Colorful escrita por Isabelle


Capítulo 8
Capítulo 7 - Sally


Notas iniciais do capítulo

O que é isso que estou sentindo?
Porque não consigo largar isso
Se ver é acreditar
Então eu já sei..
— Avril Lavigne



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Os cabelos dela estavam alinhados em uma trança. Ela havia adquirido aquele penteado por ser mais rápido e pratico para fazer ao ir a faculdade. Seus olhos verdes cruzavam a lousa observando a professora discorrer um assunto sobre qualidade gráfica, enquanto ela não conseguia manter o foco a aula. Sua atenção estava totalmente focada ao telefone. Estava esperando alguma mensagem ou ligação de Noah, mas ele não tinha feito nenhum dos dois há dias.

Sally sabia que não era o tipo de menina que prende atenção dos garotos, mas estava ligada e apegada a sua amizade com ele. Os pensamentos não a dominavam quando ela deixava Noah fazer parte do seu dia. Ele a trazia algum tipo de calma, um tipo de ancora.

Ela recebeu uma mensagem ao celular de um número desconhecido, mandando-a encontrá-lo em um barracão às sete da noite daquele mesmo dia, era alguma coisa relativa a saída de Noah da cidade, com uma festa surpresa. Por um momento sentiu-se totalmente irritada com ele por não ter lhe dito nada. Queria encher ele de pancadas por esconder isto dela.

Revirou os olhos e acessou em seu smartfone o facebook dele, prestes a lhe mandar qualquer coisa, mas não percebeu a cabeleira loira que se fundia com seus cabelos negros, tentando invadir seu espaço.

Mellie era uma das melhores amigas de Sally, junto com Ana. As três haviam se conhecido na faculdade, e era bem distintas umas das outras. Mellie era aquele tipo de menina que fazia hidratação do cabelo e das cutículas toda semana. Tinha um cabelo longo loiro acinzentado, e olhos azuis, o que a deixavam como uma boneca de louça já que essas qualidades eram acompanhadas de uma bochecha rosada. Enquanto Ana, era uma afrodescendente, dos dentes totalmente alinhados e brancos, com um cabelo tão encaracolado que se assemelhavam a cachos de uvas e olhos castanhos claros profundos.

― Quem é essa delicia? ― A voz de Mellie não soou nenhum pouco sutil, fazendo com que a professora a olhasse. ― Me desculpe, professora Mônica.

A professora assentiu e voltou a explicar algumas coisas, enquanto Sally jogou seu celular na bolsa marrom avermelhada; soltou um suspiro sabendo que ela ainda estava ali sobre a sua mesa, e começou a copiar as coisas que já deviam estar prontas.

― Sarah Bardini, ― Sarah arrepiou por escutar seus dois nomes. Não existia nada mais no mundo que ela odiasse tanto quanto escutar seu nome completo. ― Olhe esse garoto, aquele uniforme de Policial...

― Conseguiu ver o uniforme? Mas ele nem tinha foto com uniforme. ― Sally bufou olhando para trás.

― Já te vimos saindo com ele, e você nunca nos contou quem é... ― Ana nos interrompeu.

― Porque ele não é ninguém. ― Ela disse irritada e se virou.

― Com certeza, por isso você verifica o celular a cada seis segundos. ― Mellie gritou novamente, e a professora a olhou irritada. ― Nós só queremos saber se está dando para ele…

― Não, Amelia, não estou dando para ele. ― Ela disse e voltou a ficar em silencio.

As outras duas também ficaram, mas Mellie logo voltou.

― Como não? Eu teria aberto as pernas para ele no momento em que ele tivesse chegado perto de mim com aquele uniforme. ― Ela disse, e Ana soltou uma risada.

A professora olhou irritada novamente para as três e elas abaixaram a conversa fingindo não estar ciente do problema.

― Porque eu não sou atirada como você, além disso ele é só meu amigo. ― Ela disse convicta.

― Se conhecem a quanto tempo? ― Ana chegou próxima a elas para entrar no assunto.

― Desde julho.

― Estamos no final de setembro e você ainda não abriu as pernas para ele? ― Ela disse como se aquilo não fizesse o menor sentido.

― Cala boca, Mellie. ― Sally disse brava e voltou a prestar atenção na aula.

― Sarah Bardini, não me ignore.

― O que? ― Sally disse irritada ao ouvir seu nome novamente.

― Tudo bem, as três fora da minha aula, acho que vocês precisam muito conversar, mas por favor, fora da minha sala. ― A professora disse as fitando.

Sally começou a organizar suas coisas morrendo de irritação, queria enforcar Mellie de uma forma que nunca quisera fazer com ninguém. Passou a mão no cabelo e jogou todas suas coisas na bolsa, e se levantou sendo seguida de suas amigas.

No corredor, o olhar de Mellie parecia arrependido, mas não tanto a ponto dela encerrar todo aquele assunto sobre Noah. A verdade é que ela não queria dividir informações. Noah era informação restrita, não podia contar para elas.

― Então, qual o nome dele?

― Olha, não é por nada, mas não quero falar sobre isso. ― Ela disse tentando por fim.

― Mas, como assim? ― Mellie disse, e Ana só bufou.

― Deixa a menina, se ela não quer.. ― Mellie fez um sinal para ela ficar em silencio.

― Mas você gosta dele?

― Não gosto dele. ― Ela jogou a trança e olhou para elas. ― Olha não é nada demais, somos amigos. Só isso.

― Saíram juntos aquela vez. ― Mellie cruzou os braços e a encarou com aqueles olhos transparentes.

― Saímos juntos, não estamos juntos, entende a diferença? ― Ela continuou andando tentando não escutar a voz de Mellie.

― Tudo bem então, se não estão juntos você pode me arrumar ele.

― Posso, falo de você assim que ver ele, tenho que ir para a minha casa, agora um bom dia para vocês, preciso ir para a biblioteca pesquisar sobre a aula, que você me fez ser expulsa. ― Ela deu um sorriso e virou-se.

Passou a tarde toda na biblioteca estudando definições gráficas, e perto da hora de ir para o barracão foi para casa tomar um banho. Colocou uma blusa azul bebê tomara que caia e uma calça preta, e amarrou seu cabelo em uma trança com uma fita azul. Suspirou para o espelho antes de sair, e deixar os olhos verdes pesados de memórias a consumirem.

Chegou no barracão informado com um taxi, e escutou a música calma que saia de lá. Havia uma série de policiais ajeitando uma mesa com comida, e outras pessoas rindo e conversando. Sally ficou meio sem graça por não conhecer ninguém, então apenas entrou com a cabeça baixa.

― Você é a Sally? ― Um garoto com uma camiseta laranja e bermuda azul perguntou sorrindo.

― Sim, eu sou. ― Ela respondeu sentindo seu rosto corar.

― Eu sou o Eliott, amigo do Noah, e ele parece ser bem próximo de você e tudo mais. ― Ele sorriu e duas covinhas brotaram no seu rosto. Se não fosse por seu estilo tão estranho, ele realmente seria um garoto que despertaria a atenção das meninas.

― Entendi, foi você que me passou o endereço do apartamento dele, não foi? ― Ela perguntou tendo um solavanco de memória.

― Sim, eu mesmo. ― Ele sorriu novamente. ― Estamos dando esta festa para ele porque ele foi enviado para Uberaba, não sabemos bem o que aconteceu. Uns dizem que ele vai ser promovido, outros que ele foi transferido por muitas advertências, a historia muda cada vez.

― Transferência? ― Ela sentiu um incomodo imediato. ― Ele pode ter que ficar permanentemente em Uberaba?

― Bem, não sabemos, talvez sim, talvez não, mas ele tem a faculdade aqui, então..

― Ah sim, a faculdade..

― Sua parte do plano é a seguinte. ― Ele disse com uma cara maléfica. ― Você vai atrair ele para cá.

― Eu? ― Sally disse rindo. ― E como eu faço isso?

― Falando que está nua e esperando-o para te consumir. ― Ele disse sério, o que a assustou por alguns minutos, mas depois começou a rir. ― Estou brincando. Mentira, isso o atrairia mais rápido que tudo, mas pode escolher, só precisamos que o traga para cá.

― Telefone, por favor. ― Ela pediu e o viu fazendo algumas configurações que não entendia.

O telefone tocou algumas vezes, e logo em seguida a voz dele tomou conta da linha.

― Noah, você pode vir me buscar? ― Ela forçou uma voz de choro, e todos pararam para prestar atenção nela.

― Sally, onde você está? ― Ele perguntou com toda a calma.

― Eu não sei. ― Ela continuou encenando. ― Eu só sei que eu estava saindo da faculdade, e quando vi tava aqui. Parece um barracão, tá escuro, e to com medo.

― Como é esse barracão? ― Ele parecia estar fazendo algo, pois estava fazendo muito barulho.

― Eu não sei, é na frente de uma loja de doces, acho que é isso. ― Ela disse tão assustada que quase convenceu todos a sua volta que realmente estava perdida.

― Chego ai em dez minutos. ― E a linha ficou muda.

Ela encarou o telefone e deu uma risada, enquanto todos a olhavam ainda atônitos.

― Relaxem pessoal. ― Ela disse, e todos riram com a reação mais calma do mundo.

Em poucos minutos, o carro de Noah estacionou em frente ao barracão, ele demorou um pouco para entrar, mas quando entrou todos gritaram surpresa, mas logo ficaram parados vendo que ele carregava uma arma.

Ele sorriu para todos, e levou a arma de volta para o carro. Sally e ele passaram uma noite divertida conversando. Ele a explicara porque sairia da cidade, a deixando ao mesmo tempo apavorada e um pouco despreocupada pois seria temporário. Depois disso eles voltaram para dentro e curtiram o resto da festa.

Por volta da uma da manhã ele a deixou em frente a casa, e ela entrou sorrindo, mas ao fechar o portão sentiu o ar de seus pulmões faltando. Nunca havia se sentido tão suja na vida. Não podia estar tendo sentimentos por ele. Iria bloqueá-los cada um com esse tempo que ficaria afastada dele. Sabia que o problema estava a vista quando sentia as borboletas no estômago, e ela estava determinada a matar cada uma.

Entrou e casa e se jogou na cama do jeito que estava. Tentou pregar os olhos e conseguiu por algumas horas, mas foi interrompida pelo som de seu celular tocando.

― Ei. ― A voz dele soou bem calma e sonolenta do outro lado.

― Ei. ― Ela disse morrendo de sono. Seus olhos estavam pesados.

― Sally, só quero que saiba que você é uma grande amiga, e só.. ― Ele riu, e soltou um suspiro que a deixou preocupada.

― Obrigada, eu acho. ― Ela bocejou e esfregou os olhos. ― Me ligou as quatro da manhã para me dizer que sou uma boa amiga?

― Meio que sim, não sei o que pode acontecer, mas não estou te preocupando. Volte a dormir. ― E desligou.

Como diabos aquele menino esperava que ela fosse dormir em paz sabendo que ele poderia estar indo para uma missão suicida? Ela revirou os olhos e levantou da cama. Soltou um bocejo gigante e espreguiçou o máximo que pode para tirar aquele sono que estava impregnado. Pegou a bolsa e enfiou algumas trocas de roupa, junto com mais o resto que precisaria.

Soltou seu cabelo das tranças, e colocou uns jeans novos, e uma blusa verde de alcinha. Escreveu um bilhete dizendo para não se preocuparem que logo estaria de volta, e que já tinha ligado para a faculdade combinando tudo. O que ela fez minutos antes de sair de casa.

Foi caminhando até o apartamento, dele e o ficou esperando sentada no capo da viatura. Demorou uma meia hora para ele aparecer, mas quando apareceu o sorriso de lado, e aquela atitude safada tomou conta do ar.

― O que pensa que está fazendo?

― Um cara me ligou ontem as quatro da manhã, e me faz ficar pensando que ele pode morrer, então resolvi ir para defendê-lo e tals. ― Ela soltou a bolsa e sorriu.

― Você não vai, você é louca? É muito perigoso.

― Eu sabia que você ia dizer isso, e ― Colocou a mão no bolso, ― fiz uma listinha de dez motivos do porque você tem que me deixar ir.

Ela tinha feito isso junto com o bilhete que deixara. Não havia nada além de “porque você vai sentir minha falta.” e ela sabia que isso o faria rir.

― Entra no carro, mas vai ter que me pagar com um stripp. ― Ele abriu a porta de lado e se jogou no banco.

― Vai nessa. ― Ela disse entrando.

Os dois percorreram os vinte primeiros quilômetros apenas escutando música. Por conta do calor que começara a aparecer, Sally prendera seu cabelo em um rabo de cavalo, o que deixava seus ombros e decotes mais a mostra para Noah, o que a fez se arrepender de não ter colocado uma blusa decente.

― Sabe, eu aprovo seu vestuário. ― Ele disse olhando para frente. ― Algumas roupas para dizer, e ainda acho, que você deveria patentear aquelas camisolas.

― Fica em silencio e dirige. ― Ela disse e olhou para paisagem.

― Garota, paro o carro agora, e não continuo enquanto não for tratado com o devido respeito. ― Ele disse com aquele ar de brincadeira.

― Não, você não faria isso. ― Ela o desafiou e escutou os pneus forçando o carro a frear.

Ele sorriu para ela, levou o carro lentamente para o acostamento, e parou ali, esperando a olhar para ele para um pedido de desculpas.

― Estou magoado, e no banco de trás tem muito espaço para nos dois podermos nos redimir.

― Me desculpe, Noah, mas não vou dar para você. ― Ela sorriu e ele voltou a movimentar o carro mas com uma cara de decepcionado.

― Não entendo porque fala dar, é tão … sei lá, horrivel. ― Ele riu das próprias palavras.

― Uma vez li um poema que se chamava dar é dar do Luiz Fernando Veríssimo, e ele dizia mais ou menos assim:

Fazer amor é lindo, é sublime, é encantador, é esplêndido.
Mas dar é bom pra cacete.
Dar é aquela coisa que alguém te puxa os cabelos da nuca...
Te chama de nomes que eu não escreveria...
Não te vira com delicadeza...
Não sente vergonha de ritmos animais. Dar é bom.
Melhor do que dar, só dar por dar.
Dar sem querer casar....
Sem querer apresentar pra mãe...
Sem querer dar o primeiro abraço no Ano Novo.
Dar porque o cara te esquenta a coluna vertebral...
Te amolece o gingado...
Te molha o instinto.
Dar porque a vida é estressante e dar relaxa.
Dar porque se você não der para ele hoje, vai dar amanhã, ou depois de amanhã.
Tem pessoas que você vai acabar dando, não tem jeito.
Dar sem esperar ouvir promessas, sem esperar ouvir carinhos, sem
esperar ouvir futuro.
Dar é bom, na hora.
Durante um mês.
Para os mais desavisados, talvez anos.

― E desde então quando alguém quer transar comigo, apenas por transar, eu falo dar, que é o jeito que realmente deve ser expresso.

― Decorou um poema desses ? ― Ele perguntou intacto.

― Mais ou menos, a outra parte eu não decorei. ― Ela disse e ficou em silencio total.

― Por que não? ― Ele perguntou sem olhar para ela.

― Porque não. ― Ela disse e ficou em silencio pelos outros quarenta quilômetros.

Os pensamentos dela dançavam em sua cabeça, e ela sentiu tudo girar. Como queria que tudo parasse de girar, que tudo fizesse sentido novamente, mas só se sentia perdida. Ela estava se tornando novamente aquele labirinto que tentava não demonstrar. Ser misteriosa causava muitas perguntas, e tudo que ela não precisava, era de muitas perguntas.

― Podemos parar para tomar café da manhã, o que acha?

― Pode ser, numa boa. ― Ela disse e sorriu tentando aliviar a tensão.

Se ele soubesse…

― Você está bem mesmo?

― É, só passo um pouco mal quando faço viagens assim. ― A mentira deslizou de seus lábios. Estava acostumada a omitir fatos.

Os dois entraram na pequena lanchonete, que tinha uma série de vitrines estampando salgados, com várias mesas personalizadas diversificadas espalhadas no salão e escolheram uma do canto. A lanchonete tinha uma decoração meio vintage com todos aquele vinis pendurados por fios coloridos, e com a jukebox no canto que Sally não tinha certeza se funcionava. O piso é preto com rajadas brancas, e as paredes meio amareladas com vários pôsteres.

Os dois pediram um salgado cada, mas só Noah pedira refrigerante, Sally preferiu um suco para aquela hora da manhã.

― Fresca. ― Ele dissera e se escondera por trás do guardanapo.

― Não é você que enche de estrias na bunda se ficar tomando isso..

― Realmente, não devemos estragar um corpo que está em processo de guarda para o Noah.

― Sonha. ― Ela disse e a moça voltou trazendo os pedidos.

Eles comeram brincando um com o outro, e logo Sally nem se lembrava mais do motivo de estar triste. Os dois terminaram, e voltaram para o carro rindo e brincando como sempre. Noah estava mais atirado do que de costume. Tinha criado o habito de pôr a mão na coxa de Sally, que o barrava toda vez que o fazia, ou então passar os braços por seu ombro.

Depois de quase estarem perto, os dois começaram um jogo de escolhas.

― Transar no banheiro ou no elevador? ― Noah perguntou.

Ela ficou encarando ele perplexa de como todas as perguntas dele envolviam sexo.

― Sabe, Noah, ― Ela soltou um suspiro. ― Você é um garoto estranho..

Ele soltou uma risada muito linda, e o vento ainda batia nos cabelos ruivos.

― Sabe, tipo, me pergunta sei lá, música clássica ou funk, ou meninos altos ou baixos, esquece o sexo. ― Ela disse séria.

― Tudo bem, você gosta de Ferreiro Gullar ou Olavo Bilac? ― Ele perguntou e ela sentiu uma parede de muros começando a se despencar.

― O que?

― Gosto de poesia, por que acha que eu ia naquele café? ― Ele disse meio envergonhado.

― Fernando Gullar, por causa do poema sujo, é o mais óbvio de se escolher dele, mas você não gosta de poema.

― Claro que eu gosto.

― Não, não gosta, você não faz o tipo que pega um tempo para ler poema.

Ela sorriu e ele maneirou o carro, e olhou para ela:

“Não me basta saber que sou amado,
Nem só desejo o teu amor: desejo
Ter nos braços teu corpo delicado,
Ter na boca a doçura de teu beijo.”

― Olavo Bilac, Ao coração que sofre.

Ela sentiu seu rosto corar, e só o que fez foi esperar ele virar o rosto para que ele não a visse tremendo. Ela abriu um sorriso calmo, e olhou para a paisagem da janela, para tentar conter a intonação e o olhar, os olhas profundo nos seus.
― Noah, ― ela fez um som com a garganta mudando de assunto, ― se pudesse escolher entre a Megan Fox, e a mim quem você escolheria? Sem mentiras. ― Ela perguntou e ficou o olhando enquanto ele dirigia.

― Até a Megan Fox seria mais fácil de levar para cama do que você, então..

― Sim, sou difícil mesmo.

― Nada que duas semanas comigo numa casa não te faça mudar. ― Ele disse de um jeito calmo e lento, meio que mordendo o lábios.

― Está querendo me provocar?

― Está querendo ser provocada? ― Ele tirou os olhos da pista por alguns segundos e a olhou.

― Está mesmo me desafiando? ― Ela ergueu as sobrancelhas.

― Talvez eu esteja. ― Ele também ergueu as sobrancelhas, e virou em uma pista desconhecida.

― Para onde está nos levando? ― Ela perguntou olhando ao redor.

― Para a casa dos meus pais. ― Ele disse sutilmente tentando não a assustanr. Aquele detalhe não tinha sido mencionado antes.

Ela já tinha dito sobre seus pais antes, como o controlavam e tentavam fazer de tudo para sua vida ser perfeita, e agora o sangue do corpo todo dela tinha gelado de saber que conheceria pessoas como aquela.

― Vamos para a casa dos seus pais? ― Ela disse em voz baixa.

― Sim, é em um campo, é lindo, tem os cavalos, o rio, a mata, uma piscina, meus pais, a Carla, a família dela, todo mundo, vai ser uma alegria total. ― Ele disse nada convincente. ― Estou tão feliz por estar comigo.

― Sério? ― Ela olhou estranho para ele.

― Não, eles vão me infernizar tanto, e pelo menos eu vou ter você lá.. ― Ele virou em uma outra estrada de terra onde envolta haviam árvores bem altas.

― Boa sorte para nós dois então. ― Ela sorriu de lado, quando conseguiu ver o começo de uma casa alaranjada gigante, com uma piscina super azul, com várias crianças brincando.

― Vamos nos sair bem. ― Ele disse.

― Você sabe melhor que eu que isso não é verdade. ― Ela disse e os dois trocaram um olhar.

Eles olharam para a casa e tentaram visualizar os seus dias ali. O futuro dos dois. Cada simples escolha que fora feita, aconteceu por causa daquela casa, e das pessoas que começariam a atormentar a vida de ambos.


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