Ela vive na sombra de uma garota sozinha

Voz tão silenciosa que você não ouve uma palavra

Sempre falando, mas ela não consegue ser ouvida

Você pode ver se prestar atenção nos olhos dela

Sei que é corajosa, mas está aprisionada por dentro

Com medo de falar, mas ela não sabe por quê

~Pov Meg

Levantei-me, tomei um banho e me vesti para tomar café. Estava saindo do quarto quando me lembrei de que deveria pegar minha blusa de frio para que ninguém visse minhas novas cicatrizes. Corri e peguei a blusa, descendo as escadas até a cozinha, encontrando minha mãe.

–Bom dia. –Ela disse com um sorriso no rosto.

–Bom dia. –Falei retribuindo o sorriso e me sentando para comer.

E era assim que começava o meu dia... Sorrindo para as pessoas. Sorrindo eu não preocupo os únicos que se importam e também não atraio curiosos que fingem se importar só pra saber o motivo da minha tristeza e me julgar depois.

–Quer um pouco de bolo? –Ela me perguntou e eu olhei para a mesa.

–Não, estou sem fome, vou tomar só um pouco de café.

E a segunda parte do meu dia era não comer. Eu não sentia fome, não sentia nada, mas as vezes eu me esforçava e comia algo apenas para não preocupar minha mãe.

–Draco ligou e disse que quer que você o encontre daqui a pouco. –Suspirei. O pior de tudo era ter que olhar nos olhos de Draco sabendo que eu o decepcionei mais uma vez ontem a noite.

–Tudo bem, já vou. –Dei um beijo em seu rosto e subi as escadas correndo. Lá do meu quarto deu pra ouvir o grito de minha mãe “Mas você nem acabou de tomar seu café!”.

Meu celular começou a tocar e eu o peguei com a esperança de que fosse Luke, mas não... Era Draco. Não que eu não quisesse que ele me ligasse, mas eu ainda mantinha as esperanças de que um dia Luke me ligaria dizendo que sente muito e perguntando o que precisa fazer para passarmos uma borracha em tudo o que aconteceu.

Meus olhos se enchem de lágrimas só de pensar nele, e algo me lembrou de que eu tinha que atender o telefone.

–Alô? –Falei limpando as lágrimas.

–Meg? Aconteceu alguma coisa? –Draco pergunta preocupado.

–Não, estou gripada, só isso. Tudo bem?

–Aah... Sua mãe te deu meu recado?

–Sim. Onde quer me encontrar?

–Pode vir aqui em casa? Meu pai saiu, então ele não vai encher o saco se você vier.

–Posso sim, chego aí daqui a pouco.

–Okay. –Ele diz. –Então até daqui a pouco.

–Até... –Falo desligando o celular.

*-*

Cheguei à casa de meu primo e toquei a campainha. Depois de alguns minutos esperando ele finalmente abriu a porta, me recebendo com um abraço.

–Como você está?

–Bem. –Respondi simplesmente. –E você?

–Estou bem também. –Forcei um sorriso e entrei sentando-me com ele no sofá.

–Tia Cissa está em casa?

–Não, ela saiu com uma amiga. Está tudo bem mesmo?

–Está. –Balancei a cabeça afirmando e tentei dar um sorriso mais convincente. –Tem certeza de que não vai dar problema pra você se seu pai me pegar aqui? –Ele deu de umbros sorrindo e eu revirei os olhos.

–Vão fazer uma festa hoje à noite na casa do Liam o que acha? Ele convidou você.

–Aah eu não sei Draco, não estou muito animada.

–Por isso mesmo! –Ele disse se aproximando. –A festa pode te animar! Onde está a garota que fazia festa todos os dias por qualquer motivo? –Eu suspirei. –Anda, vamos! Vai ser divertido! E se você não gostar eu prometo que te trago pra casa na mesma hora.

–Draco...

–Por favor, Meg! Vamos!

–Por que não chama alguma das suas “amigas” pra ir com você? –Perguntei fazendo aspas com os dedos.

–Porque eu não quero ir com nenhuma das minhas “amigas”. –Ele disse repetindo o gesto.

–Se eu não gostar eu vou embora.

–Obrigada prima linda! –Ele disse me abraçando e me apertando.

–Ai Draco você é muito chato! –Falei rindo.

–Chato? Sou a pessoa mais amável que você já conheceu!

–E a mais convencida também. –Retruquei.

*-*

Depois de passar a tarde assistindo filmes de terror com meu primo eu voltei para casa para me arrumar para a tal festa. Avisei a minha mãe que ia sair e isso pareceu deixá-la feliz. Draco foi o único que conseguiu me tirar de casa nessas férias.

Eu simplesmente não sinto vontade de ver mais ninguém, de conversar, de nada. Olhei bem para minhas roupas, pensando no que eu poderia vestir, mas nada parecia bom.

Nada de blusas sem mangas, nada de shorts, saias ou vestidos, ultimamente não posso deixar nenhuma parte do corpo descoberta sem sentir vergonha das cicatrizes, ou até do meu próprio corpo.

Depois de me vestir eu passei uma maquiagem escura e alisei os meus cabelos, que estavam castanhos. Terminei de me arrumar e parei me olhando. Faz muito tempo que eu não me sinto bonita.

–Nossa! –Ouvi a voz de Draco atrás de mim e me virei assustada.

–Você quase me matou de susto seu idiota! –Falei jogando-lhe uma almofada e fazendo-o rir.

–Nossa, que linda! Maravilhosa! Gostosa!

–Cala a boca idiota. –Eu disse e nós rimos. -Se me deixar sozinha pra ficar com qualquer puta que encontrar eu vou embora okay?

–Não vou te deixar sozinha, vamos arrumar alguém pra você também, embora eu ache que você deva colocar um vestido.

–Não, nada de vestido.

–Tá bom, nervosinha! –Ele diz e eu reviro os olhos.

–Lembrando que se...

–Se você não gostar da festa, você vai embora pra casa e blá, blá, blá... Você já disse isso.

–Sei que eu já disse, mas não quero ficar numa festa sem estar me divertindo.

–Deixe de ser chata. –Faço língua pra ele e ele revira os olhos. –Então, nós vamos ou não?

–Não.

–Meg!

–Tá bom, tá bom, nós vamos!

–Sabia que você não deixaria seu querido primo sozinho nessa.

–Se continuar a falar assim eu volto pra cama.

–Mentira, mentira okay Meg linda? Sei que você está louca para pra me acompanhar.

–Claro que estou, por que não estaria?

–Nossa, hoje sua cota de implicância comigo já está quase esgotando. –Ele disse e eu ri, descendo as escadas para irmos a tal festa.

Você tem que falar, tem que gritar

E saber que aqui e agora você pode ser

Linda, maravilhosa, tudo o que você quer ser

Pequena eu