Segunda chance escrita por Mary Jane


Capítulo 7
7. Recomeçando


Notas iniciais do capítulo

My life means more because I know you.



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~

Pepper estava cansada, as pessoas a sua volta sabiam quem ela era e por isso mesmo não tiravam seus olhos sobre a ruiva. Ela tinha vontade de bater neles com as sacolas que estavam na cadeira ao seu lado. Olhou novamente o relógio, Vega estava atrasada. Suspirou.

Tomou mais um pouco do seu suco e puxou mais uma vez sua blusa para baixo para tampar a barriga saliente.

Todos sabiam quem Virginia Potts era. E pela primeira vez em dez anos, ela se sentia realmente incomodada com isso.

“Ei Gordinha” Pepper revirou os olhos e continuou folheando sua revista. “Você não estava me ouvindo?”

“Vega, sério... Gordinha?” Pepper perguntou largando a revista e olhando para a amiga que estava segurando algumas sacolas nas mãos.

“Você sabe que estou só brincando” Ela riu.

“Ainda não sei como te deixei ser madrinha da minha filha”. Pepper fala, soltando as palavras e deixando Vega estática.

“O quê? É-é uma menina? Uma pequena garotinha?” Os olhos escuros de Vega se encheram de alegria. “Como? Quando? Vo-você? Você está falando sério?”

“Claro que estou falando sério. Fiz o exame hoje e...”

“Porque não me chamou, eu iria com você!”

“Quis fazer uma surpresa... Eu to muito feliz” Pepper sorriu para a amiga que no segundo seguinte já estava abraçando-a.

“Eu to muito feliz também, eu não estou acreditando, uma menininha Gin!” As duas continuaram abraçadas, a mão de Vega pousada no ventre de Pepper de cinco meses e o sorriso de ambas. Enfim seu bebê havia aberto as perninhas na última ultrassonografia.

“Acho que agora podemos começar o enxoval, o que acha?” Pepper perguntou enquanto já se levantava da cadeira e pegava suas sacolas. Os olhares das pessoas aumentaram á medida em que elas davam uma volta pela praça de alimentação.

“Eu sempre soube que seria uma menininha. Agora temos que escolher o nome.” Vega estava muito entusiasmada.

“Bem, na verdade, eu meio que já escolhi...” Mordeu o lábio inferior.

“E então?”

“Vamos dar uma volta pelo shopping?” Pepper perguntou.

A praça de alimentação estava lotada, era fim de tarde de sexta-feira e muitas pessoas resolveram passear no shopping assim como as duas amigas estavam fazendo, Pepper tentou puxar a amiga novamente em direção as lojas.

“Então, qual será o nome da nossa princesinha?” Os olhos escuros de Vega brilhavam de ansiedade.

“Íris.”

“Nome diferente” Vega demorou um pouco para responder, testando a sonoridade.

“Eu achei tão bonito, é forte e-“ Tony havia escolhido. Nos últimos dias Pepper estava pensando demais no seu chefe. Ela se negava a contar a Vega sobre isso. Mas Tony estava mudando muito em seu conceito.

“Sim, Gin. É um nome lindo”. Ambas sorriram de mãos dadas “Vamos começar comprando os papeis de parede para o quarto e...”.

“Eu meio que gostaria de comprar algumas peças de roupas para mim, primeiro” Pepper falou.

“A gordinha está sem roupas pra vestir e impressionar o chefe?” Pepper revirou os olhos, Vega realmente não tinha filtro verbal.

“Será que você nunca toma jeito?”

“Prefiro tomar vodka” E riu do próprio comentário.

“Será que você pode me ajudar a comprar algumas roupas, sim ou não, sua depravada?”

“Claro, Pep, pelo amor, você precisa transar, está sempre muito tensa”. Pepper mordeu com força seu lábio inferior para não rir junto com a amiga.

“Tá. Vamos fazer isso direito.” As botas eram pesadas e ele estava com receio, Tony acreditava em si mesmo, havia até projetado uma armadura dentro de um buraco, mas estava com receio, podia Pepper descer ali a qualquer minuto e então, ele poderia machucá-la. “Começa a marcar em meio metro e depois volta para o centro.” Respirou fundo uma, duas vezes. “Oh idiota, atenção! Se começar a pegar fogo nisso aqui, já sabe, ei. Ok... Ative os motores das mãos.” Se posicionou. “Vamos ver se 10% de capacidade consegue levantar, em três... dois... um” Foi arremessado contra a parede no mesmo segundo e Dummy ainda ativou o extintor contra Tony.

Aquele não estava sendo um bom dia para ele.

Tony continuava com as pesquisas. Não conseguia pensar em mais nada a não ser no protótipo Mark II e em Pepper, mas precisava fazer uma forcinha.

Passava madrugadas na oficina, pulava refeições, esquecia-se de compromissos.

Se Pepper não descesse até a oficina, ela não via mais Tony. E esse era seu plano, não ver Pepper até entender o que era aquele sentimento esquisito que instalara em seu coração referente a ruiva.

Ele havia mudado completamente seu estilo de vida, não saia mais com nenhuma mulher e seu nome havia sumido da mídia.

“Chamei você. Não ouviu o intercomunicador?” Pepper apareceu pela porta de vidro, tão bonita, usando um vestido preto que ia até seus joelhos e demarcava sua barriga arredondada da gravidez.

“Ta, ta. É o que?”

“Obadiah está lá em cima”. Em suas mãos haviam uma caixa e uma xícara de café para Tony.

“Ta bom, ta bom”.

“O que eu digo pra ele?” Ela esperou pacientemente.

“Prontinho” Tony usava uma espécie de luva robótica que ia até o final do seu braço, completamente revestida de fios vermelhos e azuis e metal sendo ligado até o reator.

“Você não disse que tinha parado de fazer armas?”

“Eu parei. Isso é um estabilizador de voo. É inofensivo.” Ele respondeu sério, tentando se posicionar.

E então, Tony foi novamente arremessado para trás.

“Não era pra isso acontecer”.

“Você está bem?” Ela perguntou segundos depois, quando seu coração voltou a bater no ritmo certo. Ele agora tentava se levantar com alguma dificuldade.

“Vou ficar” Ele começou a retirar a luva robótica do braço. “Te assustei?”

“Vou sobreviver.” Ela sorriu para ele e voltou sua atenção para o reator acoplado no peito de Tony. A luz azul e o metal gelado sempre atrairia Pepper. Sem contar que Tony estava sem camisa novamente.

“Sua barriga ainda está muito pequena” A mudança de assunto trouxe um sorriso para o rosto de Pepper.

“É porque você não me viu sem roupa” Assim que disse essas palavras, Pepper sentiu seu rosto esquentar e resolveu não encarar seu chefe.

“Tem razão...” Respirou com dificuldade. “Infelizmente”

“Se não precisa mais de mim, Tony. Eu vou para casa” Ela disse olhando nos olhos castanhos que nos últimos dias afetavam todo seu consciente.

“Dei a tarde livre para Hogan, ele já se foi” Tony disse retirando os fios do seu peito.

“Não, tudo bem, eu peço um taxi”.

“Se você esperar um pouco, eu posso te lev-“

“Não, não precisa Tony. Obrigada”.

“Ar... Mas, não seria nenhum -“

“Mas, você está ocupado e-“

“Estou falando sério -“

“Eu não sei”.

“Está decidido, eu te levo.”

“Você estava certo” Pepper ainda não encarava Tony, estava muito mais entretida com a paisagem do lado de fora da janela do Audi Azul.

“Eu sei. Estava certo sobre o quê?” Ele perguntou olhando para o perfil de Pepper.

“O sexo do bebê. É realmente uma menina”. Ela disse sorrindo contra a janela.

“Eu quase nunca erro. Fico feliz em ser uma menina”. Ele disse tocando rapidamente a mão de Pepper que estava descansando sob o estômago estendido.

Um choque percorreu o corpo de Pepper, como se seu coração estivesse sendo apertado e em suas veias agora escorressem gelo. Tony pareceu sentir também e rapidamente recolheu a mão.

“Você queria uma menina?”

“Eu... Bem... Estou feliz por saber que terei uma linda menininha”.

“Você está bonita”

“Hm?” Ela se virou para ele.

“Quer dizer, ainda mais bonita- Er, quero dizer, você brilha. Gravidez deixa as mulheres... Hm”

“Tony?”. Ela riu.

“Oi?”

“Não complica” Ele sorriu um pouco sem graça.

“Você tem razão.”

“Fiz algumas coisa no quarto do bebê, sei que isso geralmente não é do seu interesse, mas... Eu gostaria de te mostrar o quarto. Cl-claro se você estiver com tempo”. Ela olhou para as horas do relógio em seu braço, já estava bem tarde, talvez Tony tivesse outros planos para a noite de hoje.

“Não. Não, ta tudo bem”.

Chegaram ao prédio da Pepper, um prédio de fachada simples de tom cinza, subiram as escadas calmamente, Pepper morava no 7º andar e Tony havia ido lá apenas duas vezes.

“Então...” Ele começou a falar quando Pepper se absteve na fechadura.

“Só não repara a bagunça”.

Aquele era o apartamento que Pepper dividia com Harry. Foi ali que ela passou os momentos mais felizes de sua vida e fora ali em que ela se escondeu quando se viu sozinha novamente.

Tony olhou para a mulher ao seu lado. Ela se abaixando calmamente e pegando um cão no colo, que lambia seu rosto, gesto nada higiênico, e o sorriso que ela tinha nos lábios era muito bonito.

A sala dela sempre fora elegante e aconchegante, com móveis sóbrios e elegantes, as paredes eram pintadas de brancas e os móveis eram de cores escuras, com quadros coloridos e flores estrategicamente colocadas em lugares despojados.

“Quer beber alguma coisa?”

Tony voltou à realidade, se sentiu um idiota por estar avoado durante tanto tempo.

“Ahm, não. Tá tudo bem”.

Ela foi rapidamente até o sofá e lá retirou os sapatos de salto com um suspiro de satisfação.

“Seus pés estão inchados. Você não deveria mais usar essas saltos enormes”.

“Preciso usar, faz parte do uniforme” Tony lhe mostrou um olhar de desdém.

“Sente-se direito.” Ele falou já lhe estendendo uma almofada e se sentado ao seu lado no enorme sofá branco.

“O quê?”

“Coloque suas costas contra a almofada, você fez eu me senti um vilão” Ele falou pegando os pés de Pepper quando a mesma já estava sentada em uma posição confortável no espaçoso sofá.

“Quê? Não... Não, não Tony, não precisa”. Ela disse tentando retirar seus pés das mãos grandes dele.

“Qual é Pepper, quais as chances de isso acontecer novamente?” Ela revirou os olhos.

“Tudo bem Tony”. Pepper ainda estava reticente. Aconchegou-se novamente contra o sofá.

“Eu vou precisar de um Cr-“

“No banheiro, dentro do armário”. Os olhos dela já estavam fechados e as mãos descansavam sobre o estômago, que naquela posição ficava ainda mais em evidência a vida que crescia ali.

“Eu volto num minuto”.

Ele nunca esteve na casa de Pepper além da sala e do escritório, mas a partir do corredor, se sentiu teletransportado para outra dimensão. As cores claras e os móveis sóbrios ainda estavam ali, mas também havia colorido e vida!

Sorriu com aquilo, Pepper era realmente uma caixa de segredos.

O primeiro quarto em que entrou era o quarto de Pepper, o quarto era espaçoso e as paredes possuíam cores brancas, a quarta parede era um vermelho carmim e a cama de casal com dossel em renda deixava o quarto com aspecto romântico e sensual. Sob os criados mudos havia flores em vasos de cristais e porta retratos de Pepper e Harry. No canto direto havia um sofá cinza pequeno e aconchegante com uma cesta e de lá sobressaiam-se peças de roupas infantis que cabiam na palma da mão de Tony.

Na outra extremidade, havia duas portas, Tony acreditou ser do closet e outra do banheiro.

O banheiro fazia um lindo conjunto com todo o quarto, era espaçoso e claro. Pendurado sobre o grande espelho em frente à banheira havia três ultrassons. Tony distraidamente passou com os dedos sob o formato do bebê de Pepper.

E se aquela criança fosse sua?

Tony estava pensando muito sobre isso nos últimos dias.

Resolveu tirar aquela ideia idiota da cabeça. A criança tinha uma família, não a de Pepper que era sozinha no mundo, mas a de Harry, sabia que o moreno tinha mãe e tias. Pepper estava sendo bem cuidada.

Antes de voltar sua atenção para o armário e pegar a loção, seus olhos se prenderam em um documento em cima de uma pequena mesa de vidro ao lado da banheira.

Leu o documento com um vinco na testa. Então Pepper estava dando todos os restaurantes que herdou de Harry para uma tal de Eleonor McDevor?

Pepper era burra ou o que?

Estava dando tudo de mão beijada. E ela? E a filha que ela esperava? Qual seria o futuro da sua criança?

Largou o documento novamente na mesinha e pegou a loção dentro do armário, fechou a porta do quarto de Pepper e se encaminhou novamente para o corredor. Ali só havia mais um quarto. Com passos vacilantes se encaminhou até o quarto do bebê.

Era consideravelmente pequeno e tinha as paredes pintadas num tom pálido de rosa, o chão de madeira estava coberto por papelão e havia ainda algumas caixas fechadas.

Quem iria ajudar Pepper a montar os móveis do bebê?

O guarda roupa branco e a poltrona de amamentação ainda estavam sob a proteção do plástico transparente, numa estante também branca havia alguns ursos de pelúcia também protegidos contra a poeira. Para Tony, as coisas estavam bem adiantadas e tudo estava ficando lindo, Pepper era mesmo muito cuidadosa e organizada.

Decidiu que já havia demorado tempo demais e quando voltou à sala encontrou Pepper encostada contra o sofá na mesma posição que antes.

“Você demorou.”

“Desculpa” Os olhos dela estavam fechados e o semblante calmo. Ela rapidamente o olhou.

“Você pediu desculpa?”

Ele riu contra o fascínio dela.

“Isso não vai mais se repetir.”

“Tenho certeza que não.”

Quando Tony começou a massagear os pés de Pepper, a ruiva teve que morder o canto da boca para não gemer de satisfação. Sentia-se como se estivesse pisando em nuvens de algodão. Sentiu um choque novamente sobre o seu corpo, mas se Tony o sentiu também, não expressou.

Tony continuou a massagem, sentindo a textura dos pés pequenos e magros em contato com as suas mãos. Eram pés macios e no momento um pouco inchados, pareciam pãezinhos.

Quando Pepper soltou um gemido de satisfação, Tony se empenhou ainda mais para poder trazer alívio a Pepper.

Alguns minutos depois quando Tony voltava do quarto de Pepper a viu com os olhos azuis fechados, suspirando calmamente abraçada ao mesmo filhote de cachorro de mais cedo, ela havia falado algo sobre um vira lata branco e preto e Tony teve que sorrir quando viu que o cachorro não se importou com um estranho ali e também fechou os olhos, acompanhando Pepper num sono tranquilo.

Tony resolveu olhando para Pepper ali, no sofá. Sendo ela mesma. Frágil e segura. Esperando um bebê. Que ele daria sua vida para cuidar das duas.

A voz de Yinsey ressoou em sua mente:

“Tem família?”

“Tenho, e eu vou vê-los quando sair daqui. E você, Stark?”

“Não.” Pepper seria considerada alguém de sua família?

“Não? Então você é um homem que tem tudo, mas não tem nada?” Aquelas palavras lhe cravaram a mente.

Ele seria um pai para a filha de Pepper, ia protegê-las contra tudo. Teria uma segunda chance de recomeçar sua vida. Mas ainda restava a dúvida: Pepper aceitaria?


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