Save me escrita por Vany Myuki


Capítulo 10
Sangue se paga com sangue


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde, leitoras lindas!
Sentiram minha falta? Pois eu sentia de vocês ♥
Enfim, perdão pela demora em postar, mas estou em época de estágio da faculdade e está meio complicado de postar com frequência, mas acreditem: eu não abandonei a fic ;)
Bjs e espero que vocês gostem do capítulo ♥
Bom domingo!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/601263/chapter/10

P.O.V Autora

Bellamy revisou o conteúdo de sua mochila três vezes, certificando-se que estava levando tudo que necessitava para uma boa temporada na floresta. Os suplementos que Bellamy conseguira surrupiar na cozinha da Arca eram escassos, se baseando em frutas e água apenas.

O garoto havia passado dias planejando como fugir da base sem que nenhum dos guardas o vissem, caso contrário sabia que Abby acabaria por considerar a ideia de mantê-lo sobre constante observação dentro de uma cela minúscula. E tudo que Bellamy não precisava era perder mais tempo.

O relógio de pulso marcara às cinco horas da madrugada, um momento oportuno para se esgueirar por detrás da nave e sair sutilmente por entre o sistema de eletricidade.

Colocando a mochila nos ombros e verificando seu armamento, Bellamy disparou para fora do quarto, que agora dividia com Miller, e pegou o corredor oposto ao da saída, aquele que o levaria a sala de engenharia onde Raven estaria esperando.

Quando Bellamy apareceu foi surpreendido por um abraço caloroso da morena.

_Não ouse não voltar vivo! Está me entendendo?_disparou o olhando com seriedade.

Bellamy sorriu, enquanto se desvencilhava dos braços de Raven.

_Vocês não vão se livrar de mim tão fácil. Achei que você soubesse disso._salientou com sarcasmo, fazendo Raven sorrir e socar-lhe o braço em frustração.

_Eu estou falando sério Bellamy Blake, já perdi pessoas demais nas últimas semanas. Sem falar no nosso povo, aqueles que o têm como um líder. Você não pode abandoná-los._instruiu como uma mãe, listando categoricamente cada motivo.

O rosto de Bellamy já não sorria mais. Seus olhos negros estavam sérios, mais parecido com o novo Bellamy o qual teve que se tornar um homem frente aos perigos da Terra.

_Eu sei que eles precisam de mim, assim como Octavia precisa, mas..._Bellamy se interrompeu, a tensão dominando seus músculos e expondo suas frustrações.

Raven deu um sorriso nasalado.

_Eu sei. Todos nós somos importantes, mas há alguém que se tornou um pouco mais significativo._não era uma pergunta, estava claro para Bellamy que Raven, assim como Jasper, havia descobrido os sentimentos ocultos que Bellamy guardava para si, sem nem ao menos saber do que se tratavam.

_Preciso encontrá-la._declarou com veemência, a mandíbula contraindo-se a medida que um peso se estabelecia sobre seu peito.

Raven viu o desespero estampado no rosto do Blake e não pode evitar se pasmar com tamanha expressividade. Bellamy de fato amava Clarke e isso o estava o consumindo a cada minuto, enquanto pensava no que poderia estar acontecendo com ela do lado de fora da Arca.

_Eu entendo. E o apoio._garantiu a morena com um sorriso penalizado_Traga-a de volta, Bellamy. Salve Clarke dos próprios fantasmas dela, não acredito que ela escapará sozinha.

A garota pôde ver a convicção nos olhos ônix de Bellamy.

_Eu o farei._garantiu ele, colocando uma promessa silenciosa sobre as palavras.

Raven assentiu, enquanto o abraçava uma última vez.

_Desligue a energia por cinco minutos, é tudo que preciso._instruiu o rapaz ao se afastar.

_Deixe comigo. E Bellamy...

O Blake voltou-se para a figura de Raven.

_Não morra._pediu a garota, os olhos opacos o encarando.

O rapaz assentiu uma última vez, antes de correr por entre os corredores da Arca, se embrenhando para a fora da mesma.

Não demorou para que Bellamy conseguisse passar pelos guardas sonolentos e chegar a outra extremidade da cerca a qual se mantinha mais oculta aos observadores.

O rapaz olhou no novamente em seu relógio, ainda faltavam dois minutos para a cerca ser religada, teria de ser rápido.

Bellamy jogou uma pedra entre a cerca, certificando-se que a mesma havia sido desligada. Ao passar pela abertura minúscula da mesma, o rapaz deparou-se com uma forma atrás de si, uma mochila sob os ombros e uma arma presa ao peito.

_O que está fazendo aqui?_rosnou para a figura de Jasper.

_Não tenho nada de interessante para fazer aqui, porque não o acompanhar nessa aventura?_disse o garoto sorrindo.

Bellamy suspirou, uma raiva contida dentro de si.

_Têm noção de que podemos não voltar vivos?_argumentou.

Jasper não parou para pensar, sua resposta fora automática.

_Não faz mal, eu meio que já estou morto._salientou com um sorriso triste, as olheiras contrastando com a pele pálida demais.

Bellamy não pôde deixar de sentir pena de Jasper, apesar de seu momento de raiva ter passado, ainda assim Jasper não via mais sentindo em continuar atuando em um cenário devastado, um que o fizera perder a garota que amava.

O Blake repensou por um segundo o que faria, mas o murmúrio de súplica de Jasper fora o que o convencera por fim.

_Por favor, Bellamy. Eu preciso sair daqui.

Os olhos de Jasper carregavam uma maturidade nova, uma que o investiu de poder e sofrimento, algo que não contrastava em nada com o garoto sorridente que pisara em Terra firme pela primeira vez.

Bellamy suspirou pesado, abrindo ainda mais a abertura na cerca, enquanto Jasper se esgueirava pela mesma.

O garoto se arrumou e olhou com gratidão para Bellamy.

_Pronto?_questionou o Blake com um sorriso sereno.

Jasper encarou rapidamente a floresta à frente deles.

_Nem um pouco._admitiu.

Bellamy sorriu e deu um tapinha nas costas do garoto.

_É assim que é bom, meu amigo.

Os dois abriram caminho por entre as árvores e a relva macia e lamacenta, estava na hora de fazer suas próprias regras, totalmente desvinculadas das do Chanceler.

Estava na hora de lutar por seus ideais.

Por seus amigos.

Por seus amores.

***

As mãos de Clarke trabalhavam com agilidade sobre o pequeno pedaço de madeira, outrora parte da parede externa do pequeno cômodo.

Por mais que Lars parecesse suficientemente confiável, ainda assim Clarke havia aprendido, da pior maneira possível, que confiar em estranhos era um erro que poderia se tornar fatal.

O pequeno pedaço de madeira não era uma arma potente, nem mesmo assustadora, mas com uma ponta bem esculpida e fincada no lugar correto poderia ter efeito letal.

Por um descuido de Lars, Clarke conseguiu arrancar o pedaço de madeira da parede sutilmente, tendo o cuidado de amontoar algumas cobertas que o mesmo lhe disponibilizou em frente a pequena falha.

Agora, com o pedaço de madeira em mãos, a garota arrancava algumas lascas da ponta afim de deixá-la mais afiada, caso necessitasse usar a mesma.

Um barulho atrás da porta anunciou a chegada de um visitante fazendo com que a Clarke escondesse a pequena arma sob o cós da calça, junto a sua blusa esfarrapada.

A cabeça loira e a carranca de Tristan se fizeram presentes no diminuto cômodo. A garota se pôs de pé, o queixo erguido em igualdade, deixando claro que o corpo grande e musculoso do rapaz em nada lhe amedrontavam.

Tristan a olhou com desprezo, enquanto puxava uma cadeira e se sentava à mesa, os olhos atentos aos oceanos de Clarke.

_Você deveria se sentar._instruiu Tristan, observando a raiva nos traços de Clarke_Ou fique em pé, tanto faz._disse num tom monótono.

Clarke, percebendo que Tristan apenas a encarava, como um guarda vigia seu prisioneiro, percebeu a frustração que estava guardando dentro de si desde que chegara à três dias.

_Você não têm outra coisa para fazer, não?_indagou furiosa, as narinas delatadas.

Tristan se empertigou para a frente, seu rosto se contorcendo numa máscara de aborrecimento.

_Acredite: tenho coisas muito importantes para fazer, mas Lars é meu amigo e eu não quero que saia ferido desse jogo.

_Vigiar uma prisioneira sem nenhum armamento deve ser o auge do seu dia._ironizou a garota, satisfeita ao ver a cadeira de Tristan tombar para trás, enquanto o mesmo avançava para cima dela.

Clarke não teve tempo de puxar sua pequena arma antes que estivesse com os braços presos nas costas, a garganta sendo trancafiada em mãos grandes.

_Você..._a voz de Tristan estava perto do ouvido da garota, enquanto ele tentava ao máximo se controlar para não esganá-la ali mesmo_Não teste minha paciência. Não sou igual a Lars._avisou, as mãos se estreitando ainda mais sobre a garganta dela, enquanto torcia de forma habilidosa os pulsos da mesma.

Clarke podia sentir o sangue bombeando em suas orelhas, enquanto tentava se manter firme, sem estremecer de medo. Seria uma forma bastante patética de morrer.

O rapaz a soltou com muito esforço, tentando controlar a vontade de matá-la ali mesmo, enquanto não havia a testemunha da figura de Lars para impedi-lo.

Clarke respirou fundo, obrigando seus pulmões a ingerirem o oxigênio, mesmo que isso parecesse explodir os mesmos.

_Não brinque comigo._alertou de forma enfurecida, o sangue ainda ardendo em seus olhos azuis.

Morrer e viver para Clarke eram sinônimos de uma vida miserável.

Propriamente, de sua vida.

_Não faça isso, Clarke._a garota olhou para além de Tristan e sua forma, encontrando os olhos de Finn.

Um momento para recuperar-se do choque foi tudo que a garota precisou.

Finn estava morto.

Ela o tinha matado.

Hora de encarar a realidade.

Com um último olhar de convicção, a garota voltou-se para Tristan e investiu contra ele, o derrubando no chão com uma rasteira.

O cômodo todo pareceu tremer ao peso do rapaz.

A mão da menina voou para o cós da calça, mas foi detida ao ser arremessada para a outra parede, a qual sentiu o choque e uma pequena queimação na parte superior do couro cabeludo.

Ela não se deu tempo para analisar os danos, embora soubesse que o machucado estava sangrando. Clarke logo estava de pé sob o corpo grande de Tristan.

Ambos caíram no chão, Tristan lutando para se desvencilhar dos golpes de Clarke e a mesma tentando lutar para manter-se viva até onde conseguia, embora guardasse o desejo de que Tristan a nocauteasse de uma só vez e acabasse com sua vida, limpando seus crimes e garantindo uma paz até então esquecida.

Para a felicidade de Clarke, o rapaz prendeu-a sobre o chão, os cabelos loiros soltos sobre sua testa, os olhos azuis inflados de ódio.

Clarke sorriu.

Era o seu fim.

Por que, afinal, lutara tanto para sobreviver todas essas semanas? Se seu verdadeiro desejo era, de longe, se juntar à Finn onde quer que ele estivesse?

Tristan paralisou ao notar a veemência com que a líder o olhava, como se estivesse pronta para morrer, só esperando o sinal verde do rapaz.

Ele afroxou as mãos sobre o corpo de Clarke e pasmou-se ao perceber que ela não resistia mais.

Ela esperava o fim.

_Você é louca._disse espantado, seus olhos encarando o equilíbrio dos olhos azuis da garota.

Clarke escancarou um sorriso.

_Mate-me._pediu com suavidade e tranquilidade.

Tristan tentou reorganizar os pensamentos.

Nunca passara por uma situação igual, não sabia como prosseguir, não agora que sua raiva fora substituída por uma descrença incrível.

O rapaz se afastou cambaleante, os olhos confusos em direção à garota.

Clarke se sentou, se encostando sob a parede de madeira, sua mente aderindo ao subconsciente, enquanto sentia o sangue lavar suas madeixas e descer para sua testa. Mas havia algo mais.

A garota levantou seus olhos para Tristan e percebeu o mesmo estagnado, os olhos azuis chocados por uma incompreensão contundente.

Clarke seguiu o olhar de Tristan para seu abdome e visualizou a mancha escarlate tomar boa parte do tecido.

Sua pequena arma.

Feitiço contra o feiticeiro.

Era justo.

Ao lado de um Tristan estupefato, um Finn a encarava infeliz.

_Por que?_perguntou a figura de seu antigo amigo, de seu antigo amor...

As palavras que saíram da boca da jovem foram apenas um sussurro, mas ela sabia que havia sido audível o suficiente.

_Sangue se paga com sangue._recitou as antigas palavras dos terra-firmes, percebendo, pela primeira vez, o quanto aquilo era justo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem!
Recomendem!
Favoritem!
Acompanhem!
E, o mais importante, respirem amor e paz todos os dias da suas vidas!
Grande abraço!!!! ♥