A Arma do Olimpo escrita por Ane Caroline
– O que é isso?
– Meu celular – respondi irônica – Conhece? Sabe, serve pra receber ligações e mandar mensagens.
Caminhei até minha bolsa e quando olhei o nome na identificação meu coração quase saltou pela boca.
– Não pode atender isso aqui – disse-me Heitor enquanto segurava meu celular (e a minha mão). Sua voz soava a pânico.
– Por que não? – o fitei confusa.
– É um imã e monstros e gente com fome de semideus – sua pele empalideceu.
– Ei, ei, relaxa. É só plástico e alguns fios – tirei a mão dele de cima da minha – E depois é uma ligação importante, preciso atender.
Garth. Um velho amigo. Era ele me ligando e isso me assustava muito.
Pra você entender: “Back in Black” era o toque para amigos que não sabem o que eu faço, amigos que pensam que eu sou uma pessoa normal; já“Welcome To The Jungle”era como o bat-fone, apenas para caçadores.
Garth era caçador.
– Millers– atendi como quem esta pronto para receber uma ordem.
– Ei Millers , Onde você esta? – sua voz soava alegre.
–Eu estou... ãn ... Ocupada! Por? – perguntei indo direto ao ponto.
– Coisas estranhas estão acontecendo, você tem que tomar cuidado. Os caçadores estão em alerta, muitas multilaxxxxxx..................xxxx...........e.............vo.......... ___________________
A ligação caiu - Ótimo. Eu precisava de mais uma dessa para melhorar meu dia – Garth tem experiência, ele sabe se cuidar. Deve ser só uma preocupação à toa – tentei tranquilizar-me.
– Você não entende não é? – acusou-me Heitor.
– Como assim?
– Você esta zombando de tudo isso, nem sequer nos deu uma chance. Acha que está toda correta, que isso aqui é uma colônia de férias. Quando eu te vi pensei que fosse legal, que você não seria essa menina arcaica e egocêntrica. Pelo visto eu estava errado – ele derrubou as flores na mesa de cabeceira da minha cama.
– Heitor eu... – tentei dar uma explicação.
– Você? – ele levantou uma sobrancelha curioso.
Respirei fundo e abaixei minha cabeça. Senti vergonha e odiava pedir desculpas. Passei a mão por cima do raio no pulso, estranhamente ele ainda parecia se mover – Talvez eu devesse dar uma chance para esse lugar, quer dizer, existe uma verdade sobre quem eu sou e de onde eu vim e quem sabe se eu me esforçar só um pouco eu possa ter uma vida que não seja baseada nos contos dos irmãos Grimm.
– Sinto muito – engoli seco –Sinto muito mesmo.
Escutei sua respiração calma e aliviada.
– Tudo bem. Eu... Vou deixar você descansar, teve uma semana muito cheia – ele tentou sorrir.
Ah meu Deus, que cara mais lindo! Está bravo comigo e ainda tenta me confortar. É tão...Espera!
– Semana?!
– Você dormiu só um pouquinho– e seu humor estava melhorando.
Eu corei. Quanto tempo ele tinha ficado ali cuidando de mim?
– Brincadeirinha – ele riu – Só passou uma noite aqui – disse ele sentando na “minha cama”.
– Só um... Um minut... – gaguejei procurando o banheiro.
Olhei em volta e lá estava ele. Glorioso e convidativo para uma escapatória perfeita.
Entre pela porta depressae a tranquei o mais rápido possível.
– Se acalma Jessie – pensei –Você não é uma garotinha de 15 anos, se controla! – me dei um tapa no lado direito – AUCH! – Burra você foi cortada ai! Joguei um pouco de água gelada no rosto e tentei me recompor.
– Você é uma mulher – repeti para mim mesma – Não se deixe levar ou vai estragar tudo! Não seja idiota. SE CONTROLE!
Olhei-me no espelho e vi uma cena horrorosa. Minhas olheiras saltavam e contrastavam com a minha pele sem cor e o meu cabelo empoeirado e suado não ajudava muito na minha aparência. O que havia de melhor em mim eram as roupas (um jeans surrado e uma camisa branca rasgada em minha recente “vitória”) que não estavam no melhor estado.
– Linda – sorri para o espelho.
Respirei fundo e sai do meu mundinho psicodélico onde surtar era liberado. Heitor brincava com a pulseira em seu pulso.
– Muita coisa pra absorver? – perguntou-me ele preocupado.
Por dois segundo me perdi na imensidão dos seus olhos cinzentos, eles transbordavam preocupação e sinceridade.
– Por quê? – o fitei.
– Por que o que? – ele apertou os olhos.
– Por que ta sendo tão legal comigo?
– E por que não seria? – seu tom era desafiador.
– Porque desde que eu cheguei aqui eu não fui legal com você, não fui legal com ninguém – engoli seco – Então por que ta sendo tão legal?
Ele sorriu incrédulo (o que me deixou confusa) – Porque eu sei o quanto é difícil estar no seu lugar agora.
– Ah que bom que você sabe como é caçar monstros a sua vida inteira e depois descobrir que vocêé um deles. Estamos no mesmo barco!– Então obrigada, eu acho – tentei sorrir.
Ele riu sincero – Você é péssima em ser simpática.
– Eu sei – disse eu colocando a mão sobre os olhos.
Atirei-me na cama ao lado dele. O som da sua risada era encantador, corrigindo, ele era encantador. Senti sua respiração perigosamente perto do meu rosto, e quando descobri meus olhos dei de encontro com os dele. Tão claros, tão imensos, tão verdadeiros, como eu jamais havia conhecido antes.
– Seus olhos – ele disse.
– O que têm eles?
– São lindos – ele sorriu – Azuis como o céu.
Nós estávamos próximos, eu sabia onde isso iria dar e tinha certeza de que ele também sabia.
E então nossos lábios se tocaram.
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