Através da tempestade e das nuvens

Buracos na estrada e tudo de cabeça pra baixo agora

Eu sei que é difícil querida, dormir a noite

Não se preocupe, porque tudo vai ficar bem

Vai ficar bem

Apesar das suas mágoas e das lutas

Não se preocupe porque tudo vai ficar bem

~Pov Meg

Eu estava sentada em minha cama lendo um livro quando ouço uma batida na porta. De início ignorei achando que fosse Greg, mas estava insistindo demais, ele não era assim. Então me levantei e fui até a porta abrindo-a e me surpreendendo com quem encontrei.

–Clarisse?

–Oi Meg. Será que podemos conversar? –Eu assenti deixando-a entrar, fechando a porta logo depois.

–Está tudo bem?

–Está. Está sim. É que... Eu vi o que fez hoje e achei muito corajoso de sua parte... Quero dizer, você não está mais se escondendo, e isso é tão...

–Obrigada. –Falei sorrindo e me sentando em minha cama, fazendo um sinal para que ela se sentasse também, coisa que ela não recusou.

–Eu sei que nós nem nos falamos muito, mas... Eu precisava conversar com alguém e eu sei que você é a pessoa perfeita pra isso.

–Pode falar, estou aqui. –Eu sorri olhando nos olhos dela.

–Como faço pra ser como você?

–O-oi? –Perguntei sorrindo sem graça.

–Meg quando você chegou você estava tão triste, e mal e hoje eu vejo que está tão feliz! Eu não sei o motivo para todos esses cortes e sei que vai ter que ficar aqui no Natal, mas mesmo assim, quando entrou naquele refeitório você estava tão confiante e radiante!

–É que mesmo aqui eu aprendi uma coisa. –Ela me olhou interessada. –Tenho que confiar em mim mesma, ignorar todos os julgamentos, ser a primeira a me aceitar, se eu não o fizer quem fará?

–Eu não sei se consigo. –Ela abaixou a cabeça.

–Por que toda essa mudança? –Perguntei levantando seu rosto fazendo-a olhar atenta pra mim. –Quando entrei aqui você me disse que tinha desistido.

–E eu tinha, mas, eu não sei, alguma coisa em você me fez ver que eu consigo superar tudo sabe?

–E você está certa, você consegue, eu sei que sim! Você quer mesmo superar isso? –Ela assentiu me olhando. –Então você vai conseguir, e eu vou te ajudar nisso.

–Sério? –Ela disse sorrindo, os olhos brilhando e eu assenti. –Obrigada, muito mesmo. –A garota me abraçou apertado e eu retribuí.

–Não precisa me agradecer. Mas você sabe o que vai ter que fazer para eu conseguir te ajudar não é?

–Comer. –Ela murmurou e em seus olhos eu vi uma sombra de medo.

–Comer e não vomitar. –Completei.

–E se eu não conseguir? Há anos eu sou assim, vai ser difícil não pensar em...

–Eu sei, mas eu acredito em você, sei que consegue. E se não conseguir você promete pelo menos tentar de novo?

–Prometo. –Ela disse sorrindo confiante.

–Quero que se olhe no espelho. –Pedi e Clarisse arregalou os olhos.

–Mas Meg, há anos eu evito fazer isso com medo do que vou ver.

–Está na hora de enfrentar os seus medos. –Eu estendi minha mão e meio relutante ela pegou, percebi que a sua estava tremula. –Você é linda Clarisse, não precisa ter medo do que vai ver.

–E se eu estiver gorda e...

–Você não está, vem comigo. Vamos juntas está bem? –Ela assentiu com lágrimas nos olhos e juntas lentamente caminhamos até o espelho.

Quando ela viu mais lágrimas foram caindo e ela apertou minha mão com força, o que me fez gemer de dor, mas eu não disse nada. Ela olhava atentamente para si parecendo não acreditar no que via, parecendo surpresa.

–O que vê?

–Oh meu Merlin e-eu fui tão longe assim? Eu não queria isso! –Eu a abracei apertando-a em meus braços e a tirei da frente do espelho, eu não queria que ela chorasse mais.

–Sem lágrimas okay? Você é linda demais, precisa sorrir.

–Me ajuda Meg, por favor!

–Eu estou aqui, e assim como eu um dia vou, você também vai sair por aquela porta como a garota linda e maravilhosa que é. Só repita consigo mesma “Eu sou perfeita do meu jeito”.

–Eu não consigo.

–Eu vou falando com você, que tal assim?

–Tá bem.

–E-eu sou perfeita do meu jeito. –Ela disse fechando os olhos assim como eu fiz, e após dizer isso meus olhos se encheram de lágrimas. Eu estava começando a acreditar nisso também, assim como eu via Clarisse fazer.

Depois de repetir algumas vezes nós conversamos e ela disse que passaria no meu quarto amanhã antes do café da manhã. Ela tentaria comer e nós iríamos entrar lá juntas. Eu sem me importar com as cicatrizes e ela sem se importar com o que as pessoas pensariam.

Quando ela saiu eu me deitei, mas um barulho na janela me fez levantar de novo. Seria alguma carta de Liam? Eu fui até a janela me surpreendendo ao encontrar a coruja de Draco ali. Eu sorri e abri a janela, deixando-a entrar e pegando a carta. Eu estava com tantas saudades!

“Prima linda do meu coração,

ME DESCULPA, ME DESCULPA, ME DESCULPA, ME DESCULPAAAAAA!

Sei que prometi que escreveria sempre, mas estão acontecendo algumas coisas com o meu pai aqui em casa e na escola tem a Ubridge, então...

Sua mãe me disse que não vai poder ir pra casa no Natal porque você está se machucando de novo... Por Merlin Meg, não me diga que desistiu, eu sei que se continuar tentando você consegue superar isso! Você é uma guerreira! Uma LINDA guerreira!

Eu e minha mãe ainda estamos falando com sua mãe sobre tirá-la daí e nós não vamos desistir está bem? Só aguente firme minha linda.

Nós te amamos muito

Beijoooos

D.M”

Rapidamente comecei a escrever para ele dizendo que não desisti e que os amo também e depois disso fui dormir. Amanhã Clarisse teria um grande dia, e eu tinha que estar bem e completamente descansada para que lhe apoiar.

De manhã peguei meu moletom de Unicórnio, uma roupa bem quente já que a neve estava chegando, uma touca e antes de sair peguei o livro aonde se encontrava minha lâmina para guardá-lo no fundo do guarda-roupa, eu não iria precisar mais, pelo menos esperava que não. Mas ao segurá-lo um pequeno papel caiu, e eu o peguei curiosa.

“Rainbow,

É, eu achei sua lâmina, mas não a tirei daqui. Você não precisa disso minha linda, aguente firme, eu estou pensando em você.

Tudo vai ficar bem meu anjo, eu estou aqui sempre okay?

Beijooos do seu Liam”

Ele deve ter escrito enquanto eu estava dormindo aquele dia. Mesmo eu não pegando o livro para usar a lâmina aquilo me emocionou e me fez sorrir. Por que ele tinha que ser tão perfeito?

Uma batida na porta e eu guardei o livro, encontrando Clarisse no corredor. Ela estava sorrindo, parecia feliz e ansiosa.

Entramos juntas no refeitório, e nos aproximamos para pegar nosso café da manhã, o que trouxe toda a atenção para nós. Clarisse nunca tomava o café da manhã, pelo menos não sem antes Elisa lhe dizer para fazer isso, era a primeira vez que eu a via fazendo-o.

Seguimos para a mesa em que eu costumava sentar sozinha e ali ela me olhou como se buscando um incentivo. Eu sorri e balancei a cabeça e meio relutante ela começou a comer, fazendo todos arregalarem os olhos.

–Tudo vai ficar bem minha linda.

Eu sussurrei e ela sorriu agradecida. Eu acreditava nela, sabia que era forte e que superaria tudo aquilo, ela só precisava que alguém estivesse ao seu lado, e eu estava.

Você sabe que eu me preocupo com você

Eu sempre estarei lá por você

Eu prometo, eu sempre vou estar aqui

Eu sei que você me quer também

Querida nós podemos passar por qualquer coisa

Porque tudo vai ficar bem