do que eu, mas ela havia crescido no fim do mundo e não teve a chance de ver a luz do dia como eu tive, mesmo assim ela fazia de sua existência uma luz própria e havia desenvolvido sua maneira de pensar à frente da idade que tinha, embora brincalhona existia nela uma energia que me atraia de uma maneira peculiar e sem igual induzindo-me a querer mostrar o melhor de mim como ela sempre fazia sem precisar de muito esforço.

Por isso sem querer querendo ela se tornou alguém muito especial para mim. A convivência nos fez criar um laço familiar que tanto senti falta quando perdi meus pais e graças a ela pude sentir o que era ter uma família de volta.

Matsuda Hisa tinha devolvido minha vontade de querer viver por alguém que eu considerava importante. Por causa disso meu comportamento violento aos poucos se aplacava e minha vontade destrutiva ia desaparecendo dando espaço às emoções que eu tinha desaprendido como expressar. Eu passei a querer criar um mundo onde ela pudesse ver a luz do céu que haviam lhe negado e dar a oportunidade de sonhar com seu próprio futuro, queria dar a ela um lugar onde pudesse crescer feliz longe de todo aquele pesadelo e jurei por tudo que existia de mais sagrado que a protegeria até que este dia chegasse... Esse foi o meu erro.

Um erro que Magnus tiraria proveito cedo ou tarde...

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Hisana voltava para seus aposentos quando topa com Kaliver vindo em sua direção.

— Yo. — ela passa cumprimentando-o e carregando uma sacola cheia de coisas.

Kaliver se vira estranhando a expressão alegre de Hisana.

— Você mudou. — ele comenta.

— Hmm? — ela se vira para ele.

— Há alguns anos tudo o que você queria era destruir e matar qualquer um que cruzasse seu caminho, porém, desde que trouxe aquela garota para cá você tem mudado e mesmo seus olhos frios ganharam brilho...

Hisana cora surpresa.

— B-B-Besteira! — ela gagueja.

—... Hisana... — ele fica sério e se aproxima. — Talvez não seja uma boa idéia se apegar demais àquela garota, Solomon e Magnus podem tentar alguma coisa em breve.

— Ué, mas se isso fosse verdade ninguém tentou nada contra você até hoje. — ela sorria corando um pouco.

— O que quer dizer? — Kaliver pergunta.

— Ah... — Hisana desvia o olhar coçando a cabeça meio sem graça e pensando no que dizer. Era evidente sua falta de jeito. — Bem... Acho que você é o que mais me conhece aqui não é? Se eles quisessem me fazer mal iam usar você para isso.

— Quanta ingenuidade... Embora crescida você ainda não passa de uma criança, ouça Hisana, mesmo que queiram me usar ou usá-la acha que você vai perceber? Solomon e Magnus estão acima disso. — o abissal era enfático.

— Como assim? Do que você está falando Kaliver? Tem alguma coisa errada acontecendo? — ela parecia confusa.

Ele sabia que tinha, mas nada podia fazer, caso contrário apenas pioraria a situação de Hisana, como se não bastasse saber de uma verdade que logo se revelaria Kaliver tinha começado a desenvolver algo mais por ela que ainda o deixava sem saber como explicar, contudo era um sentimento que o impelia a fazer o que pudesse por ela.

— Não é nada, apenas estou lhe dando um aviso e se você realmente preza a sua sanidade que voltou, então tome conta do que lhe é mais importante. — ele começa a ir embora.

— Quanto a isso eu não preciso me preocupar porque você já é bastante forte. — Hisana brinca apenas para tentar atiça-lo.

Kaliver para de andar por um instante e olha de soslaio para ela.

— Não banque a tola, sabe que não me referia a mim.

— He! Eu estava brincando, só queria ver sua cara, mas você nem pisca credo. — Hisana fica emburrada.

—... Não diga que não avisei...

Kaliver volta a tomar seu caminho.

— Que bicho mordeu ele?

Hisana volta para seu quarto e seu sentido de aranha a faz saltar dois passos à frente com um shunpo a tempo de desviar de um balde de agua na cabeça.

— Tsc, porcaria desviou de novo. — a voz resmunga frustrada vinda de algum lugar escondido no quarto.

— Você está anos luz atrás de mim. — a outra parecia debochada já olhando para garota encolhida na sua frente.

— Irrriii! — a pequena Hisa agora um pouco maior devido os anos que haviam passado se arrepia feito gato sendo revelada atrás da cama.

Hisana puxa a calcinha da menina até a testa e faz um chapéu de pano de algodão com desenhos de moranguinhos.

— ÓÓÓ! Calcinha com desenhos de moranguinhos... Que coisa de criancinha. — Hisana começa a rir.

— Eu ainda não acabei aqui, toma essa! — ela joga uma sacola com um grande volume desconhecido.

— Mas que troço fedorento é esse!? — Hisana desvia.

A sacola passa pela porta sensível que abria automaticamente à aproximação de objetos e acerta a cabeça de um deep hollow que começa a resmungar, mas assim que abre a sacola um odor de outro mundo se espalha pelo corredor e ele começa a se contorcer no chão morrendo até que o alarme de risco biológico é emitido e o quarto de Hisana fecha em quarentena.

— Q-q-q-que diabos você tinha colocado dentro daquela sacola Ma-chan!? Estava querendo me matar!? — Hisana se vira para a pequena com expressão de dragão usando o apelido que tinham inventado para evitar a confusão de seus nomes.

— Minha coleção de meias sujas. — a prima de Hisana consegue ajeitar sua calcinha e olha para a maior como se nada tivesse acontecido.

— E desde quando você usa meias?! — Hisana pergunta ainda soltando fogo pela boca.

— Não uso. Eu que sai roubando por ai. — ela parecia orgulhosa fazendo um gesto positivo com o dedo.

— Sua anta! Agora a gente vai ficar horas trancadas aqui até o Solomon voltar do salão de beleza com o Zerus! — ela dá um cascudo em Hisa.

— Kyah! É só eu usar aquele cantinho ali e você esse outro cantinho aqui. — Hisa aponta as extremidades do quarto enquanto massageava a cabeça.

— Não aponte lugares pra gente usar de banheiro!

— Ah... Você tem vergonha de fazer na frente dos outros, saquei... Mas só estamos nós duas aqui e somos meninas, ninguém vai se importar em ver o que você tem que eu já não tenha visto em mim mesma. — Hisa falava o que lhe vinha à cabeça. — Só que eu sou mais bonita! — ela começa a rir desafiando Hisana.

— Ah é? Tá bem... É guerra né? — Hisana aceita o desafio e pega a sacola que havia trazido. — Se é guerra, então eu vou usar todas as minhas armas contra você.

— Por favor, não faça nada que venha a se arrepender depois, não esquece que estamos em um ambiente fechado. — Hisa parecia preocupada.

Hisana tira uma barra de chocolate da sacola e os olhos da sua prima brilham.

— Uau olha só o que eu achei na cidade.

— Eu quero! — a pequena pula em Hisana que desvia e começa a abri-lo.

— Olha só Ma-chan é aquele que você tanto gosta com pedaços de cookies dentro e castanhas! — Hisana dá a primeira dentada e faz uma cara de manteiga derretida na frente da menina que fica maluca.

— Eu quero Hisa-chan! — ela voa na direção de Hisana de novo que começa a correr pelo quarto e em segundos elas já sumiam em uma velocidade incrível com shunpos invisíveis.

Hisana consegue prender sua prima no chão e fica balançando o chocolate bem na frente de seus olhos.

— Só te dou um pedaço se você disser quem é o mestre. — brincava.

— Bah! Eu não vou dizer nada! — ela tentava dar dentadas no chocolate em vão.

— Ma-chaaannn. — Hisana levava o chocolate lentamente até a boca em um sinal de tortura psicológica.

— AH! É VOCÊ! — admite derrota.

Hisana termina de comer o chocolate e a pequena fica paralisada. Sua prima ri e joga a sacola em cima dela de onde vários doces e chocolates caem.

— Besta eu peguei eles pra você. — Hisana ria se jogando em sua cama.

A pequena tremia no chão com lágrimas nos olhos.

— Malvada...

— Hmm? — Hisana não tinha entendido.

Matsuda Hisa se levanta e derruba a cama com Hisana e tudo que rebola no ar e se esborracha no chão.

— Sua fedelha ingrata precisava fazer isso!? — bufava com várias veias raivosas na testa, mas ela olha surpresa e seu humor esmorece quando vê que sua prima devolvia-lhe um olhar cheio de ternura.

— Obrigada por sempre fazer tudo por mim. — ela agradece.

— Ah... — Hisana vira o rosto corando sem graça e coçando a cabeça. — Até parece que isso foi lá grande coisa.

— Hoho... Você tá corando igual a quando vê o Kaliver. — Hisa solta uma risadinha divertida.

— Não enche! — Hisana fica mais vermelha ainda.

— E ai quando é que você vai revelar seu grande amor pelo abissal emo da base? Vou logo avisando que a cara de gelatina incolor dele vira morango na sua frente.

— Ma-chan... Tem dias que dá vontade de te pendurar em praça pública pra servir de exemplo...

— Você deveria seguir o meu exemplo mesmo porque se continuar desse jeito você morre virgem. — a pequena cruza os braços parecendo bem séria.

Hisana engasga e olha embasbacada pra menor.

— Que tipo de bicho te educou heim!?

— Urahara Kisuke.

— Tá explicado! — Hisana leva as mãos aos céus como se admitisse a falha dos deuses.

— Agora falando sério... Você é tão tapada quanto uma lata de conserva, se ninguém te abrir na marra você não mostra conteúdo de jeito nenhum né? — a pequena suspira. — Se fosse de cup noodles que nem eu abria rapidinho e ainda ficava pronta em três minutos.

— O que conserva e macarrão instantâneo  tem a ver com isso, aliás ainda nem entendi a referência! — Hisana pergunta não entendendo a sabedoria da outra.

— Alô! Fim do mundo! Destruição total! Extinção da raça homem do sexo masculino! Procriação! Perpetuação da espécie! Kurosaki júnior! — ela enfatizava contando com os dedos.

—... Nope. — Hisana se levanta do chão e ajeita sua cama no lugar.

— Do que tem tanto medo Hisa-chan? — Matsuda cruza os braços ao se levantar também.

—...

— Se não falar, então quando você não estiver aqui eu vou sair correndo pela base gritando que Kurosaki Hisana ama Kaliver Shadowheart.

Pior que Hisana conhecendo sua prima sabia que ela com certeza faria exatamente isso, por isso suspira derrotada.

— Abissais não são criaturas como nós Ma-chan, eles são criados artificialmente para atender a vontade de seus criadores acima de suas próprias vontades, além disso, eles são criaturas que não entendem sentimentos humanos ou sentem o que sentimos com o coração, por isso é impossível para eles desenvolverem amor ou afeto por alguém. — Hisana explicava.

— Mas você não me disse que o Kaliver tinha um coração humano como nós? Se for esse o caso ele não teria como sentir amor por você? — a pequena parecia meio confusa.

— Você não está entendendo. — sua prima se vira para tentar explicar melhor. — Mesmo que Kaliver tivesse a capacidade de sentir algo por mim ele jamais saberia como se expressar e se soubesse como fazê-lo não se expressaria mesmo assim. Para abissais sentimentos são fraquezas que os colocam em uma posição muito desfavorável diante de Magnus e Solomon e para se preservarem preferem manter-se alheios a qualquer coisa que simbolize um sinal de humanidade. — Hisana fica pensativa. — Foi o mesmo comigo. Depois de viver anos no meio de criaturas que não sabem se expressar mesmo eu acabei perdendo essa capacidade também, com o tempo você esquece sua própria identidade, suas memórias se tornam mentiras e por fim você não sabe mais o que ou quem é.

— Vai acontecer o mesmo comigo? — Matsuda parecia preocupada.

Hisana sorri e toca em seu ombro.

— Não se preocupe. Estou aqui para proteger você, além do mais, Ma-chan, se não fosse sua ajuda eu continuaria sendo aquela coisa monstruosa de anos atrás, eu fui resgatada daquilo graças a você, não tem como comparar, porque quando olho pra você só consigo enxergar alguém muito mais forte do que eu. — ela confessa.

A pequena sorri orgulhosamente feliz.

A porta do quarto abre e alguns deep hollows entram acompanhados de Zerus Rose.

— Por um momento pensei que haviam tentado suicídio minhas queridas. — ele comenta olhando para a bagunça do quarto, mas se referia à bomba de meias sujas.

Matsuda se esconde atrás de Hisana que como sempre, encarava qualquer abissal com vontade de matar.

— Não me olhe assim Hisana querida justo hoje que pensei em fazer testes mais suaves em você... — ele solta uma risadinha abafada.

—...

— Ó! Não se preocupe, nenhum abissal pode tocar no seu brinquedinho, não foi o que Solomon-sama lhe prometeu? — ele tenta tranquilizá-la.

Hisana se vira para sua prima.

— Fique aqui como sempre combinamos, lembre que nos dias de testes você não pode sair do quarto, tá? — ela lembra sua ordem.

— Tudo bem, mas você sempre volta...

— Vai ficar tudo bem, como sempre ficou certo?

— Mas...

 — Ei! Eu prometi que ia te proteger, se morrer eu vou quebrar essa promessa, então confie em mim, eu vou voltar, até lá termine seus chocolates, senão eu como tudo quando voltar.

— Tá bem. Vou comer todos pensando em você. — ela ri baixinho.

— Isso joga na cara... — Hisana sorri de volta, mas assim que se vira para Zerus seu rosto já estava completamente sanguinário e ela anda em direção à porta. — É melhor que nenhum abissal tente fazer nada mesmo...

Assim que Hisana passa ele sorri.

— Ui que medo...

Enquanto está saindo Zerus olha para a pequena Hisa e devolve um olhar simpático fazendo sinal de despedida.

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audiomachine - Red Sorrow

O teste é demorado, mais de um dia se passa e somente no início da noite do terceiro Hisana volta. Ela é jogada cheia de cortes, arranhões, hematomas e marcas cirúrgicas em toda parte, Matsuda entra em choque vendo o estado da sua prima que parecia pior do que das últimas vezes.

— Hisa-chan! Fala comigo! Hisa-chan.

Hisana faz um sinal de paz e amor.

— Não brinca comigo! — sua prima fica tentando sufocá-la com raiva.

— Des-se jeito... Você vai me matar... — ela sorri cansada.

Sua prima a abraça e começa a chorar.

— Tá tudo bem, veja... — Hisana mostra como seu corpo começa a se curar lentamente.

— Por que eles sempre fazem isso com você? — ela pergunta ainda chorosa.

— Eles usam meus poderes como base para aperfeiçoar suas criações, por isso eles precisam puxar meu corpo ao limite para sempre conseguirem o melhor resultado. — ela se levanta começando a estalar o corpo doído.

— Mesmo assim por que você não tenta fazer nada?! Por que deixa eles fazerem o que querem com você?! — ela parecia revoltada.

— Matei Tidus duas vezes, arranquei vários dentes do Droon e ainda consegui acertar um soco na cara do Raiken que fez ele ver o mundo de outra maneira por dois segundos. — Hisana parecia gostar de lembrar-se daquilo.

— Ué... Mas o Raiken não é cego? — Matsuda tinha uma interrogação na cabeça.

— Pra você ver como o meu soco doeu. — Hisana começa a rir e sua prima também.

— Vamos brincar?

— Brincar? De quê?

— Hmmm... — a pequena parece pensar bastante até que vem com uma idéia absurda. — “Pega-quebra!”.

— “Pega-quebra”? — Hisana olha estranha.

— É bem legal e acabei de inventar. A gente tira no par ou ímpar quem vai ser o perseguidor, aí ele conta até dez para o corredor se esconder, se o perseguidor encontrá-lo no espaço de três minutos ele pode enchê-lo de pancada por dez segundos que foi o tempo da contagem que tal!? — Matsuda parecia estar pensando ter inventado algo revolucionário.

— Gostei! — Hisana adere imediatamente. — A brincadeira acaba quem fizer a outra chorar primeiro!

— De acordo! — a pequena concorda.

— Par! — grita a maior.

— Ímpar! — desafia a outra.

Matsuda acaba ganhando e começa a contar. Hisana oculta sua reiatsu e corre pela base indo se esconder. Sua prima termina a contagem e começa a ir atrás dela. Quando finalmente a encontra começa uma luta maluca de chutes e pontapés. Hisana ainda estava ferida dos experimentos, mas não queria perder a oportunidade de trocar golpes que faziam as duas se divertirem por horas.

No final nenhuma das duas chora, pelo contrário, não paravam de rir e depois de muita diversão tomam banho e deitam para dormir, mas assim que Hisana fecha os olhos sua prima a chama.

— Hisa-chan? — ela se vira na cama para olhar a outra.

— Hmmm?

— Como era a minha mãe, você ainda se lembra? — pergunta curiosa.

— Tia Karin? Ela era assustadora. — Hisana se vira para Matsuda. — Ela tinha uma cara zangada igual o papai que fazia a gente pensar que eles andavam com limão na boca. — sua prima ri. — Às vezes quando vinha nos visitar ficávamos jogando bola e brincando na piscina para ver quem ficava mais tempo tampando a respiração debaixo d’água, além disso a minha mãe, antes mesmo de eu nascer, aprendeu a fazer o Yakissoba de carne que eu mais gostava com ela.

— Verdade? Urahara-san disse que a tia Yuzu é que gostava de fazer comida. — Matsuda lembrava.

— Tia Yuzu casou até mesmo antes do papai e teve dois filhos, mas moravam em Tokyo por causa do trabalho dela e do nosso tio, mas sempre que podia ela vinha nos visitar.

— Verdade? — a pequena Hisa senta-se na cama e vira ouvinte.

— Mamãe uma vez me disse que por ter morado num lugar muito pobre nunca tinha conseguido cozinhar coisas gostosas e que na mansão Kuchiki eles costumavam fazer mais doces, então a tia Yuzu ensinou várias coisas diferentes, principalmente as comidas favoritas do papai, só que eu sempre fui como a tia Karin e gostava mais de massas, por isso a mamãe pediu que ela ensinasse algumas coisas. — Hisana explica.

— Eu também gosto de comer massas! — Matsuda nota aquele detalhe. - Acho que temos algo em comum não é?!

—...

— Hisa-chan?

— Ma-chan... Você chegou a conhecer a tia Yuzu e tia Karin? — ela pergunta finalmente se abrindo um pouco mais depois de tanto tempo.

Mas sua prima balança negativamente a cabeça.

— A única coisa que Urahara-san tinha me falado é que nossa família era muito amiga da família dele e que a maioria tinha morrido nos primeiros meses depois da grande batalha de Karakura, mamãe morreu quando eu nasci, mas antes de partir pediu que ele cuidasse de mim e por isso ele e Yoruichi-san são os meus responsáveis... Katsuya-kun, Alessa nee-san, Tomoe-chan e Soryuu-kun foram como meus irmãos mais velhos. — ela faz uma expressão que fica evidente ser de saudades.

— Acho que eles acabaram escondendo grande parte da verdade porque eles sabiam que ia ser complicado explicar como alguém lá fora com um sobrenome famoso causando miséria era parte de sua família...

— Hisa-chan... — Matsuda parecia querer confessar algo.

— Hmmm? — Hisana fica sentada na cama também.

— Na verdade... Eu fiquei muito feliz mesmo quando eu descobri que éramos primas... Foi triste, assustador, revoltante e frustrante ao mesmo tempo, mas eu queria que você fosse parte da minha família, por isso tentei fazer com que se lembrasse como era legal ser parte disso.

—... Eu nunca tinha esquecido. — Hisana vira o rosto pensando um pouco. — Eu acho que só tinha ignorado ou desistido de lembrar, Katsuya e todos os outros estavam certos, eu não poderia ter simplesmente esquecido todos aqueles momentos, só que... — Hisana baixa a cabeça. — Eu pensei no meu mundo sem chão quando perdi toda nossa família e no como aquilo tinha acabado comigo... Fiquei apavorada e com medo de ter que perder tudo de novo, eu não aguentaria, minha cabeça entrou em contradição, eu não podia ter o que queria, então não valia a pena querer tê-la de novo e esse pensamento virou destruição e morte... Genocídio, o aspecto de minha fraqueza.

—... Sempre que eu ouvia seu nome eu ficava com muito ódio, treinava feito louca querendo ficar mais forte só para poder ajudar meus amigos a te destruir e acabar com aquele nosso sofrimento. — Matsuda também baixa a cabeça. — “Se nosso mundo não fosse assim eu nunca teria perdido a minha família”, esse pensamento me motivava a querer destruí-la... Ainda bem que não consegui. — ela ri.

— Ainda bem que conseguimos superar isso com a ajuda uma da outra. — Hisana volta a deitar.

— Hisa-chan. — a menor deita também.

— Hmmm. — Hisana acaba bocejando.

— Nós vamos ficar juntas pra sempre não vamos?

— Como unha e carne. — Hisana sorri fechando os olhos.

Matsuda fica feliz com aquela resposta e se deita dormindo com um sorriso estampado no rosto.

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audiomachine - Devil's Tower

Com o tempo minhas missões na terra foram diminuindo e experimentos em meu corpo aumentavam, quando questionados Solomon e Zerus haviam mencionado a necessidade de eu estar em observação durante aqueles dias, mas nunca me disseram o motivo, os dias passavam e o ar da base ficava mais estranho, misterioso e denso.

Quando andava em direção aos meus aposentos voltando de uma das minhas raras missões encontrei-me com Kaliver mais uma vez e ele parecia menos apático que o normal, na verdade eu notava certo receio em me encarar.

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— Kaliver?    Tá tudo bem? Você parece meio estranho.

Sem aviso ele pega Hisana pelo braço e a leva para uma sala isolada.

— K-Ka..!? O que está fazendo!? — corava violentamente a outra.

— Eu disse que não era para você se apegar àquela garota. — a voz dele era profunda.

— O quê?

— Hisana, na época que você começou a perder o controle Magnus pensou em uma maneira de tentar aplacar seu espírito descontrolado pondo uma bainha em sua vida para que seu foco voltasse e tornasse você mais facilmente manipulável.

— Como assim...? — ela parecia não ter entendido a metáfora.

— O que estou querendo dizer é que ao achar sua amiga Matsuda Hisa e trazê-la para cá você acabou seguindo com os planos de Magnus sem que ele precisasse se mexer e graças a isso você se tornou diferente... Tenho certeza que já deve ter notado o aumento na quantidade de experimentos em seu corpo não é mesmo?

Hisana fica surpresa.

— Mas o que a Ma-chan tem a ver com isso!? O que pretendem fazer com ela?! — Hisana sussurra preocupada.

— Eu não sei, mas quanto mais tempo ficar aqui, maiores são as chances de eles tentarem fazer alguma coisa com as duas, contudo talvez haja uma chance de escaparem. — olhava para ela.

— Escapar!?

— Apenas me ouça: Daqui a alguns dias Solomon planeja concluir um grande experimento usando você, sendo que todos os abissais estarão presentes e neste dia em específico as defesas da base estarão mais baixas e eu por um breve momento poderei abrir as passagens de emergência e criar uma distração para que possa fugir, o tempo será escasso, mas conseguindo fugir da base o resto será mais fácil. — Kaliver explica.

— Experimento? Então eles vêm preparando meu corpo pra esse experimento em especial! Mas e quanto a você Kaliver? Por que está me ajudando? Vai ficar óbvio que foi você quem me ajudou, eles vão te matar ou fazer coisa pior! Não posso aceitar isso! — Hisana balança a cabeça veementemente.

— Salve um ou morrerão todos, você não tem escolha, além disso, não se preocupe comigo, os preparativos estarão no lugar exato quando a hora chegar. — Kaliver parecia ter concluído o que queria explicar.

—... Por que está querendo me ajudar agora? — Hisana pergunta.

—... É o que venho me perguntando há meses...

Ele se retira do recinto deixando Hisana para trás com expressão surpresa.

— Kaliver... Não me diga que você...?! — ela sai correndo, mas o abissal já tinha desaparecido. — Poderia ser que ele... Por mim? — ela parecia ainda estar organizando os pensamentos.

Hisana volta aos seus aposentos, mas para evitar que sua prima ficasse preocupada nada diz e age naturalmente como se nada tivesse acontecido, alguns dias depois quando volta de uma missão de reconhecimento com outros deep hollows ela nota que a base parecia mais quieta que o normal, contudo existiam soldados espalhado pela Soul Society de forma uniforme e estratégica.

— Mas o que diabos? Vai ter guerra e não me convidaram? — ela entra no quarto e percebe que sua prima não estava lá. — Ma-chan, eu voltei! — não há resposta. — Ma-chan!?

Alguém adentra o recinto. Solomon e Magnus surgem à porta.

— O quê?! — Hisana entra em posição de luta começando a suar fria, ela sabia que coisa boa não era. — Onde está Matsuda Hisa? — ela é curta e grossa.

— Conosco. — Solomon responde, mas havia somente seriedade em sua voz.

— O que fizeram com ela seus desgraçados?! — Hisana se apluma para atacar, mas Magnus faz um sinal para ela se acalmar e a jovem instintivamente cessa sua intenção antes de reagir.

— Acompanhe-nos. — dando as costas Magnus se retira e Solomon vem ao seu lado.

Hisana aperta os punhos e sai correndo atrás deles.

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audiomachine - Infinitum

Eles chegam algum tempo depois a uma espécie de arena em formato de redoma blindada com um escudo transparente de onde em um lugar seguro os abissais observavam Hisana se dirigindo ao centro e vários deep hollows de diferentes castas se empoleiravam tendo inclusive alguns Conquistadores ao longe patrulhando. Hisana não estava entendendo nada, mas o ar denso que aquela visão lhe passava lhe causava um péssimo pressentimento.

 — O que significa isso Solomon? Além de cobaia agora pretende me transformar em atração de circo? — ela pergunta com uma voz ríspida que ecoa na abóboda.

— Não. Eles estão aqui para testemunhar. — a voz poderosa responde.

Hisana se vira num salto de alerta com posição de luta encarando seu adversário à frente que nada mais era que seu próprio pesadelo Magnus.

— Só se for a sua morte porque eu juro que dessa vez você vai encontrá-la! — ela rangia os dentes sabendo que mantinham sua prima como refém.

— Eu vou morrer um dia, mas esse dia não é hoje, quanto a você Kurosaki Hisana sua morte já perdeu o significado, mas e quanto ao daquela garotinha? — Magnus pergunta olhando a jovem que era bem menor que ele não somente em estatura.

— Desgraçado! Eu não vou deixar que façam nada a ela! — a reiatsu de Hisana fica selvagem e começa a levantar poeira e pedras do chão.

— O seu poder é muito instável, contudo já percebemos que ele atinge o pico durante descargas emotivas traumáticas ou violentas, por isso Kurosaki Hisana se quiser ver sua amiga outra vez você tem dez minutos para mostrar toda sua força para mim. — Magnus estala o dedo e Lanathel surge na redoma com Matsuda Hisa inconsciente debaixo do braço.

— MA-CHAN! — a reiatsu de Hisana oscila e apaga.

— Se não fizer o que estou mandando, vou tirar a vida desta garota na sua frente da mesma forma como tirei de toda sua família e amigos anos atrás.

Hisana responde à provocação com um grito de furor voando com tudo para cima de Magnus. O shinigami começa a desviar dos golpes de Hisana que criavam vácuos de reiatsu que se chocavam na redoma causando estrondos.

Magnus acerta um soco rápido na cara de Hisana que não sai do lugar.

— Oh...

Hisana pega o braço de Magnus e joga-o no ar.

— Ela conseguiu arremessar Magnus-sama? — Lanathel parecia surpresa.

O shinigami gira o corpo e volta a aparar golpes que se tornavam mais pesados, Magnus olha para Solomon que assente entendendo o sinal.

— Morpheus, comece a analisar. — ele ordena sem tirar os olhos da luta.

— Sim senhor! — Zerus começa a digitar rapidamente no computador.

O estilo de luta de Hisana repentinamente começa a mudar, Magnus fica surpreso.

— Está tentando mudar o seu padrão de luta para diminuir minha resposta não é mesmo? Fico impressionado com sua capacidade dinâmica de combate, mas sua ira continua sendo seu maior defeito Kurosaki Hisana. — Magnus segura o punho da jovem que faz sair fumaça da palma da mão do shinigami. — Primeiro é necessário adquirir o poder, só então você tem permissão para liberar sua fúria.

Magnus arremessa Hisana com toda sua força contra a parede invisível da redoma que treme por inteira derrubando alguns deep hollows que estavam grudados como mosquitos.

O shinigami respira fundo e olha com expressão matadora para Hisana que paralisa, a intenção assassina de Magnus preenche o campo e faz alguns deep hollows fugirem.

— Seu tempo está acabando Hisana...

A jovem se levanta e corre novamente, porém é possível sentir sua intenção desesperadora de batalha, mas antes que consiga chegar perto do shinigami ela sente uma dor descomunal pelo seu corpo inteiro e todas as suas feridas antigas e recentes abrem de uma vez e ela cai no chão em uma poça esparramada de sangue sofrendo espasmos dolorosos.

— Suas feridas são testamentos de suas falhas que eu tenho o dom de fazer meu adversário lembrar de cada uma delas.

— Maldi... Ção... — ela tenta se mexer, mas seu corpo tremia tanto que sofre espasmos pelo choque da perda de sangue.

— Acredito que já usei esta habilidade em você algumas vezes enquanto tentava inutilmente me atingir, contudo, somente desta vez eu a usei em um nível elevado.

— “Cicatrizes do Tempo”... — Hisana suava fria.

— Um nome poético, porém mórbido. — Magnus observava as reações expressivas de Hisana. — Cicatrizes nada mais são que projeções de agressões sofridas em seu corpo, sejam físicas, mentais ou espirituais, todas lhe marcam de alguma forma. — o shinigami por um momento parece ponderar o que dirá. — Dizem que feridas se curam com o tempo, mas as cicatrizes permanecem para sempre como a lembrança do momento em que você falhou.

— Mas cicatrizes são lembranças curadas... — a regeneração de Hisana começa a recuperá-la lentamente. — Dores superadas que garantem que você não a sentirá da mesma forma mesmo que venha a falhar outra vez.

Magnus sorri enigmaticamente.

— Por isso vou garantir que as suas feridas apodreçam de uma vez. — ele olha para Lanathel que assente e joga Hisa no chão.

— Ma-chan! — ela chama a garota.

Attack On Titan Movie Music - 15 - Attack of Titans

Sua prima acorda atordoada e confusa tentando entender onde estava e o que estava acontecendo.

— Hisa-chan! — exclama ficando em pé e entrando em posição de combate encarando Lanathel.

— Seu tempo acabou.

Hisana ouve aquelas palavras como uma sentença provindas da boca de Magnus.

— MA-CHAN SAI DAI!

Sua prima tenta reagir, mas Lanathel é muito mais rápida e pega a menina pelo pescoço.

— Ma—

Magnus arremessa Hisana na redoma outra vez e ela cospe sangue caindo de rosto em terra totalmente sem forças.

— Vida... Amor... Esperança... De onde vêm? Para onde vão? Por que as pessoas tentam construir algo quando no final tudo será destruído? Por que se apegar à vida se o destino final sempre será a morte? — Magnus tinha uma voz serena enquanto olhava para Hisa se debatendo na mão de Lanathel.

— Pare... — Hisana se levanta, mas caí de novo. — Por fav—

— Hisa-chan...! — sua prima começava a chorar apavorada.

— Lanathel não faça isso, por favor...! Eu faço o que quiserem mato quantas pessoas quiserem que eu mate, mas eu imploro... Deixem-na ir! — Hisana já estava tremendo de medo.

— Lutamos incansavelmente contra o impossível na esperança de convencer nosso próprio destino a aceitar nossas escolhas...

Lanathel prepara sua mão como uma lança puxando o cotovelo para trás.

— Nada é eterno...

— Hisa-chan...!

Hisana olha horrorizada para sua prima lhe devolvendo um olhar angustiante quando seu peito é transpassado pela mão de Lanathel e a pequena se debate por um instante tentando puxar suas últimas golfadas de vida. Ela assiste em choque à última pessoa de sua família ser abatida como um animal diante de seus olhos, seu corpo entra em um estado de torpor ao passo que enxerga Matsuda Hisa ser descartada como lixo no chão. Uma grande poça de sangue se formava ao redor de seu corpo sem vida, mas a expressão de horror da criança permanecia enquanto lágrimas pareciam paralisadas em seu rosto mórbido.

Hisana pisca. Aquilo parecia surreal, uma ilusão, talvez até mesmo um sonho, mas seu coração parece parar de bater  e sua visão vai ficando cada vez mais turva conforme vai perdendo a consciência mesmo estando de olhos abertos.

Hunter x Hunter (2012) - Requiem Aranea.

Seu corpo subconsciente cai em uma imensidão branca como se estivesse afundando na água até que ela consegue tocar no fundo e senta começando a encolher o corpo.

Naquela imensidão branca sem fim ela sentava como uma boneca sem vida com o rosto enterrado entre os joelhos quando ouve passos calmos vindo em sua direção.

— Nos encontramos novamente. — a voz ecoava no lugar como camadas da mesma voz.

Mas Hisana continuava do mesmo jeito.

— Da última vez que nos encontramos você era apenas uma criancinha tão perdida quanto está agora. — ela deixa escapar uma risada curta ao lembrar. — Lógico que você não se lembra de mim, afinal, no desespero que sentiu naquele dia seu subconsciente tomou forma e deu espaço para que eu pudesse ressurgir.

A jovem continuava sentada sem parecer dar importância.

— Em nosso último encontro seu subconsciente gritava por poder e eu lhe concedi. Mas dessa vez sinto algo diferente em seu íntimo, porém, só posso responder à altura do desejo que sua voz ordenar, então eu pergunto somente uma vez: Kurosaki Hisana, qual é o seu desejo?

Mas a jovem imóvel e no desespero de sua impotência só consegue desejar uma única coisa:

— Eu quero... Desaparecer... 

Diante de Hisana uma criatura feita de uma energia esfumaçante negra só conseguia sorrir.

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Continua...

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Notas finais do capítulo

Pessoal, essa capítulo tá duas semanas atrasado que foi o tempo que fiquei sem postar, era pra postar dois capítulos hoje, mas tive que sair e não deu pra terminar de revisar e fazer os detalhes que faltaram fazer, fora que os capítulos demoram pra caramba pra corrigir e postar links, mesmo assim, ele não deve demorar muito.

Falta bem pouquinho pra terminar essa fase da Fanfic, mais dois capítulo e termino e voltamos pra ver o que aquele povo anda fazendo na casa do Urahara.

Espero que o capítulo gigante tenha valido a espera.

Bjus pessoal. Obrigada por continuarem acompanhando e a gente se vê nas reviews e next chapter!

PS: Qualquer coisa bizarra que enxergarem me avisem!



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