Ruin escrita por Cabbie


Capítulo 2
One


Notas iniciais do capítulo

Queria falar um grande obrigada à todas as lindas que comentaram no prólogo. Vocês são demais *u* Fiquei muito, muito feliz, de verdade.



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Capítulo Um

Sempre tive uma obsessão pela vitória, e eu me recusava a entregá-la facilmente para alguém. Por mais que eu não admitisse, tudo em mim gritava: eu adoro um desafio. Eu buscava isso; Tudo em mim almejava isso. Eu carregava essa essência, simples e pura.

Mas, como dizem, sempre existe um porém. Eu não era a única que também não aceitava perder. Ironicamente, esse era o meu pior inimigo. Aquele que eu nunca aceitaria me rebaixar, e aquele por quem eu mostraria quão competitiva eu poderia ser.

Era quase como explicar o inevitável: o céu ser azul e dois mais dois. Quando duas pessoas se odeiam, elas simplesmente se odeiam. Elas erguem o olhar um para o outro, esperando um desafio. Elas não deixam de se provocar. Dificilmente, também não deixam de soltar um comentário rude que, na maioria das vezes, provoca uma terrível confusão, daquelas que deixam o mundo todo de cabeça para baixo.

Christina costumava a recitar o seu insubstituível mantra: os opostos se atraem, e uma pequena parte de mim concordava plenamente no que ela dizia. Mas apenas em um ponto: éramos opostos, completamente diferentes.

Ele poderia dizer o que fosse, qualquer coisa. Eu continuaria o odiando: sempre. Era quase como se estivesse escrito, muito antes de existirmos. E, por mais que fosse loucura, uma parte de mim realmente acreditava nessa teoria.

E foi assim que, estando distraída, eu acabei trombando nele.

– Você nunca presta atenção por onde anda, Careta? – perguntou. Aquela voz, aquela maldita voz de sempre.

Eu arqueei minha sobrancelha, meus olhos, provavelmente, refletindo minha irritação. Principalmente, por conta do apelido ridículo que eu recebera desde o dia em que coloquei os pés nessa escola.

– Você foi o único que entrou na minha frente – deixei claro e, em minha cabeça, acrescentei um pequeno idiota, ao final da frase.

Ele revirou os olhos. Depois, recolheu o seu livro que havia caído no chão.

– Como sempre, irritante – e continuou andando, até porque, eu havia deixado bem claro, com todas as letras, um sonoro: caia fora – Você tem que parar com essa sua língua afiada, Careta.

– Caia fora logo - eu acrescentei rapidamente, esperando que ele fosse para bem longe de mim.

Mas eu sabia que, por mais “civilizada” que nossa conversa começasse, não seria assim que ela terminaria. Logo, o verdadeiro caos ia começar. A sua arrogância e frieza eram o que mais me irritava.

Principalmente porque, com sua aparência perfeita, sorriso sedutor, ele conseguia conquistar qualquer garota, fazendo com que todas se sentissem atraídas por ele.

E ele era muito bonito, era verdade. Mas isso não significava que eu procuraria um lugar apertado para ele me agarrar. Isso seria, no mínimo, repugnante. Ele não valia tanto assim.

– E lá vamos nós de novo para a Terceira Guerra Mundial – e continuou a me encarar, com raiva - Se você ficasse com a boca fechada, você seria bem mais bonitinha.

Bonitinha?

E foi aí que eu não aguentei. Meu coração, que batia frenético em meu peito, estava quase pulando para fora da minha garganta. O meu punho, que estava cerrado até então, acertou o rosto de Tobias em cheio, fazendo-o cambalear para trás. Quando percebi o que tinha feito, eu praguejei em surpresa, querendo mudar o que havia acontecido.

Uma parte de mim se sentia culpada, na medida do possível, é claro. E, apesar disso, eu deixei o meu lado psicótico tomar conta de mim, fazendo-me ficar cega de raiva.

Eu não conseguia evitar. Ele me deixava tão insana!

Ele se recuperou do choque inicial, puxando-me pelo braço. Seus olhos, antes calmos, irradiavam uma terrível fúria, e eu estremeci de medo, embora tenha, em parte, sustentado seu olhar.

– Realmente, não para conversar com você – o aperto em meu braço permaneceu o mesmo – Você é a pessoa mais irritante que eu já conheci.

– Eu? Irritante? Você é o único irritante aqui, seu grande imbecil. Quem você acha que é para bancar o babaca para cima de mim? - eu gritei de volta, já ficando descontrolada. Eu estava beirando à loucura. Agora, eu tinha a certeza de que eu perderia, sem nenhuma dúvida, o único restante da minha sanidade.

Tobias estreitou os olhos. O aperto começava a me machucar, e eu nunca me senti tão fraca, como naquele momento. E, bem, com meu corpo fraco e infantil, não facilitava em nada que eu pudesse me soltar dele.

E, quando dei por mim, estávamos brigando um com o outro - mais uma vez. Por mais infantil que parecesse, não conseguíamos evitar. A simples presença de um ao lado do outro.... Nos deixava assim, descontrolados.

Eu saí de perto dele, temendo fazer alguma outra bobagem. Ele me olhou, a expressão esquisita ainda em seu rosto, e se virou para ir embora, também.

– Nossa, Tris, você está bem? – perguntou Christina, seus olhos em dúvida.

Não posso dizer que havia gostado de imediato de Christina. Ela era um pouco excêntrica demais para mim. E sua sinceridade, na maioria das vezes, era o que mais me tirava do sério, quando eu havia conhecido ela.

No quarto ano, ela havia falado comigo. Ficamos amigas mais rápido do que imaginávamos. Mesmo quando ela tentava arrumar um namorado para mim – coisa que, na realidade, eu não estava procurando -, eu simplesmente não conseguia ficar brava com ela. Ela era minha melhor amiga. E, talvez, minha gêmea separada pelo nascimento.

– Tobias Eaton aconteceu, Christina– eu resmunguei – Esse idiota me tira do sério.

Ela sorriu, como se estivesse esperando essa resposta. Depois ela me puxou pelo braço e, como estivesse tendo algum tipo piada interna, disse:

– Vamos logo para a aula. Embarcar no maravilhoso mundo do tédio.

A aula do Sr. Evans era, sem a menor dúvida, a mais chata de todas. Por mais que eu amasse história e fosse fascinada por ela, nas suas aulas, as coisas não entravam muito bem na minha cabeça. Ele não era – nem de longe – o meu professor preferido.

– Sabe, eu não quero te deixar irritada nem nada, Tris –Christina sussurrou, assim que o Sr. Evans se virou de costas para nós – Mas... Você sabia que hoje irão dar uma festa?

Eu me virei para ela, meus olhos arregalados.

– Eu não acredito que você vai mesmo nessa festa.

– E você não pode faltar – Christina sorriu– Você me prometeu. Se você não for, vou espalhar para todo mundo que você e o Tobias transaram na sala dos professores.

– Mas nós nunca fizemos isso! – eu protestei, sentindo meu rosto corar.

– Exatamente.

Como estávamos no último ano, era como uma tradição que aparecêssemos em todas as festas. Assim como todo mundo, Christina queria se lembrar de seu último ano no colégio com um sorriso no rosto, e não havia melhor maneira de fazer isso do que comparecer às festas.

– Srta. Prior, poderia me explicar o que é que eu estava dizendo? – perguntou o Sr. Evans, sua sobrancelha erguida, enquanto olhava diretamente para mim.

Explicando rapidamente o que havia entendido, Sr. Evans voltou com a sua aula, parecendo irritado por eu ter respondido corretamente.

– E não é que ele está te olhando mais do que o normal? – sussurrou Christina, tomando cuidado para o Sr. Evans não repreender a gente.

Eu olhei na direção que ela estava apontando, encontrando com o olhar de Tobias. Ele me olhava atentamente, e eu me perguntei se ele já havia esquecido dos minutos atrás. Discretamente, mostrei a língua para ele, voltando minha atenção para o quadro.

Mesmo que eu não pudesse ver, tive a certeza que ele deu um dos seus famosos sorrisos sarcásticos.

~ • ~

– Ei, Tris – chamou Al, já me alcançando.

Eu lancei um olhar para Christina, pedindo ajuda para ela. Ela deu de ombros e, com um sorriso no rosto, se virou de costas para mim, fazendo o caminho contrário.

Eu suspirei, sabendo que não teria como evitá-lo.

Normalmente, eu adorava conversar com Al, de verdade. Mas, depois de descobrir – não muito discretamente – por Christina que ele gostava de mim, eu não conseguia encará-lo da mesma forma. Na realidade, fugir dele estava sendo o meu hábito preferido.

– Oi – eu disse, meu ar se perdendo.

Al tinha os olhos castanhos bem amigáveis, refletindo sua personalidade amável. E o cabelo, escuro. Ele era bem, bem mais alto do que eu, fazendo com que eu me parecesse ainda mais com uma criança. Desde pequena, eu ele fora um dos meus melhores amigos. Mas, quando ele revelou o fato de que tinha uma queda por mim, as coisas entre nós ficaram esquisitas. E o fato de ele ter sido transferido ao meu colégio... tornava tudo mil vezes pior.

Ele olhou para mim, sorrindo.

Quando ele parou na minha frente, algumas garotas passaram por ele dando risadinhas. Elas ignoraram minha presença por completo. Então, me aproveitando da oportunidade que elas estavam conversando com ele, saí de fininho, antes que ele desse conta que eu havia fugido.

Eu já tinha feito papel de boba na frente dele mais do que suficiente. Eu não precisava me envergonhar ainda mais.

– Tris, espera! – ele disse, ignorando as garotas.

Eu me virei, esperando. Notei que as garotas pareciam decepcionadas por terem sido ignoradas, e Al não pareceu se importar. Nem um pouco, na realidade. Fora isso, sua timidez com garotas não permitiria que ele notasse o olhar interessado de cada uma delas.

– Eu queria saber se você vai na festa de hoje? – ele sorriu, olhando diretamente para mim.

– Sim, claro – eu respondi em modo automático, me sentindo meio culpada por esses últimos dias - Christina vai me obrigar a ir, de qualquer maneira – eu dei de ombros e ele pareceu ficar bem alegre.

– Certo – Al concordou – Te vejo lá? Quero dizer, na festa.

– Se eu for, você vai parar de me seguir? – eu brinquei com ele, sentindo-me meio idiota depois de ter dito aquilo. Talvez ele não encarasse como uma brincadeira e achasse que eu não gostasse mais dele. – o que não era o caso.

Mas, para o meu alívio, ele sorriu.

– Só se você for.

Franzi a testa com o seu leve tom de flerte. Ele saiu e, assim que estava longe demais de mim, soltei um longo e alto suspiro de alívio.

É, agora eu, infelizmente, tinha de ir naquela festa.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem. Comentários e até o próximo, gente?
xx~