A Arma do Olimpo escrita por Ane Caroline


Capítulo 6
Capítulo 6




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– O que é isso?

– Meu celular – respondi irônica – Conhece? Sabe, serve pra receber ligações e mandar mensagens.

Caminhei até minha bolsa e quando olhei o nome na identificação meu coração quase saltou pela boca.

– Não pode atender isso aqui – disse-me Heitor enquanto segurava meu celular (e a minha mão). Sua voz soava a pânico.

– Por que não? – o fitei confusa.

– É um imã e monstros e gente com fome de semideus – sua pele empalideceu.

– Ei, ei, relaxa. É só plástico e alguns fios – tirei a mão dele de cima da minha – E depois é uma ligação importante, preciso atender.

Garth. Um velho amigo. Era ele me ligando e isso me assustava muito.

Pra você entender: “Back in Black” era o toque para amigos que não sabem o que eu faço, amigos que pensam que eu sou uma pessoa normal; já“Welcome To The Jungle”era como o bat-fone, apenas para caçadores.

Garth era caçador.

– Millers– atendi como quem esta pronto para receber uma ordem.

– Ei Millers , Onde você esta? – sua voz soava alegre.

–Eu estou... ãn ... Ocupada! Por? – perguntei indo direto ao ponto.

– Coisas estranhas estão acontecendo, você tem que tomar cuidado. Os caçadores estão em alerta, muitas multilaxxxxxx..................xxxx...........e.............vo.......... ___________________

A ligação caiu - Ótimo. Eu precisava de mais uma dessa para melhorar meu dia – Garth tem experiência, ele sabe se cuidar. Deve ser só uma preocupação à toa – tentei tranquilizar-me.

– Você não entende não é? – acusou-me Heitor.

– Como assim?

– Você esta zombando de tudo isso, nem sequer nos deu uma chance. Acha que está toda correta, que isso aqui é uma colônia de férias. Quando eu te vi pensei que fosse legal, que você não seria essa menina arcaica e egocêntrica. Pelo visto eu estava errado – ele derrubou as flores na mesa de cabeceira da minha cama.

– Heitor eu... – tentei dar uma explicação.

– Você? – ele levantou uma sobrancelha curioso.

Respirei fundo e abaixei minha cabeça. Senti vergonha e odiava pedir desculpas. Passei a mão por cima do raio no pulso, estranhamente ele ainda parecia se mover – Talvez eu devesse dar uma chance para esse lugar, quer dizer, existe uma verdade sobre quem eu sou e de onde eu vim e quem sabe se eu me esforçar só um pouco eu possa ter uma vida que não seja baseada nos contos dos irmãos Grimm.

– Sinto muito – engoli seco –Sinto muito mesmo.

Escutei sua respiração calma e aliviada.

– Tudo bem. Eu... Vou deixar você descansar, teve uma semana muito cheia – ele tentou sorrir.

Ah meu Deus, que cara mais lindo! Está bravo comigo e ainda tenta me confortar. É tão...Espera!

– Semana?!

– Você dormiu só um pouquinho– e seu humor estava melhorando.

Eu corei. Quanto tempo ele tinha ficado ali cuidando de mim?

– Brincadeirinha – ele riu – Só passou uma noite aqui – disse ele sentando na “minha cama”.

– Só um... Um minut... – gaguejei procurando o banheiro.

Olhei em volta e lá estava ele. Glorioso e convidativo para uma escapatória perfeita.

Entre pela porta depressae a tranquei o mais rápido possível.

– Se acalma Jessie – pensei –Você não é uma garotinha de 15 anos, se controla! – me dei um tapa no lado direito – AUCH! – Burra você foi cortada ai! Joguei um pouco de água gelada no rosto e tentei me recompor.

– Você é uma mulher – repeti para mim mesma – Não se deixe levar ou vai estragar tudo! Não seja idiota. SE CONTROLE!

Olhei-me no espelho e vi uma cena horrorosa. Minhas olheiras saltavam e contrastavam com a minha pele sem cor e o meu cabelo empoeirado e suado não ajudava muito na minha aparência. O que havia de melhor em mim eram as roupas (um jeans surrado e uma camisa branca rasgada em minha recente “vitória”) que não estavam no melhor estado.

– Linda – sorri para o espelho.

Respirei fundo e sai do meu mundinho psicodélico onde surtar era liberado. Heitor brincava com a pulseira em seu pulso.

– Muita coisa pra absorver? – perguntou-me ele preocupado.

Por dois segundo me perdi na imensidão dos seus olhos cinzentos, eles transbordavam preocupação e sinceridade.

– Por quê? – o fitei.

– Por que o que? – ele apertou os olhos.

– Por que ta sendo tão legal comigo?

– E por que não seria? – seu tom era desafiador.

– Porque desde que eu cheguei aqui eu não fui legal com você, não fui legal com ninguém – engoli seco – Então por que ta sendo tão legal?

Ele sorriu incrédulo (o que me deixou confusa) – Porque eu sei o quanto é difícil estar no seu lugar agora.

– Ah que bom que você sabe como é caçar monstros a sua vida inteira e depois descobrir que vocêé um deles. Estamos no mesmo barco!– Então obrigada, eu acho – tentei sorrir.

Ele riu sincero – Você é péssima em ser simpática.

– Eu sei – disse eu colocando a mão sobre os olhos.

Atirei-me na cama ao lado dele. O som da sua risada era encantador, corrigindo, ele era encantador. Senti sua respiração perigosamente perto do meu rosto, e quando descobri meus olhos dei de encontro com os dele. Tão claros, tão imensos, tão verdadeiros, como eu jamais havia conhecido antes.

– Seus olhos – ele disse.

– O que têm eles?

– São lindos – ele sorriu – Azuis como o céu.

Nós estávamos próximos, eu sabia onde isso iria dar e tinha certeza de que ele também sabia.

E então nossos lábios se tocaram.


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