O tempo passa lento, a vida passa rápida e meus momentos são uma questão de sorte.

 

Estava tudo escuro, eu estava totalmente envolta pelas trevas, paralisada pelo pavor, parecia que não conseguiria mais voltar. Então, comecei a ouvir vozes que eram familiares, mas estavam muito longe de mim. Ao ouvir o grito de dor de Theodore, entrei em desespero. Meus olhos se abriram, finalmente consegui voltar daquele lugar vazio. Pude ouvir os gemidos de Janet mais adiante. Então eu a vi caída no chão com um punhal cravado em seu ventre. Bella virou-se para mim. E nenhuma palavra, mental ou verbal, foi necessária.

Eu encarei meu doce Nate e aumentei a pressão dos meus braços sobre ele. Como num ultimo abraço eu lhe beijei a testa suavemente. Senti um soluço subindo devagar, ele se enroscou na garganta e eu o forcei de volta para baixo – eu não ia chorar. Não existia mais esperança, tudo estava acabado, mas os Volturi não ouviriam meus lamentos. Se eu tinha que morrer, eu morreria lutando. Mas Nate, Nessie e EJ tinham uma chance.

Eu coloquei Nate sobre as costas de Seth. Meu bebê tinha um olhar desolado em seu rosto e ameaçou cair aos prantos também.

- Está tudo bem Nate, esta tudo bem. Fique aqui e segure-se em Seth com força. E obedeça Seth, esta bem? Obedeça Seth! Sempre!

Bella ainda se agarrava a EJ enquanto lhe sussurrava as ultimas palavras amorosas:

- EJ? Cuide de sua irmã e de seu primo – Bella disse vacilando entre soluços abafados - Você precisa ser forte agora, meu pequeno homenzinho... E Nessie, seja boazinha e não deixe que nada aconteça com EJ e Nate, esta bem?

Seth soltou um grunhido baixo, a lamentação vibrou o corpo do jovem lobo que agora carregava aquelas três pequenas crianças, três pequenas esperanças. E enquanto contemplava a cena, conclui: a nova geração! Pelo menos, a nova geração sobrevivera!

“E com alguma sorte, talvez um dia eles encontrem Alice e Jasper...” – Bella completou me lembrando que ainda existia um futuro para eles.

Nessie esticou as mãozinhas e suplicou para tocar nossos rostos. Imagens de todos nós inundaram minha mente, uma lagrima solitária percorreu seu rostinho angelical.

- Nós sempre estaremos juntos meu amor! – Bella tentou apaziguar os temores de Nessie e repetiu para si mesma - Nós estaremos juntos!

- Agora vá Seth! Corra!

Seth começou a se afastar devagar, ainda encarando Bells e eu, seu corpo convulsionava levemente enquanto Nate, EJ e Nessie se equilibravam em seu lombo alto. Eles entraram no bosque e lentamente sumiram na escuridão. Vendo Seth correr para longe do perigo com tudo que ainda me restava, eu me senti segura e confiante para finalmente encarar os monstros que massacravam minha família e meus amigos. E agora eles estavam vindo em minha direção com uma fúria selvagem estampada em seus olhos sanguíneos.

Bella e eu corremos na direção oposta de onde Seth e as crianças tinham ido. A guarda se aproximava. O medo e o desespero me invadiam ainda mais implacáveis, mas nós devíamos levar aqueles monstros para longe de Seth e das crianças.

O sangue de nossos entes queridos manchava a terra de vermelho. Os Volturi nos cercavam, apenas observando, como se apreciassem a visão da dor e agonia nos olhos de sua indefesa presa. Eu ouvia os passos ferozes daqueles animais se aproximando, ouvia seus rosnados de fúria mais e mais perto, ouvia o som da morte chegando... e meu corpo não me respondia mais.

Em meio a todo aquele caos e temor eu avistei Jake, que ainda oscila na clareira, desorientado pela magia de Alec. Um vampiro enorme, que eu não pude reconhecer, se aproximava como um borrão negro. Com um salto o monstro atingiu Jake e como navalhas as garras da fera dilaceraram suas as costas desde o ombro direito até a coxa esquerda. O sangue jorrava rápido daqueles profundos cortes. Meu Jake caiu.

E sem nenhum aviso senti uma corrente elétrica me atravessando. Jake estava inerte no chão, seu sangue se acumulando em poças. A dor daquela cena me despertou. O calor do choque queimava meu corpo e irradiava em todas as direções. Meu corpo estava começando a me obedecer novamente, meus esforços para tentar sair daquela escuridão profunda estava surtindo algum efeito. O pânico já não me aprisionava mais. E o breu do medo deu lugar ao sangue, tudo ficou vermelho de ódio e a fúria tomou conta de mim. Minha visão se tornou turva por um instante, eu pisquei e quando abri meus olhos novamente tudo estava mais nítido e claro. Agora eu conseguia focalizar cada um de meus inimigos com tamanha clareza que me assustei.

Eu procurei por Bella e surpreendentemente eu a encontrei bem ao meu lado. Nossos dedos entrelaçados pareciam nos conectar de uma forma diferente agora, como se a corrente que passava por mim percorresse seu corpo também, multiplicando-se a cada instante. E sem nenhum esforço nossas mentes se fundiram, uniram-se em uma só. Então eu imediatamente soube que mesmo separadas em dois corpos, nossas almas eram uma só.

As dores, lamentações e temores não eram mais apenas empatias que uma sentia pela outra porque agora tudo era uma coisa só! Não existia mais Angel e Bella, nós éramos uma. A sede por justiça explodiu dentro de mim e como uma bola de fogo saindo do peito eu senti a fúria se espalhando por toda a clareira. Nossa energia se multiplicou exponencialmente e percorreu varias jardas de distancia envolvendo cada um de nossos de aliados. Eu quase podia visualizar nosso campo de força se moldando como uma bolha em seus corpos, isolando-os da magia de Jane e Alec. A resposta veio em fração de segundos, eles foram se levantando e recompondo a linha de ataque ofensivamente.

Os Volturi não reagiram de imediato, provavelmente confusos com a reviravolta. Caius fitava abismado enquanto Jake se levantava triunfante e dava inicio ao contra ataque com um uivo que reberverou pela floresta a fora e arrancou urros e gritos até mesmo na platéia. A ofensiva agora vinha do nosso lado e a batalha continuou de uma forma justa dessa vez.

- Vamos ver como vocês se saem agora! – Bella gritou, ira e adrenalina tomavam suas palavras.

Mesmo com nossos pensamentos sincronizados, Bella e eu ainda não ocupávamos o mesmo lugar no espaço. Mas ainda assim, parecia que eu estava em dois lugares ao mesmo tempo, tinha duas visões ao mesmo tempo. Mas eu sentia a diferença, eu sabia exatamente quem ocupava a mente de Bella e quem tomava a minha.

- Jane! – eu disse entre os dentes e percebi que agora meus lábios se curvavam em um sorriso sinistro de prazer.

Avancei em direção a ela, usei toda minha velocidade. Eu a atacava com vários socos, chutes, ela não conseguia ma acompanhar. Então olhei bem nos olhos dela, agarrei seu braço e lhe dei um soco bem no seu rosto, com tamanha força, que Jane foi arremessada para longe. Ela pousou e um estrondo foi tudo que eu ouvi, nenhum gemido ou choro saiu de Jane.

- Sua petulante! Como ousa? – Jane disse boquiaberta com uma de suas mãos sobre o local que eu havia atingido - Não achei que você fosse capaz de me ferir tantas vezes! Que humilhação! Eu uma matadora de elite, sendo afrontada por uma reles novata!

Jane já estava furiosa e para minha surpresa, assim que terminou a frase, ela sacou uma arma e começou a disparar em mim. Infelizmente dois tiros me acertaram. Eu caí. Então ela se aproximou de mim ofegante, seus olhos refletiam todo ódio que ela sentia por mim naquela hora. A dor era insuportável. Jane começou a falar.

- Fácil! Nunca pensei que seria tão fácil! E pensar que eu iria me divertir mais um pouco! Que pena!

- Não pense que acabou, sua convencida! Eu não vou me render tão fácil assim! – senti o ódio substituindo a dor, eu sorri com certo desdém e continuei me pondo de pé em um salto - Agora sim, está ficando interessante! Não teria graça se você não esboçasse uma única reação!

– Pare de falar e LUTE! – Jane rosnou furiosa.

A luta recomeçou, estava bem equilibrada, ambas estávamos bem feridas, então quando eu estava avançando na direção dela, ela desapareceu, fiquei atônita! Todos que presenciavam a lutam também ficaram surpresos. Quando dei por mim, comecei a ser golpeada várias vezes, sentia suas garras rasgando minhas roupas e minha carne, o sangue jorrava, eu pensava comigo mesmo, “Como lutar contra o que não posso ver?” Então em meio ao meu desespero eu fechei os olhos, tentava me concentrar no som de seus passos, eu apenas ouvia as vozes dos outros. Subitamente Jane estava diante de mim, senti uma dor muito forte no meu abdômen, quando vi as garras de Jane estavam cravadas nele. Ela sorriu e deu uma risada que fez tremer até meus ossos.

- Vamos não pare! - era a voz de Bella que comandava agora. Enquanto a batalha entre ela e Alec seguia feroz.

 

...

 

 

Eu vi o rosto de Alec se contorcendo de espanto e pavor quando Bella rosnou e rumou ao seu encontro. Ele investiu contra ela, mas Bella o agarrou com todas as forças e o atirou para longe. Ao ver aquela cena Caius imediatamente soltou um sonoro lamento:

- Naaaaaaaaaaaoooooooooooo!!

Alec ainda estava consciente e Caius o amparava de uma forma quase paternal. Mas Alec não conseguia se levantar, Bella então partiu para cima dos dois, e desferiu um golpe poderoso em Caius. Com apenas um soco ela esmagou o joelho de Caius e sem fazer muita força arrancou-lhe a perna. Toda a guarda parou por um instante, mas Aro - que continuava imóvel desde o inicio do confronto - com um breve movimento de sua cabeça, ordenou do outro lado da clareira que continuassem. Ele se posicionava distante da batalha, mas se fazia visível para todos, havia dois enormes guarda costas flanqueando-o e Renata logo atrás. Marcus e as esposas se mantinham sobre as sombras das arvores a beira do bosque.

Bella soltou Caius e logo cravou seus caninos no pescoço de Alec arrancando-lhe um belo pedaço, ele se debatia muito e eu comecei a me lembrar da dor que eu havia sentido quando Giacomo fizera a mesma coisa comigo. Mas não senti empatia alguma por aquele menino que sangrava sob os pés de minha irmã, somente ódio.

 

...

 

Eu já estava no meu limite, já tinha perdido muito sangue, eu já estava sedenta. Então sem pensar eu consegui dar-lhe uma rasteira, e Jane caiu no chão. Então como eu já estava fora de mim, eu cravei meus caninos em seu pescoço e comecei a sugar seu sangue. Minhas forças estavam voltando com o sangue dela. Aos poucos eu podia ouvir os outros comentando a respeito do que eu estava fazendo.

De repente tudo começou a ficar escuro, as trevas tomaram conta dos meus olhos, o que estava acontecendo? Eu nunca havia sentido nada igual, era como se eu estivesse em outro lugar. Estava tudo muito confuso, mas continuei a sugar sua essência para mim. Começou a ficar doloroso, sentia uma dor horrível tomando conta de mim, era como se meu espírito estivesse me abandonando. Antes que o vazio da essência de Jane me tomasse eu parei e cuspi enojada o sangue que ainda escorria de minha boca.

Jane, ainda no chão me encarava abismada, ela levantou o braço pedindo clemência e posicionou uma de suas mãos sobre a imensa ferida aberta em seu pescoço tentando estancar o sangue que jorrava de suas veias.

- Você gosta do seu pescoço Jane? – eu perguntei num tom zombador, mas ela não me respondeu somente soltou um murmúrio lamentoso cheio de dor – então desista antes que você o perca por completo!