Save me escrita por Vany Myuki


Capítulo 18
Mar de esperança


Notas iniciais do capítulo

Hey, guys!
Tudo bom?
Eu espero que sim!
Bom, hoje o capítulo é curto, sem muita ação, um pouco mais parado, mas, ainda assim, essencial.
Espero que vocês gostem!
Ps: muito obrigada por todos os comentários! Vocês são, decididamente, demais!
Ps²: queria fazer um agradecimento especial a leitora, Bellstydia, que lindamente recomendou Save Me. Bellstydia, eu não posso narrar minha profunda felicidade por suas palavras. Quero dizer que saber o quão você está gostando da fic, o quão ela te agrada é o real motivo pelo que eu escrevo, pelo simples fato de saber que os leitores vão chorar, rir e se emocionar junto comigo. Eu realmente fiquei sem palavras quando você disse que a fic poderia ser considerada o roteiro da terceira temporada, por algum motivo isso me fez sorrir de tal forma que parecia que eu ia alargar os cantos da minha boca. Eu fico mais do que agradecida ao saber que, não só os personagens originais, mas também os criados por mim estão lhe agradando, isso é muito gratificante, de verdade. Em suma, eu só tenho a te agradecer, pelos elogios, pelo apoio e, principalmente, por criar uma conta no Nyah apenas pela fic...cara, isso não tem preço, sério. Muito obrigada ♥



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P.O.V AUTORA

A noite havia caído tão rápido quanto o dia nascera. Clarke e os demais haviam parado perto de uma colina, onde uma bifurcação na terra servia de esconderijo. Apesar do cansaço e da iminente ameaça ninguém queria ficar no pequeno espaço da caverna. O ar livre parecia menos desolador naquele momento.

Bellamy também parecia um pouco melhor. Lars havia encontrado algumas folhas medicinais que logo se transformaram num unguento para os ferimentos do rapaz. Clarke quase chorou de alívio quando a febre de Bellamy começou a diminuir, agradecendo repetidamente à Lars pela ajuda.

Milah, apesar de seu tamanho diminuto, ajudava o tempo todo como podia. Clarke perdera a conta das vezes que ela saiu pela floresta e voltou com os braços cheios de frutas.

_Sou boa em escalar._respondeu quando, pela terceira vez, seus braços voltaram carregados de frutas suculentas.

Jasper e Lars se revezavam na vigília, embora nunca trocassem uma palavra. Ainda era muito cedo para confiarem um no outro, embora Lars houvesse dado prova o suficiente de sua confiança quando os tirara da aldeia.

Naquela noite, sob uma pequena fogueira, tão insignificante que mal iluminava os rostos ali presentes, todos jantaram dois esquilos que Milah havia conseguido capturar na floresta. Faziam quatro dias que perambulavam pela mata, em busca do acampamento Jaha. A situação parecia bastante promissora: Bellamy estava bem, embora ainda não totalmente curado; Jasper parecia ter baixado a guarda perante a "ameaça" que Lars e Milah poderiam apresentar; Milah, pela primeira vez, parecia ter ganhado um novo objetivo de vida, além de esperar aflita Callen voltar vivo para a aldeia; só Lars que parecia sempre envolto por um sombra escura e fria, diferente do rapaz sorridente de outrora.

Após o jantar, quando Bellamy cochilou no colo de Clarke e Milah caiu no sono mais adiante, perto de onde Jasper montava guarda, foi que a Griffin conseguiu ganhar coragem para falar com seu mais novo amigo.

_O que acha que aconteceu com ele?_ela estava fugindo dessa pergunta há dias, tinha medo de qual poderia ser a resposta.

Os ombros de Lars se curvaram para a frente, os olhos fixos na terra, enquanto seu rosto parecia envelhecer uns dez anos.

_Callen é o líder por um motivo, Clarke.

Se não fosse o corpo de Bellamy junto à si, prendendo-a no lugar, Clarke poderia ter saído correndo naquele instante.

_Não pode ser._afirmou com o coração acelerado no peito.

Lars respirou fundo, um gesto que parecia aliviar a dor que o consumia.

_Eles são irmãos!_sibilou a Griffin, os olhos ardendo em lágrimas.

Lars encarou a garota pela primeira vez desde que fugiram de Condor. Seus olhos, olhos de Finn, traziam a verdade assustadora daquele ato.

_Ele sabia o que estava fazendo quando decidiu criar um tumulto para que eu os soltasse. Tristan não era burro, ele sabia quais eram as consequências por desafiar Callen e trair a aldeia._a voz de Lars era firme, embora Clarke soubesse que o rapaz estava com tanta raiva e vontade de chorar quanto ela mesma.

_Mas e você e Milah? Vocês sabiam no que estavam se metendo? No quão isso afetaria ambos?

Clarke não queria ter soado ríspida. Pelo muito contrário. Ela sabia o quão a ajuda de Lars e Milah haviam lhes causado problemas, mas não pode refrear a raiva direcionada a si mesma por ambos não poderem retornar para a casa.

Os olhos de Lars ficaram mais claros e convidativos, não a soma de raiva e tristeza que os impregnara durante todos esses dias.

_Somos perfeitamente capazes de tomar nossas decisões. Tristan também era, portanto saiba que tem nossa total lealdade, Clarke.

Eram palavras verdadeiras, disso a Griffin tinha certeza. Eles apostaram tudo nela e em seus amigos, isso era algo que nenhum deles poderia ignorar e esquecer.

_Não posso pedir que se arrisquem por nós.

Um estalo chamou a atenção de ambos, fazendo seus olhos saltarem para a figura de Milah que havia acordado e se sentava junto deles na fogueira.

_Não precisa se sentir responsável pela gente. Eu não fui obrigada a vir para cá. Fiz isso porque achei o certo._Milah estava com os braços ao redor de seus joelhos, uma expressão sonolenta no rosto.

_Vocês nem me conhecem direito._era um argumento fraco, a Griffin sabia, mas, no momento, era o único que possuía.

_Não importa. Tristan arriscou a vida dele por você. Eu confiava nele. Para mim é o suficiente._Lars assentiu às palavras de Milah, concordando.

Clarke gostaria de chorar um pouco. Queria muito poder gritar a culpa do que é que houvesse acontecido com Tristan, mas estava tão feliz pela confiança que os três depositaram nela que, a única coisa que conseguira fazer, foi assentir em agradecimento, enquanto a noite engolia os três no breu total.

***

_Você não vai fazer nada?

Os guardas na frente de Callen se endireitaram, as armas em mãos, prontas para serem usadas.

Selenia estava em frente a Callen, seus olhos flamejavam de raiva, os pulsos cerrados, constatando que ela estava contendo a vontade de socar alguma coisa.

_O culpado já foi morto. O sangue já foi pago._o rosto de Callen estava pálido, os olhos circundados por grandes marcas arroxeadas, sinal que não pregara o olho a noite inteira.

_Não me refiro à Tristan. Estou falando de Lars._a voz saiu clara e ríspida, fazendo Callen erguer a cabeça e dispensar os dois guardas com um gesto abrangente.

_Caso você não tenha percebido, Lars não está aqui para que eu possa culpá-lo de qualquer envolvimento._o rapaz se levantou, embora cansado Callen se manteve ereto, a expressão tão indignada quanto sabia que estava por dentro.

_Eu percebi sim e pra mim isso já é o suficiente para tê-lo como cúmplice._rosnou a garota.

Callen não recuou à carranca de Selenia. Ele sabia que o fato de Lars tê-la traído era o fator principal para fazê-la querer pagar pela traição de Tristan, mas, naquele instante, a última coisa que o líder queria era ter que lidar com mais uma morte, principalmente com a morte do melhor amigo de seu irmão.

_Se ele é ou não culpado não cabe a mim interceder. Lars sumiu da aldeia. Agora está por conta própria. Não vou colocar meus homens na floresta para capturá-lo. Já tivemos uma grande perda nas nossas tropas.

_Não quero fazer disso uma disputa, mas eles precisam pagar!

_Sua raiva é direcionada apenas ao Lars, não envolva nossos homens nisso, Selenia! Pelos deuses, haja com prudência!_irritou-se Callen, frustrado pelo que presenciara e vivera naquela última semana.

_Eu realmente estou com raiva de Lars, mas isso não é tudo. Você não percebe que eles podem revelar nossos segredos? Que podem nos atacar nos pontos mais fracos?

Callen levou os dedos as têmporas e as massageou. A traição de Lars e Milah era um fato doloroso para ele, principalmente considerando que perdera sua melhor amiga. Mas Callen também não estava em condições de armar um grupo para caçá-los. Seria terrível demais ter que repetir o procedimento de Tristan nos outros dois.

_Acho que eles já atacaram nossas defesa, de toda forma._os ombros de Callen arquearam-se e Selenia, pela primeira vez desde que adentrou a cabana dele, entendeu o que ele queria dizer.

Selenia não era tão amiga de Callen quanto Milah era, mas convivera com ele boa parte da infância. Vira-o crescer numa disciplina direta e forçada, viu Callen assumir o comando quando o pai se foi e vivenciou cada ato de carinho que o mesmo proporcionou à Tristan. Ninguém o entenderia melhor que Milah e agora ele estava sozinho. Abandonado pelo irmão, pelo soldado leal que era Lars e pela pessoa que mais conhecia seu interior.

_Desculpe. Não vou me precipitar em nada, pelo menos por hora._soltou a garota, um pouco envergonhada, mas, ainda assim, não abandonando a personalidade durona.

Lars sorriu de lado, um sorriso tão fraco que mal poderia ser nomeado como tal.

_Eu preferia ouvir que você apenas os deixaria ir._salientou ele, embora estivesse claro que não acreditava nessa possibilidade.

_Não posso.

Callen assentiu, enquanto assistia Selenia sumir por entre a porta.

O rapaz queria poder entendê-la melhor, queria poder sentir a mesma sede de justiça que agora vibrava em cada fibra de Selenia. Mas a voz de Tristan ainda ecoava em seus ouvidos, pedindo para cuidar dela, para fazer com que sua morte não fosse desperdiçada. E, mesmo com uma mistura de raiva e frustração, Callen aceitou que Clarke era intocável, uma peça que ele nunca poderia derrubar no tabuleiro da vida.

Mas, por outro lado, Callen também percebera que para seu espírito encontrar um pouco de paz sua espada teria que findar a vida daquele que faria com que a dor que se espalhava pelo seu peito também fosse sentida com igual impacto na Griffin.

Pela primeira vez desde que matara o irmão, Callen se ergueu com um pouco mais de paz do que desfrutara durante todos aqueles dias. A espada no canto da cabana brilhou, tão forte e bela que Callen almejou ver o sangue escarlate envolvendo aquela lâmina por completo.

Suas mãos se fecharam ao redor do cabo e a trouxeram para junto de si. Os ombros aprumados, o rosto inexpressível e com um único objetivo em mente, Callen saiu para os primeiros raios de uma manhã gloriosa, sabendo que sua vida agora era apenas uma estrada reta, uma estrada que o levava a justiça, a vingança e a dor. Uma estrada que ele trilharia com o sangue daquele que tanto era importante para ela. Uma estrada bainhada com o sangue de Bellamy.

***

_Você não fala muito, né?

Jasper se sobressaltou com a voz fina de Milah. Estava tão distraído em seus próprios pensamentos que mal conseguia viver no presente com o mínimo de normalidade possível.

_Não tenho o por quê conversar._respondeu direto. Querendo quebrar qualquer tipo de aproximação que qualquer um dos dois novos aventureiros quisessem fazer.

_Não ligue para ele, Milah. Jasper anda meio razinza nos últimos meses._interveio Bellamy. O Blake estava visivelmente melhor. Ele caminhava um pouco devagar ainda, mas a cor já havia voltado ao seu rosto. Jasper tinha certeza que o unguento de Lars havia ajudado, mas era a pessoa a qual Bellamy segurava a mão que realmente fora o remédio final para curá-lo por completo.

_Talvez seja por ter ouvido seus lamentos nas últimas semanas._respondeu o rapaz, um sorriso sutil preenchendo seu rosto carrancudo.

Clarke sorriu ao ver a camaradagem a qual Bellamy e Jasper haviam habituado um ao outro. Era realmente satisfatório ver que a sombra constante da perda de Maya se diluía em momentos assim.

_Vocês, homens do céu, nunca passariam num teste de força da nossa aldeia._comentou Milah, fazendo com que Lars gargalhasse brevemente.

Os demais encararam ambos com expressões indagativas.

_Por que não serviríamos para esse teste?_questionou Jasper, pela primeira vez demonstrando curiosidade em algo real.

Milah trocou um sorriso com Lars antes de responder:

_Vocês são muito sentimentais._Bellamy e Jasper pareceram ofendidos, enquanto Clarke ria da cara rabugenta de ambos.

O clima começava a amenizar naquele grupo. As sombras de entes queridos estavam ficando para trás. Clarke tinha perfeita noção disso. Todos ali haviam perdido alguém, por mais superficial que fosse. Mas, em momentos como aquele, ela se perguntava se ainda havia esperança para eles.

Imagens como a de Lars gargalhando, de Jasper falando e Milah apaziguando tudo e todos eram mais do que convidativas para seu quadro de um futuro melhor, mas foi o sorriso de Bellamy, o calor dos dedos deles nos seus que concretizou uma certeza, até então, sem bases: sim, eles poderiam recomeçar.


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Notas finais do capítulo

E lembre-se, queridos leitores: "A gargalhada é o sol que varre o inverno do rosto humano" -Victor Hugo, portanto sorriam e sejam felizes todos os dias.
Adoro vocês.
Bjs e até a próxima ;D



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