Quando O Futuro Vem Dos Céus - Ascensão escrita por LYEL


Capítulo 13
Scars of Time - 01


Notas iniciais do capítulo

A história narrada se passa logo após os acontecimentos do Capítulo 32 de Memórias: OVA III — Sombras do Passado.

Dando início ao Arco que contará a última parte do passado de Hisana, seu lado negro e sombrio até seu retorno e missão ao passado.

Serão capítulos mistos entre narração em primeira pessoa buscando mexer mais no psicológico dos personagens conforme vão lembrando de seu passado e cenas com diálogos em determinadas ocasiões onde haverá interação entre várias partes.

Notem que é um capítulo grande, mas ele é bem detalhado para que o leitor possa tentar imaginar, através da narrativa em primeira pessoa, o que se passava na cabeça de cada um e o que sentiam para que tudo viesse a acontecer.

vocês conseguirão determinar através das personalidades de cada um quem é o narrador no momento, inclusive com a ajuda dos honoríficos que alguns deles usam para se dirigir a determinados personagens.

Chegou a hora de reabrirmos as feridas e esclarecer de uma vez por todas, quem foi Kurosaki Hisana.

Boa Leitura.



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Abertura de Ascensão

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Xenosaga Episode I OST #45 - Shion ~ Emotion ~

O grupo fitava Hisana em silêncio após ouvirem o que ela havia falado, mas Katsuya olha sério para ela.

— Você tem certeza? — pergunta.

— Na verdade não, mas... — ela olha para o grupo. — Mas eu devo isso a eles.

— Nós podemos lhe ajudar. — Soryuu diz.

— Sim, por favor, até porque existem coisas que nem eu saberia como explicar sobre tudo o que aconteceu.

— Então acho que é isso. — Alessa assente.

— Hisa-chan, não se preocupe, eles vão entender. — Tomoe assegura.

— Acho que de todos que estão aqui vocês dois serão os que mais se incomodarão com a história, mas quero que saibam que eu não os culpo por absolutamente nada e que... Nós três ainda precisamos sentar e conversar... Sobre um monte de coisas... — dizia olhando para Ichigo e Rukia.

Seus pais se entreolham.

— Conte-nos Hisana... — Rukia pede.

— Nos preocupamos com o que pensar depois. — Ichigo diz.

Os jovens vindos do futuro fazem sinais de aprovação e finalmente começam a contar aquilo que mais aguardavam.

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A história já é conhecida para alguns, mas no final todos merecem saber... Conhecer quem foi e quem é Kurosaki Hisana agora...

No dia que o rei das almas foi assassinado pelas minhas próprias mãos o mundo só não ruiu porque Solomon já tinha preparado uma forma de sustentar os planos dimensionais tanto do Hueco Mundo, quanto da Soul Society e terra, logicamente sabendo que eu completaria aquilo que me foi mandado, então ele criou pilares que sustentam os nossos mundos mesmo sem a presença de Reioh.

Matá-lo não mudou nada tanto quanto não havia mudado enquanto ele estava vivo.

Para mim, a morte daquele ser não significava nada, na verdade foi até prazeroso por um fim àquela “coisa”, pois graças a Magnus eu aprendi a guardar um rancor imenso por tudo que dizia respeito àquela criatura disforme, mas no exato momento que ele deixou de existir... Eu também deixei... Perdi e destruí o último remanescente de meu coração e com ele minha humanidade se esvaiu...

E desde então... Meus dias mais sombrios tiveram início...

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Hunter X Hunter_OST II_01 - Requiem Aranea.

A adolescente Hisana logo após o incidente no palácio real acorda dentro de um tubo de ensaio envolta por um líquido amniótico e enxerga um homem de paletó discutindo alguma coisa com outro de cabelos cerúleos, ela estava confusa e assustada.

Onde eu estou? Como eu vim parar aqui? Quem são essas pessoas...? Quem sou eu?!

Confusa a jovem começa a se debater dentro do tudo chamando a atenção dos ali presentes. Solomon aperta um botão e o líquido seca. Ela retira a máscara de oxigênio e encosta na borda do tubo olhando sem saber o que fazer ainda perdida por não ter resposta para absolutamente nada.

— Bom dia minha jovem... Consegue me reconhecer? — Zerus tenta parecer o mais educado possível.

— Ah... Eu... Eu... Não sei... — responde fazendo o azulado suspirar.

— Seu nome é Kurosaki Hisana.

— Kurosaki... Hisana...

— Sim. Este nome lhe diz algo? Faz lembrar-se de algo?

—... Não... Não consigo lembrar muito bem...

— Foi como pensamos Solomon querido... Ela perdeu as memórias...

— Essa perda aparentemente é temporária e está intimamente ligada à queda absurda de reiatsu que ela sofreu.

Um cientista auxiliar se aproxima.

— Meu senhor, os resultados dos testes. — ele entrega uma planilha.

Solomon analisa o que estava escrito e entrega nas mãos de Zerus, a expressão dele treme e seu suspiro desta vez é ainda mais longo que o primeiro.

— Solomon-sama ela está...

— A alma dela está fragmentada... Não há mais sinais de suas zanpakutous. — Solomon olha para Hisana dentro do tubo. — Maravilhoso...

— “Maravilhoso”? — Zerus não havia entendido.

— Agora que nossa criança não possui mais nenhuma memória que a vincule ao seu passado nós estamos livres para moldá-la do jeito que bem entendermos, por isso, mesmo que tenhamos que começar do zero ela crescerá guiada por nossa vontade. — o cientista se vira para o outro. — Comece os preparativos imediatamente.

— Sim senhor! — ele o reverencia.

Solomon voltava a observar Hisana dentro do tubo encolhida olhando para todos os cantos com olhar perdido.

Minutos depois a porta da sala do laboratório se abre e alguém conhecido por Hisana se aproxima.

— Estou de volta como me pediu Solomon-sama. — a criatura o reverencia.

— Ótimo, já sabe o que fazer. — ele sai do caminho voltando a trabalhar.

Kaliver observa Solomon indo embora enquanto lia alguns documentos e volta sua atenção a Hisana que estava sentada com a cabeça enterrada entre os joelhos, ele bate no vidro chamando sua atenção.

— Hisana.

—...

— Não me reconhece? — ele pergunta.

Kaliver...

Ele assente e aperta um botão fazendo o vidro do tubo descer e estende a mão para ela.

— Vamos, nós temos trabalho a fazer.

— “trabalho”?

— Sim. Ensinar tudo do zero. — ele responde.

Ela olha para a mão de Kaliver se sentindo meio estranha e o abissal percebe isso ao tocá-la por causa de seu poder.

— Não se preocupe você está segura. — ele diz sem pensar direito no que pretendia com aquilo.

A jovem observa o abissal por algum tempo e segura mais firme em sua mão.

Eles voltam para a ala onde Hisana viveu praticamente toda sua vida de rato de laboratório, ela começa a lembrar-se pouco a pouco de alguns detalhes daquele local.

— Kaliver.

O abissal se vira para ela.

— O que—?

— Por que eu preciso sofrer? — lágrimas silenciosas desciam pelo seu rosto sem que ela entendesse direito o motivo de estar chorando.

Kaliver não entendia a razão de ela estar chorando mesmo que estivesse lhe dando as razões para estar daquele jeito, mas ele se incomodava com suas lágrimas porque era a primeira vez que sentia aquilo emanando dela: Uma mistura de frustração, tristeza, solidão, traição e angústia.

Tanto sentimento negativo que acaba lhe afetando sem querer.

—... Por que acha que eu tenho resposta para isso?

—... Porque você é o único que eu consigo conversar... Eu sei que não gosta de mim porque é seu trabalho ter que conviver comigo, mas... Acho que você é o mais próximo de família que eu tenho aqui...

A expressão de Kaliver treme.

— Que ridículo. Quando suas memórias voltarem você vai perceber que o que disse foi a maior piada que já contou para si mesma. — ele dá as costas e continua seu caminho.

— Eu nunca esqueci quem é você. — Kaliver para de andar. — Por algum motivo eu só não esqueci você, mesmo o meu nome faltou em minhas memórias até ele ser dito pela primeira vez.

Ele fita Hisana de soslaio.

— E o que isso implica para mim?

— E-eu não sei... — Hisana enxuga as lágrimas ficando pensativa. — Eu acho que por você ser quem eu mais vejo e me comunico acabei me afeiçoando a sua presença... Ou me acostumando. — Hisana vira o rosto. — Nesse tempo que ficou fora eu... Eu acabei sentindo saudades.

—...

Hisana olha para ele.

— Acho que com você de volta... Eu vou poder voltar a aguentar tudo aquilo de novo...

—... Você é estranha.

Hisana baixa a cabeça, mas sorri timidamente voltando a segui-lo de volta para suas acomodações.

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Mahou Shoujo Madoka Magica – Decretum

Os dias passavam e Kaliver me ensinava a lutar outra vez, na verdade me fazia lembrar como eu lutava antigamente, contudo, por não ter mais minhas zanpakutous eu tive que improvisar lutar de mãos vazias ou com alguma asauchi sem dono. Meu poder espiritual gradativamente voltava a um nível que para eles era considerado decente.

Com o passar dos meses percebi que Kaliver ficava diferente e me tratava de uma maneira mais branda comparada a antigamente, mas mesmo com a presença dele eu continuava me sentindo perdida, a sensação que algo me faltava me perturbava e eu não entendia o porquê daquele sentimento me perseguir.

Assim como foi previsto, minhas memórias foram voltando aos poucos e conforme me lembrava de quem era e o que tinha me tornado ou como havia parado ali além de quem eram aquelas pessoas que agora me controlava eu percebia quão vazia eu me sentia e quão sozinha eu estava.

Onde estão os meus amigos? Por que ninguém vem me resgatar deste tormento?

Meu pai fazia o impossível para ajudar seus amigos, foi aclamado como herói e reconhecido como alguém capaz de mudar as concepções de um mundo inteiro com suas convicções, no entanto, quando ele mais precisou ninguém veio ajudar... Aqueles que mais se beneficiaram de sua boa vontade o assistiram morrer e se sacrificar por um mundo que não faziam mais questão de mexer... E assim também foi o que aconteceu comigo.

Fui abandonada por aqueles que juraram me proteger em nome de meu pai. Aquele pensamento me corroía. Eu me sentia enganada, traída, deixada para trás... Logo eu lembrei que ainda criança minha personalidade já havia se distorcido uma vez por causa destes mesmos sentimentos e percebia o quão inevitável era voltar àquilo outra vez... E o como era fácil se deixar levar pelos desejos mais obscuros e enterrados em meu coração.

Justo o que Solomon queria que eu sentisse.

Ao me lembrar do motivo de ter matado Reioh percebi que aquele ato em si tinha despertado dentro de mim um sentimento de rejeição com tudo aquilo que era relacionado a ele.

Convenci-me que o mundo era como seu parque de diversões e que sem ele por perto eu poderia brincar em seu lugar, mesmo o que sentia na presença de Kaliver não se comparava mais àquele sentimento que eu guardava só para mim e alimentava a cada dia.

Eu sabia que uma hora ou outra eu teria que colocar tudo aquilo para fora e esperava ansiosamente pelo dia que me permitiram fazer isso.

Porém, mesmo que eu escondesse aquele turbilhão de emoções dentro de mim, Kaliver sabia que tinha algo errado. Afinal,  ele era uma esponja de emoções que não conseguia compreender.

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— Como assim errado? — Hisana perguntava enquanto ajeitava sua roupa para sair.

— Consigo sentir uma raiva crescente dentro de você, contudo devo alertá-la que tentar direcionar essa raiva para mim é perda de tempo, pois eu posso usá-la contra você.

Hisana ri.

— Eu não tenho raiva de você Kaliver nem mesmo algum apreço, por isso meus sentimentos por você não importam, assim como os seus por mim, já deixei de sentir alguma coisa pelo que fazem comigo há tempos... Agora chegou o momento de fazer os outros sentirem...

Kaliver fica sério e Hisana ri novamente.

— “Se não pode com eles, junte-se a eles” diz o ditado, então é exatamente isso que vou fazer. — Hisana começa a ir embora.

—... Aonde vai? — Kaliver pergunta enquanto ela passa ao seu lado.

— Não te disseram? Estou indo por em prática tudo o que me ensinou. — Hisana faz um gesto de despedida. — Até mais “mestre”, prometo lhe dar muito orgulho. — sai rindo.

Kaliver fica calado estranhando a mudança repentina de Hisana.

— O que está acontecendo aqui...?

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Mahou Shoujo Madoka Magica 08. Terror adhaerens

A missão era bem simples: Fazer o que me desse na cabeça. Por causa da minha concepção de certo e errado terem sido distorcidas o limite que as separava quase não existia mais... Na verdade eu acho que nem me importava mais com elas.

Quando saí do laboratório de Solomon localizado na Soul Society e desci em direção à Karakura pela primeira vez em anos não notei tanta diferença. Era um lugar sujo e caindo aos pedaços, minha missão era caçar ratos e eu era a predadora que estava ali para brincar de caçá-los.

Assim que botei meus pés na cidade tive a leve impressão de ter visto aquele lugar antes, mas a sensação foi tão passageira que não dei a mínima importância.

Havia destroços da cidade por todos os cantos e alguns cadáveres, ou pelo menos o que havia sobrado de rastro de seres vivos espalhados nos locais mais improváveis.

E foi naquele dia também que daria de cara com aqueles que um dia chamei de família...

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Em uma das diversas bases que existiam espalhadas pelo mundo, Urahara detecta em seu computador uma presença anômala na região de Karakura, era uma reiatsu desconhecida e muito suspeita.

— Comandante o senhor nos chamou? — Pergunta o jovem Katsuya entrando na sala de comando do seu pai acompanhado dos também jovens Alessa, Soryuu e Tomoe, Yoruichi e Andressa estavam lá também.

— Há uma presença desconhecida rondando Karakura, tentei analisar a reiatsu fazendo uma varredura, mas não consegui resposta.

— Deve ser algum novo experimento de Solomon. — Katsuya diz.

— Eu também pensei que fosse... Até descobrir que as ondas de reiatsu embora desconhecidas... São humanas. — o cientista olha para o filho.

— O quê!? Os jovens ficam surpresos.

— Mas isso é impossível, as pessoas foram realocadas—

— Eu sei Soryuu, mas temo que esta frequência de reiatsu emanada seja apenas uma distração, contudo não podemos ignorar que uma reiatsu humana em uma cidade fantasma pode significar algo mais.

— Algo tipo o quê? — Alessa queria entender.

— Que talvez... Tenhamos respostas para o que aconteceu com os corpos de nossos amigos... — ele responde cabisbaixo.

A sala fica em silêncio por alguns segundos.

— Eu vou. — Katsuya se prontifica.

— Se Katsuya vai eu também quero ir. — Tomoe diz.

— Se a Tomoe vai, então já estão sabendo que vou junto. — Soryuu coça a cabeça olhando para os lados.

— Se é para todos irem eu é que não ficarei de fora. — Alessa dá de ombros.

— Isso não é nenhum piquenique, vocês podem se deparar com um perigo real ali, é preciso estar alerta! — Yoruichi os repreende.

— Não se preocupe. Nós sabemos disso comandante Yoruichi-san. — Tomoe responde.

— Essa missão será apenas de reconhecimento, não levem mais ninguém com vocês para evitar chamar a atenção, usem os bloqueadores de reiatsu e evitem conflitos o máximo que puderem, não queremos chamar a atenção de Magnus e Solomon para este setor novamente. — Yoruichi ordena.

— Sim senhora! — os jovens respondem.

— Estão dispensados. — Urahara faz o sinal liberando-os para a missão.

Andressa segue os jovens pela porta.

— Esperem crianças. — chama.

— Sim tia? — Soryuu e os demais se voltam para ela.

— E-eu estou com um mau pressentimento sobre isso desde o momento que Urahara detectou essa anomalia na cidade.

— Ah não se preocupe mamãe, nós não somos mais crianças como pensa, se algo acontecer pode deixar que eu tomo conta deles. — Alessa brinca bagunçando os cabelos de Katsuya que bufa como um menino mimado.

— Eu sei que não são mais crianças... Eu só... — Andressa respira fundo. — Só estou dizendo para tomarem cuidado, eu quero todos os quatro de volta.

— Quando a gente voltar a senhora faz comidinha pra gente? — Alessa faz bico de criancinha, mas ela não era a única, os outros imploravam com os olhos.

— Faço. — ela sorri abraçando-os. — Agora vão e não se esqueçam do que eu pedi.

— Pode deixar tia, nós tomaremos cuidado. — Katsuya rebate o sorriso.

— Vamos nessa galera. — Soryuu faz sinal e começa a sair primeiro na frente.

— Ô bonitão, quem te nomeou rei? — Katsuya resmunga querendo passar à frente.

— Eu. — Alessa responde cinicamente.

— Sua opinião é completamente inválida! — o loiro resmunga.

— Pra mim não, ele é meu namorado mesmo. — ela rebate segurando a risada cínica.

— Nem pra mim. — Tomoe ri e pula nas costas do irmão.

— Desiste Katsuya, no meu reino você é só o bobo da corte. — ele ri zombeteiro.

— Filho da—! Minha vingança será maligna!

Seus amigos começam a rir.

Andressa via aquelas jovens partirem brincando como se ainda fossem aquelas crianças que ela tinha visto crescer, contudo, a latina sentia um aperto no coração quando lembrava que faltava alguém entre eles.

— Hisana... — suspirava entristecida ao lembrar-se da tragédia do passado.

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Algumas horas depois o grupo já se aproximava do centro da cidade de Karakura. Tudo estava em frangalhos e a cidade outrora repleta de pessoas agora se constituía de carros amontoados, ruas sujas e prédios que a cada ano envelheciam mais por falta de cuidados.

— Que horror... — Tomoe se entristece.

— Sete anos... Em sete anos Karakura se reduziu a isso... — Katsuya pensa alto.

— É como se estivéssemos revivendo todo aquele pesadelo novamente... — Soryuu olhava atento.

— Shh! — Alessa faz um sinal. — Estão sentindo essa presença?

O grupo se abaixa entre alguns carros e fica observando a presença se aproximar.

Algum tempo se passa e eles enxergam uma pessoa vestida como um abissal se aproximando pelos flancos após surgir de uma esquina. Ela tinha mais ou menos a estatura de Tomoe, cabelos negros e andava se atendo aos detalhes da cidade parecendo perdida.

— Parece uma pessoa comum. — Alessa comenta.

— Por... Por alguma razão eu sinto como se já tivesse visto essa pessoa... — Tomoe franze o cenho querendo confirmar suas suspeitas.

Katsuya repentinamente se levanta surpreendendo o grupo ao revelar sua posição.

— Katsuya seu idiota se abaixa! — Soryuu resmunga tentando puxá-lo, mas o loiro não mexia um centímetro sequer olhando estático para a pessoa à sua frente.

— Kats—?!

O rapaz pula por cima do carro e começa a andar apressado em direção à jovem na rua.

— Oi! Katsuya! — Alessa segue o rapaz.

— O que deu nesse idiota? — Soryuu se levanta e é seguido por Tomoe.

A expressão de Katsuya tremia em um misto confuso de emoções.

— Não pode ser... Não pode ser... HISANA!? — exclama alto o nome parando alguns metros da pessoa.

Seus amigos ouvem o nome e olham surpresos para frente, neste instante suas memórias parecem abrir uma porta fechada e esquecida.

A jovem ouve lhe chamarem e se vira vagarosamente para o grupo encarando-os sem nenhuma reação anormal.

— H-Hisana? — Katsuya começa a se aproximar vagarosamente. — É você? Mas como é possível...?

Hisana continuava parada olhando para o loiro sem expressar nada ou reagir à sua voz.

— Hisana! Hisana você está viva! — Katsuya agora tinha certeza de quem se tratava e começa a correr com seus olhos trêmulos de emoção e saudades.

Hisana também parecia reconhecer Katsuya e logo atrás dele os três que o seguiam, memórias do passado inundam sua cabeça e ela sorri.

— Katsuya. — sua expressão de ternura se revela e ela começa a caminhar em sua direção.

O loiro se aproxima com expressão radiante não conseguindo conter-se em alegria ao ver sua melhor amiga ressuscitada dentre os mortos.

— Hisana! Hisana! Não acredito que é você! — seu corpo tremia emocionado.

— Katsuya... — ela continuava sorrindo e toca em seu rosto coberto de lágrimas. — Eu esperei tanto tempo para poder reencontrá-lo... Tantos anos... — ela o abraça.

O coração de Katsuya estava a mil e ser abraçado por sua amiga depois de tanto tempo o faz chorar emocionado, ele enterra seu rosto no ombro da amiga e continua a chorar soluçando. Seus amigos longe dali olham sem acreditar, mas era Kurosaki Hisana bem na sua frente e viva!

Eles não perdem mais um seguindo sequer e correm desesperadamente para abraçá-la.

— HISANA! — gritavam eufóricos.

— E-eu! Eu tenho tanta coisa para dizer! Tanta coisa que eu quero te contar! — soluçava.

Hisana o abraçava com carinho e de olhos fechados com voz suave sussurra em seus ouvidos:

— Não há nada a ser dito... Nem tempo para dizer o que quer Katsuya...

— Eh?

Xenosaga — Albedo.

O jovem sente uma pontada no peito e prende o ar com olhos surpresos e lacrimejantes.

Tomoe, Alessa e Soryuu que se aproximavam são jogados para trás por uma rajada de energia que transpassa o peito de Katsuya e o joga em direção a eles com um buraco no peito, o loiro cai com olhos quase sem vida e sangrando pela enorme ferida mortal.

— KATSUYA!  — gritam desesperados e confusos.

— Katsuya! Katsuya! — Soryuu olhava sem saber o que fazer.

— Hisana... Por... Quê? — perde a consciência.

Os três olham para a jovem e ela olhava para a mão coberta de sangue e o prova olhando em seguida para o grupo.

— Há quanto tempo... Meus amigos...

Soryuu, Tomoe e Alessa ficam paralisados pelos olhos frios de Hisana.

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Na base da resistência o monitor de sinais vitais de Katsuya fica em alerta de estado crítico de um segundo a outro e sua mãe fica imediatamente preocupada.

— Kisuke o que aconteceu!? — ela chega perto do monitor com suor na têmpora.

— A presença desconhecida sobre a cidade fez contato com o grupo de Katsuya!

— Você tem que tirá-los dali agora! Mande um grup—!

— Que grupo!? Katsuya e os outros são os melhores que nós temos!

— Então eu vou! — Yoruichi avisa.

— Espere Yor—!

Tarde demais, ela já tinha saído.

— Droga! Quando se trata deles ela sempre perde a razão! Você não foi a única que fez uma promessa Yoruichi! — ele se exalta colocando o comunicador no ouvido. — Tomoe!? Tomoe você consegue me ouvir? Tomoe!

Enquanto Urahara tentava fazer contato com os jovens Andressa retira um pequeno crucifixo do pescoço e começa a rezar.

— Por favor, Deus, proteja meus meninos...

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Na cidade Tomoe ouvia a voz de Urahara, mas estava envolvida demais pelo olhar de Hisana para conseguir reagir.

(— Tomoe! Responda!).

— Urahara-san... O Katsuya-kun...

(Ele está vivo, ouça Tomoe, você precisa estabilizar a condição de Katsuya e ordenar a retirada imediatamente! Yoruichi está a caminho e lhes dará cobertura!).

— Urahara-san... A presença desconhecida... Nós conhecemos...

(— O que disse?).

— É a Hisana... É a Hisana... — lágrimas começam a descer dos olhos da loira.

(— Hisana!? Kurosaki Hisana?! Como isso é possível?)

— Mas... Mas ela está diferente... Foi ela que machucou Katsuya-kun...

(— Preste atenção Tomoe, quem quer que você ache que seja essa pessoa não interessa, a vida de Katsuya está em risco assim como a de vocês, eu ORDENO que se retirem imediatamente!).

— Nós bem... Bem que queremos... Mas... — Tomoe olha para seus companheiros e eles tremiam e suavam paralisados. — Nós não conseguimos sequer nos mexer...

(— Essa não...).

Hisana se aproxima do grupo e se abaixa para ficar analisando os seus “ex-amigos” de infância.

— Vocês mudaram bastante, mas claro, quem não muda depois que cresce não é mesmo? Só fiquei surpresa porque eu realmente não consegui reconhecê-los depois de tantos anos, mas estou feliz em vê-los vivos. — ela sorri para o grupo.

— V-Você é realmente a Hisa-chan? — Alessa sussurrava.

— Alessa nee-san! Claro que sou eu! Não me reconhece? Veja! — Hisana mostra sua marca de nascença no pulso. — Eu também cresci.

— Então... Por que machucou Katsuya? — ela pergunta.

Hisana suspira e se levanta começando a rodeá-los, ela vê um pedaço de ferro de alguma placa quebrada e começa a arrastá-la pelo chão fazendo um barulho intimidador enquanto os circunda fazendo um desenho circular na rua.

— As pessoas crescem e mudam Nee-san, para bem ou para mal, umas tem a sorte de crescer e serem educadas por pessoas gentis... Mas como bem sabemos eu não tive essa sorte, no entanto acredite ou não, eu não culpo ninguém que não nossas próprias fraquezas pelo destino que recaiu sobre mim. — ela os encarava com a borda dos olhos enquanto andava. — Afinal, sejamos francos: Poder é tudo.

— Hisana... Não importa o que estejam fazendo, ou de que forma lhe ameaçando, nós podemos te ajudar. — Soryuu diz.

Ela gargalha.

— Não obrigada. Dispenso a ajuda de vocês, aliás... Por que me ajudar agora se tiveram anos e mais anos para fazer isso e não fizeram? — ela bota a barra de ferro no ombro. — Isso é desculpa por estarem com medo de mim?

— Hisana, por favor, escute nós não sabíamos, depois daquele dia procuramos uma forma de entrar na Soul Society, mas Solomon sempre nos teve nas mãos, tivemos que resgatar pessoas pelo mundo inteiro, Humanos com poderes despertados pela desequilíbrio espiritual no mundo e shinigamis que fugiram da Soul Society um ano antes da destruição de nossa cidade, mesmo hollows pereceram às centenas e Halibel-san precisou realocá-los com nossa ajuda para tentar  manter o mínimo de equilíbrio possível, mas a maioria já morreu pelas mãos dos abissais! — Alessa tenta explicar.

— E daí? O mundo poderia estar de ponta cabeça que meu pai e minha mãe sempre encontravam um meio de alcançar seus objetivos, mas enfim, eu não estou aqui para ficar filosofando sobre quem se sacrificou à toa ou não. — Hisana fica jogando a barra de ferro no ar e aparando com a mão. — Eu estou aqui para contar a vocês sobre o que nós vamos fazer agora...

O grupo sente a reiatsu de Hisana se agitar um pouco.

— Quando eu era criança tinha uma brincadeira que os abissais me ensinaram que era muito simples, eu tentava fugir desesperadamente e eles tentavam me matar desesperadamente, eu precisava me esconder e ficar quietinha por algumas horas sem ninguém me achar, caso me achassem eu tinha que tentar fugir de novo ou lutar, senão eu morria. — ela ri. — Caramba eu morri um monte de vezes porque eu era fraca demais!

Tomoe, Soryuu e Alessa olham para ela.

— Vejo que entenderam. — ela sorria de forma sombria.

— Nós vamos brincar de gato e rato, eu vou caçá-los até o fim do mundo e quando encontrá-los vou me divertir até enjoar e então... — Hisana faz um gesto com o dedo passando pelo pescoço.

— Por que você está fazendo isso conosco?

— Porque eu posso. Quem é forte dita as regras Tomoe e os fracos apenas obedecem ou morrem tentando se rebelar.

— O-O que fizeram com você...?

— Você não faz idéia. — Hisana encara Tomoe com frieza no olhar.

A loira balança a cabeça duvidando se estava diante da mesma pessoa que conheceu um dia e com tristeza na voz não sabia mais como se dirigir a ela.

— Hisa-chan...

— Sumam. — ela interrompe. — Desapareçam e se prezam a própria vida não olhem para trás, não tentem algo idiota como me trazer de volta porque só tenho uma coisa a dizer: Kurosaki Hisana morreu.

— Mas...!

— Vou contar até dez, se até lá não tiverem sumido da minha vista eu vou matá-los um a um.

Com lágrimas nos olhos Alessa e Tomoe levantam Katsuya e Soryuu o carrega nas costas, eles começam a se retirar da cidade.

— Hmm... Peraí... Eu disse “se” não tiverem sumido da minha vista... Mas minha mão não tem olhos tem? — ela olha brincalhona para a mão e aponta sua palma para trás em direção aos jovens. — Boom! — ela brinca e dispara uma esfera de energia na direção do grupo de forma traiçoeira.

Alessa, Soryuu e Tomoe olham surpresos pelo ataque repentino.

Um raio cai sobre a esfera de energia e causa uma explosão desproporcional ao tamanho da energia que havia sido disparada. O grupo se joga no chão protegendo Katsuya gravemente ferido.

Hisana encara a pessoa que interrompera sua diversão, mas logo sorri de volta.

— Yoruichi-san! — ela parecia simpática.

A comandante não sabia se olhava surpresa ou séria para a figura nostálgica diante de seus olhos, por isso sua expressão fica presa aos dois sentimentos.

— Hisana...? — ela sussurrava para si.

— Faz um bom tempo não é mesmo Yoruichi-san? Como vai Urahara-san, ele ainda está vivo? Diga que eu mandei um oi. — a jovem brinca.

Yoruichi olha para seu filho quase morto e para Hisana, somado ao fato de ter interrompido um ataque traiçoeiro que visava mata-los ela só consegue formular a pergunta mais simples de todas:

— Por quê?

— Porque eu posso e porque eu quero vê-los sofrer, vou afundá-los no mais profundo desespero e fazê-los queimar no ódio de suas impotências. — Hisana encarava Yoruichi com expressão insana.

A comandante não acreditava nas palavras que ouvia, pois embora estivesse diante de uma jovem crescida, a voz que ouvia era a de uma criança perdida.

— Não... Você não é Kurosaki Hisana.

— Finalmente alguém racional. — elogia.

— Você não é Kurosaki Hisana, mas faremos você lembrar quem é de verdade. — Yoruichi tira algo do bolso. — Nós nunca desistimos e não é agora que desistiremos de trazê-la de volta.

Yoruichi joga uma espécie de bomba de fumaça no chão que oculta sua reiatsu e a do grupo, quando se dissipa não havia mais ninguém por perto.

— Isso! Fujam! E Lembrem que sempre que me avistarem no campo de batalha é para se desesperar!

Yoruichi fugia com os jovens e ouvia a gargalhada de Hisana, seu filho estava com olheiras profundas e lábios pálidos, Tomoe tentava prestar os primeiros socorros sem reiatsu para Hisana não segui-los, contudo, tanto ela quanto Alessa e Soryuu estavam distantes e pensativos com o que tinha acabado de acontecer.

— Yoruichi-san...

— Eu sei o que vai dizer Alessa, mas não fique preocupada nós encontraremos um jeito. — ela responde olhando para seu filho. — O mais abalado sem sombra de dúvidas será ele...

Os jovens olham para Katsuya inconsciente e com uma marca seca de lágrimas sob os olhos.

— Queria que tudo isso fosse um sonho... — Tomoe fecha os olhos.

— Droga Hisana... — Soryuu morde os lábios.

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Tokyo Ghoul√A OST - Glassy Sky

Lembro-me que ao ter meu peito transpassado por Hisana um branco povoou minha mente. Uma mistura de surreal com verídico confundiram meus sentidos e atenuaram a minha dor, era como se uma inconstante de emoções demandasse respostas para aquilo que estava acontecendo.

Mas o que mais me doeu foi olhar nos olhos da pessoa que mais senti falta naqueles anos conturbados e ver que em seus olhos só existia um vazio frio e sem emoções, como se eu estivesse olhando para o que havia sobrado de alguém que conheci um dia.

E naquilo eu me desesperei...

Quando esse pensamento cruzou a minha mente a idéia de que talvez eu não estivesse olhando para a mesma pessoa gritava incansavelmente: Você não é a Hisana, você não é a Hisana...

Devolva-me Hisana... Eu preciso dela...

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Katsuya abre vagarosamente os olhos e quando consegue se acostumar com a luz do ambiente ele olha para baixo e vê Tomoe dormindo apoiada em sua cama segurando sua mão.

Antes de acordá-la ele pensa um pouco no que tinha acontecido e olha para sua mão desocupada como se quisesse atestar que não tinha sonhado.

Mas parecia não ter jeito... Sua melhor amiga e aquele por quem sempre havia nutrido sentimentos tentou matá-lo a sangue frio depois de enganá-lo com sentimentos falsos e baratos.

Ele não consegue evitar a raiva que sentia ao imaginar as atrocidades que deveriam ter feito com ela para mudá-la daquele jeito, a única coisa que ele sabia era que precisava fazer alguma coisa... Mesmo que tivesse que arriscar sua vida novamente.

Katsuya se esforça para levantar e Tomoe sentindo-o se mexer acorda.

— Katsuya-kun! — exclamava feliz.

— Oi Tomoe. — ele sorri de volta.

— Katsuya-kun você está muito ferido não pode se levantar ainda!

O jovem nota que suas feridas não haviam sido perfeitamente curadas e olha para a amiga intrigado.

— Eu... Tentei desesperadamente curá-lo com meu poder de rejeição, mas a reiatsu de sua ferida era tão densa que me repelia, Yoruichi-san e Urahara-san precisaram me ajudar com kidous para fechar seu ferimento. — Tomoe não gostava de lembrar o detalhe.

— Quanto tempo eu fiquei desacordado?

— Dois dias.

— E os outros?

— Resolvendo o que fazer para lidar com nosso novo inimigo...

— Hisana não é...!

— Katsuya-kun!

O loiro se cala ao ser interrompido.

— Eu sei o que está pensando fazer... Por favor, não faça... Aquela não é mais a Hisa-chan, ela vai te matar!

— Ela é nossa amiga Tomoe! Nós crescemos com ela! — Katsuya altera o tom da voz.

— Até os oito anos! Depois disso existem anos de distância que não sabemos e nem temos como compreender o que aconteceu! — a voz de Tomoe fica mais alta.

— EU NÃO VOU DESISTIR DELA! — grita o loiro finalmente.

— Não precisa gritar dessa forma ou sua ferida se abrirá novamente Katsuya. — Urahara entra no quarto acompanhado de Yoruichi e dos seus companheiros.

— Pai, mãe... Eu...

— Nós sabemos Katsuya. — seu pai interrompe. — Mas há coisas a serem pensadas antes de seus próprios desejos.

— Mas pai é da Hisana que estamos falando!

— Filho... — o rapaz olha para sua mãe que não tinha uma expressão muito agradável. — Ontem nossa base ao Noroeste do setor RB-89 foi destruída... Os poucos que sobreviveram relataram ter sido atacados por uma jovem de cabelos negros.

Katsuya fica sem palavras.

— Você chegou entre a vida e a morte Katsuya, Soryuu reportou o fato de ela agir naturalmente em suas presenças e usar uma oportunidade para tentar matá-lo. — Katsuya olha para os demais jovens que tinham participado da missão de reconhecimento. — Ela agiu de maneira fria e traiçoeira e pelo que foi dito sobre o que ela fez e a conversa que tiveram enquanto estava inconsciente todos concluímos que Hisana não passou por lavagem cerebral e nem está sendo controlada por qualquer artifício, por isso, dada as circunstâncias eu e sua mãe decidimos nomear Hisana como inimigo Classe 1 de alta periculosidade devendo ser evitada no campo de batalha.

Katsuya tenta se levantar para protestar, mas sua ferida não deixa e ele só não cai no chão por ter sido apoiado a tempo por Soryuu que estava perto.

Sua mãe chega perto e toca em seu rosto abatido fazendo-o olhar para ela.

— Eu sei como se sente, mas somos responsáveis por incontáveis vidas e infelizmente alguém que amamos não está mais ao nosso lado, por isso, pelo bem destas pessoas, nós teremos que lutar contra Hisana.

—...

— Preparem a base para realocação, vamos mudar de setor em duas horas. — Yoruichi dirige a palavras a Alessa que assente e se retira do recinto.

— Tomoe preciso que ajude os sobreviventes do último ataque a terminarem de contar as baixas, quando o fizer se junte a eles na realocação.

— Sim! — ela se retira.

— Soryuu os vigias?

— Eles estão prontos, qualquer sinal de inimigos nós saberemos imediatamente.

— Ótimo, comande a patrulha do Leste até o entreposto de Hokkaido.

— Pode deixar comigo. — ele sai para cumprir suas ordens.

— Descanse Katsuya, quando estiver melhor precisaremos de você. — sua mãe toca em seu ombro e cumprimenta Andressa antes de se retirar com Urahara que ainda olha uma última vez para o filho cabisbaixo.

Somente Katsuya e Andressa ficam no quarto. A latina se aproxima e o ajuda a voltar para a cama, então pega uma maçã de uma cesta e começa a descascá-la.

—... Tia... Por que é tão difícil fazer o que a gente acha que é certo?

Andressa olha de relance para o jovem que encarava o teto e sorri voltando a descascar a maçã.

— Porque não é sempre que entendemos o que se passa em nosso coração. — responde.

— Eu... Quero trazer a Hisana de volta, mas não quero que os outros próximos a mim sofram por causa desse meu desejo egoísta, eu sei que meus pais têm razão quando dizem que somos responsáveis por outras vidas... Mesmo assim eu...

Andressa ri de forma graciosa e já terminava de descascar a maçã.

— Meu marido, seu tio Sado, tinha um sério problema em se expressar e eu era muito boa em adivinhar o que se passava naquela cabeça cheia de cabelo. — ela ri e acaba fazendo Katsuya rir também. — Graças a isso eu acabei aprendendo a ler o que as pessoas querem dizer nas entrelinhas mesmo que acabem dizendo outras coisas.

— Como assim? — o loiro fica confuso.

— Por exemplo, seu pai e sua mãe. — ela corta algumas fatias de maçã e começa a colocá-las em uma tigela com palitos. — Urahara e Yoruichi possuem uma forma muito cética de enxergar as coisas: “Se eu vejo logo existo”, “se eu penso é porque há razão”, “se ele mexe é porque está vivo”. — ela entrega a tigela para o rapaz que começa a comer enquanto presta atenção ao que ela diz. — Mas no fundo eles sabem que não são infalíveis e torcem para estarem errados pelo menos uma vez.

— O que a senhora quer dizer?

Andressa olha para ele pegando um pedaço da maçã para si.

— Que você Katsuya é o cálculo que seus pais não conseguem responder.

— Eh?

— Quando nossos amigos morreram em Karakura e Hisa-chan foi levada por aqueles monstros, Urahara e Yoruichi juraram que fariam o possível para trazê-la de volta e manter em segurança o tesouro mais precioso de seus falecidos amigos, contudo, um peso muito grande recaiu sobre os seus ombros quando se viram como os últimos remanescentes de uma sociedade que não existia mais, mesmo que não quisessem, as pessoas viam neles um fio de esperança neste mundo decadente e segurança que buscavam onde não mais existia. — ela fica olhando para a faca em suas mãos. — Seu pai e sua mãe assumiram todos os riscos inimagináveis para nos manter em segurança, mas conforme crescíamos em quantidade mais responsabilidade eles tinham e menos tempo para manter a promessa que haviam feito, isso doía em suas consciências mais do que qualquer coisa.

— E-eu não sabia... — o rapaz fica pensativo.

— Quando descobriram que Hisana estava viva, mas do lado do inimigo eu tenho certeza que é capaz de imaginar o quão abalado ficaram, pois, por mais que seus corações dissessem para fazer o que achavam certo, suas responsabilidades e razão os impedem de fazer o mesmo, por isso Katsuya você é seus amigos são os únicos que podem trazer Hisa-chan de volta e continuar o desejo de seus pais... E o meu também. — ela toca no rosto do jovem loiro.

— Mas tia... Como posso fazer isso sem machucar a Hisana? — pergunta.

— Você não tem escolha querido, pois Hisana escolheu um caminho que lhe tira as opções, porém, eu acredito que lutar com Hisana é a única opção que nos resta se quisermos trazê-la de volta e mais do que isso Katsuya você precisa proteger estas pessoas, pois no dia que Hisa-chan voltar a ser quem era a noção das vidas que tira hoje cairá sobre ela como um peso insuportável... E neste dia ela começará a travar uma batalha quase impossível de se vencer: Uma batalha contra sua própria consciência.

—... A senhora tem razão. — Katsuya sorri com olhar sério. — Nós vamos trazer ela de volta custe o que custar, eu prometo tia.

— Eu sei que vocês vão, não duvido nem por um único segundo que conseguirão. — ela sorri.

—... A propósito... Essa maçã tá gostosa... Descasca mais uma pra mim, por favor? — Katsuya pede com seu jeitinho dengoso.

— Claro meu querido, eu posso descascar quantas quiser. — ela ri pegando outra fruta.

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Mahou Shoujo Madoka Magica - Symposium Magarum

A pior coisa que existe no mundo é o poder sem fundamento, ele te muda, te faz pensar e agir diferente, acreditar que está acima dos outros ou que pode obrigar o próximo a pensar assim.

Quando se vive pelo poder e você só o usa por você, a cegueira que isso te ocasiona impede de enxergar que nunca devemos viver por nós mesmos... Viver por poder é viver sem significado e consequentemente ser vazio.

Quando levantei a minha mão contra meus amigos eu atravessei um limiar que jamais deveria ter sido ultrapassado, pois com ele eu obtive a prova que precisava de que nada mais realmente importava para mim ou que existia algum impedimento capaz de deter meus pensamentos torpes e destrutivos.

Com eles me guiando comecei a causar atrocidades capazes de marcar os corações das pessoas de maneiras inimagináveis, passei a ser temida como um monstro pior do que os abissais, porque ao contrário deles que seguiam puramente ordens, eu seguia um instinto destrutivo e retalhador.

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Hisana chega à base onde residia e é saudada pelos diversos deep hollows pelo caminho, era notável como ela andava normalmente agora pelo local como se pertencesse àquele lugar e só não era mais respeitada do que temida pelas hordas comandadas de Solomon que corriam e tropeçavam para sair de seu caminho, pois eles já haviam testemunhado algumas vezes o que acontecia quando alguém tocava nela.

— Parece estar se divertindo bastante ultimamente.

Hisana se vira vendo Kaliver vindo em sua direção.

— Dá para notar? — pergunta debochada e apresentando ao abissal sua roupa outrora branca agora manchada de sangue.

— Suas atitudes tem causado bastante alvoroço entre os deep hollows, muitos reclamam que durante os ataques você não distingue quem está ao seu lado ou não e temos relatado grandes baixas, o que pretende provar com isso?

Hisana ri alto de Kaliver.

— Primeiro, eu não estou do lado de ninguém, eu vou onde quero e faço o que eu quero, portanto mais que isso é bagagem extra, segundo, se não aguentar ficar perto de mim, então é melhor que caia morto, terceiro, eu mato porque acho engraçado o efeito cinematográfico das explosões, quinto, eu não dou a mínima para o que está me dizendo e sexto, qual foi a pergunta mesmo?

— Escute— Kaliver toca no ombro de Hisana.

Os olhos da jovem ficam automaticamente negros ela pega o abissal pelo braço e o arremessa com uma força bruta descomunal pela base que o faz atravessar paredes matar diversos deep hollows pelo caminho até parar do lado de fora da construção onde Hisana pousa sobre ele com uma expressão ensandecida.

— NUNCA OUSE ME TOCAR SEM A MINHA PERMISSÃO! — ela grita puxando o abissal pelo pescoço que começa a sufocar e Hisana já sorria sabendo que ele iria morrer.

— Já chega.

A jovem olha para trás e fica surpresa quando vê ninguém mais ninguém menos que a própria personificação de seu ódio: Magnus.

— Largue-o.

— Ou o quê desgraçado? — ela o desafia.

Magnus coça os olhos.

— Lanathel.

— Sim senhor.

Hisana fica surpresa ao ouvir a voz atrás de si, quando virá só consegue enxergar o lapso do rosto de Lanathel antes de sentir a dor aguda do golpe no pescoço e apagar instantaneamente no chão.

Lanathel se aproxima do abissal ferido.

— Você está bem Kaliver?

— Vou sobreviver. — ele massageava o pescoço e olhava para Magnus. — Com todo respeito senhor, sua criança está fora de controle, sem ouvir a ninguém em breve ela colocará em risco todos os seus planos.

— Ela se tornou uma espada afiada sem bainha, sanguinária e assassina tirando a vida de tudo o que toca e a toca. — o shinigami comenta.

— O que faremos senhor? — Lanathel pergunta.

— Está na hora de encontrar uma bainha.

Kaliver pega Hisana e segue Magnus e Lanathel que voltavam para a base. Diante deles um grande prédio tombado e inúmeros corpos estraçalhados pelo caminho.

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Continua...

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Notas finais do capítulo

Mesmo que não digam eu sei que foi um capítulo bastante cansativo, mas esta parte serviu unicamente para mostrar a mudança psicológica de Hisana, conforme o arco progredir essa narração se tornará mais pontual e a interação entre os personagens terá um foco bem maior.

Agora que sabemos o que se passa no coração de Hisana e do que ela desistiu para se tornar assim, passaremos a conhecer seus atos terríveis e coração mais obscuro que mudará a forma como as pessoas lhe enxergam e como ela mesma se vê diante de sua própria mudança.

E mais revelações aguardam a jovem heroína, além da maior cicatriz que foi feita durante sua vida de monstro.

Obrigada por terem lido até aqui. Bjus da tia Lyel e até a próxima!



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