Segunda chance escrita por Mary Jane


Capítulo 5
5. Acordando de um sonho ruim


Notas iniciais do capítulo

Sabe, eu sempre fui um sonhador...
Mas sem você, eu desisto.
Gabriel mendes.



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~

Sua cabeça latejava quando ele terminou a demonstração de um novo armamento. Não via a hora de voltar para casa, já não aguentava mais ver tanta areia e sentir tanto calor, Tony estava acostumado aos luxos.

Ainda não conseguia entender a necessidade de tantos comboios o acompanhando, só conseguia pensar em Pepper e um analgésico que ela lhe daria se ele estivesse sofrendo essa horrível ressaca em casa.

Suspirou audivelmente olhando pelo lado de fora, mais terra, mais areia, mais paisagem que não mudavam nunca. Pepper havia dito que estava grávida. Tony nem ao menos sabia que ela desejava ter filhos um dia. E muito menos sabia como deveria lidar com tudo aquilo.

Será que ela abandonaria Tony agora que adquirira todos os restaurantes de Balibu e com um filho para criar?

Ele só teria essas respostas quando se sentasse com Pepper e conversasse abertamente sobre as opções, afinal ela sempre fora tão honesta com ele, se ela assim quisesse, ele não deixaria de ampará-la e a criança que ela carregava. Filho de outro homem, sua mente forçou ele a se lembrar. Filho de outro homem. Um homem que estava morto.

Pedras. Existiam pedras por todo o lado. O cheiro forte de pavio e sangue faziam Tony ter vontade de vomitar.

Os tiros vinham de todos os lados e em todas as direções. Tony sabia que Rhodey e os outros militares não tinham chance alguma, e que provavelmente estavam atrás dele.

Ele pensou rápido, seu celular estava no terno que ele rapidamente achou, fechando seus dedos sob o aparelho. Os barulhos dos tiros e gritos o deixava nauseado. Discou rápido os números. Os números dos telefones de Pepper e Rhodey se misturando na sua cabeça e ele já não sabia para quem estava ligando, pedir ajuda ou se despedir de Pep?

Mas para dizer o que?

Até que tudo aconteceu rápido demais, um projétil caiu ao seu lado, o nome “Industrias Stark” cravado nele. Morreria pela arma que ele próprio havia desenvolvido.

Ele tentou correr, se levantar e fugir, mas ele não tinha tempo. Tic tac, tic tac, tic tac... A bomba explodiu, fazendo-o cair para trás há alguns metros de distância.

O colete a provas de balas não foi o suficiente. Dezenas de estilhaços tentavam perfurar seu coração.

Ele morreria em breve e seu último pensamento foi na criança que Pepper carregava.

— O que é isso?

— Isso? É um eletroímã, conectado a uma bateria de carro. Impede que os estilhaços entre no seu coração.

...

“Eu me recuso a fazer o míssil Gericho”

“Levem-no”

Ele tentava conter a sua respiração, debatendo-se, mas acabou engolindo algumas quantidades da água. Ele conseguia sentir sua laringe se fechando. Quando ele começava a se acostumar e seus pulmões tentava reter o pouco ar que ele ainda tinha dentro de si, ele era tirado fora. O jorro de ar quente contra a sua pele, mal dando tempo dele poder respirar novamente e então tudo se repetira.

Sua cabeça fora jogada novamente contra a água gelada, depois de algum tempo, a sua laringe relaxou e ele tentou novamente involuntariamente respirar debaixo d’água, aspirando e engolindo grande quantidade de água. Parte do líquido foi para o estômago e o restante seguiu o mesmo caminho do ar: percorrendo a traqueia e chegando aos pulmões, passando por brônquios, bronquíolos e alvéolos.

Ele poderia morrer ali mesmo, naquela hora. Afinal só tinha mais uma semana de vida, com aquilo em seu corpo.

Tony conseguia sentir a inconsciência chegando. Ele seria livre. Finalmente.

...

“Como eu chamo você?”

“Meu nome é Yinsey”.

“Yinsey” Tony testou a sonoridade da palavra “Muito prazer”.

“Muito prazer também”.

...

“Aposto que os militares estão procurando você, Stark. Mas nunca vão te achar nessas montanhas” Yinsey continuava a revirar a gosma verde na panela. “O trabalho da sua vida nas mãos de assassinos. É assim que você quer morrer? Esse é o último desafio do grande Tony Stark? Ou vai fazer alguma coisa para mudar isso? Ele dizia de forma debochada.

“Eu faria alguma coisa, mas eles vão me matar. E a você. E se não matarem vou morrer em uma semana mesmo.”

“Bom... Então é uma semana muito importante para você, não é?”

...

“Ainda não me disse de onde veio”

“Sou de uma pequena cidade chamada Gumira, é um lugar muito bonito.”

“Tem família?”

“Tenho, e eu vou vê-los quando sair daqui. E você, Stark?”

“Não.” Pepper seria considerada alguém de sua família?

“Não? Então você é um homem que tem tudo, mas não tem nada?” Aquelas palavras lhe cravaram a mente.

“Yinsey?” Rhodes estava ao seu lado segurando seu braço, enquanto Tony continuava a se debater.

“Ei cara, calma. Calma, você já acordou. Foi só um sonho” Continuou James Rhodes.

Demorou ainda alguns segundos para que ele pudesse se lembrar onde estava, o barulho incômodo da nave voando, o local escuro. As lembranças continuavam a aparecer. E ele teve vontade de se agarrar contra o travesseiro improvisado em que estava deitado e chorar. Aquilo era tão frustrante.

Estava enfim voltando para casa, depois de longos três meses, mas, então porque estava se sentindo tão mal consigo mesmo? Porque só agora percebera que em seu peito havia um buraco que nunca fora preenchido? E ele não se referia ao Reator.

Se lembrou dos seus pais, Howald e Maria. Nunca havia recebido amor deles, não dá forma como seus amigos recebiam dos pais, eles estavam sempre ocupados demais para a criança.

Mas não podia culpar seus falecidos pais por ter se tornado alguém que agora, ele não gostava. Sentia nojo de si mesmo, pela forma como tratava as mulheres e o seu próprio corpo.

“Você está bem?” Continuou Rhodes, chamando a atenção de Tony.

“Estou sim, obrigado, só preciso me deitar mais um pouco” Tony respondeu já se virando de costas para o amigo e voltando a fechar seus olhos. Amanhã seria um grande dia e ele tinha muitas decisões para tomar.

“Eu não consegui dormir a noite inteira.” Confessou Pepper ao terminar de prender os cabelos ruivos em um coque despojado.

“Tudo isso é saudades do chefe?” Vega gargalhou quando Pepper lhe mostrou o dedo do meio “Isso mesmo, muito adulto de sua parte” Pepper não pode deixar de revirar os olhos.

“Você veio aqui pra me ajudar ou pra ficar falando coisas que não deve?” Pepper perguntou tentando, inutilmente fechar o zíper do seu vestido preto.

“Eu vim aqui para tomar café, na verdade. Esqueci de fazer as compras no supermercado.” Vega foi até o banheiro e retocou novamente a maquiagem. “O que essa roupa diz pra uma reunião: Sou uma mulher de negócios eu me coma em cima dessa mesa, aqui e agora?”

Pepper olhou para o conjunto que Vega usava: saia lápis cinza que ficavam um pouco a baixo dos joelhos, extremamente justa onde realçava a bunda grande e empinada, e a blusa social cereja com um decote em V profundo.

“Está parecendo uma cadela no cio” Pepper respondeu passando as mãos pelo vestido simples onde uma pequena e imperceptível barriga se alojava abrigando o seu bebê.

“Jura?” Os olhos de Vega brilhavam.

“Desculpa, mas é verdade.” Pepper não reprimiu o riso.

O sorriso de Vega aumentou de tamanho.

“Ótimo, não tenho nada planejado para depois da reunião mesmo e preciso transar” Pepper encarou a amiga, procurando algum rastro de brincadeira em suas feições, mas tudo o que encontrou foi um sorriso brilhante.

“Você é uma vagabunda” Não pode deixar de rir.

“E você está parecendo um canguru com essa pochete no estomago” Vega disse e ajudou Pepper com o zíper do vestido.

“Não chame seu afilhado de pochete” Pepper disse passando uma maquiagem leve em torno dos olhos.

“Não—“ Antes que pudessem continuar seu debate, Pepper ouvir o toque do seu celular começou a tocar.

“Alô? Ah, ola Happy-“ Continuou sorrindo contra o aparelho durante alguns segundos. “Certo, desço em cinco minutos” E assim, desligou o aparelho e lançou seus olhos azuis para a amiga. “Eu preciso ir, tem presunto na geladeira, cereais no armário, suco em cima da mesa e, por favor...” Pepper cruzou as mãos como se fosse rezar “Não deixe nada bagunçado, sim?!” Implorou.

“Palavra de escoteira sexy” Vega respondeu. “Nos encontramos pela noite, vou trazer alguns esboços para o quarto bebê”.

“Tudo bem, nos vemos, beijo”. Sendo assim, Pepper se despediu da amiga.

“Olha como ela está bonita” Hogan sorriu para Pepper enquanto ela descia as escadas do seu prédio.

Ela não pode deixar de sorrir encabulada. Nunca fora apta a receber elogios, não referente a sua aparência, e não quando se tinha uma amiga “turbinada” como Vega ao seu lado, mas estava gostando de toda a atenção que estava recebendo no momento.

Tony sempre a elogiava, claro que as palavras adquiriam um aspecto muito pessoal saindo da boca dele, mas era algo que mexia com ela.

Harry a elogiava também. Pensar no seu noivo fez Pepper sentir algo no seu intimo de forma dolorosa, parecia que cada dia que se passava ela se esquecia cada vez mais dele. Ela não queria que isso acontecesse.

“Olá Happy!” Ela saudou o amigo de forma efusiva. “Como tem passado?” Ela perguntou já se aconchegando ao calor e textura do couro do banco do carro. Pepper esperou Happy fechar a porta e ir até o lado do motorista para se sentar.

“Eu devo admitir que estava me sentindo um pouco inútil.” Ele riu quando Pepper concordou com a cabeça. “Mesmo trabalhando igualmente, não é a mesma coisa sem Tony para discutir e preparar argumentos.”

“Pois é, eu também estava. Espero que você tenha descansado bastante, seu chefe está chegando.” Ela não conseguia segurar o sorriso.

“E eu estou muito feliz por isso.” Ele sorriu.

“Eu também.”

“E então, como está esse carinha ai?” Pepper rapidamente acariciou sua barriga e abriu seu sorriso mais bonito e brilhante.

“Porque vocês todos insistem que meu bebê é um menino?” Ela revirou os olhos.

“E não é?”

“Ainda não sei”

“Meu palpite é um menino!” Hogan respondeu sorrindo.

“Pois todos irão perder, vai ser uma menininha” Pepper respondeu sonhadora já imaginando uma princesa de olhos verdes e cabelos escuros.

Após mais alguns minutos de conversa dos quais Pepper não percebeu passar, eles chegaram até o Hangar em que Tony chegaria.

“Você quer esperar aqui dentro do carro até-“ Happy foi cortado por Pepper. Ela estava realmente muito nervosa, sabia que não podia se exaltar para não prejudicar o bebê, mas sentia suas mãos tremerem ante a expectativa.

“Não. Quero esperar Tony lá fora”. A ansiedade tomava conta dela, fazendo seu estomago revirar.

“Tudo bem...”

Ela olhou o relógio, haviam chegado com dez minutos de antecedência, bem parecia que não era só ela que estava ansiosa para reencontrar Tony. Happy se posicionou ao seu lado em frente ao carro, as mãos na frente do corpo e o olhar fixo no horizonte.

“Você está preparada?” Happy perguntou minutos depois, Pepper estava com o olhar perdido em um ponto fixo qualquer, mas rapidamente olhou para o horizonte que continuava neutro.

“O que?” Ela perguntou procurando por algum rastro do avião, mas não conseguia achar nada.

“Eles estão chegando” O olhar perdido dela ganhou vida quando viu a aeronave se aproximar do local de pouso e saber que Tony estaria ali, segundos depois tão próximo a ela a deixava extremamente feliz.


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