Quero ser um hobbit escrita por Vindalf
Notas iniciais do capítulo
Kid Fic.
Depois de cuidar das crianças de Hobbiton, Anna se dedicava à sua própria casa, chamada Clearwater. Naquele finzinho de tarde, ela cuidava do jantar e notou o silêncio na casa, o que não era normal com Darin por perto. Aos quatro anos, o menino se desenvolvia rapidamente, curioso e inteligente, e sempre se metia em confusão. Thorin não estava em casa: tinha ido ajeitar as dobradiças do portão dos Bolger, e precisava terminar para que os animais do fazendeiro não fugissem.
Anna tirou a panela do fogo e foi procurar o menino na casa. Encontrou-o no quintal, sentado no chão, pernas cruzadas, ocupado com uma estranha atividade: ele colocava um punhado de palha no pé descalço e tentava amarrar com uma fita. Anna indagou:
— Filhinho, o que você está fazendo?
Entusiasmado, Darin disse:
— Eu vou ser igual a meus amigos!
— Como vai ser igual?
— Eu vou ser um hobbit, amad!
Anna arregalou os olhos e indagou, em voz neutra:
— Mas como você vai virar um hobbit?
O menino envolveu a fita no pé, prendendo a palha, e mostrou, balançando o pezinho:
— Assim! Olha! Pé de hobbit!
Com a palha presa ao seu pé, Darin imitava os pelos de hobbits. Ele sorria para a mãe, os olhinhos azuis pareciam brilhar.
Anna não sabia se ria ou chorava da inocência do filho. Ela disse, tentando manter-se neutra:
— É mesmo, parece um pé de hobbit. Mas por que você quer ser um hobbit?
Ele respondeu:
— Meus amigos são todos hobbits. Todo mundo é hobbit. Por que não posso ser hobbit?
Anna sentou no chão, ao lado do filho:
— Nem todo mundo é hobbit. Eu não sou, seu adad também não é.
Darin fez um muxoxo.
— Eu queria ser...
— Você queria ser igual a seus amigos, não é?
— É...
— Você vai querer pais hobbits, também? Para ser hobbit, deve precisar de pais hobbits.
— É? Outros pais?
— Acho que sim. Vem cá, Darin. — Ela o pôs em seu colo. — Algum de seus amigos brigou com você porque você não é hobbit?
— Não. Mas eles tentam usar meus sapatos. Não dá neles.
— Hobbits não usam sapatos porque têm pés grandes e resistentes. Nossos pés precisam de sapatos porque podemos nos machucar com facilidade.
— Eu não sou hobbit...
Ela beijou a testa dele.
— Não, não é. Cada um é o que é. As pessoas são diferentes uma das outras: gordas, baixas, altas, magras. Não tem nada de errado nisso. E se alguém disser o contrário, não ligue. Seu pai é muito diferente de sua mãe, mas isso é muito bom, porque se não fosse assim, não teríamos você. E nós dois amamos muito nosso pequeno ghivasha. Eu ficaria triste sem você, filhinho. Se você tivesse que ter outra mamãe, eu ficaria muito triste.
— Eu também, amad.
Anna envolveu o pequeno nos braços, enchendo-o de beijos.
— Está com fome, meu amorzinho?
Ele fez que sim com a cabeça:
— Aham!
— Que bom! Agora limpe sua roupa, lave as mãos e volte para dentro de casa. Seu adad não deve demorar e o jantar está quase pronto. Vamos lá!
— Tá. Te amo, mamãe!
O menino correu para dentro, deixando Anna com um sorriso nos lábios. Ser mãe dava trabalho, mas podia ser bem compensador.
Fim
Palavras em Khuzdul
adad = pai, papai
amad = mãe, mamãe
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!