Eu posso ser tão negativa às vezes

Meu pior inimigo às vezes

Mesmo quando eu estava na pior

Você ainda tinha esperanças

~Pov Meg

Acordei com a luz do sol me cegando. Passei as mãos pela cama, mas não senti Liam lá, então ainda sonolenta eu me levantei. Será que ele havia ido embora sem se despedir? Minha pergunta fora respondida quando a porta do banheiro se abriu revelando Liam sorrindo.

–Já vai? –Perguntei.

–Entrei aqui com a desculpa de que sou seu primo que viria mais tarde te visitar, se descobrirem que eu passei a noite eu nem quero ver o que sua mãe fará comigo. –Ele disse rindo.

–Como sabe dessa história?

–Narcisa Malfoy me trouxe aqui e me disse para dizer isso, assim eles me deixariam entrar. Ela me deu até passagens para voltar hoje de avião.

Eu sorri agradecendo mentalmente à tia Cissa por tudo o que havia feito. Mais tarde eu escreveria a ela uma carta agradecendo.

–Como se sente Rainbow? –Ele acariciou meu rosto, fazendo-me corar.

–Eu estou bem, obrigada por tudo que fez ontem. Embora eu ainda esteja com vergonha por você ter tirado minha roupa. –Foi a vez dele de corar.

–E-eu... M-me desculpe p-por isso... Era o único jeito e eu... E você... –Ele começou a falar tudo rápido. –Eu não queria ver você daquele jeito... Quero dizer, não assim... Não naquele...

Eu comecei a gargalhar e ele parou de falar, desviando o olhar pra qualquer ponto do quarto que não fosse pra mim. Ele ainda estava vermelho de vergonha.

–Tudo bem Liam. –Ele me olhou confuso, mas ainda sim um pouco vermelho. –Sei que fez pra me ajudar. -Ele balançou a cabeça e riu junto comigo.

–Mesmo assim, me desculpe por tirar sua roupa daquele jeito. –Eu revirei os olhos. –Ei, colar legal. –Ele disse pegando o colar que Greg havia me dado, com todos aqueles acontecimentos eu nem me lembrei de tirá-lo.

–Obrigada, f-foi o Greg que me deu.

–Hum. –Ele disse sério e cruzando os braços.

–Você tem mesmo que ir? –Perguntei mudando de assunto.

–Sinto muito, mas eu tenho. –Eu balancei minha cabeça e o abracei apertado. –Não se preocupe, eu volto antes que você imaginar.

–Quero que me prometa duas coisas. –Ele fez um sinal pra que eu continue. –Não importa o quão irritado esteja, por favor, escreva pra mim.

–Eu escreverei. –Ele sorriu.

–E me promete que dará um passo de cada vez, que tentará o máximo que puder para aguentar firme e não precisar mais se machucar?

–Não se preocupe. Tudo vai ficar bem Rainbow.

–Liam, sobre o beijo...

–Tudo bem. –Ele disse sorrindo e me dando um beijo na bochecha. –Tenho que ir Rainbow. Prometo que volto logo.

–Vou sentir saudades. –Falei querendo segurá-lo ali para que ele continuasse comigo me protegendo de tudo de ruim que acontecer, ou apenas para que ele ficasse ao meu lado, cuidando de mim.

–Aah, quase me esqueci! –Ele pegou seu casaco e de lá tirou uma varinha, me entregando. –Peguei pra você.

–Liam isso é a minha varinha? –Perguntei descrente. Ele balançou a cabeça, sorrindo. –Como a pegou?

–Antes de entrar eu tive que passar na sala do diretor, quando ele foi buscar café eu procurei na gaveta dele e achei sua varinha. Substituí por uma varinha de brinquedo. –Eu ri e o abracei.

–Obrigada por tudo.

Ele me deu as costas e eu desejei mais uma vez a sensação que senti ao beijá-lo noite passada. Isso me assustou. Eu tenho medo do que o meu coração pode fazer, eu sabia que eu criaria esperanças porque eu sou assim, me apaixono rápido demais. Eu não poderia abrir meu coração com cuidado, tudo tem um fim e eu não queria passar ao seu lado e vê-lo virar o rosto como acontece muitas vezes.

Mas parece que ele pensou a mesma coisa já que voltou rapidamente selando nossos lábios me fazendo sorrir. O beijo começou lento e eu o senti sorrir, pegando minha cintura e me puxando para mais perto. Eu queria afastá-lo, pois não queria me apegar, mas algo dentro de mim me impedia. Eu não queria que ele se apegasse a mim porque eu sabia que aconteceria comigo.

Quando me soltou ele apenas deu um sorriso de canto e beijou minha testa murmurando um “Tudo vai ficar bem” se virando para sair, mas eu ainda não havia contado a ele sobre Greg e eu precisava que ele soubesse.

–Liam eu tenho que te contar uma coisa. –Ele voltou me olhando curioso. –Greg me beijou.

–O que?

–Eu não queria, eu juro que não, mas... Eu só sinto que você deveria saber.

–Tudo bem, não importa, fique com ele então.

–Não Liam não foi isso que eu quis dizer!

–Só toma cuidado com ele Rainbow. –Foi tudo o que ele disse antes beijar meu rosto e se virar novamente, me deixando novamente sozinha naquele quarto, sozinha naquela clínica que minha mãe chamava de escola.

Eu não tinha amigos, meu único amigo era o Greg, mas ele me beijou e eu não sabia mais o que pensar.

Parei diante do espelho e olhei para minhas novas cicatrizes. Meus braços e pernas estavam completamente preenchidos de novo e, apesar de todo o sol, eu teria que usar uma blusa de frio e uma calça. Eu não queria que ninguém visse minhas cicatrizes, a única pessoa que eu confiava o bastante para isso tinha acabado de sair irritado comigo.

Me levantei e me troquei, colocando um moletom de panda, uma calça jeans e uma touca cinza. Me certifiquei de que nenhuma das minhas novas cicatrizes aparecia e, depois de esconder minha varinha – pois eu tinha certeza que se pegassem eu nunca mais conseguiria uma -, eu fui tomar meu café, me sentando novamente sozinha.

A solidão ali me deixou um pouco mal. Me fez lembrar os velhos tempos. Tempos em que eu não tinha Liam para me fazer sorrir. Eu estava sem fome, e dessa vez eu decidi não comer, apenas coloquei meu café da manhã e fiquei olhando-o esperando a fome bater, mas ela não veio.

–Posso me sentar? –Eu me virei e atrás de mim estava Greg, com uma rosa vermelha que eu reconheci ser do jardim nas mãos. –Por favor?

–Tudo bem. –Murmurei e ele se sentou ao meu lado.

–Eu trouxe pra você. –Ele colocou a flor ao meu lado.

–Obrigada.

–Meg me desculpe, por favor, eu não...!

–Por favor, Greg vamos esquecer tudo isso okay?

–Como quiser. –Eu sorri.

–Mais uma vez obrigada.

–Liam veio ontem não é?

–Veio, como sabe?

–Não sei, eu só deduzi. –Ele cruzou os braços e eu voltei a encarar meu café notando o quanto o clima havia ficado estranho.

–Meg será que pode vir aqui um minuto? –Chamou Elisa e eu balancei a cabeça me levantando.

–Nos vemos mais tarde. –Falei e Greg sorriu pra mim, assentindo.

Elisa e eu seguimos juntas até o jardim. Eu sabia que ela queria me perguntar o motivo pelo qual eu não estava comendo, mas nem eu sabia o motivo. Eu só não estava com fome.

–Notei que não tomou seu café da manhã hoje.

–É eu estou sem fome.

–Meg, você sabe que não deve ficar sem comer não é? Eu notei também outro dia que você não veio para o almoço.

–Sei que vai parecer mentira, mas pela primeira vez eu só não estou com fome.

–Posso saber o motivo?

–Eu também não sei, só não quero comer nada.

–Trevor disse que quer vê-la na sala dele hoje.

Eu balancei a cabeça assentindo. Trevor era o doutor do qual Liam roubou aquela poção e também aquela blusa. Será que ele havia descoberto o roubo e queria saber quem o havia roubado? Ou será que só queria fazer algum exame?

Você me deu asas e me ensinou a voar

Quando eu estava lá por minha conta

Você me deu asas e me trouxe para a vida

E agora eu preciso saber

Se você quer voar, porque eu quero voar sim

Me diga que você está para baixo para tocar o céu

Você e eu, quanto maior melhor

Quando voamos juntos