De manhã, Caspian foi treinar esgrima com Drinian, reclamava que estava muito parado e que precisava reaver a forma. Como se precisasse.

Para o meu alívio, Rosagunde não apareceu esta amanhã para nossas aulas diárias. Então pude pegar um bom livro e observar, a alguns metros, o duelo de Caspian sentada em um dos bancos de pedra minuciosamente trabalhados. Somente quando ouvia um golpe de espada mais violento que desviava minha atenção do livro. Que contava uma história dos tempo da Era de Ouro de um nobre rapaz chamado Shasta, que por toda sua vida fora criado na Calormânia, mas ao perceber que sua decendência não era sulista, se uniu a Bri, um cavalo falante de Nárnia, e fugiram para o norte.

Nas poucas páginas que li, vi o quanto este livro era rico em valores, que deveriam ser compartilhados.

Em uma das vezes que voltei minha atenção para Caspian, já que ouvi um tilintar alto das espadas e um leve gemido, percebi que alguns criados colhiam maçãs do pomar que havia no jardim principal, que era o que estávamos. Juntos aos homens e mulheres que trabalhavam, estavam algumas crianças que acompanhavam os pais, a maioria com no máximo 5 anos. Algumas carregavam cestas e outras colhiam as maçãs que caíam no chão.

Fechei o livro e fui em direção ao pomar. Passei por Caspian e Drinian, mas estavam tão concentrados que não perceberam minha presença. Em uma das macieiras estava sentada uma menininha de cabelos dourados, presos por um lenço, e buchechas rosadas. Ela estava conscêntrada em retirar os cabos das frutas, tanto que nem percebeu quando sentei ao seu lado.

- Olá querida. - disse à ela.

- Olá... majestade. - disse ela tímida.

- O que faz aqui?- perguntei com ternura.

- Minha mãe não queria deixar a mim e meus irmãos sozinhos em casa.

- Mas o que ouve com a escola?

- Nós fomos para lá mais cedo, mas a professora não estava lá.

- Não estava?

- Co... com licença, Majestade. Posso explicar o que aconteceu.

- Então diga querida.

- A professora e o marido foram embora da vila esta manhã.

- M...mas por quê?

- A aproximação das vilas narnianas. - disse Caspian de surpresa.

- Majestade!

A mulher e a filha fizeram uma reverência desajeitada.

- Muitos estão fazendo isso, meu rei. Estão deixando a vila de Cair Paravel e indo para o interior.

- Agora estamos sem escola senhor. - disse a menininha com os olhos baixos.

- Darei um jeito. Nenhuma criança telmarina ou narniana ficará sem estudo.

- Eu posso ajudar, Caspian! - disse me levantando e encarando-o.

- Estela...

- Cornelius tem uma imensa coleção de livros educativos e eu posso ensinar a essas crianças o mesmo que aprenderiam na escola. Deixe-me ajuda-los.

- Consegues, meu amor?

- Uma rainha tem como responsabilidade o seu povo. Não vou decepciona-lo.