Colorful escrita por Isabelle


Capítulo 29
Capitulo 28 - Sally


Notas iniciais do capítulo

Não volte pra casa, meu amor, que aqui é triste
Não volte pro mundo onde você não existe
Não volte mais
Não olhe pra trás..
— A banda mais Bonita da Cidade.



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O som o relógio tocava em uma frequência ensurdecedora, daquelas que quando se repete muitas vezes e te impede de pensar, ou conseguir se focar em outra coisa a não ser no barulho que não se cessa. No barulho que repete a todo instante. No barulho incessante.

Ele estava caído no chão. A poça de sangue cobria todo seu corpo. E ela escutava o toque do relógio que não a deixava pensar. Seus olhos azuis pulsantes, estavam perdendo a coloração. Suas bochechas rosadas se transformavam numa cor pálida. Os seus lábios balbuciavam palavras, mas ela não escutava, o barulho do relógio não a deixava pensar, ela só conseguia escutar o barulho que não parava. Mas de repente ele parou. O relógio parou subitamente, junto com uma mudança de cenário.

Ela estava aos pés da escada, Noah estava em seu colo, e o barulho incessante recomeçou. Ela tentou gritar, mas nada adiantava. Noah estava com o sangue se esparramando por toda a sua roupa, e ela não conseguia se focar em ajudá-lo. Ela não conseguia. Afastou seu corpo de si, e foi atrás do barulho do relógio, se conseguisse pará-lo, conseguiria ajudar Noah. Conseguiria seguir em frente. Consegueria esquecer tudo aquilo.

Escutou o barulho se ampliando, revelando que ela estava chegando mais perto. O barulho ficava mais alto, cada vez mais alto, a cada passo que ela dava o barulho se aproximava mais, a levando para um closet que ela não queria abrir. Suas mãos agiam sem ela querer. Ela deslizou lentamente até a maçaneta, e a girou lentamente e precisamente, e se amaldiçoou por tê-lo feito.

O corpo de Nate estava empilhando junto com o corpo de sua família, estavam pigando sangue, milhares de gotas de sangue escorrendo por aqueles corpos todos juntos, e o corpo de Elliot estava bem no topo, segurando um relógio. Um relógio que não podia ser parado. Sally sentiu as lágrimas queimando seu rosto, mas não conseguia chorar, algo bloqueava aquela parte dela. Ela não conseguia chorar, nem falar, nem gritar. A única coisa que ecoava na sua mente, era nos corpos empilhados um em cima do outro.

Ela se virou para correr, e Noah estava parado a sua frente. A ferida na sua barriga escorria as gotas de sangue, semelhantes às das pessoas naquele armário. Ele a olhava com pena nos olhos. Os lindos olhos cinzas estavam escorrendo sangue, junto com o nariz, e os outros órgãos.

Ela não conseguia mais aguentar aquilo, sentia seu corpo de esvaindo, toda aquela dor brotando, e bem assim, como sempre, ela soltou um grito, e acordou com seu corpo suando no sofá do apartamento de Nate.

Ela olhou para os lados, e se sentiu extremamente desconfortável. Não deveria estar no apartamento de Nate, ele estava morto, morto há muito tempo. Escutou o som do chuveiro vindo, e se levantou caminhando por aquele lugar que há anos fora seu lugar favorito. O cheiro de café estava tomando todo o ar, a janela que estava aberta deixava um cheiro de pão de queijo invadir o apartamento, fazendo o estômago roncar fortemente.

― Nate? ― Ela disse. Não esperava uma resposta, claro.

― No banheiro, dorminhoca. ― Ele gritou de volta, e ela estranhou.

Abriu a porta do banheiro lentamente, tinham intimidade para isso, e encontrou-o saindo do chuveiro, com uma toalha enrolada na cintura. Os cabelos dourados estavam todos molhados e lambidos para trás; o par de olhos azuis como o céu, a encaravam tentando compreender o que era aquele olhar conturbado em sua face.

― Você está bem? ― Ele disse, parecia tão real.

― Nate? ― Ela enrolou os braços envolta dele, e deixou que o corpo molhado, molhasse o seu.

― É assim? ― Ela escutou a voz de Noah. ― Se ele estivesse vivo, você iria embora pra Londres?

Ela olhou para trás encontrando Noah também somente com uma toalha enrolada na cintura. Sentiu todo seu corpo contrair e se afastou um pouco de Nate para entender a situação.

― É claro que ficaria, ela não teria motivos para recomeçar, além de que eu sou o primeiro amor da vida dela, acha mesmo que ela escolheria você?

― Eu sou o motivo dela ter superado vocês, você está morto. ― Ele disse, frio e calculista. Aquele não era Noah, aquele era seu subconsciente.

― E ela está indo para Londres, então acho que nenhum de nós poderá ficar com ela. ― Nate soltou uma risada de escarnio, e a trouxe para perto dele. Sua pele arrepiou, era tão estranho como ele tinha exatamente o mesmo cheiro. O mesmo cheiro que sempre teve. Tão familiar.

― Sally? ― Ambos disseram, e nesse momento ela não soube diferenciar os dois. Eram tão parecidos. Era isso que ela via, desde que ele tinha sido baleado, ela nunca conseguira entender, mas via um pedaço de Nate em Noah, e de Noah em Nate. Ambos eram tudo para ela. Ambos significavam muito para ela. Ambos se pareciam tanto.

― Sarah? ― A voz de sua mãe gritou, fazendo com que ela acordasse de seu segundo sono. ― Vai perder o horário da escola.

― Eu não estou mais na escola. ― Ela disse sonolenta.

― Não significa que só porque você passou naquela escola de design que você não tem que ir mais pra escola.

― Eu não quero ir, tenho o negocio com o Nate hoje, lembra, a caminhada? ― Ela disse, e deu um pulo se lembrando de que dia era aquele. ― Mas, vamos sair todos de casa hoje, todos nós...

― Sarah, temos que cuidar da Ellen hoje, não podemos sair.

― Ellen pode ir para outra casa, por favor, mamãe, por favor, vamos todos fazer uma viagem, ir pra bem longe, quem sabe nos mudar?

― O que você tem, garota? ― Sua mãe disse estranhando.

― Vou ligar para Noah vir nos buscar. ― Ela disse, pulando da cama e alcançando seu celular.

― Quem é Noah? ― A mãe perguntou, e o choque de realidade caiu em cima dela.

Ela estava sonhando de novo. Não poderia reverter aquele dia. Não tinha como. Toda sua família estava morta e teria que lidar com aquilo de qualquer forma. Ela também tinha matado um cara, aquilo era um peso que a seguiria para sempre.

― Sally? Sally? ― A voz era familiar, mas ela não conseguia distinguir de quem. ― Sally?

Ela abriu os olhos, e viu Will a sacudindo várias vezes. Ela traçou os braços envolta dele, e deixou que ele a abraçasse. Estava chorando. Lagrimas pesadas escorriam de seu rosto. Will continuou abraçado com ela o tempo que fosse necessário. Ele não tinha nem ideia de que ela iria embora, não tinha contado para Cely e Will ainda, tinha preferido conversar primeiramente com Noah, e assim que o fez, ele desapareça. Ela voltou para casa na esperança de o encontrar ali, mas ele não estava, e nem tinha voltado, algo que a fazia presumir coisas.

― Você estava gritando. ― Celly disse quando ela se soltou de Will.

Ela se sentou no sofá e enrolou a coberta em si. Queria ficar ali, como uma lagartixa no casulo a espera de virar uma borboleta e poder voar. Mas a vida não é assim. Ela teria que lidar com os problemas, antes de fugir de todos eles.

― Eu vou embora na segunda. ― Ela disse, preferindo lidar com os fatos. ― Para Londres.

― Noah sabe disso? ― Will perguntou.

― Contei ontem a noite. ― Ela estava olhando para baixo, não queria ver o olhar no rosto deles.

― É por isso que ele não passou a noite aqui? ― Cely perguntou desta vez.

Ela afirmou com a cabeça, ainda não olhando para eles.

― Por que vai fazer isso com ele, Sally? ― Will começou as broncas. ― Você sabe o quanto ele gosta de você, e agora vai embora? Você é a primeira menina dentre muitas que fizeram ele mudar, não faça como essa aqui e desapareça, fique e lute.

― William! ― Celeste gritou para ele. ― Você sabe que eu precisava daquilo, precisei daquela viagem para perceber o quanto precisava de você. E Sally, não desconsideremos uma parte do que Will disse, Noah realmente gosta muito de você, tenho certeza que vocês saberão como lidar com isso, não precisa ir embora...

― Consegui um emprego, e vou ganhar bônus, além de poder ver novos ares.. ― Ela sussurrou, quase chorando.

― Mas o Noah, o que vai fazer com Noah? Eu sei que você gosta muito dele. Muito mesmo. Não pode desistir dele assim, Sally, precisam conversar, sim, eu sei que não pode desistir de um emprego maravilhoso, mas tenho certeza que se conversar com sua professora conseguira outra coisa…

― Não posso ficar aqui, eu só, não posso ficar aqui, preciso de um recomeço.

― Esse recomeço pode ser de sei lá, uns cem quilômetros? ― Will tentou fazer uma piada, mas ela não estava no clima para piadas.

― Sally... ― Cely disse, e tudo dentro de Sally estourou. Tudo de uma vez.

― Eu não posso, entendeu? ― Ela gritou. ― Eles me lembrar demais um ao outro, não posso ficar aqui com ele mais, não posso mais ficar nessa cidade, nem nesse país. Eu roubei a vida dele. Eu não consigo recomeçar tendo que olhar todos os dias para o Noah e vendo o Nate, sabendo que eu roubei a vida do Nate. Ver o Noah é demais para o meu psicológico. Ele não tinha nada a ver com essa bagunça, eu não sabia disso, mas Elliot confirmou. Ele só estava no lugar errado na hora errada, e eu o arrastei pra lá. A gente ia passar a noite na cabana, e eu, por um draminha idiota, o levei para a morte. Ele morreu por minha culpa, junto com Ellen, eu matei os dois. Se tivesse cancelado aquela corrida, Nate teria ficado em casa com raiva de mim e eu iria para casa de Ellen. Os dois seriam poupados, eu não teria matado eles, e eu não consigo. Não consigo. ― Ela estava chorando. ― Amo o Noah demais, mais do que posso aguentar, preciso ficar um tempo longe para entender. Para entender que vou ver o Noah, e não Noah e Nate.

Cely olhou para ela com pena, e a envolveu em um abraço. Ela conseguia compreender a dor da garota, mas não como Sally se sentia, mas já tinha passado por uma situação dificil, e também precisou de um tempo para entender o que estava acontecendo, então acreditava que talvez eles devessem dar esse espaço para Sally. Ela o merecia. Will olhou para as duas, e entrou no abraço. Ele e sua mulher trocaram um olhar de entendimento.

― Bem, acredito que você quer conversar com Noah, direito, sem que ele fuja. ― Cely disse, e Sally afirmou.

― Podemos tentar arrastar ele pra aquela cafeteria que ele gosta, o que você acha? ― Ela disse, se relembrando de quando ele a fizera recitar um poema lá.

― Pode ser. ― Ela disse e sorriu de lado. Não conseguia entender o quanto estava nervosa por falar com ele, mas precisaria juntar todas as suas forças.



✿ ✿ ✿

Ela se sentia uma estúpida por ter escrito um texto gigante como aquele para falar para Noah naquele palco. Ela se lembrava de ter vindo ali com ele como se fosse ontem, e de ouvir sua voz em seu ouvido dizendo que as pessoas subiam ali para dizer como se sentiam, e era isso que ela faria. O poema que tinha recitado ali era um sobre como sua mãe a dizia para limpar a bagunça que ela fizera, e era isso que ela faria aquele dia. Honraria sua mãe, tentando limpar a bagunça que fizera na vida de Noah. Tentaria deixar o mais limpo possível, para ir embora com a consciência limpa.

Estava sentada algumas mesas afastadas, esperando o homem chamar seu nome. Observava Will, Cely, e Noah conversando. Noah não parecia tão abalado, ele estava normal, pelo menos estava assim por fora. Eles conversavam na mesa e riam, enquanto Noah observava as mulheres a sua volta como ele costumava fazer antes de toda aquela bagunça. Ela tinha certeza que ele tinha ficado com uma mulher na noite passada, e mesmo que aquilo a matasse por dentro, ela sabia que ele faria aquilo. Já tinha se preparado para aquela possibilidade quando resolvera contar para ele.

― Quero chamar a senhorita Sally Bardini para o palco, por favor. ― A voz do cara disse, e o olhar de Noah mudou rapidamente de uma loira na mesa ao seu lado, para ela.

Sally se levantou lentamente, e caminhou até a cadeira atrás do microfone. Sentiu suas pernas bambearem, mais respirou fundo, para poder despejar tudo que estava sentindo. Sentou-se lentamente, e soltou uma respiração. Pegou a folha de papel amassada em seu bolso, e a desdobrou, e tentou ficar encarando o chão enquanto lia.

― Eu não sei ao certo como começar isso aqui. Acredito que deveria te dar muito mais do que estas palavras Noah, mas por enquanto, isso é tudo que posso te dar e... ― Ela encarou todas aquelas pessoas, e amassou o papel, o arremessando para perto do lixo. Passou mão pelo cabelo e soltou um sorriso, vendo o quão estúpida estava sendo. ― Olá, para todos, eu sou Sarah Bardini, vocês já devem ter me visto nos noticiários, percebi que estou saindo neles bastante. Sim, a minha família morreu, e eu estou aqui para homenagear cada um deles. Eu tinha escrito uma baboseira em um papel, mas eu percebi que não preciso de um papel, eu só preciso deixar as palavras fluírem da minha boca e não as barrar. ― Eu olhei para o teto, tentando estabelecer uma ligação com a minha família.

Minha mãe gostava de chá de camomila recém-feito

Aquele que espalha seu cheiro por toda a casa

E vai tomando conta

Aquele que quando você percebe já não sai mais da sua roupa

Nem de nada

Ela era sim, gostava de fragrâncias fortes

Ela fazia os melhores bolos, com as melhores caldas

Os cabelos dela eram tão escuros quanto os meus

E seu coração batia tão fortemente

Que o amor dela

Transbordava até a gente.

Eu nunca vou esquecer das mãos dela

Tocando o meu rosto

Quando eu me sentia quebrada.

E nem sei como agradecer por ela ser a pessoa maravilhosa que ela foi.


Continuou olhando para o teto, mas desta vez para não chorar, para conseguir guardar aqueles sentimentos que queriam tanto deslizar pelo seu rosto.

Meu pai era um homem firme,

Ele tinha as mãos de aço

Os olhos menos verde que os meus

E uma risada tão forte que ecoava por todo o vácuo

Seus olhos vibravam pela sua família

E ele nos amava demais

Mesmo com todas as brigas, desentendimentos.

Ele brincava de bola comigo no parque,

nos dois passávamos a tarde toda jogando,

e uma tarde, sem querer

Ele não me chamou de Sarah, ele me chamou de Sally

E foi assim, que o apelido pegou.

Ele nos colocou em perigo

Fez algumas coisas das quais que tenho certezas

Que ele não se orgulha

Mas eu o perdoo

E assim eu me perdoo

Por pensar que matei duas das pessoas que eu mais amei.


Deu uma risada ao pensar em Ellen. Ela era uma menina tão alegre, que saber que ela morreu aquele dia queimava um pedaço de sua alma. Sentia as lágrimas queimando na garganta, e sabia que não demorariam para escorrer.

Ellen era uma garotinha

Com cabelos trançados

Seus olhos eram claros como a água límpida do mar

Ela tinha bochechas rosadinhas

E muito medo também

Não consigo entender

Como uma pessoa

Pode ser tão coração

A ponto de conseguir tirar a vida de uma menina

tão jovem

Com tanta vida pela frente.

Ela nunca pode se apaixonar, nunca pode beijar pela primeira vez,

Não teria as mãos seguradas e sentiria as borboletas no estômago,

Ela não entraria numa faculdade,

Nem teria uma família,

Mas eu espero que não importe onde ela esteja

Ela saiba que eu sinto muito por ela,

E que ela possa me perdoar por tudo isso.



As lágrimas começaram a vir, cada vez mais, quando ela pensou em Nate. O quanto ela o amava. O quanto sentia por tê-lo perdido aquele dia. Tudo dentro dela a fazia sentir falta dele. Cada simples coisa.

Nate,

meu doce Nate,

meu primeiro amor,

meu verdadeiro amor.

Eu peço desculpas,

Primeiramente, por não conseguir ser longa nessa sua estrofe

Não consigo lutar contra as lágrimas,

Segundamente,

Por ter te trazido por toda essa bagunça

Por ter feito você voltar para minha casa aquela tarde

Por ter deixado você morrer nos meus braços

Por não te explicar o quanto eu te amo

Por ter ficado sem palavras

Por amar outra pessoa, da mesma forma que eu amo você

Eu sinto muito

E espero que você saiba

Que você sempre vai viver em minhas memórias

Por mais que eu tente te apagar.

Soltei um sorriso mesmo chorando, e mudei meu olhar. Desta vez olhei para Celeste, soltei um sorriso ao olhar para ela. Ela estava chorando. Queria sair dali, e ir abraçá-la, mas não podia. Eu tinha que terminar o que tinha começado. Tinha que dizer tudo o que estava sentindo.



Celeste, tem essa garra de sempre

Essa sempre lutou

Sempre tentou se manter em pé

Mesmo que

Algo dentro dela já havia sido quebrado

Mesmo assim

Ela nunca deixou de ser essa mulher maravilhosa que ela é

Ela nunca deixou de apoiar seus amigos

E família

E simplesmente por isso

Ela se tornou parte da minha pequena família.

Minha família que por mais pequena que seja

Eu tenho muito amor



Will , e seus olhos prestigiados

Nunca lhe faltou bom humor nos lábios

Por mais difícil que tenha sido esse caminho

Ele sempre soube ensinar seus amigos

Ele nunca desistiu de nenhum deles

Ele sempre estava ali

E eu sou muito grata

Por ter tido seus braços de apoio

Por ter tido você para tentar me fazer sorriram

Mesmo que você tenha me dado uma bronca gigante antes.

Ambos riram na última parte, e Sally sorriu também, fazendo com que ela tivesse que suspirar muito forte antes de começar uma das últimas estrofes.

Noah…

Ela olhou para ele, e ele estava chorando, fazendo com que ela recomeçasse a chorar. Os olhos de ambos ficaram focados, e Sally estava chorando muito. Estava muito difícil falar. Ela devia a vida aquele menino. Devia tudo aquele menino. E sentia seu coração quebrar ao pensar em deixa-lo, mas sabia que era o certo. Que era o que tinha que fazer.

Meu amor,

meu porto seguro

meu herói.

Eu nem sei nem como começar a te agradecer.

Agradecer por me puxar daquela beirada de prédio

Aquela noite

A noite em que você me deu uma carona,

A noite que eu temia

A noite que eu pensei em matar

A noite que você me pela primeira vez salvou.

A minha vida antes de você tinha se tornado um poço escuro

Eu não sabia como seguir em frente

Eu não sabia que eu poderia amar novamente

Mas você me provou que sim

E eu nunca senti tanto medo na minha vida

Quando eu estava com você

Eu me sentia caindo num abismo

Sem saber o que me esperava no fundo

Eu me apaixonei por você.

Eu cai lentamente por você.

E se você contasse até um milhão

E depois multiplicasse esse número

Cem vezes

Mesmo assim, você não chegaria

Ao tamanho

Do meu amor por você.

Não pense nunca

Que eu estou fazendo isso

Porque eu não te amo.

Porque eu amo.

Amo demais.

Amo demais demais.

Eu preciso disso.

Preciso desse recomeço.

E eu espero que você entenda,

E me apoie.

Ele chorou, junto com ela. Deixou as lágrimas queimarem seu rosto, como ela estava deixando. E se levantou. Foi até ela, e a beijou. Não como as outras vezes. Agora tudo estava diferente. Ela estava indo embora, e tinha acabado de dizer que o amava. Ela sabia que ambos agora estavam interligando-os para sempre, não importando onde ela estivesse.

― Eu também de amo. Muito. Demais e demais. ― Ele a abraçou, e ela sentiu em todo o seu corpo aquele amor. Passou os braços envolta dele, e ficaram assim. Abraçados, interligados, amados. Ela não tinha ideia de como ele faria falta na sua vida, e ele não tinha ideia de como sentiria falta dele. Mas naquele momento, eles não queriam saber de nada. Eles só queriam se amar, enquanto ainda podiam.


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Notas finais do capítulo

awn



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