Sensorial escrita por StrawK


Capítulo 1
Olfato


Notas iniciais do capítulo

Renascendo das cinzas!

Sim, eu sei que tem gente me ameaçando de morte por causa de Antagônicos e Distopia, mas voltei com uma SHIKATEMA por causa da ShikaTema Week, e sim, eu sei que estou atrasada, mas e daí?

Essa fic terá 5 capítulos bobinhos relativamente curtos (e talvez um epílogo) e estou super feliz de postá-la porque estava sem inspiração e essa veio me nocauteando - embora eu acredite que só vá agradar quem é ST shipper, mesmo. :D

Não está betada, então se acharem algum erro, por favor, me avisem para que possa corrigi-lo!



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Shikamaru saberia dizer com precisão, o momento exato em que passou a desenvolver fantosmia.

Fantosmia é basicamente uma espécie de alucinação olfativa, uma percepção de odores — bons ou ruins — sem estímulo efetivo do olfato. Obviamente, a explicação era muito mais complexa, visto o fato de sua causa ser geralmente algum tipo de lesão cerebral ou distúrbios neurológicos; mas ele não sofria de nenhum destes, porque afinal de contas, sua fantosmia era inventada.

Brincava de imaginar cheiros, porque periodicamente ansiava e precisava ter a sensação de que ao menos por instantes tivera por perto uma certa kunoichi irmã do kazekage, o suficiente para que aquele perfume ficasse impregnado em suas narinas e principalmente em seu cérebro.

Em sua lógica absurda, que contrariava toda sua fama de gênio prático e racional, quanto mais se acostumasse com o perfume, mesmo que imaginário, mais fácil seria não se importar quando Temari de fato o estivesse exalando no mesmo ambiente que ele, e isso o pouparia de muitas situações problemáticas, como quando foi atingindo pela primeira vez com a ideia de que realmente apreciava — apreciar era somente um eufemismo, aqui — aquele aroma.

E claro, era a pior estratégia que o estrategista de Konoha poderia ter, pois em vez de fazê-lo tratar aquilo como algo corriqueiro e sem importância, na verdade o estava deixando paranoico.

Foi exatamente um ano depois do fim da Quarta Grande Guerra Ninja, em uma sexta-feira preguiçosa, com o sol a pino e Ino lhe puxando pelo braço em direção à Floricultura Yamanaka, que ele começou a perceber, com a visão de um homem, e não de um garoto, as nuances de Temari.

— Ino, eu ainda nem almocei! — ele protestou, enquanto a amiga insistia que precisava de ajuda no estabelecimento.

— Você pode comer alguma coisa lá mesmo. Estou sozinha na loja e como hoje se comemora o primeiro aniversário do fim da guerra, vamos ter muito movimento! Você sabe, as pessoas estão felizes, presenteiam umas às outras e tudo mais. Além disso, temos que cuidar da decoração do evento antes que as comitivas das outras Vilas cheguem!

— Eu não me lembro de ter dito que te ajudaria. Porquê não pede ajuda ao Sai?

— Porque — a loira dizia, já empurrando Shikamaru para dentro da Floricultura e fechando a porta atrás de si — você não estava fazendo nada além de deitar no telhado e ver as nuvens e o Sai está ocupado cuidando de outro tipo de decoração. Ele é um artista, você sabe. Agora, é só ficar aqui e vender as flores para quem chegar, mas não aceite nenhuma encomenda, porque não teremos tempo para atender. Está tudo etiquetado, se não souber reconhecer alguma flor, e tem dinheiro na segunda gaveta do primeiro balcão, caso falte troco.

Enquanto falava, Ino ia e voltava dos fundos da floricultura, abastecendo um pequeno carrinho com diversos arranjos de flores coloridas.

— E-espera! Aonde você vai? — perguntou, atônito, quando ela abriu a porta novamente, dessa vez para sair.

— Duh! Eu vou cuidar da decoração do evento, claro! Você não prestou atenção? De qualquer forma, você não ficará sozinho. Daqui a pouco chega ajuda com um lanchinho pra você! Ah, e não esqueça de mudar a plaquinha aqui da frente! Até mais!

Então Shikamaru se viu sozinho, rodeado de flores e plantas, se lamentando por mais uma vez se deixar dominar pela energia de Ino, apenas por concluir que tentar discutir com ela seria muito mais problemático.

Levantou-se e saiu arrastando os pés em direção à porta de vidro, onde deixou que a placa pendurada nela ficasse com os dizeres “ESTAMOS ATENDENDO” virado para o lado de fora, mas mal voltou para seu lugar atrás do balcão, Temari irrompeu pela loja, os braços repletos de vasos de flores brancas e vermelhas e a expressão surpresa por vê-lo.

— A Yamanaka não me disse que seria você que estaria aqui — disse ela, com um meio sorriso, depositando desorganizadamente os vasos em um dos balcões.

— Desculpe decepcioná-la — ele brincou, apontando com a cabeça uma banqueta de madeira para ela, que sentou ao seu lado.

— Não, ainda bem que é você. Porque, por exemplo, eu não aguentaria ficar mais de cinco minutos dividindo o mesmo espaço sozinha com o Rock Lee.

— É, e ainda bem que é você, porque eu também não.

Geralmente discutiam pelo simples prazer de implicar com opiniões banais contrárias, mas agora, como sempre acontecia quando concordavam em algo, encaravam-se tímidos e cúmplices, tomando cuidado em desviar o olhar antes que ficasse estranho demais; da última vez, prolongaram tanto a encarada que acabaram caindo em um silêncio que constrangeu ambos, embora Temari fizesse o tipo durona e agisse como se não a afetasse.

— Hum... Você por acaso não estaria com o meu lanche, estaria? — Shikamaru perguntou, tanto para achar logo um assunto, quanto pelas reclamações de seu estômago, já pedindo alimento.

— Não. Me disseram que teria comida aqui esperando por mim e confesso que foi só por isso que vim ajudar, mesmo. A viagem até aqui me esgotou. Tive tempo apenas para tomar banho.

— Então aquela abusada enganou nós dois. Que problemático.

— Agora não adianta chorar. Já que estamos aqui, levante a bunda desse banco e me ajude a arrumar esses vasos que eu trouxe e depois escapamos para comer alguma coisa.

— Não seria melhor ir um de cada vez para não deixar a floricultura sem ninguém?

— Não quer sair para almoçar comigo? — Temari encarou-o com os olhos estreitos que chispavam, desafiadores e divertidos.

Não passava pela cabeça do jounin qualquer outra resposta que não fosse afirmativa, mas antes de responder, cogitava o que seria mais problemático: deixar a loja sem ninguém e ter que aguentar Ino reclamando pelos próximos três meses ou provocar a garota à sua frente, sugerindo que não apreciava sua companhia?

Como ainda não havia respondido, Temari suavizou a expressão, e com um tom remotamente frustrado, completou:

— Tudo bem. Pode ficar aqui se quiser. Sem problema — ela virou-se de costas, fingindo ajeitar algumas flores e Shikamaru percebeu que ela ficara um tanto tensa.

— Eu... Quero comer takoyaki com você. Você gosta, não é?

— Idiota — voltou a encará-lo, suspirando. — Sabe muito bem que eu detesto qualquer coisa com polvo.

— É, eu sei — ele riu, ante a braveza dela. — Vamos colocar essas flores no lugar.

Os dois trabalharam em silêncio durante alguns minutos, antes de serem interrompidos por dois clientes; depois de atendê-los e ficarem sozinhos novamente, Shikamaru decidiu que precisavam manter uma conversa ou as coisas começariam a ficar estranhas.

— Essas flores que você trouxe... Tem uma fragrância bem marcante.

— A Yamanaka me pediu para trazer de Suna. São rosas-do-deserto, mas algumas pessoas conhecem como lírio impala.

— Elas possuem um caule bem diferente. Para armazenar água, suponho.

— Sim. E são bastante usadas para fabricar perfumes.

— Devem ser perfumes muito bons.

— Bem, estou usando um agora. Quer sentir?

Ele percebeu que Temari se arrependeu assim que fez a proposta, pois corou ligeiramente. Mas a conhecia e sabia que ela manteria a oferta, por mais vergonhosa que fosse. Às vezes imaginava se manter a pose de mulher madura e resolvida era assim tão importante a ponto de deixá-lo respirar em seu pescoço.

— T-tudo bem — ele disse, se aproximando enquanto a borda do kimono preto era afastada e as linhas suaves da clavícula feminina eram expostas.

Shikamaru fechou os olhos enquanto inclinava o rosto na direção da curva do pescoço dela, captando a fragrância da kunoichi, e que Kami os livrasse de alguém entrar naquele exato momento, pois foi como se um soco poderoso o atingisse; de repente, o estômago afundou e o sangue borbulhou; as mãos suaram e os pés ficaram dormentes; o cérebro parecia sacudir-se em seu crânio e quando ele finalmente entendeu que aquele era o melhor cheiro que já sentira na vida e que teria que senti-lo pelo resto dos seus dias e que droga, isso era muito, muito problemático, porque ele não conseguiria sentir esse perfume sem pirar, sentiu Temari afastar-se e ajeitar o kimono.

— O que achou? — perguntou ela, com um toque de divertimento, para disfarçar a voz trêmula, enquanto ele ainda está lá, como um babaca, de olhos fechados, tentando entender o que havia acabado de acontecer.

— É... B-bom. Muito bom, mesmo. É... Sensacional.

Wow. Nunca imaginei você usando uma palavra como “sensacional” ela soltou uma risada de prazer quase perversa e se dirigiu à porta. — Mas que bom que gostou, porque na verdade... eu não estou usando perfume algum.

E foi exatamente aqui que surgiu a ideia insana de fingir fantosmia.

CONTINUA...


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Notas finais do capítulo

Bom, deixem o seu amor em um review!
Digam o que acharam, para eu saber se estou no rumo certo!



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